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quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

A Campanha Americana na Internet

É muito interessante acompanhar a campanha americana pela Internet. Todos os candidatos possuem suas páginas que descrevem detalhadamente seus programas e, principalmente, essas páginas são componente essencial para arrecadação de fundos. Nada surpreendente, pois a Web faz cada vez mais parte na vida dos americanos. Ao acessar os sites dos candidatos pode-se ver claramente o que os mesmos priorizam além de conseguir dinheiro. Vejam os sites dos candidatos Hillary, Obama, Romney, McCaine. IRAQ,Imigração , Saúde Pública, Segurança Pública, Educação, Autonomia Energética, disciplina fiscal e competitividade econômica são temas que todos mencionam. Algumas diferenças básicas entre democratas e republicanos estão bem evidentes. Republicanos enfatizam sempre a questão dos valores morais e do corte de impostos. Os democratas enfatizam sempre a necessidade de proteção aos mais pobres, lei contra uso de armas e meio ambiente. O mais interessante é verificar que alguns temas tipicamente democratas estão sendo usados pelos republicanos. Enquanto Rudy Giulinani manteve a tradição e não demonstrou nenhuma preocupação com a questão do aquecimento global (talvez por isso mesmo teve que desistir da candidatura em função de sua pobre performance), o senador John McCaine elegeu esse tema como um dos prioritários. Creio que McCaine tem sido muito inteligente em sua campanha ao perceber que a política de Bush para o setor é desastrosa (ver texto para dados sobre isso) e que conseguiu desagradar a todos. Aliás a posição do New York Times é sintomática. De ideologia claramente democrata, o jornal declarou em se editorial que apóia a candidatura de Hillary Clinton e do lado republicano, respeita bastante a candidatura de John McCaine “ o único republicano que promete pôr fim ao estilo Bush de governar”. Recebi a aposta do amigo Bill Clinton de que Hillary baterá McCaine e que os EUA terão uma mulher democrata como presidente. Basta torcer para que Bush não acabe com a economia mundial até lá.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Ela é quente ou não?!

O mundo da Web 2.0 está produzindo milionários a partir de idéias as mais simples e inusitadas. Recentemente descobri no blog de Joe McCarty, um pesquisador da Nokia dos Estados Unidos que conheci ao dar uma palestra lá, o site www.hotornot.com. O site nasceu numa mesa de bar quando dois amigos estavam conversando e um disse a outro que tinha saído na noite anterior com uma garota nota 10. O outro teve a iniciativa de ver uma foto da garota e dar-lhe uma nota. A partir de então eles decidiram fazer um site onde as pessoas colocariam fotos e perguntariam para os outros votarem se “hot or not” (em inglês a expressão she´s hot seria ao pé da letra ela é quente!). Enviaram emails para uma dezena de amigos para realizar a divulgação e solicitar votos. Ao final de uma semana, o site já tinha tido 40.000 visitantes. Hoje já obteve mais de 12 milhões de votos! Os amigos já têm mais de 10 milhões de dólares de faturamento somente com publicidade. Idéias simples, não? Mas é bem verdade que em se tratando de uma idéia ligada a sexo o vento sopra fortemente a favor. Afinal 12% dos sites em Maio de 2007 eram pornográficos. Abaixo esses números são descritos de uma forma nada, nada convencional.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Rádio Estilo ColdPlay

A rádio personalizada deste blog está mudando. O rock progressivo volta dar o tom para o começo de fim de semana, agora com ColdPlay. Esta banda britânica já tem dez anos de vida, mas só recentemente comecei a conhecer melhor suas canções. Reconheço ser conservador nas minhas escolhas de rock. Minha filha tem me ajudado a ser menos preconceituoso. Ao ouvir The Scientist, as resistências começaram a reduzir. O clip está abaixo.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Vícios Privados, Benefícios Públicos

Fui introduzido a expressão título desse texto recentemente com a leitura do livro de Eduardo Giannetti “Vícios privados, benefícios públicos? A ética na riqueza das nações” e que inseri na lista de sugestão ao lado. Provavelmente, os mais afeitos às teorias e filosofias econômicas já a conheciam por representar a filosofia de Mandeville que apregoa que o equilibrio de uma sociedade não pode depender essencialmente da bondade de cada uma das pessoas. Há que se construir instituições que consigam gerar um bem-estar coletivo a partir dos homens, tal como eles são, com seus egoísmos e ambições. A livre concorrência é o grande exemplo onde cada concorrente é movido pela sua ganância, mas o sistema se ajusta para produzir qualidade de serviços, baixos preços e, consequentemente, qualidade social. Mas não foi nenhum interesse pela economia que me levou ao livro de Giannetti, mas a questão ética. Os leitores desse blog já leram alguns textos sobre a cultura cidadã (acesse um deles aqui) e de como a questão da ética pode ter impacto na vida em comunidade. O livro de Giannetti discorre exatamente sobre a questão ética e de como ela tem sido (ou deveria ter sido) levada em conta pelos pensadores econômicos. Trata-se de uma leitura bem didática que apresenta ao leitor a história do pensamento econômico ocidental com um viés muito interessante para a questão da ética. Giannetti faz uma análise comparativa da filosofia de diferentes pensadores com o objetivo de mostrar que a filosofia econômica não pode desprezar como a questão ética é presente na sociedade. Encontrei muita fonte para extrapolar minhas próximas leituras. Por exemplo, descobri alguns trabalhos de filosofia que discutem a questão de se aderir a normas e leis (clique aqui para ler um pouco mais do que escrevi sobre isso). Aronson em The Social Animal e Elster em Cement of Society discutiram os conceitos de submissão, identificação e internalização. A submissão às normas se dá por receio de punição. A identificação é a adesão a normas pelo desejo de ser respeitado pelos outros. Por fim ,a internalização que advém de uma reflexão ética sobre a norma e assim segui-la é uma ação de resposta a si mesmo. O sucesso de se ter uma norma seguida em uma sociedade depende da capacidade de se criar “expectativas convergentes” (receio de punição, controle social e assimilação ética) dos membros da sociedade. Vê-se aqui os mesmos conceitos mencionados nos textos de Mockus sobre a cultura cidadã, mas ainda uma extrapolação para uma questão de assimilação da ética. O problema identificado por Mockus, e que me chama a atenção toda vez que penso sobre isso, é de como fazer os membros da sociedade se submeterem, se identificarem e internalizarem as normas e regras criadas para regular a vida comunitária. Ter a sensibilidade de identificar os momentos, a ordem e o grau de intensidade para que a sociedade se auto-regule é que me parece um desafio que é bem atual.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

WikiCrimes no Ciência OnLine

WikiCrimes é hoje manchete no Jornal Ciência OnLine. A matéria foi muito bem conduzida pelo jornalista responsável e os pontos principais (negativos e positivos) do projeto foram bem explorados (acesse-a aqui). Considero o Ciência Online um espaço extremamente adequado para veicular a idéia de transparência nos registros de dados criminais, pois tem um público cativo e com um nível de instrução que certamente poderá gerar efeitos multiplicadores nos registros de WikiCrimes. Neste momento que estamos completando um mês de funcionamento, a análise do histórico de registros e de usuários permite-nos prever um futuro promissor. Em breve estaremos lançando consultas estatísticas de cidades mais participativas e de usuários mais participativos. As cooperações estão começando a ser costuradas e tendem a dar um incremento significativo nos registros. Nunca é tarde para lembrar “Compatilhe informações sobre crimes. Saiba onde não é seguro”.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Tecnologia e Hábito de Leitura

Mês passado a FUNCAP foi convidada pela Secretaria de Cultura para propor uma nova visão, com forte viés tecnológico, para a Biblioteca Pública Estadual Menezes Pimentel em Fortaleza. Esta demanda se insere no conjunto de atividades estabelecidas no plano estadual para leitura de livros (PELL). Fui indicado para iniciar um estudo com esse fim e estive na abertura de um workshop de planejamento das ações do PELL. Minha primeira sugestão, que logo percebi que era convergente com o PELL, era de que repensássemos o conceito de bibliotecas públicas. Porque as pessoas não as visitam? Como deve ser uma biblioteca nessa era digital? Como torná-la catalisadora e potencializadora da ação de ler (e mesmo da ação de escrever)? Tais perguntas, me parecem, que não comportam respostas simples. Envolvem diversas áreas e diversos aspectos culturais que precisam ser compreendidos e trabalhados. Novamente, me defronto com um projeto que não é só de tecnologia. Um projeto sobre como a tecnologia pode mudar (ou adequar-se a) o comportamento das pessoas, em especial, um que me agrada sobremaneira: o hábito da leitura. Do primeiro momento que comecei a pensar sobre a questão até hoje, algumas idéias estruturantes começaram a brotar. A primeira idéia é aproximar a biblioteca do leitor através de meios digitais. O portal da biblioteca deve ser dinâmico, mudar a postura passiva de leitor de recorrer à mesma só para consultar obras literárias. Mudar o paradigma de repositório de livros. Há de se criar um espaço interativo, de preferência em consonância como softwares de redes sociais. Desta forma, pode-se potencializar a troca de comentários e sugestões, criação de grupos de leitura, além de fomentar um sistema em que comentários sobre obras lidas sejam compartilhados. Inovações devem estar presentes. Talvez uma sala de leitura coletiva onde um grande livro estaria projetado em uma parede e as pessoas o leriam coletivamente (!?). A consulta de livros pela Internet deve ser a mais lúdica possível. As capas e contracapas, sumários, críticas e mesmo algumas páginas da obra devem ser digitalizadas para que o leitor “virtual” possa conhecer mais sobre a obra que deseja ler. Um sistema de recomendação de obras que “casam” com o estilo do leitor também é outra idéia a ser implantada. Algo bem no estilo Amazon. As livrarias avançaram muito nessa direção. Creio que as bibliotecas precisam fazer o mesmo. Estou buscando parcerias para a realização deste trabalho a ETICE (Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará) e a IBM já se apresentaram. Recebi uma indicação muito interessante da IBM, sobre um relatório feito na Inglaterra que analisa o hábito de leitura da geração Google encomendado pela British Library (Blioblioteca Nacional Britânica). A geração Google é aquela que nasceu depois de 1993. Esse texto abaixo extraído da Wikipédia diz tudo sobre esse conceito: "Most students entering our colleges and universities today are younger than the microcomputer, are more comfortable working on a keyboard than writing in a spiral notebook, and are happier reading from a computer screen than from paper in hand. Constant connectivity – being in touch with friends and family at any time and from any place – is of utmost importance." Em resumo, o texto define a geração Google como sendo aquela com mais familiaridade com a Internet e com a leitura de textos no monitor do que com um caderno e que esta conectada com amigos e familiares em qualquer lugar e a qualquer momento pela Internet. O relatório é denso e merece várias análises, mas é muito interessante saber que os jovens com acesso a internet lêem mais dos que os que não têm esse acesso. Contraria uma certa idéia preconcebida de que a geração digital troca o livro pelo computador. Acho que com medidas criativas pode-se, na verdade, potencializar as ações de leitura. O trabalho está só começando e estamos abertos a novas idéias. Que promete, promete.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Dados Criminais e “Furos” Jornalísticos

O Jornal O Povo ofereceu em sua primeira página de ontem em letras garrafais a seguinte manchete “Homicidios: Estado usa números errados. 33% de mortes a mais”. O fio condutor da matéria foi a descrição de um estudo de um sociólogo, que “descobriu” que o número de homicídios registrados pelo CIOPS e o número registrado pelo IML não batiam. Fiquei estarrecido pela forma como essa matéria foi realizada. Primeiro, porque não é novidade para ninguém que entende um pouco de como funciona o sistema de coleta e registros de dados das Secretarias de Segurança Pública no Brasil de que os CIOPSs não têm o número mais preciso de registros de homicídios. Também não é novidade de que o dado do IML juntamente com o dos inquéritos da Polícia Civil é mais confiável no que se refere a homicídios (muitas vezes o dado da Secretaria de Saúde também pode ser usado). Segundo, surpreende-me dizer que o Estado usa o número errado. Ora, o outro número usado na reportagem é do próprio Estado, aliás da mesma Secretaria. Historicamente, o dado usado pelas Secretarias é uma consolidação das fontes que já mencionei. Os próprios dados enviados ao Ministério da Justiça não são os dados do CIOPS. Na matéria, a resposta da Secretaria de Segurança, tenta esclarecer, mas passa-se a impressão de que era algo errado e que passará a ser feito correto. Quero crer que os responsáveis que entendem de tudo isso que estou dizendo não tiveram espaço para esclarecer a situação. É preciso antes de tudo compreender o que é o CIOPS, qual sua finalidade e que dados ele congrega. O CIOPS é uma central de atendimento de emergência. Centrais de emergência não se destinam a coletar dados muito detalhados dos envolvidos . Devem coletar dados que permitam um rápido atendimento ao cidadão que pede socorro. É muito comum acontecerem chamadas que são registradas no CIOPS como lesões e que posteriormente, com a morte da vítima, torna-se um homicídio. Somente com a abertura do inquérito e com as informações periciais é que se pode precisar que este tipo de ocorrência se caracteriza como um homicídio. Um cadáver encontrado em via pública é outro exemplo. Só se pode confirmar que houve um homicídio após análises periciais. No CIOPS o registro fica somente como encontro de cadáver. Esses exemplos servem para mostrar que o trabalho de consolidação dos dados para a contagem de homicídios é tarefa necessária de ser realizada. Normalmente, para realizar essa consolidação tem-se uma central de tratamento de informações que toma nomes diversos nas Secretarias de Segurança do País. Esse é o dado oficial e é ele que é usado pelas Secretarias. Não tenho razões para crer que a gestão atual da SSPDS mudou esta prática. Vale ressaltar que não estou dizendo que os CIOPSs não possuem estatísticas úteis. Claro que as tem. Mas são de outra natureza. As estatísticas do CIOPS servem primeiramente para identificar zonas perigosas a partir de chamados do cidadão. É o dado mais importante para a realização de policiamento preventivo. Trata-se de informação geoprocessada e que dá um enorme subsídio às policias para, por exemplo, um programa tipo ronda do quarteirão. Agora, quando se fala de estatística qualitativa, com dados desagregados e para subsidiar investigações o dado mais adequado é o da Polícia Judiciária (aqui se insere os Institutos Científicos). De qualquer forma, com uma coisa dita na matéria concordo plenamente: há subnotificações de crimes. Aqui e em qualquer lugar do mundo. Por isso (e por outras) estou propondo WikiCrimes. Acho que ele merece muito mais barulho do que esse falso debate dos números de homicídios.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Cultura Cidadã às Avessas

Tenho recorrentemente mencionado a necessidade de políticas educativas para criação de uma cultura cidadã. A forma mais óbvia para se fazer isso é usar a enorme verba de propaganda dos governos para informar e educar. Infelizmente, isso não é a regra e quando se busca fazer algo, a mensagem passada é equivocada. O Governo do Estado do Ceará, por exemplo, lançou uma campanha de divulgação das empresas que mais pagam ICMS para mostrar que são as mesmas que pagam um determinado serviço público. Como já disse aqui neste blog anteriormente, o ICMS não é um imposto pago pela Empresa. Ele é pago pelo cidadão. A Empresa funciona apenas como repassadora do valor ao Estado. Ao invés de realizar um trabalho educativo nessa direção, o Estado acaba por induzir o cidadão a uma compreensão errada da questão, pois mostra a Empresa como responsável pela qualidade do serviço público. A mensagem é totalmente equivocada. Temos é que educar o cidadão a pedir a nota fiscal. Devemos informá-lo de que o dinheiro dele está sendo “emprestado” à empresa para repassar ao governo. No final das contas, o serviço público possui ou não recurso financeiro, dependendo da colaboração do cidadão que realiza as compras. Em se tratando de ICMS, ao pagá-lo, as Empresas só fazem a obrigação.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Ciços e Cultura Cidadã


Novamente, estou eu aqui tirando atraso de alguns temas que marcaram meu final de ano, mas que foram atropelados por WikiCrimes. Em dezembro fui eleito o ciço de 2007 e minha gestão será durante 2008. Este assunto não será fácil de ser acompanhado por quem não é, ou nunca foi ciço. Ciço? What the porra is that? (como diz meu amigo Walfredo). Uma difícil definição, mas que vou me arriscar a fazê-la. Aliás, tentarei ir além. Tentarei refletir sobre onde anda a seriedade de ser ciço. Que mensagem esta denominação carrega? Desculpem-me os leitores e principalmente meus amigos ciços se tento transformar esse tema eminentemente bufo em algo um pouco sério. Mas afinal de contas, eu não seria também um ciço se não fosse essa minha eterna necessidade de refletir e falar sério. Receber o “título” de ciço e a própria existência da cultura ciçal comportam um componente de educação social que, tenho certeza, não escapa a percepção da maioria dos que vivem esta brincadeira. É este o motivo que me faz ligar a idéia de ciço ao controle social tão presente na cultura cidadã. Lembrando que um dos pilares da cultura cidadã é criar um ambiente de controle social onde as pessoas se sintam incomodadas de realizarem ações ou terem postura desagradável à maioria da sociedade. Trata-se de uma forma de dar o seguinte recado: “não achamos sua postura legal”. Não deixa de ser uma repreensão. Isso ocorre em toda sociedade embora a forma como isso é exteriorizado varie. O cearense, com seu eterno viés humorístico, tinha que encontrar uma forma gozada de dar esse recado. O jeito ciço de viver(ciço way of life) é um exemplo vivo dessa forma de expressão cultural. Trata-se de uma forma jocosa de dizer (não exclusivamente) que fostes chato, ou inconveniente, ou teimoso, ou reclamastes demais no futebol, ou se irritastes demais, ou brigastes demais ou, simplesmente, fostes muito diferente. Poderíamos pensar que tal recriminação não é politicamente correta e mesmo alienante. Seria uma ditadura da maioria? Todo mundo encara a brincadeira da mesma forma? A resposta para essas indagações não é muito simples. Há que se admitir que a assimilação do conceito de ciço por um grupo não é natural e fácil. É necessário um processo de amadurecimento e de aprendizagem característicos em todo processo de assimilação cultural. Lembro-me que no grupo dos ciços que participo (os ciços do Bola na Rede), questionei muito sobre o que ser ciço queria dizer e o que a brincadeira aportava. Valeria a pena insistir? Seríamos capazes de lapidar a idéia, de assimilá-la nas diferentes concepções e sentimentos que cada um desejava dar e, ao final, conseguiríamos criar um vetor de energia positiva. Não sei se toda comunidade consegue fazer isso, mas posso testemunhar que convivo em uma que o fez. A acomodação do conceito foi acontecendo e a forma humorística e leve da denominação de ciço foi ganhando diferentes matizes não deixando espaço para discriminação, nem para constrangimentos. Ficou fácil de perceber que só cabe uma reação : relaxar e gozar! Acima, publico a foto de alguns desses ciços ao tentarem parecer jogadores de futebol.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Gosto Muito de Você Leãozinho!

Lembrei-me dessa frase musical de Caetano Veloso para entitular esse texto onde saliento o quão considero importante os recentes resultados do time juniores do Fortaleza (o leãozinho) na Copa São Paulo de Futebol. Os que me conhecem de perto sabem o quanto sou afeito a discutir futebol, mas admito que não me motivo muito a discorrer sobre esse tema com freqüência no blog. Talvez porque já tenha gente demais falando na imprensa, ou porque sinta pouca motivação em empreender embates em outro ambiente que não as mesas de bar. O mundo virtual ainda não conseguiu me apresentar alternativas ao compartilhamento de cervejas! Não obstante, a campanha do Leãozinho me trouxe motivação. Quando reparei a tabela da primeira fase do mata-mata, percebi que haviam trinta e dois times e que destes só quatro eram do nordeste. Estar entre esses já me pareceu uma façanha. Passar para a fase seguinte, nem se fala. Tenho enfatizado sempre que precisamos dar mais valor aos jogadores da terra. Percebo uma incrível má vontade dos torcedores com os jovens que vêm das divisões de base. Algo instintivo e totalmente injustificável. Provavelmente, um estudo histórico e sociológico relacione esse comportamento com a nossa incapacidade de perceber o valor de nossa cultura, a riqueza de nossa terra e a fibra de nosso povo. Em algum momento, prevalece nossa mentalidade de colonizado e de achar que o que vem de fora é o melhor. Aliás, o fato da pesquisa datafolha sobre torcidas de futebol apontar que a maioria dos torcedores do Estado se dizem flamenguistas (17% contra 8% para Fortaleza e Ceará cada) fortalece essa teoria. Todos os anos nossos clubes de futebol contratam a preço de ouro jogadores veteranos (normalmente em final de carreira) de outros estados os quais, invariavelmente, frustram expectativas. Já deveríamos ter aprendido. O investimento nos jovens atletas como o que vem sendo feito pela atual e anteriores administrações do Fortaleza são dignas de elogio e constitui-se na via que pode trazer sustentabilidade ao pobre futebol cearense. Acho até que as diretorias dos clubes cearenses deveriam vender mais suas políticas de incentivo aos jovens (a construção do CT do Fortaleza é um bom exemplo). Tenho certeza que conseguem colher muito mais doações de torcedores, se buscarem apoio para a realização desse trabalho estrutural. É preciso saber mostrar que, além de uma alternativa inteligente para o crescimento do clube, trata-se de uma causa social e de desenvolvimento regional. Por isso torço e gosto tanto do Leãozinho.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

WikiCrimes na TV Jangadeiro

Nesta sexta-feira, WikiCrimes foi notícia em Fortaleza na TV Jangadeiro. É a terceira vez que uma matéria jornalística na TV é feita sobre o projeto. Acho que essa foi a mais bem elaborada delas. Interessante ver que os jornalistas sempre vão escutar a opinião da polícia que por sua vez tem sempre o mesmo discurso: dados falsos podem prejudicar o sistema. Isso é uma verdade inconteste, mas só o tempo dirá o quanto isso é um problema que possa inviabilizar o projeto. Se as pessoas que idealizaram a Wikipédia tivessem desistido do projeto por causa dessa preocupação, não teriam conseguido construir a maior enciclopédia do mundo de forma colaborativa. De qualquer forma, estamos estudando mecanismos de cálculo de reputação das informações que no futuro serão capazes da dar indicadores de credibilidade às mesmas. Trata-se de uma área de pesquisa em informática muito popular nos dias atuais e que deixaremos para falar mais detalhes no futuro. Por enquanto, veja a matéria da TV no vídeo abaixo e entenda mais sobre WikiCrimes.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Seminário de Economia Criativa

Só agora pude fazer um resumo do que assisti no seminário sobre economia criativa (clique aqui para saber mais sobre esse conceito) que aconteceu na FIEC mês passado (WikiCrimes monopolizou minhas atenções!). Minha primeira avaliação foi de que o objetivo inicial de divulgar o conceito foi atingido apenas parcialmente. Muitas palestras foram de alto nível, mas, lamentavelmente, acompanhadas por um público muito reduzido. Além disso, mesmo sendo de boa qualidade, as palestras não estavam todas relacionadas claramente com o conceito inovador da economia criativa. De qualquer forma, para os que acompanharam intensamente as apresentações sobraram idéias e informações relevantes. O representante da ONU fez uma apresentação muito interessante de como a questão da economia criativa está sendo vista de forma estratégica por essa organização. Ele vinculou fortemente o conceito com a cooperação sul-sul. Quase 95% do mercado consumidor e produtor de cultura no mundo está no norte (80% nos EUA). Achei interessante quando ele disse que o mundo da cultura precisava fugir do modelo Van Gogh (que só teve suas obras reconhecidas após sua morte), mas, por outro lado, devia-se igualmente fugir da idéia comum da economia de riqueza por acumulação de riqueza. A economia cultural não necessariamente segue essa lógica, pois a riqueza pode ter um caráter muito mais amplo, tanto educacional como de realização das pessoas. A definição do Prof. e ex-secretário de cultura de Montevidéu Gonzaga Carambulo é extremamente feliz para contrapor a visão opulenta da economia, ele define a cultura como um processo que enriquece a liberdade real das pessoas em busca de seus próprios valores. O desafio é enorme, pois 70% da população mundial não são inseridas no mercado global da cultura. Essa economia, que agrega valor ao intangível, cresce a taxa de 10 % ao ano. O presidente da FUNCAP, Prof. Tarcísio Pequeno, em sua apresentação fez uma interessante reflexão entre a ciência, educação e a criatividade. Disse que a ciência é a arte controlada da criatividade. É a aprendizagem da “domesticação” da criatividade com um método bem definido. Emendou refletindo: será possível educar criatividade? Pode-se induzir seu aparecimento? Em síntese, ele acredita que a criatividade se estimula com objetos que permitem recombinações e concluiu com um apelo por um sistema educacional que permita uma visão a menos restritiva possível do mundo para que não se tolha essa possibilidade de “recombinações”. Outro lado positivo do seminário referiu-se a diversidade de exemplos interessantes demonstrados. A Nigéria emprega um milhão de pessoas no cinema. São Paulo tem um programa para fomentar a leitura (leia mais sobre isso clicando aqui). Lapa, a cidade da música, São Paulo fashion week, e outros exemplos certamente causaram entusiasmo nos espectadores. Encontra-se aqui uma fonte de riqueza inesgotável do país. Para finalizar sugiro uma passeada pelo site overmundo um portal colaborativo sobre cultura no Brasil onde é possível conhecer iniciativas cearenses bem interessantes.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Moral, Cultura e Lei

Estava lendo um texto sobre a cultura cidadã no site do ex-prefeito de Bogotá por duas vezes Antanas Mockus (clique aqui para acessá-lo, em espanhol) e achei interessante revisitar alguns exemplos e conceitos. Antes, no entanto, lembro que já venho escrevendo sobre a cultura cidadã nesse blog (para saber mais, digite “cultura cidadã” no campo de pesquisa deste blog no canto superior esquerdo). Leis são normas criadas por uma sociedade com o objetivo de organizar a vida comunitária. Outros dois aspectos que andam pari passu com a lei são a moral e a cultura. Esses conceitos são bem conhecidos para quem estuda ética, mas no contexto da cultura cidadã de Mockus ganham um pragmatismo surpreendente. Vejam, por exemplo, quais foram as ações desenvolvidas no programa de educação no trânsito. Mímicos contratados para ensinar às pessoas a importância das faixas de pedestre explicavam teatralmente que o correto era atravessar na faixa e, aos motoristas, que aquele território pertencia aos pedestres. Com o passar do tempo, a própria população passava a repreender os transgressores com apitos e vaias. Se uma pessoa não era convencida a respeitar a faixa pelos mímicos, o povo nas calçadas a repreendia e, se ainda assim não funcionasse, vinha o guarda de trânsito para aplicar a multa. Essa seqüência representa os três mecanismos reguladores: a moral (representada pelos mímicos), a cultura (manifestada pela população vaiando) e a lei (personificada no guarda). Muito difícil conseguir emplacar leis e fazê-las obedecidas se não são suportadas pelos outros dois fatores. Em outro exemplo, o prefeito Peñalosa, que sucedeu Antanas Mockus e deu continuidade a política de seu predecessor, ao se referir sobre a recuperação de espaços públicos e suas formas urbanas, disse “em ambientes desordenados, as pessoas de boa índole (moral) se sentem minoria e não agem solidariamente. Por outro lado, um lugar bem-conservado dá a impressão de uma comunidade alerta(cultura), com cidadãos atuando em conjunto. Como a comunidade se conhece e interage nos parques, quadras esportivas e espaços públicos em geral, acaba ganhando uma cidade mais segura”. É claramente uma visão transversal e multi-disciplinar. Creio que não é preciso gastar muito argumento para convencer sobre o quanto essas idéias são interessantes. O grande desafio é ter capacidade de implantá-las.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Porque Eu Gosto de Arquitetura

Quando minha filha Lara me perguntou o que achava sobre arquitetura como profissão, respondi: boa escolha. Mas logo emendei. O que acho legal em arquitetura é que é uma profissão que promove e premia a criatividade. É dessa criatividade que precisaremos de mais em mais no mercado de trabalho. Um profissional arquiteto é introduzido naturalmente aos conceitos ligados a idéia mais geral de design. Esse conceito significa projetar coisas (que podem até ser casas, mas não obrigatoriamente) que sejam úteis, atrativas, prazerosas, ecológicas, enfim que façam as pessoas (e mesmo o planeta) viverem melhor. Aliás, design de serviços também é comum nos dias atuais e vem sendo fortemente explorado em um mundo de prestação de serviços virtuais com a Internet. Outra coisa que me agrada na profissão refere-se à natural proximidade entre o método, a técnica e a arte. Novamente, estimula-se outra característica fundamental para o profissional do futuro: sensibilidade artística, estética e visão multidisciplinar. Evidentemente que nem todos que escolhem essa profissão percebem todas essas nuances ou podem explorá-las a fundo. Mas para um pai orgulhoso de ter recebido a notícia de que sua filha conseguiu passar na Universidade, como é meu caso hoje, nada como vislumbrar futuros promissores. Parabéns Larinha!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

SYNC – Tecnologia da Informação em Automóveis

A associação da Microsoft com a Ford é indicativo do próximo passo da indústria automobilista para os próximos anos. A tendência é agregar softwares inteligentes para fazer uso dos dispositivos digitais que estarão cada vez mais presentes nos carros. Sistemas de reconhecimento de voz para acionamento de comandos em rádios é um desses exemplos. Dispositivos de orientação em mapas através de GPS também serão cada vez mais vistos em carros. Desta forma, inúmeras aplicações de tecnologia da informação que manipulam mapas chegarão em breve aos motoristas. Abaixo, publico duas propagandas da plataforma SYNC da Microsoft que está sendo incorporada a alguns carros da Ford. Recentemente li que a Apple estaria fechando um acordo com a Mercedes Benz nas mesmas condições do acordo Microsoft-Ford. Em breve será comum comprarmos um carro com a expressão “powered by Microsoft” ou “powered by Apple”.



sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Novidades em WikiCrimes


Uma nova versão de WikiCrimes está no ar! Estamos sempre providenciando melhorias muitas delas fruto de sugestões vindas dos participantes da comunidade WikiCrimes. Na versão que está no ar é possível colocar um link para uma notícia de jornal ou para um vídeo que descrevam a ocorrência criminal registrada. Desta forma pode-se dar uma maior credibilidade a informação registrada. O fato de permitir colocar vídeos serve inclusive para que os comerciantes tornem disponíveis filmes de câmeras de seus estabelecimentos que muito frequentemente capturam ações de marginais. Ao disponibilizar esses vídeos a população pode ajudar na identificação de envolvidos. Quanto aos jornais, esperamos, no futuro, ter a colaboração dos mesmos para que, em suas próprias matérias onde descrevam crimes, eles façam o link para WikiCrimes para que o leitor possa ver no mapa onde o evento ocorreu. Outras diferenças na nova versãoforam a possibilidade de se registrar homicídios e latrocínios além de reformulações em algumas interfaces para facilitar o uso do sistema. Fiquem atento, pois outras novidades ainda estão por vir. Acima posto uma foto de WikiCrimes onde se pode ver um vídeo.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Retrospectiva 2007 III

A terceira e última parte da retrospectiva do Blog do Vasco é a mais curta. Algumas coisas estão bem recentes e ainda estão sendo vividas. A questão profissional foi gradativamente se resolvendo com minha ida a FUNCAP o que permite aprofundar-me na questão científica, em particular, na cooperação Universidade-Empresa. Pude falar mais livremente da Segurança.O conceito de economia criativa foi uma agradável novidade. A participação no evento que aconteceu em Fortaleza em Novembro, foi muito enriquecedora. Permitiu-me conhecer experiências práticas de transversalidade como as que venho tanto pregando ultimamente. Agora, nada me deu mais entusiasmo do que WikiCrimes. O projeto para mapear crimes colaborativamente tomou minhas atenções e minha motivação. Era a coisa legal que eu tanto queria fazer. Tinha que ser ligado a Segurança Pública mesmo. Mas veio de uma forma muito mais instigante, intempestiva, imprevisível. Um projeto inovador, desafiador e que envolve a cidadania. Fecha bem um ano que não podia ter um desfecho regular. Abre possibilidades excitantes para 2008.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Retrospectiva 2007 II

A segunda etapa da retrospectiva a chamei de adaptação ao retorno. Estava chegando da Califórnia e precisava encontrar-me de novo com os desafios brasileiros e cearenses. Um dos fatos marcantes deste momento foi meu entusiasmo com o conceito de cultura cidadã. Fazendo essa retrospectiva me parece lógico o porque desse meu entusiasmo. Não consigo pensar em uma sociedade melhor e mais justa sem que consigamos melhorar nosso comportamento. Desde posturas simples como andar com um cachorro nas ruas até ações viciadas que incentivam a insegurança e a sonegação, foi fácil perceber nossa crise de postura. Percebe-se ainda um enorme descrédito nas instituições públicas que, por sua vez, por estarem em sua grande maioria em estado lastimável dão razão para esse sentimento. A cultura cidadã explorada em Bogotá busca implantar ações concretas para incentivar o controle e a responsabilidade social. Escrevi vários textos sobre como ações inspiradas nesse conceito podem ser úteis para melhorar a limpeza pública, a segurança, a vida comunitária e a postura participativa. Mas nem só de cultura cidadã vive um blogueiro. O contato com alunos me levaram a criar textos didáticos sobre novas tecnologias e temas de pesquisa em computação como a web semântica. Havia (e ainda há) um hiato do que eu escrevia em termos de tecnologia, principalmente em se tratando de Web, e do que os leitores vivem no dia-a-dia. A Segurança não deixou de ser tema relevante, mas aqui não foi um momento fácil. O entusiasmo que tinha na Califórnia foi gradativamente cedendo lugar a uma inquietude e desapontamento que me mostraram que minhas contribuições não faziam parte do plano dos que coordenam a Segurança Pública no Estado. A participação no Fórum Estadual de Segurança deixou isso bem claro. O próprio retorno à Universidade não se deu sem traumas. Tinha esquecido o significava disputa por espaços e poder. O blog se tornou mais importante ainda, pois funcionava como uma terapia. Paradoxalmente, os textos ficaram mais lights , pois tinha medo de exagerar e transformar minha decepções em temas permanentes. Por fim, vale a pensa mencionar o interesse que comecei a demonstrar pela profissão de informática e do futuro da mesma. Mesmo a postura das mulheres quanto a isso foi alvo de reflexão. A parte final vem a seguir.