Siga-me no Twitter em @vascofurtado

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Não Alimentemos Expectativas com o Mito da Internet nas Escolas

A minha recente viagem a Itália, mais especificamente a Natz, uma pequena cidade meio italiana meio alemã, me fez refletir novamente sobre a questão da Internet nas escolas. Em Natz, visitei uma escola primária (não sei muito bem se é essa a categorização oficial de hoje em dia, mas enfim, escola para crianças de até 12 anos). Lá percebi que eles não têm nenhuma estrutura especial de acesso a Internet. Têm um link que é usado esporadicamente quando a ocasião requer, mas não podemos dizer que usam a Internet com fins educacionais. É o final dessa frase anterior que me dá o mote à reflexão. Vejo hoje em dia no Brasil um discurso excessivamente entusiasmado, eufórico e quase alienado (e talvez alienante) do “levar a Internet às escolas”. Quase que unanimemente escuto de políticos, gestores públicos, mídia, até mesmo professores, enfim a sociedade em geral, clamar por esse objetivo, alçando-o a condição importante para a melhoria da educação nacional. Mas não consigo parar de me perguntar: será que devemos alimentar essa expectativa? Onde está o plano educacional para o uso da Internet nas escolas? Temos um projeto que articule o uso do computador para ensino e onde os professores saibam tirar proveito das potencialidades que o mesmo, ligado a Internet, pode aportar? Temos condição de dar às escolas infra-estrutura em termos de equipamentos e obras físicas para que todos os alunos usem o computador com a freqüência que seria suficiente para fins educacionais? Nossos professores são capacitados para o uso do computador como ferramenta educacional? Temo que a resposta para essas questões não nos permitam ficar tão eufóricos. Percebam que não estou querendo dizer que não devamos perseguir o objetivo de levar Internet às escolas. Só que quero esclarecer que sempre que penso no “levar a Internet para as escolas” gosto de adicionar o “com fins educacionais”. Usar a Internet de per si não me parece uma atividade que requer ensino e deva estar em currículos escolares. Os jovens aprenderão a fazer isso em casa, em cyber cafés, clubes, na casa de amigos ou seja aonde for pela simples razão de que a web, principalmente através das redes sociais, se tornou uma nova forma de se comunicar (Orkut que o diga). Gosto sempre de dar exemplo de como seria interessante ter uma aula de geografia usando o Google Maps e o Google Earth. Fazer zooms em países, cidades, capitais, montanhas, calcular distâncias, verificar quem é vizinho de quem. Todos esses conceitos podem ser explorados de forma dinâmica e interativa. No entanto, um exemplo simples como esse seria dificílimo de ser implementado na maioria de nossas escolas com acesso a Internet (mesmo nas escolas privadas). Os professores não têm o domínio do computador, muitos não sabem nem o que é Google Earth, não há computadores suficientes para todos os alunos de todas as turmas de Geografia das escolas (e olhe que estou só na geografia), não há infra-estrutura de aterramento elétrico para instalar os computadores, a banda de transmissão de dados não é suficiente para ter vários acessos do Google Earth ao mesmo tempo, ufa! Vou parar por aqui. O fato é que esses problemas vão sempre ficando para depois e continuamos bradando que estamos batendo recordes de escolas ligadas a Internet. O presidente da FUNCAP (Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico), prof. Tarcísio Pequeno, tem mencionado que recentes avaliações sobre a qualidade dos alunos públicos, mostram que alunos de escolas com acesso a Internet não apresentaram rendimento superior aos que estudam em locais onde o acesso não existe (aliás, os rendimentos foram muitas vezes piores!). Em resumo, não quero ser muito amargo sobre a questão (mais do que já fui?!), mas talvez se tivéssemos uma campanha do tipo: "levemos o acesso garantido do aprendizado da tabuada e da redação às escolas", aí sim, me sentiria mais confortável em alimentar expectativas de bons resultados educacionais.

Um comentário:

Anônimo disse...

Amigo Vasco: Porque não fundamos uma associação em defesa do basquete. Jogo prticado com as maos. Será que esse jogo não melhora o homem em todos os sentidos? Não seria bem mais facil de aprender dividir,mutiplicar,somar,diminuir? Voce sabe que num racha de basquete que sua origem foi na decada de 20,e voce tem o previlegio de jogar,e´a melhor escola do ceará. Deixamos uma trilha respladecente para as geraçoes vindouras. Temos em todas as areas de conhecimento aqui no ceará pessoas que praticam ou ja praticaram esse esporte. Como dirigentes,atleta,torcedor,técnico,professor,medico e cientistas em varias areas se formos relatar todos passariamos varias linhas nestas citaçoes. Minhas magoas é as pessoas que podem dar depoimentos favoraveis,esquecem o grade jogo. Na sua recente viagem aEuropa não viste nada relacionado ao esporte? que tenha ajudado o ser humano a ser melhor atraves do esporte?E a escola Italiana como cuida da sua juventude? E o Basket-ball como se comportou na ultima olimpiadas?Sua escola de basquete imita a Americana? Roberto Bastos