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segunda-feira, 14 de abril de 2008
Software Livre
Semana passada, tive duas oportunidades de discutir sobre software livre. Primeiramente, quando participei de uma reunião na FUNCAP com jovens estudantes que compõem um grupo de estudo no tema. Depois, ao participar de uma audiência pública na Assembléia Legislativa, representando a FUNCAP, para debater sobre o tema. Essas reuniões me dão a oportunidade de voltar a refletir sobre a questão e relacioná-la com outros textos já escritos aqui no blog. Software livre é todo aquele programa de computador que pode ser usado, copiado e distribuído sem nenhuma restrição. Os autores do software não reivindicam direito sobre o mesmo. Para os que quiserem saber mais sobre o conceito sugiro olhar na Wikipédia (clique aqui). Seguindo uma tendência de vários Estados e do Governo Federal, o Governo do Estado definiu como diretriz básica de tecnologia da informação a adoção prioritária de software livre para todas as novas aquisições de programas de computador. Em uma segunda etapa, a migração dos programas já adquiridos ou desenvolvidos vai ser perseguida. Essa decisão certamente poderá ser fomentadora do desenvolvimento de software livre, mas certamente não é esse o aspecto mais relevante no contexto de software livre. Acredito que uma discussão mais ampla se impõe visto que é preciso compreender que o que vem acontecendo com o desenvolvimento de software livre é somente a ponta do iceberg de uma verdadeira revolução em curso sobre a forma de produção e distribuição de conhecimento. Uma revolução que se caracteriza pela produção distribuída, colaborativa, quase que caótica, de bens imateriais e que se ancora fortemente na Internet. A produção de software livre se faz normalmente de forma colaborativa por pessoas, que muitas vezes nem se conhecem e que não estão fisicamente próximas. O processo de produção se confunde com o de distribuição. O software começa a ser produzido e os que o usam têm a liberdade de modificá-lo e redistribuí-lo. Repito que, se esse fenômeno restringisse-se ao desenvolvimento de software, ele não seria tão importante. A produção de bens artísticos e intelectuais de uma forma geral também está se transformando. No contexto musical, por exemplo, a estrutura de produtoras musicais e o conceito de direitos autorais estão sendo revistos na prática como o crescente comércio de músicas na Internet (veja o que já escrevi sobre isso clicando aqui, aqui e aqui). Fundamental é perceber como esse contexto novo se liga com algumas oportunidades de crescimento como o da economia da cultura ou economia criativa (veja o que já escrevi sobre isso aqui). Os bens que representam uma cultura local têm uma ótima oportunidade de se difundirem na Internet. Da mesma forma, as indústrias de software têm ótima oportunidade de conquistarem mercados inatingíveis até então. Mas isso vai muito provavelmente significar a venda do serviço associado ao bem produzido e não somente o valor do bem em si. Quem souber e puder se adaptar o mais rápido possível a esse contexto e conseguir identificar as oportunidades de inovação estará em grande vantagem competitiva no mercado global. Na audiência na Assembléia Legislativa, o Deputado Roberto Cláudio que sugeriu a ocorrência do evento, disse que muitos de seus colegas relutaram em discutir o tema por não verem tanta relevância no mesmo. Reflete o desconhecimento de nossos representantes (aliás, acho que da sociedade em geral) do que está ocorrendo e que, ao continuarmos assim, perderemos oportunidades de desenvolvimento cultural, comercial e social.
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