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terça-feira, 30 de setembro de 2008

Portal Inovação

Nessa sexta-feira estive na FIEC no lançamento do Portal Inovação feito pela CGEE (Centro de Gestão de Estudos Estratégicos) e ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial). O portal tem o objetivo de mapear competências e ofertas permitindo que empresários e demais atores de inovação as conheçam em nível nacional. Por outro lado, mapeia as demandas de empresas e dos demais atores que podem se consistir em um embrião para o começo de uma cooperação. O portal não só fornece informações, mas permite também a realização de interações entre os atores. Outro módulo importante refere-se ao apoio à gestão da inovação por meio de sistemas de informação e de conhecimento que produzem gráficos esclarecedores sobre os dados disponibilizados no Portal. Os palestrantes disseram que o uso do Portal é imprevisível. A Siemens, por exemplo, tinha interesse em convencer a matriz alemã de que era viável realizar pesquisa no Brasil. Utilizou-se dos dados existentes no Portal para mostrar que há competência aqui. É possível saber dados preciosos de como anda a cooperação Universidade-Empresa. Qual a quantidade de interação de Universidade com Empresa. A iniciativa é sem dúvida inovadora e o produto per se é de inegável bem feitura e qualidade. No entanto, nem tudo é só maravilha. Boa parte dos dados modelados no Portal deve ser fornecida pelos próprios usuários. Se por um lado isso o faz inovador, requer um grande potencial de articulação e divulgação do produto (algo similar que estou vivendo com WikiCrimes). Os atores do sistema de C&T serão certamente atores fundamentais nesse contexto. O Presidente da FUNCAP, Prof. Tarcísio Pequeno, anunciou que todos os demandantes de incentivo devem cadastrar seus dados no Portal se quiserem concorrer aos incentivos daquela Fundação. A integração com o currículo Lattes foi automaticamente realizada, o que deixa o Portal com cerca de 1,5 milhão de curricula vitae. Integrações com a ANPROTEC e INMETRO seguindo a mesma idéia do Lattes estão sendo estudadas. Finalmente, vale a pena ressaltar o ponto alto do Portal: seus mecanismos de busca. Elas podem ser feitas por palavras-chave e incorporam algoritmos de similaridade entre CVs além de auxiliar na identificação automática de demandas e ofertas. Vale a pena dar uma conferida em http://www.portalinovacao.mct.gov.br/pi/.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

WikiCrimes em São Gonçalo

Um novo modelo de uso de WikiCrimes está surgindo com o exemplo do site São Gonçalo em foco no Rio de Janeiro. O site é de uso geral com informações diversas sobre a cidade e com serviços à população. Fui procurado por seu idealizador, Igor Paim, que desejava encontrar formas de integrar WikiCrimes no seu site. Decidimos então realizar a mesma estratégia já em funcionamento no Diário do Nordeste em que o mapa de WikiCrimes é embutido na matéria do Jornal (veja um exemplo aqui). São Gonçalo é a segunda cidade mais populosa do Estado do Rio (cerca de 1 milhão de habitantes) e, como toda grande cidade, com vários problemas de Segurança Pública. Espero que essa iniciativa motive cada vez mais a participação do cidadão de São Gonçalo a compartilhar informações sobre crimes. Esta é a primeira tentativa desse tipo, mas que deverá ser replicada para uso em outros sites e blogs desse tipo. Vejam na figura abaixo como fica WikiCrimes no site de São Gonçalo.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Promessas Digitais: Visões de Prefeitas

Coincidentemente (ou talvez não?) deparei-me semana passada com dois comentários, uma com teor de promessa, outra de realização política na área da computação que me surpreenderam. Primeiramente, a prefeita de Fortaleza divulgou que deixou de comprar um software por 23 milhões, encomendado na gestão anterior (herança maldita sempre rende!) , e que o mesmo está sendo desenvolvido, com a mesma qualidade, por menos de novecentos mil reais pelos alunos do projeto Pirambu Digital. Para os que não o conhece, esse projeto refere-se a uma iniciativa de inclusão social no bairro do Pirambu um dos mais populosos e pobres de Fortaleza. Iniciativa louvável (inclusive premiada pela FINEP) que visa dar uma nova alternativa de trabalho e renda para os jovens do bairro. A Cooperativa Pirambu Digital teve origem num projeto de formação de jovens em tecnologia da informação do CEFET-CE e desenvolve soluções em TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) oferecendo ao mercado local e nacional os serviços de desenvolvimento de software, criação de sites, manutenção de computadores, criação e implantação de projetos de redes, treinamentos em TIC e implantação de projetos de Inclusão Digital. Esses projetos dão sustentabilidade para que a cooperativa ofereça serviços de inclusão à comunidade como ensino de inglês e empreendedorismo, a preparação para o vestibular, o reforço escolar para crianças, as atividades de canto e dança, o suporte técnico em informática e o acesso à Internet gratuito. Nada contra a cooperativa, muito pelo contrário, mas o que me surpreendeu na afirmação da prefeita foi o fato que o tipo de software, a que ele se destinava, se o mesmo já está em funcionamento e implantado, onde está funcionando, bem como outros detalhamentos para a perfeita compreensão dos porquês dessa grande diferença de preço, nada disso, foi fornecido. A forma como a questão foi colocada me parece excessivamente simplista. Quem trabalha com computação ou mesmo somente precisa dela sabe que a especificação de um software e seu desenvolvimento podem sofrer variações grandes em termos de qualidade e preço em função das escolhas e exigências realizadas. Usar em um discurso político um exemplo de economia dessa magnitude sem detalhamentos é no mínimo incorreto. Outra declaração que me surpreendeu foi a promessa da candidata a prefeitura de São Paulo Marta Suplicy de que forneceria Internet Wireless de graça em toda a capital paulista, para todo paulistano. Pensei comigo mesmo, “será que escutei direito”. Não é que seja impossível, mas é uma proposta tão arrojada que nos faz desconfiar. Seriam cerca de 4.000 antenas espalhadas pela cidade tanto em prédios públicos como privados. Os detalhes técnicos não foram fornecidos, muito menos o custo para se ter algo do tipo. Esses dois assuntos me alertam para algo que já havia percebido em outras iniciativas, mas que parece estar começando a se popularizar: computação tornou-se assunto popular, mas com forte tentação a populismo. Os candidatos incorporaram de que devem dizer algo sobre o mundo digital. Como são normalmente pouco conhecedores do tema, são levados a dar declarações de impacto e que não se sustentam a uma análise mais criteriosa. Senti-me na obrigação de alertar e solicitar cautela.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Inventar Não é Obrigatoriamente Inovar

Percebo que muito freqüentemente as pessoas não distinguem bem a diferença entre inovação e invenção. Nos dias atuais o conceito de inovação tem ganho popularidade e, por isso, usado em todo e qualquer discurso. É ainda muito comum ouvir discursos que impreterivelmente fazem uma associação entre registros de patentes e inovação. Senti-me impelido a buscar uma definição que seja esclarecedora e mais precisa desses conceitos. A inovação refere-se a todo um processo de desenvolvimento de uma idéia em uma aplicação. Normalmente está ligada a geração de valor. Ao se tentar desenvolver uma inovação passa-se por uma fase de geração de idéias que podem se transformar em invenções, modelos, planos antes de se tornarem inovações. O economista austríaco Schumpeter escreveu freqüentemente sobre esses conceitos. Ele enfatiza que a invenção por si só não produz nenhum efeito economicamente relevante enquanto que a inovação subentende um esforço para transformar idéias em resultados para alguém (normalmente a organização). Mas e para que servem mesmo as patentes? As patentes protegem as invenções. Ou seja, ela é um pedido de reserva do direito de ser reconhecido como o inventor do produto, processo, idéia, etc. Agora, se essa patente vai estar relacionada com algo inovador é outra história. Pode-se argumentar que há uma correlação positiva entre as duas coisas, visto que é provável que quanto maior o número de invenções, maior será o número de inovações. No entanto, nem tudo é tão linear assim. E aqui vale a pena retomar o que já comentamos anteriormente aqui no texto "software livre". Na área de computação nasceu um grande movimento contrário a política de patentes e direitos autorais de uma forma geral. É fácil perceber que o sistema de registro de patentes comporta um viés defensivo e mesmo egoísta. Primeiramente, ele, por reservar o direito da idéia, impede ou pelo menos dificulta a inovação que outros poderiam fazer baseados naquela idéia. As grandes empresas que podem submeter uma grande quantidade de pedidos de patente e com grande velocidade acabam por impedir que outros se desenvolvam. Ora, em computação temos visto novas idéias surgirem todos os dias, mas nem todas elas se tornarão inovações. Já tínhamos comentado no texto em que falamos das inovações na web lançadas recentemente pela Google, Mozilla, Apple, etc. que o grande desafio não é mais lançar a novidade, mas fazê-la pegar. Todos os exemplos inovadores de desenvolvimento e uso de software livre são iniciativas concretas para quebrar o sistema defensivo de proteção de idéias. Em essência, uma idéia para resolver um dado problema e materializada por um software passa a ser de domínio público e quem quiser melhorá-la ou inovar a partir dela tem o direito. Aos interessados, todas as implicações desse novo contexto podem ser melhor compreendidas no livro de Yonchai Benker, já mencionado aqui e que faz parte da lista de sugestões de livros ao lado.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Blogs e Gênios

Locupleto-me com a genialidade do escritor português José Saramago ao descobri-lo (via zona cyber) ensaiar na web. A riqueza da forma, a clareza das idéias, a força das palavras nos arrebata os sentimentos. Deixa–nos maravilhados do domínio que possui da lingua de Camões (usar essa expressão faz todo o sentido visto que são concidadãos). Faz-nos lembrar que escrever também é uma arte. O delicado texto sobre Lisboa é sua introdução no mundo dos blogs (clique aqui para acessá-lo). Para este pobre e normal blogger, metido a ensaísta, resta-me a contemplação, sem deixar de me entusiasmar com a Internet, com a Web 2.0 e com os blogs que nos provêem oportunidades de nos aculturar cotidianamente com esses gênios.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Outra Saga: Dessa Vez na TIM

Poucas vezes recorro a esse blog para contar dissabores com fornecedores que me fazem passar uma saga (relembrem a saga da geléia da TAM que contei aqui). Reconheço que prestar serviço é difícil e que não precisa ser muito crítico para identificar as deficiências de nossas Empresas. Se assim o fizesse, textos com essa característica monopolizariam o blog. Algumas vezes, no entanto, por terem um componente cômico (tragicômico pelo ponto de vista do usuário) merecem relato. Creio ser esse o caso quando, na semana passada, pude sentir na pele as conseqüências da péssima qualidade dos serviços prestados pelas operadoras de telefonia por celular. Decidi comprar um modem da TIM para ter acesso a Internet em alta velocidade. Nunca me iludi de que a qualidade das transmissões por esse tipo de equipamento fosse realmente de alta velocidade. Já tinha comentado aqui sobre o quanto o serviço das operadoras era ruim. Retardei a compra do serviço o quanto pude. No entanto, a necessidade de tê-lo, no meu caso, mostrou-se cada vez mais premente pelo fato de estar sempre precisando demonstrar WikiCrimes de forma intempestiva ,o que me requer a conexão com a rede mundial de computadores. Pensei ainda que já houvera tempo para uma consolidação da infra-estrutura de transmissão de dados e que assim a prestação de serviços não estaria ainda tão ruim como meses atrás. Pois bem, comprei o bendito (até então) equipamento. Recebi-o em casa depois de uma semana do pedido feito. Só teve um probleminha: não consegui colocá-lo para funcionar. Nem eu, nem ninguém da TIM. Olha que sou do ramo e, embora apanhando um pouco, normalmente consigo fazer essas geringonças funcionar. Recebi o modem na quarta à noite. Mesmo sem a existência de uma manual de instalação, tentei instalá-lo por conta própria. O software é péssimo com um sistema de help quase que inexistente. Vendo que não conseguia, passei a usar o serviço de atendimento ao cliente por telefone. Não demorou muito para perceber que a estrutura de suporte ao cliente era, por demais, precária. Primeiramente, percebi que não existia um número específico para atender dúvidas para esse tipo de equipamento. Todas as vezes que liguei, e foram inúmeras ligações, tinha que colocar meus dados de cliente de telefone celular para poder chegar a falar com algum operador. Pergunto-me como será a vida de um cliente que comprar o modem e não for cliente da TIM em telefonia celular (o que é perfeitamente possível, mas que não sugiro a ninguém). Voltando ao atendimento que tive (ou melhor, quase tive). Depois de várias ligações, repetindo todos meus dados cadastrais, CPF, identidade nome da mãe, etc. etc. e tudo mais que irrita-nos demasiadamente, minha ligação telefônica chegava no máximo (a ligação caía com muita freqüência) em alguém que me fazia perguntas mais do que básicas, com aquela voz irritante de atendente de call center, do tipo “Séénhor, seu computador está ligado, Séénhor?”, “Séénhor, seu telefone celular está com sinal, Séénhor?” (claro né, eu estava falando do celular!), etc.. Deu para perceber que a TIM não só não tinha o número de atendimento para resolver aquele problema como não tinha ninguém que o fizesse. Perdi ainda a quinta-feira nessas ligações. Pedi ajuda aos universitários (meus alunos!) e eles não souberam o que fazer. Pensei: “calma, amanhã me dirijo a central da TIM e peço ajuda pessoalmente”. Muito melhor do que esses serviços de telefonia, não? Fui então a TIM. Confesso que já estava “meio”stressado. Expliquei meu caso e a recepcionista disse-me para não me preocupar que chamaria um técnico. Fui atendido de forma cortês e embora tenha perdido uma hora esperando uma resposta, pelo menos vi alguém tentando resolver o problema diretamente no meu notebook que havia levado, o que evita certamente todas as perguntas básicas. O técnico dedicou toda sua atenção, até concluir que não podia fazer nada: o chip que vinha no modem não estava ativo. E aí, perguntei? “A ativação só pode ser feita por telefone”. Ah não! De novo, não! Ele me levou para uma área (que nem uma cadeira tem) onde existem uns telefones para serem usados pelos clientes. Disse que eu mesmo tinha que ligar e que não podia fazer mais nada. Comecei tudo de novo! Abaixo é minha foto, tirada por outro cliente tão aborrecido quanto eu, depois de ter decidido me sentar no chão. Vou encurtar a estória, mas quero lembrar que tive que dar todos meus dados de novo. Pois bem, o golpe de misericórdia veio com a resposta da atendente (com sotaque carioca e que não repetia mais o Séénhor. Deduzi que não fazia parte do call center tradicional). Ela me disse que meu chip estava OK e que ele já estava ativo. O modem deveria funcionar. Eu dizia, já desesperado, “MAS NÃO FUNCIONA!”. Chamava o técnico que me repetia que o chip não estava ativo. E o que faço? Perguntei. Sugestão do técnico: “se eu fosse o Sr. cancelava o serviço”. Isso mesmo! Decidi seguir o único conselho que me pareceu interessante depois dessa saga. Cancelei algo que nem cheguei a ter. Senti o alívio da atendente telefônica e do técnico. A atendente passou a ligação para outro setor e lá comecei tudo de novo, CPF, nome da mãe, endereço, etc. A pergunta final veio quando eu já estava rindo do surrealismo da situação: “Séénhor, o Séénhor quer cancelar nosso serviço porque, Séénhor?”. Putz .... Estou até agora com o modem e esperando alguém que venha apanhá-lo e na expectativa de não ter que pagar o serviço no final do mês. Sei o quanto essas empresas “se esquecem” de registrar nossos pedidos de cancelamento. Ah! Para não perder o hábito, enviei esse texto para o fale conosco da TIM na Web.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Mineração de Dados e Futebol

Semana passada estive a assistir uma reportagem na TV que, além de me fazer rir, me levou a uma relação entre o conceito de mineração de dados (data mining, em inglês) e o futebol. A reportagem era uma entrevista do técnico do Grêmio Celso Roth depois de uma derrota em casa inesperada (para ele e para os gremistas) diante do Goiás. O técnico argumentou que achou “estranho” (ele certamente queria dizer algo mais forte...) a forma de atuar da arbitragem que, segundo ele, não apitou conforme esperava (dá prá imaginar o que ele esperava, não?!). Ele disse que o árbitro só havia apitado dois jogos no campeonato (incluindo esse) e os dois foram jogos do Goiás. Pois é, ele foi bem hábil em encontrar uma correlação entre arbitragem e o adversário. Zero para o futebol, dez para a mineração de dados. E o que mesmo a mineração de dados tem a ver com isso? O conceito de mineração de dados se refere ao desenvolvimento de programas de computador que tenham a capacidade de encontrar correlações significativas em um conjunto (normalmente grande) de dados. Aqui duas palavras merecem destaque: significativas e conjunto grande de dados. Deixem-me mencionar o exemplo canônico de mineração de dados (o termo Business Intelligence – Inteligência de Negócio é também muito usado nesse contexto). O exemplo vem de uma grande rede de supermercados nos EUA que, ao analisar os registros de compras de seus clientes, começou a perceber que havia uma correlação, em compras feitas a noite, entre fraldas e cervejas. Um estudo mais aprofundado pôde explicar que se tratava de pais de famílias que, ao se verem obrigados a comprar fraldas para as crianças a noite, aproveitavam e compravam cerveja. A descoberta desse conhecimento fez com que o supermercado propusesse kits especiais onde fraldas e cervejas podiam ser compradas juntas e em promoção (evidentemente com fraldas e cervejas que apresentavam a maior margem de lucro!). Dá para perceber que o grande desafio dessa tarefa é descobrir uma correlação realmente útil em um banco de dados gigantesco como o de todos os itens comprados pelos clientes do supermercado. As historietas populares só contam o final feliz. Quantas outras correlações encontradas e que não agregam nenhum conhecimento útil tiveram que ser exploradas? Nesse sentido, a analogia com a mineração é bem feliz: há que se peneirar muito pedregulho até encontrar uma pepita. Há uma alternativa a qual recorrem alguns (políticos em maioria) e que Celso Roth também escolheu: só olha para a correlação que lhe interessa. E nem precisa ser um conjunto de dados muito grande.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Sinalização em Fortaleza

Já tinha escrito sobre o quanto considero debilitado o sistema de trânsito em Fortaleza (clique aqui para ler um texto passado). Recentemente, no entanto, isso chegou a níveis impressionantes de desleixo. Com as obras de recapeamento do asfalto que abundam na cidade, um problema que já era importante tornou-se agora por demais crítico: a péssima (e muitas vezes inexistente) sinalização nas ruas. Tornou-se comum encontrar as marcas de tinta no chão feitas por peritos de trânsito em função de acidentes onde não há sinalização. Inaceitável que as autoridades deixem ruas e esquinas, muitas vezes por mais de uma semana, sem a devida sinalização. Será que teremos que agir como os cidadãos que moram na rua Júlio Lima próximo da esquina com a Cônego Barbosa? Ao passar por lá ontem percebi que eles mesmos decidiram fazer o sinal de pare no chão da rua que, por sua vez,está totalmente sem sinalização (vejam a foto que tirei do local abaixo). Detesto a forma como os americanos encontraram de, costumeiramente, resolver seus problemas indo ao extremo de processar o Estado e mesmo outras pessoas em função de qualquer conflito menor. No entanto, nosso modelo está no outro extremo. Somos por demais passivos. Se fossemos mais cientes de nossos direitos e os exigíssemos mais veementemente (inclusive recorrendo à Justiça), os serviços públicos muito provavelmente seriam melhores. As vítimas de acidentes em ruas mal sinalizadas bem que poderiam se pronunciar.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

O Acelerador de Partícula e A Computação em Grid

Muito bom que um assunto científico desperte forte interesse da população em geral. É esse o caso da inauguração do acelerador de partículas LHC (Large Hadron Collider) instalado na semana passada no CERN(Centro Europeu de Energia Nuclear). O LHC fará colidir partículas de prótons (cerca de 30 milhões de vezes por Segundo) que trafegarão em um tunel de circunferencia de 27 km nos subterrâneos de Genebra na Suiça. Todos os números do HLC são gigantescos. Não poderia ser diferente no que se refere ao lado da computação. LHC foi projetado para produzir um verdadeiro Tsunami de dados equivalente a um DVD (5GB) a cada segundo. A previsão é de que ao final de um ano se tenha gerado 15 Petabytes (15 milhões de gigabytes). Há um computador tão potente para armazenar e processar tudo isso? A resposta é não. A solução é fazer muitos computadores trabalharem juntos. Já mencionei esse efeito de um computador que não é único aqui. Pois bem, a computação em grade (grid computing) é a grande esperança para que se consiga ter acesso rápido e mesmo on line a dados volumosos como os que serão produzidos pelo HLC. Percebam que a intenção de se produzir todos esses dados não é para que um seleto grupo de cientistas dentro do CERN realizem suas análises e experiências. Esses dados deverão estar disponíveis para todo e qualquer cientista que tenha interesse em explorá-los em qualquer parte do mundo. Somente no CERN existem 100.000 dos mais rápidos computadores atuais ligados em rede com milhares de laboratórios de pesquisa espalhados no resto do mundo e ligados por fibras óticas por onde trafegam dados a 10 Gigabits por segundo. A idéia básica do sistema de grade é a de segmentar os dados em grandes pedaços e deixar que cada segmento seja processado por um grupo de computadores. Uma estratégia militar antiga para batalhas épicas: dividir para conquistar. O sistema Globus é o que será responsável por gerenciar essa segmentação, transferência e acesso dos dados de forma que para o usuário comum tudo isso seja transparente. Certamente um dos grandes desafios da computação.Aliás, não se trata de um desafio somente em relação a potência computacional, mas de segurança da informação. Nem bem o LHC começou a funcionar, hackers já invadiram o sistema de computação do CERN só para mostrar que eles são vulneráveis (veja detalhes aqui)

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Informática! Eca!

Dado o momento de tanta euforia sobre a necessidade de se ensinar informática aos jovens e principalmente com a chegada da Internet nas escolas públicas, venho novamente refletir sobre o tema. Já tinha comentado da necessária cautela que devemos ter quando se fala sobre a questão no texto “Não alimentemos expectativas com o mito da internet nas escolas” (clique aqui para acessá-lo). Vou revisitar o tema de uma forma diferente, mesmo que em essência seguindo a mesma linha da crítica e cautela. Decidi fazer uma pesquisa empírica (nada, nada científica) e com uma amostragem bem reduzida com alguns doutores em informática. A pesquisa foi bem simples. Fiz duas perguntas (só duas! A hora de um doutor é cara!!!), baseado no caderno de informática que minha filha de dez anos usa nas aulas em uma escola particular em Fortaleza. A primeira pergunta era sobre o software Paint (instalado em qualquer microcomputador que tenha o Sistema Operacional Windows): “ Qual (is) tecla(s) devemos pressionar para aumentar a ferramenta apagador?”. A outra pergunta era sobre o Microsoft Word (também proprietário da Microsoft e que funciona sob Windows). “Descreva os passos que devem ser seguidos para a inserção de uma figura em um texto”. As respostas dos doutores foram diversas, mas em um ponto coincidiram: não sabiam responder ou erraram a resposta. A diversidade da resposta deu-se ao fato de que me perguntavam se eu estava brincando ou se estava doido. Sabem por quê? Simplesmente pelo fato de que não tem o menor sentido estudar informática dessa forma. Absolutamente emburrecedor e imbecilizante. Pobre de minha filha (tenho o maior trabalho em não desmotivá-la). Não é a toa que cada vez mais temos menos jovens querendo fazer informática. Voltando a questão de porque essa é uma forma errada de ensinar informática. Há várias razões. A primeira é que ensinar o uso desses softwares é totalmente irrelevante. Eles nunca devem ser o fim de um estudo. Eles são o meio. Era como se quiséssemos fazer um curso sobre o pincel, a caneta, o projetor, etc. Trata-se de ferramentas. A melhor forma de aprender a usá-los é, simplesmente, usando-os. Poucos são os softwares que valem a pena o estudo de per se. E mesmo desses, cobrar a memorização de seus comandos e ainda mais a sequência desses é impensável. A segunda pergunta sobre os passos que devem ser seguido no Word é facilmente respondida por qualquer um que use o Word ao fazê-lo. Isso é naturalmente recuperado da memória na hora de fazer. E mesmo os que não têm o hábito de usar um determinado software, acabam por conseguir realizar as tarefas por tentativa e erro. Isso é ainda mais comum em se tratando de jovens que são curiosos e não têm medo de tentar. Para finalizar, vale pena registrar a declaração de minha filha: “a única aula legal em informática é quando a “tia” deixa livre para fazer o que a gente quer!”. Temos ainda muito o que fazer no âmbito educacional para termos efetividade no ensino da informática. Caso contrário, atrapalha mais do que ajuda.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Dahlem Konferenzen

O novo milênio é caracterizado pela crescente globalização e maior especialização científica. A complexidade crescente das exigências enfrentadas pelas pesquisas exige cada vez mais forte cooperação para além das fronteiras dos campos de investigação e de países. Com as oficinas da Dahlem Konferenzen, a Universidade Livre de Berlim (Berlin Freie Universität) proporciona um fórum para os pesquisadores altamente qualificados participarem de um diálogo internacional e interdisciplinar para enfrentar os desafios científicos do futuro.

A conferência, que é dividida em oficinas, foi iniciada em 1974 para fomentar a criatividade científica, o intercâmbio de informações e de idéias entre diversas áreas, bem como o desenvolvimento de novas teses sobre a base de estudados bem fundados. Ao mesmo tempo, as oficinas são destinadas a incentivar os investigadores a conceber futuras agendas de investigação. A metodologia de trabalho se baseia na avaliação do estado da arte e na produção de 16 documentos de trabalho preparados para um seminário final. Todo ano 40 estudiosos são convidados a discutir os temas do seminário com o objetivo de identificar as lacunas em matéria de investigações científicas, encontrar possibilidades de convergência em questões polêmicas, e influenciar a orientação de futuras investigações. Este ano a Dahlem Konferenzen tem o tema conduzido pela pergunta “Is there a Mathematics in Social Entities ? ” (Há uma matemática nas entidades sociais?). Grupos de trabalhos vão estudar a questão sob quatro diferentes perspectivas: modelagem do mercado de moedas, modelagem de regiões inovadoras e modelagem de crimes. O quarto grupo estudará uma questão ortogonal aos outros três temas onde a idéia de modelos, metáforas e visualização serão discutidas.

Estou introduzindo a Dahlem Konferenzen para dizer que, esse ano, terei a grande honra de participar da mesma. Fui convidado pela Universidade Livre de Berlim para ser um desses 40 pesquisadores que vão compor o grupo de altos estudos e participar das oficinas e da conferência. No meu caso, em particular, me concentrarei na questão da modelagem de crimes. Estarei de Agosto a Dezembro participando de estudos e discussões que ocorrerão pela internet e em dezembro irei à Alemanha para a reunião final. O convite é uma distinção importante e que me lisonjeia sobremaneira. Trata-se de um reconhecimento pelos trabalhos que venho desenvolvendo na área de computação com aplicações na segurança pública. Nesse momento de júbilo não posso deixar de agradecer a todos que formam a equipe da célula de engenharia de conhecimento. De alunos da graduação, mestrado e doutorado até os colegas professores com quem colaboro, todos têm contribuído e queria compartilhar com eles essa realização. Obrigado!


quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Dell está CrowdSourcing

Que título é esse eih? Para aqueles que não são de computação então! Eu me explico. Relembro que crowdsourcing significa produção de conhecimento em massa feita de forma distribuída e com pouco ou nenhum controle centralizado. Vários exemplos de crowdsourcing estão surgindo no mundo. Gostaria de descrever o exemplo da Dell, uma das empresas líderes no mundo na produção de computadores. Parece-me emblemático de como as grandes empresas estão dando atenção ao assunto. Em fevereiro de 2007 a Dell lançou o projeto chamado IdeaStorm (tempestade de idéias) com o modesto objetivo de permitir ao usuário se expressar e dizer a Dell que novos produtos eles gostariam de ver a Empresa produzindo. Em dez dias, uma chuva de pedidos para que a Dell lançasse suas máquinas com um sistema operacional com código aberto chamou a atenção dos executivos da Empresa. Desde então a Dell percebeu que estava diante de um novo fenômeno. As pessoas estavam ávidas por participar, mas a Empresa tinha que dar o retorno. Máquinas com Ubuntu(um sistema operacional baseado em Linux desenvolvido pela comunidade) passaram então a ser produzidas. Depois disso, nove tipos de laptops foram lançados baseados nas sugestões vindas do IdeaStorm. Percebam que isso não se faz da noite para dia. Exige muita paciência e investimento da Empresa para discutir com os usuários, detalhar, refinar e filtrar as idéias e mostrar sempre aos mesmos de que suas idéias estão sendo consideradas. Outro ponto importante é de que o retorno desse tipo de estratégia nem sempre é financeiro, mas acima de tudo de uma imagem de proximidade e cumplicidade com o usuário. No mundo de hoje computadores estão se tornado commodities. Já não é novidade que a escolha de uma marca de equipamento possa ser baseada simplesmente no sentimento de confiança e mesmo de carinho que o usuário tem pela marca. A Apple é um exemplo categórico disso. Usuários Apple são quase que torcedores da marca. A estratégia da Dell é um passo nessa direção e creio que deverá ser seguida por outras grandes. É esperar para ver.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Receba Alertas de WikiCrimes

WikiCrimes está com novidades no ar. Agora é possível receber alertas de crimes que são registrados em áreas que o usuário definiu. Essa é a primeira iniciativa no sentido de prover serviços aos usuários do sistema. Basta ir a WikiCrimes e acessar o novo ícone ao lado da mão de movimentação do mapa. Clicando nele será possível marcar uma área de interesse (por exemplo, um quadrado onde o centro seria sua residência) e definir com que periodicidade quer receber os alertas. A partir de então, qualquer crime registrado dentro desse quadrado dará origem a um email lhe informando do ocorrido. Na foto abaixo é possível identificar o ícone que representa um polígono(circundado) e uma área de alerta demarcada. Não perca tempo! Clique aqui, para ir a WikiCrimes e definir sua área de alerta.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Ronda Quarteirão e a Segurança Pública na Campanha Municipal

O projeto Ronda Quarteirão é uma das grandes promessas de campanha do Governador cearense Cid Gomes. Nele um policiamento ostensivo realiza, em regiões específicas da cidade de Fortaleza, rondas com viaturas e motocicletas. A implantação desse projeto tem provocado inegável melhora na sensação de segurança do Fortalezense. Em vários textos comentei sobre o que acho necessário para avançarmos mais solidamente na questão da Segurança (nesse link aqui você encontra referências para uma seqüência de links onde refleti sobre o assunto). As deficiências da Polícia Civil, por exemplo, foram mencionadas aqui. O fato é que, a despeito do Ronda, há muita deficiência na área e muito ainda a ser feito. Agora, uma conseqüência inusitada do Ronda talvez nem tenha sido claramente percebida por todos. Ele aniquilou todo debate sobre segurança pública na campanha eleitoral para prefeito, embora, no Brasil atualmente, esse seja um dos temas mais debatidos. É bem verdade que para aqueles que consideram que Segurança Pública municipal é ter guardas com postura ostensiva e repressiva semelhante a das Polícias, o discurso ficou muito fragilizado pelo surgimento do Ronda. Como não acredito que essa seja a forma mais efetiva de participação da prefeitura na questão, lamento a falta de debate. O papel das prefeituras na questão da segurança é fundamental pelo aspecto preventivo e pela criação de um ambiente propício a vida em coletividade. Qualquer programa de prevenção da violência passa obrigatoriamente pela atuação ativa da prefeitura. É na esfera municipal que se pode tratar os problemas da comunidade com as particularidades exigidas, seja através da formulação de ações próprias à localidade, como a lei-seca em bares (veja aqui o que já comentei sobre isso) seja através da capacidade de envolvimento da comunidade em colaborações que potencializem as soluções dos problemas. Em Santos, por exemplo, um projeto chamado guardião-cidadão, cerca de 200 rapazes, com idade entre 18 e 20 anos, realizam intervenções de caráter educativo, prestam informações e zelam pelo bem-estar da população e do patrimônio público. Não podemos deixar de mencionar ainda os ensinamentos do prefeito Mockus na implantação de uma ultura cidadã. Eles são repletos de exemplos determinantes que em Bogotá puderam reduzir as altas taxas de homicídios.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Gestão do Conhecimento: Reflexões e Definições

Durante o KM Brasil, tive a oportunidade de assistir a palestra de David Gurteen. Um entusiasta da gestão do conhecimento (em inglês, Knowledge Management – KM) há muitos anos. Foi um dos pioneiros a discutir o conceito e ainda mantém uma série de iniciativas que visam divulgar os conceitos de KM. Em sua palestra no KM Brasil falou sobre a história da gestão do conhecimento (GC) e, similarmente às diversas apresentações feitas no congresso, enfatizou o quanto a Web 2.0 tem rompido com a forma habitual das pessoas interagirem e conseqüentemente como a GC também estava sendo impactada. Definiu o conceito de KM 2.0 analogamente a Web 2.0. Ao assistir sua apresentação vi crescer um sentimento que já havia me tomado no dia anterior quando das apresentações em que a Web 2.0 também tomou o espaço. O sentimento de que a GC ficou muito dependente do desenvolvimento tecnológico e acaba sendo conduzida por tal desenvolvimento. Nos primórdios da GC, os sistemas de informações já possuíam um papel preponderante. Eram necessário para “formalizar”, estruturar”e organizar” o capital intelectual (desculpem-me, mas não serei rigoroso na busca de definir o que realmente são esses conceitos e termos) para que se pudesse disponibilizá-lo aos que necessitam em outras circunstâncias, locais ou contexto. O próprio Gurteen, durante sua palestra, disse que muitos achavam que a GC estava morrendo, mas a Web 2.0 não deixou que isso ocorresse. Na fase de perguntas, pós-apresentação, eu lhe fiz o questionamento provocativo: não estaria a GC muito dependente das ondas tecnológicas? Será que daqui a algum tempo ela não estaria de novo a morrer até que com a web semântica (ou web 3.0), por exemplo, ela viesse a ressuscitar novamente? Suas respostas foram tímidas (não sei se me compreendeu totalmente). Disse que acredita que esses altos e baixos são típicos e que não tinha refletido se no futuro isso poderia via a acontecer. Não me pareceu saber muito sobre a Web 3.0. O fato é que acho que há ainda um grande problema na comunidade de GC que é a falta de uma definição relativamente consensual do que é gestão do conhecimento, quais problemas visa resolver e que desafios persistem para que esses objetivos sejam atingidos. Percebi, nas diversas palestras que assisti, que a compreensão do que é GC flutua dependendo de quem estava falando e de que tema se referia. Por essa razão, achei interessante usar esse espaço para esclarecer o que é GC, no contexto da computação. Trata-se do estudo e desenvolvimento de técnicas, métodos e softwares destinados a realizar a distribuição pró-ativa de informação útil para a pessoa certa no momento certo. É fato que a Web 2.0 trouxe várias possibilidades de cooperação e interação e assim torna-se instrumento para que as pessoas possam fornecer informações úteis para outras pessoas no momento certo. Toda essa gama de mecanismos interativos e participativos de ferramentas sociais como blogs, e redes sociais exemplifica isso. No entanto, o grande problema de acesso e provimento da informação certa na hora certa para a pessoa certa ainda continua, pois nem sempre as pessoas têm disponibilidade para realizar essas tarefas. Ainda por cima, recuperar informação numa Web cada vez mais repleta de informação torna-se sempre um grande problema. São essas limitações que motivam a pesquisa da computação no contexto da GC: desenvolver software para automaticamente realizar essas tarefas. Percebe-se facilmente que a forma como as informações são representadas na Web ainda é muito pobre para a realização dessa automatização. Daí também a motivação das pesquisas sobre Web semântica (para alguns Web 3.0). Vale à pena consultar o que já tinha escrito sobre a Web semântica nesse blog (acesse aqui e aqui). Enfim, no lugar de ficar sempre pensando que a GC está morrendo, prefiro pensar que sua problemática persiste e fica cada vez mais complexa. Pelo menos no contexto da computação.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Google Chrome: O Avanço Continua

Nem bem mencionei o lançamento de Ubiquity dos laboratórios Mozzila lá vem a Google com algo na mesma direção para tirar a atenção. Acabou de lançar um navegador que batizou de Chrome (faça o download aqui) e, como tudo produzido pela companhia, mereceu muita atenção. Não tenho tanta certeza de que ao lançar um navegador, a Google mira exclusivamente a Microsoft. Tenho a impressão que o Firefox tinha tudo para se tornar em breve o navegador padrão no mundo. Não é a toa que a Google escolheu desenvolver seu navegador em plataforma livre e em código aberto, tal como o Firefox. Baixei Chrome e já o testei com WikiCrimes (aliás, WikiCrimes é um bom testbed, pois é bem pesadinho) e ele é realmente muito mais rápido do que o Internet Explorer (nenhuma novidade) e a primeira vista aparenta ser mais rápido do que o Firefox também. Não posso afirmar categoricamente que ele é mais eficiente, mas a existência de uma máquina virtual Java 8 parece ser sua força. Possui ainda uma série de melhorias em termos de interface que visam facilitar a "experiência do usuário" (termo usado pelo vice-presidente da Empresa)com a Web. Outra coisa digna de se notar é o quanto o mercado de inovações na web está ativo. Já tinha noticiado Cuil (clique aqui), Open search (clique aqui) da Yahoo e Ubiquity (clique aqui) em um espaço menor de dois meses. A grande pergunta não é mais quem vai lançar algo novo,mas sim, quem vai conseguir fazer pegar sua novidade. Percebo que minhas reflexões sobre até quando a Google conseguirá não ser detestada continuam mais do que nunca em dia (veja o texto com essa reflexão aqui), pois se ela conseguir emplacar tudo que está lançando, vai dominar tudo logo, logo.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Por Dever de Ofício e Moral

Mama, I have just killed a man, put a gun against his head pulled my trigger, now he’s dead
Mama, Life had just began, but now I`ve gone and it thrown it way
Mama, I didn`t mean to make you cry, If I am not back again this time tomorrow carry on, carry on as if nothing really matters


Semana passada, após minha apresentação no KM Brasil em São Paulo, tive um almoço com alguns colegas que conheci na conferência. A apresentação foi muito boa. WikiCrimes sempre é um sucesso e as pessoas de uma forma geral reagem muito bem ao projeto. No entanto, desta vez tive um feedback de alguém que me leva a essa reflexão. A pessoa me disse que se sentia chocada com tudo aquilo. Que falar de crime a incomodava pelo sentido trágico que aquilo trazia. Por tanto trabalhar com a questão da criminalidade, falo muito naturalmente de crimes e de como eles podem ser mapeados, contabilizados e “matematizados” que acabo por passar a impressão que tudo isso é banal e mesmo natural. Venho nesse texto explicitar que essa aparência não reproduz meus sentimentos reais. A realidade trágica que vivemos, principalmente de nossos jovens, que se matam e matam-nos sem dó e piedade é algo que nos indigna e toca, mas que também nos move a fazer algo. É essa motivação que me leva a agir com determinação dentro daquilo que está ao meu alcance o que pode transparecer insensibilidade. Em respeito àqueles que sofreram mais diretamente com essa realidade, quero deixar aqui esse depoimento. Lembrei-me da música Bohemian Rhapsody do Queen que estou a publicar em vídeo abaixo e que a letra da primeira estrofe fazem a introdução deste texto. Freddie Mercury, na década de 70, já retratava tão fielmente a cruel realidade de uma juventude desiludida, que assassina e que é sem futuro. Similar a que conseguimos produzir no Brasil.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Ubiquity: Programação Pelo Próprio Usuário

Ubiquity do laboratório Mozilla (desenvolvedora do Firefox) é a primeira proposta impactante na direção da implementação do conceito em end-user programming (programação feita pelo usuário final) e tem sido o grande sucesso dos blogs de TI ao redor do mundo nesses últimos dias. A idéia é prover uma linguagem simples a ser usada pelo próprio usuário no navegador Firefox para a realização de mashups (integração automática de conteúdos vindos de sites diferentes). São vários comandos que permitem mapear (map), fazer traduções (translate), enviar emails (email) e outros mais. Se você quiser saber alguma informação sobre WikiCrimes, por exemplo, basta acionar a barra do Ubiquity, escrever "wikipedia wikicrimes" . O Firefox se ligará imediatamente com o verbete do WikiCrimes na Wikipedia. O vídeo abaixo explica o conceito e fornece exemplos. Uma aposta interessantíssima e que mostra o caráter inovador dessa empresa que gradativamente vai fazendo com que seu navegador se torne um padrão na web desafiando o Internet Explorer. A perfomance de aplicações que rodam no Mozilla já é sem dúvida nenhuma bem melhor no Firefox do que no Explorer (as comparações usando WikiCrimes são surpreendentes). Com as inovações trazidas por Ubiquity, isso tende a aumentar.