Siga-me no Twitter em @vascofurtado

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Wolfram Alpha

Será que o sonho dos anos 60 da Inteligência Artificial (IA) de se construir um programa que resolva tudo quanto é problema (antigamente batizado de GPS para General Problem Solver – Resolvedor Geral de Problemas) vai se concretizar? A comunidade acadêmica, o mundo da tecnologia e os usuários da web em geral terão ainda que esperar algumas semanas para saber se a façanha está mesmo próxima de se realizar. Stephen Wolfram, o idealizador do popular software científico Matemática e escritor de A New Kind of Science, começou um tímido, mas já barulhento, processo de divulgação do Wolfram Alpha. Os que tiveram a oportunidade de ver a versão em preparação (a versão oficial só será lançada em Maio) se surpreenderam com o que está sendo proposto. Wolfram Alpha é um site que responde perguntas sobre, bem, sobre simplesmente tudo! Não se trata de um Google que acha páginas sobre tudo. Ele responde perguntas! Por exemplo, se você pergunta sobre “usuários de internet na Europa” ele não só diz a quantidade, como mostra gráficos por países e estatísticas de uso. Trata-se de um trabalho que requereu a construção de uma enorme base de conhecimento (em um formato ad hoc e ainda não conhecido pela comunidade científica) e de mecanismos para explorá-la. Wolfram Alpha usa muito do código do Matemática para construir o que o autor chama de Um Motor de Conhecimento Computacional para a Web. Falar mais sobre o que é ou será o projeto não me parece interessante, pois é só especulação. Será a tão esperada “killer application” da Inteligência Artificial? Não sei, mas que vai fazer muito barulho, isso vai.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

WikiCrimes em Curitiba

Ontem WikiCrimes foi notícia no jornal A Gazeta do Povo de Curitiba. Uma matéria super bem produzida a partir de uma entrevista que dei por telefone. O jornal se esmerou na produção de uma figura explicativa de todas as funcionalidades de WikiCrimes (veja na figura com o título “como funciona”abaixo). O site do jornal está no portal da RPC, a concessionária da Globo em Curitiba, e por isso mesmo muito acessado. Foi um dia de recorde em WikiCrimes. O Paraná já era o terceiro estado mais participativo em WikiCrimes. Só ontem foram quase 200 novos usuários registrados.


terça-feira, 28 de abril de 2009

Pense um Pessoal Viajado!

Nem gosto muito de enfatizar os desmandos de nossos políticos. Diante dos absurdos, só cria um clima de descrédito nas Instituições democráticas. Agora, o descaramento dos políticos brasileiros em não se preocupar em oferecer desculpas e ainda em tentar se justificar da farra das passagens é demais! Decidi colocar a lista fornecida pelo site Congresso em foco dos maiores viajantes. Marquei alguns conterrâneos que considero "bem viajados". Vejam se eles tiveram seus votos e não esqueçam.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

WikiCrimes no Twitter

WikiCrimes está no Twitter. Todos os registros de crimes ocorridos no WikiCrimes agora são imediatamente postados no Twitter. Acesse http://twitter.com/wikicrimes e seja mais um a seguir o que está ocorrendo no WikICrimes e consequentemente na sua região.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Web 2.0 e Informática Pública

Além de meu frequente contato com os colegas da ETICE (Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará), nos últimos meses tive várias experiências de contato com o ambiente das Empresas Públicas de Informática. Ano passado palestrei no KM Brasil (Congresso Nacional de Gestão de Conhecimento), e boa parte do público era de funcionários públicos de TI. Os convites recebidos para realizar apresentações no Congresso Nacional do SERPRO – CONSEG e no Alagoas digital foram outras oportunidades de conversar com funcionários públicos técnicos em TI. Interessante perceber que as Empresas Públicas de TI, bem com os departamentos de processamento de dados das grandes Empresas Públicas, vivem um dilema quanto ao uso das novas ferramentas de informática advindas com a Web 2.0. Na sua grande maioria essas empresas bloqueiam o acesso a sites de relacionamento, sites de compartilhamento de vídeo e fotos, blogs e mesmo do Google Maps. Os motivos variam da necessidade de “proteger” os funcionários da tentação de desviar o foco do trabalho até a racionalização do uso da banda larga de acesso a Internet. Por outro lado, cresce gradativamente (embora em grau diferenciado de empresa para empresa) a percepção de que há espaço para explorar positivamente as tecnologias de Web 2.0 e ainda as redes sociais que se formam em função de seu uso. O dilema está criado. Como será possível se qualificar a explorar um potencial que tem seu uso mesmo proibido dentro da Organização? Reconheço que não se trata de um problema fácil de ser resolvido, creio que para começar é preciso que se compreenda como a web 2.0 pode ser útil no contexto dos serviços públicos. Por essa ótica, deixo aqui algumas definições que podem contribuir na formação de conhecimento preliminar para a criação de uma política para a TI pública. Em linhas gerais, relembro que a característica marcante do que se batizou de Web 2.0 é aumento de oportunidades de compartilhamento e produção de conhecimento pelos internautas viabilizado pelo surgimento de sites para esses fins. Blogs, sites de relacionamento (www.orkut.com), sites de compartilhamento de vídeos (www.youtube.com), de fotos (www.flick.com), de transparências (www.slideshare.com) e sistemas wikis para compartilhamento de conhecimento (www.wikipedia.com) e crimes (www.wikicrimes.com) são alguns exemplos desse movimento. No contexto organizacional aqueles que trabalham com gestão do conhecimento (GC) perceberam rapidamente que essa nova onda tecnológica compartilha caprichosamente os mesmos princípios da GC como o compartilhamento de conhecimento para aumento da aprendizagem intra-organizacional, a formação de comunidades de prática, a formalização de conhecimento tácito, dentre outros. Enfim, um novo tipo de sistema de informação na web, chamado por alguns de e-gov 2.0 ou KM 2.0, está a surgir. São aplicações onde a aproximação do governo com o cidadão se dá não somente através da prestação do serviço público, mas igualmente pelo provimento de instrumentos para que o cidadão se pronuncie, questione, forneça informações, proponha alternativas, denuncie enfim interja ricamente. Junte ainda a possibilidade de que tudo isso seja feito de forma colaborativa, onde o cidadão faz parte de uma comunidade virtual. Há muito o que fazer nessa direção.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Inspiração

Pós-aniversário. Obrigado a todas as mensagens de parabéns recebidas via web e telefone. Não sei quem me falou de inspiração. De qualquer forma, adorei a mensagem. Ao procurar algo sob esse título na web encontrei esse vídeo genial. Inspira não só os amantes da bicicleta. Vale o “coup d’oeil”!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Insegurança e “Nossas Estatísticas”

Nesse domingo, uma matéria no jornal O Povo, me fez refletir um pouco mais sobre estatísticas oficiais de Segurança (veja a matéria completa aqui). Um trágico incidente próximo ao Campus da Universidade Estadual do Ceará, aqui em Fortaleza, levou a morte de uma jovem universitária. Uma bala perdida, provavelmente vinda de uma arma de um policial, tirou-lhe a vida. Na matéria, os cidadãos clamam por segurança na região em que o incidente ocorreu. A resposta do oficial responsável pela área foi emblemática daquilo que argumento desde o nascimento de WikiCrimes.
"Aconteceu um caso isolado, uma fatalidade. O pessoal generaliza. Se fosse verdade, isso estaria nas nossas estatísticas."
Não tenho dados para falar especificamente da área em questão, mas o que venho dizendo há algum tempo é claramente exemplificado nessas palavras. Há um grande índice de subnotificações (crimes que não são registrados formalmente). Violências entre gangues como as denunciadas na região próxima à Universidade são um exemplo disso. Os moradores vivem e presenciam cenas de violência, mas isso não gera um registro específico de fato criminal. As estatísticas oficiais que se baseiam na contabilidade de registros formais não vão nunca indicar esses problemas. Vejam o depoimento de uma moradora que se recusou a falar sobre o assunto ao jornal.
"Deus me livre. Aqui é falou, morreu."
É preciso criar outros mecanismos de coleta de informações que indiquem a insegurança de uma área. WikiCrimes, por exemplo, é um desses mecanismos, pois trata-se de um instrumento complementar de coleta de informações(uma real Polícia Comunitária é outro exemplo). Aliás, a expressão “nossas estatísticas” usada pelo oficial da Polícia Militar é indicadora de outras características marcantes da forma como nossas autoridades de segurança agem hoje. Demonstra primeiramente baixíssima transparência. Afinal de contas, quem tem acesso às “estatísticas deles”? Ninguém. Não tem como discordar, né? Demonstra ainda a possessividade típica de quem não considera que a informação é pública. Por fim, chega a ser inebriante e alienador. Condiciona a realidade. O fato não é verdade se não estiver nas estatísticas! Já é tempo de mudar isso.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Hotel Califórnia

A volta à Califórnia recentemente não me renovou somente os ares acadêmicos. Permitiu-me também matar saudades de uma rádio que adoro. A rádio KKSF pode ser acompanhada na região da Bay Area (Bacia de San Francisco) com direito a muito jazz e um bom rock progressivo. O Eagles está sempre tocando lá e sua música mais conhecida, Hotel Califórnia (1977), tem tudo a ver com o lugar. Achei no YouTube uma versão excelente dessa que é considerada por muitos como uma das músicas pop mais marcantes de todos os tempos. Ela, além de bela, carrega a áurea de mistério dos diferentes sentidos que foram dados à sua letra durante todos esses anos. O trumpete na introdução é inovador. Vejam abaixo. Aproveitei ainda para mudar o estilo da rádio personalizada ao lado para tocar mais no estilo Eagles. Boa música!


quarta-feira, 15 de abril de 2009

Experiências de Produção Colaborativa de Conhecimento

Quem quiser saber mais sobre exemplos de produção colaborativa de conhecimento pelas massas (minha tradução para crowdsourcing) deve recorrer ao Wiki do Crowdsourcing (clique aqui para acessar) . O site é iniciativa de Anjali Ramachandran um entusiasta no assunto e com livros e blogs sobre o assunto. Tem muita coisa interessante e naturalmente WikiCrimes e WikiMapAid também já estão registrados lá. As contribuições estão divididas em quatro módulos:
1. Sites individuais que abrem espaço para a participação das massas (wikicrimes e wikimapaid constam aqui);
2. Iniciativas patrocinadas por Empresas ou Marcas de criação de fóruns que dependem da participação das massas;
3. Iniciativas de empresas ou marcas que permitem os usuários customizarem seus produtos;
4. Iniciativas patrocinadas por Empresas ou Marcas focadas em competições ou desafios de participação das massas.

Vale a pena dar uma olhada para descobrir as inovações em aplicações colaborativas que estão surgindo no mundo.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Aplicações para o iPhone

Uma das maiores críticas que se faz ao iPhone deve-se ao fato que ele não é considerado bom para atividades de escritório. Ou seja, ele não é muito como um Palm Top. Isso acontece muito em função da inexistência de teclado que muitos acreditam ser seu grande problema. Seus concorrentes como o Black Barry apostam nessa característica como diferencial competitivo. Evidentemente que a Apple não vai ficar quietinha e concordar com isso. Vejam o vídeo abaixo. A aposta da Apple é de que haverá (na verdade, já existem) aplicações para quase tudo que se quer fazer em um ambiente de escritório. O que defende a Apple é que a inexistência de um teclado vai reformular os meios de interação com o telefone. A aposta é grande, mas o apostador tem cacife. Admito que torço pela aposta da Apple, pois eu, se for depender de interações efetuadas em pequenos teclados de telefones celulares, não vou a lugar nenhum.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Novidades em Gengibre

Em conversa com Cazé, apresentador da MTV, empreendedor na Web e um dos idealizadores do site Gengibre, descobri que já é possível publicar áudio no site em Fortaleza pagando ligações locais. Vale a pena lembrar que em Gengibre o internauta registra uma mensagem no site, mas ao invés de uma mensagem de texto, o registro é feito em áudio. Na verdade, são várias as cidades brasileiras que estão cobertas pelo serviço. Vejam abaixo os números de Gengibre nas diferentes cidades. Vejam também um exemplo de um post de voz que fiz com um trecho da conversa com Cazé.Basta clicar no botão de "play". Ele dá inclusive dicas de como o serviço tem sido usado de forma criativa.


quinta-feira, 9 de abril de 2009

E-Gov 2.0 e Inclusão Digital

Continuam proliferando no Brasil políticas de inclusão digital focadas no provimento do acesso à rede mundial de computadores. Já refleti algumas vezes sobre esse tema aqui no blog. Volto ao mesmo, porque mais eu vejo iniciativas de inclusão digital pelo Brasil mais minha opinião sobre a questão amadurece. Definitivamente, não creio que deva ser esse o foco desses programas. Acho-os reducionista. Obviamente não estou a dizer que meios de acesso não são necessários, mas acho que esse processo vai ocorrer naturalmente, aliás, já está a ocorrer. Nos mais longínquos pontos do País há uma Lan House para acesso a rede (Regina Casé na Globo nos mostrou vários desses exemplos). Temo que ao focarmos na disponibilização do acesso percamos de vista que o problema maior refere-se ao uso que queremos dar àqueles que acessam a rede. Em um texto publicado em Junho do ano passado comentei sobre o cuidado que devemos ter com o excessivo entusiasmo de que o acesso a Internet pode trazer melhoria na Educação. Isso vai depender muito de como o Estado vai conseguir levar conteúdo interessante para a escola. Essencialmente vai depender de como os professores serão competentes no manuseio das diferentes ferramentas que podem acrescentar qualidade ao ensino. Esse mesmo raciocínio vale para a inclusão digital de uma forma geral. Basicamente, os internautas de hoje usam a Internet como meio de divertimento e de comunicação. A popularidade de Orkut e de jogos eletrônicos não nos deixa espaço para dúvidas. O provimento de conteúdo com qualidade aos internautas não deve ser objetivo somente dos professores e muito menos somente um problema da Escola. A televisão, no seu surgimento, também era vista como instrumento essencial para melhorar a qualidade do ensino. Tele-cursos e outras modalidades à distância ficaram longe de demonstrar esse poder. Vemos agora com a Internet uma situação parecida. A rede está cada vez mais sendo encarada como um instrumento de lazer. Ser fun (divertido em inglês) é decididamente o que pega. A internet impõe aos produtores de conteúdo esse desafio. O Estado, em especial, como grande produtor de conteúdo que é, também se vê diante do mesmo desafio. Enfim, não basta veicular conteúdo de qualidade, tem que conquistar o público. Um governo que provê serviços de forma eletrônica que aumentem a aproximação com o cidadão, permitam compreender suas demandas e os atendam melhor é um grande passo nessa direção. Agora, isso tudo não deve ser feito dissociado das plataformas dos sites de relacionamento, blogs e outras formas de expressão da Web 2.0. Esse governo eletrônico 2.0, ou e-gov 2.0 é um dos grandes desafios aos profissionais e empresas públicas de informática e o mais relevante papel que o Estado vai poder realizar para fomentar a inclusão digital.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

O Sistema Penal Americano

Vou continuar a refletir sobre a questão penal a partir de um artigo recente escrito na revista Parade pelo Senador Democrata da Virgínia, Jim Webb sobre a necessidade de mudanças no sistema americano (acesse o artigo completo em inglês aqui). Aqueles que pensam que o sistema penal estadunidense é só maravilhas estão enganados. É bem verdade, que os problemas de lá são diferentes dos daqui. As prisões americanas, principalmente as de segurança máxima, são exemplo. Muitas delas são privatizadas e o zelo para reduzir o contato dos presos com os agentes está presente nos menores detalhes. Há muito se sabe que esse é um dos pontos vulneráveis de qualquer prisão. É o elo mais fraco, visto que a interação preso-agentes é suscetível à corrupção, extorsão e ameaças. O grande problema que os americanos estão vivendo é que as prisões, por melhores que sejam, estão superlotadas. O sistema penal e judicial americano está em crise pelo excesso de pessoas ou presas ou em liberdade condicional. Os norte-americanos estão agora sofrendo conseqüência de uma política rigorosa de punição implementada nos últimos vinte anos. Há vinte anos atrás 580.000 pessoas estavam condenadas a prisão nos EUA. Esse número hoje é de cerca de 2,3 milhões de pessoas. No Japão, por exemplo, esse número era 40.000 e passou a 71000 vinte anos depois. A população americana representa 5% da mundial mas em se tratando da população carcerária a americana é de 25% da global. A taxa de presos por habitante nos EUA é 756 por 100.000 habitantes sendo cinco vezes maior do que a média global. Um em cada 31 adultos nos EUA está na prisão ou em um sistema de liberdade vigiada. Achei interessante o que Sen. Webb se interroga em seu artigo:
Either we are home of the most evil people on earth or we are doing something different and vastly counterproductive - Ou nós somos a casa do povo mais malvado no mundo ou estamos fazendo algo diferente que é terrivelmente contra-produtivo.

A razão principal para esse crescimento exponencial da população carcerária americana, segundo Sen. Webb, é o fato de que a lei é muito rigorosa com pessoas que cometem pequenos delitos. Isso tira toda a energia e foco das autoridades policiais e as impede de se concentrar nos grandes problemas como o aumento da dominação do cartel mexicano. Ele fornece ainda dados alarmantes sobre a cidade de Phoenix no Arizona. Foram 370 sequestros ocorridos em 2008 nessa cidade que se tornou a campeã desse delito no mundo (evidentemente se deixarmos de contar os seqüestros relâmpagos brasileiros). Uma comissão de políticos e especialistas está sendo formada no congresso americana com o intuito de estudar alternativas para os problemas verificados. Vale a pena ficar de olho no que será proposto. Creio que temos muito a aprender dessa experiência. Não precisamos cometer os mesmos erros que os americanos cometeram.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Alagoas Digital

Estou hoje em Maceió para palestrar no Alagoas Digital. Um evento organizado pelo ITEC (Instituto de Tecnologia da Informação e Comunicação de Alagoas) no Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso. A programação é riquíssima com apresentações diversas de palestrantes de todo o País. O evento será dividido em três grandes linhas: acadêmica, governança e aplicações na área de saúde, educação e segurança. Nessa última área é que estará inserida minha palestra em que falarei sobre WikiCrimes e suas implicações. Abaixo um screen-shot da página do evento. Para maiores informações veja a programação aqui.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

III Encontro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública

Semana passada estive em Vitória onde participei do III Encontro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Fui convidado a coordenar uma mesa sobre o Uso da Tecnologia da Informação na Segurança Pública. Foi mais uma oportunidade para discutir sobre como a TI pode auxiliar as polícias, mas igualmente uma oportunidade para falar sobre WikiCrimes. Trata-se de uma platéia basicamente de policiais que gosta de escutar sobre as vantagens e desvantagens do que ele representa. Interessante perceber que de uma forma geral os policiais acham interessante a idéia de ter maior transparência nos dados criminais, mas quando são obrigados a pensar institucionalmente relutam. Lembro-me de uma máxima popular que diz que privilégios e mordomias só são ruins para os outros. Acho que em relação à transparência da informação uma máxima similar pode ser criada: transparência é muito bom, para os outros. Mas não foi somente WikiCrimes que me levou ao Fórum. A interação com vários colegas sobre os mais diversos temas do complexo problema da Segurança é muito valiosa. Em particular, queria refletir sobre a questão do sistema prisional. Já havia falado (veja aqui) sobre a enorme hipocrisia de nossa sociedade em não achar que vale a pena colocar dinheiro para dar condições humanas aos presos. A verdade é que se criou um sentimento que a impunidade reinante deve ser resolvida no inferno das prisões. Nesse clima é difícil implementar soluções consistentes. De qualquer forma, alguns estados estão tentando, através das terceirizações dos presídios, estancar o ciclo de geração de criminosos que é o que caracteriza o nosso sistema prisional. Há diversas facetas sobre se a terceirização de presídios e é por isso mesmo que o tema é polêmico. Senão vejamos. Primeiramente, há uma questão fundamental. Cuidar daqueles que a sociedade considera que devem ser punidos e reeducados é papel exclusivo do Estado? É essencial que o seu completo e total controle e gestão sejam feitos por funcionários públicos? Enfim, a primeira questão é sobre o tamanho do Estado. Essa pergunta não tem uma resposta absoluta e depende de ideologias. Não vou entrar nesse meandro. Assumindo que a gestão do sistema penal pode ser, pelo menos, compartilhada com a iniciativa privada, como é o caso nos EUA (e como sugerido pelo Ministro da Justiça recentemente), sua implementação está longe de ser simples. Primeiro trata-se de quantificar o preço de um preso para o Estado. Isso é fundamental, pois vai balizar o processo de terceirização. Depois vem a decisão de quanto tempo será o contrato. Para ser viável para a iniciativa privada tem que ser por um longo período, cerca de 20 a 30 anos. Um complicador a mais, pois a lei de licitação só prevê prestações de serviço continuado por cinco anos. Com boas justificativas, isso é superável. Mas, além desses entraves, há ainda a necessidade de definir o quanto o lucro da empresa privada que for realizar a gestão do presídio é aceitável. O fato é que vai sair caro. Nesse momento, vem sempre a mente a pergunta de que já que o Estado vai ter que investir fortemente numa terceirização que forneça condições ideais ao prestador de serviço, porque não investir o mesmo para melhorar o serviço público? A resposta dos que defendem a terceirização é bem pragmática: nenhum governo tem como investir prioritariamente o montante necessário. As carências atuais são tão grandes que necessitariam investimento em massa. Ou seja, a terceirização funciona como uma espécie de empréstimo para que se consiga dar um choque no sistema e quebrar o ciclo. Parece-me um argumento convincente, mas ante tanta dificuldade e obstáculos, requer muita coragem para adotar a terceirização. O risco de serem descontinuadas é muito grande. Aliás, creio que as empresas privadas interessadas nisso, sabem dessas dificuldades e acabam adicionando em seus orçamentos o custo desse risco. Fica ainda mais caro. De qualquer forma, mesmo com todas essas dificuldades, Minas, Pernambuco e São Paulo já estão em processo de implantação de seus presídios terceirizados. A acompanhar.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Le Foot Transparent

L’Équipe Magazine é uma revista que, aos sábados, acompanha o jornal esportivo francês L’Équipe (na minha opinião, uma das melhores publicações esportivas mundiais). Seu número de 14 de Março traz uma reportagem interessantíssima sobre a Liga Francesa de Futebol (Ligue Française de Football). Cabe a ela a gestão da primeira e segunda divisão francesa ( L1, para primeira divisão e L2 para segunda), o que equivale às nossas séries A e B do Brasileirão. Pela matéria dá para perceber diferenças evidentes, em termos de organização, entre a L1 e a nossa série A. A matéria do L ‘Équipe que se entitula “Combien ça coûte, la L1?” (quanto Custa a L1?) esmiúça todas as receitas e despesas da L1, num exemplo formidável tanto de transparência de gestão quanto de jornalismo qualificado que fornece ao leitor instrumentos precisos para compreender como o dinheiro é usado no esporte profissional e que mesmo ser ter subvenções públicas, pela sua dimensão popular, tem a obrigação de ser transparente com o cliente. Vamos a alguns números para compreender o nível de detalhe que se pode ter da contabilidade da L1. A L1 é um quinto campeonato europeu em termos econômicos com € 972 milhões de orçamento. Os ingleses tem o Foot mais rico do mundo com € 2,273 bilhões, seguidos por Alemanha €1,38, Espanha €1,32 e Itália €1,16. O preço médio do ingresso na Inglaterra é €61,00, enquanto que na França é €17,00. Os direitos de transmissão dos jogos dessa temporada na L1 rendem 680 Milhões de euros. Desse dinheiro metade é dividido igualmente e a outra metade é dividida segundo a notoriedade da equipe (20%) e pela performance esportiva (30%). O Lyon ganha €43,9 milhões enquanto que o Metz, o que ganha menos, recebe €13,74. O salário mínimo de um jogador da L1 é de €2.740,00 no primeiro ano, €3.425,00 no segundo ano e €4.110,00 no terceiro ano. O bicho mínimo por jogo também é regulamentado. Vitória vale pelo menos €274,00. O salário médio dos jogadores é de €47.700,00. Os treinadores fazem um capítulo à parte. Eles têm salário mínimo de €17.536,00 e não podem ser contratados por menos de dois anos. Se o clube quiser colocar o técnico para fora antes disso, terá que pagar os dois anos. Os salários de jogadores e treinadores constituem em média 64% do orçamento dos clubes (na Alemanha é só 45%). Pode-se saber detalhadamente quanto de cada ingresso vai para onde. Por exemplo, em um jogo onde o ingresso médio é €17,00, €8,00 vão para os salários dos jogadores, €1,25 para a comissão técnica, €1,25 para os empregados do clube, €0,70 de impostos, €0,50 para a organização do jogo, €0,40 para os agentes dos jogadores, €0,50 para material esportivo €3,90 para outras despesas como segurança, publicidade, etc.). O futebol francês é um negócio que gera cerca de € 505 milhões de impostos e taxas aos cofres públicos por ano. Desse dinheiro, cerca de 6% (€ 32,5 milhões) são obrigatoriamente destinados a outros esportes (amadores). Para não dizer que não há nenhum dinheiro público na L1, há algumas prefeituras que apóiam os times, mas isso não passa 3% do orçamento dos mesmos. Agora a parte que achei mais interessante é a que se refere a Segurança Pública nos estádios e arredores. A L1 paga cada centavo de policial usado para fazer a segurança dos jogos. Inclusive um valor de férias dos policiais proporcional o quanto eles trabalharam. Em um jogo de risco, paga-se em média à prefeitura a bagatela de € 60.000,00 pela Segurança. A matéria do L’Équipe é ainda enriquecida com algumas análises da produtividade dos times em termos de orçamento que possuem e gols que marcaram, por exemplo. Nesse momento em que a série B está em disputa entre Liga e CBF, seria muito bom que tivéssemos a possibilidade de saber quanto custa a série A e B do Brasileirão nesse nível de detalhe. Quem se atreve a pesquisar?


quarta-feira, 1 de abril de 2009

Robôs Lendo Mentes

A Honda e um Instituto de Pesquisa Internacional no Japão desenvolveram uma nova tecnologia que permite a um robô imitar os movimentos de uma pessoa através da leitura dos padrões de atividade no cérebro dessa pessoa. Se a pessoa fechar as mãos, o robô faz o mesmo; basta levantar dois dedos para cima, e o robô faz a mesma coisa. Na verdade, isso em si não é uma completa inovação, pois algumas pesquisas já tinham desenvolvido dispositivos que podem ser operados por eletrodos implantados (veja o vídeo abaixo). Entretanto, este é o primeiro sistema do mundo a promover o movimento de um robô somente analisando as mudanças no movimento natural do fluxo sangüíneo causado pela atividade cerebral. Essa tecnologia usa imagens de ressonâncias magnéticas que capturam súbitas mudanças que ocorrem no fluxo sanguíneo no cérebro quando as pessoas se movem. A qualidade da leitura da mente feita pelo robô varia de pessoa a pessoa, mas a taxa de leituras correta da mente chegou a 85% dos gestos feitos pelas pessoas. Esses avanços nos dão uma indicação de algo muito interessante que está para nos atingir no que se refere à interação com computadores: poderá ser possível controlá-lo sem nenhum contato físico. Ele lerá nossas mentes!