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quinta-feira, 31 de julho de 2008

Ainda a Lei Seca: Efeitos Colaterais

Revisito o polêmico tema da lei seca para detalhar um pouco mais o porquê de minhas reticências. Para o internauta que não leu o texto anterior (clique aqui para acessá-lo), vale a pena o seguinte intróito: não discordo que a combinação álcool e direção é um problema e nem acho que a sociedade e, em particular, o governo não deva fazer nada. Só que discordo da forma como se está buscando induzir a mudança de comportamento e da redação da lei em si. Minhas argumentações sempre são no sentido de que a lei cria um sentimento de injustiça em muitas pessoas, pois acaba por reforçar a punição àqueles que podem ter um convívio controlado com o álcool (os que não estão visivelmente embriagados). Alerto que as conseqüências negativas para a sociedade são muitas. Nesse texto venho esclarecer e exemplificar o que quero dizer com isso. Para melhor compreender meus argumentos vale a pena relembrar um conceito sobre o qual tenho reiteradamente escrito nesse blog: o da cultura cidadã (leia aqui, aqui e aqui alguns dos textos sobre o assunto). Em resumo, a prática da cultura cidadã visa à mudança comportamental e uma sinergia entre a lei, moral e cultura (veja aqui o que escrevi sobre isso). Governos deveriam conseguir criar um clima de participação popular dentro do possível condizente com a cultura do povo, para que os valores compartilhados pela maioria sejam seguidos. A lei viria somente para concretizar esse compromisso das pessoas na comunidade. Por que isso é tão importante? Porque com o compromisso selado pela maioria, somente os desvios precisam ser monitorados e por isso mesmo podem ser punidos. É claro que nem todo assunto pode seguir esse caminho. Algumas leis, como as que buscam preservar os direitos das minorias (étnicas, sexuais, etc.), são exemplos em que o surgimento da lei é, per se, o instrumento mor para provocar a mudança de comportamento e de cultura (em nome de valores e ideais maiores de liberdade e igualdade). Voltando aos efeitos colaterais da lei seca. Por incrível que pareça essa lei conseguiu algo difícil numa sociedade: criar um sentimento de solidariedade entre as pessoas. Mas se trata de uma solidariedade bem pervertida: solidariedade para encontrar formas de burlar a lei. Freqüentemente descubro novas formas de burlar a lei, das blitz aos bafômetros. Muito pouco escapa a criatividade do brasileiro que é imediatamente compartilhada com os outros. Nada como ter a necessidade e um inimigo comum para motivar a criação de inovações. O exemplo mais extraordinário e emblemático para mim está sendo a saída a la moto-táxi. A idéia é a seguinte. Vai-se a festa de carro, bebe-se a vontade e na hora de ir embora se chama um moto-táxi. Moto-táxi? E o carro vai ficar aonde? Calma. O moto-táxi não é para levar o passageiro, é para servir de “batedor”. Ele vai na frente dizendo (pelo celular) se tem blitz ou não no caminho. Santa criatividade! Outras estratégias mais colaborativas como números de telefone que dizem onde as blitz estão sendo realizadas até o habitual sinal de luz que dá a dica de onde elas estão acontecendo surgem aos roldões. Recebi emails dando receitas de como “enganar”o bafômetro até vindo de estudantes de Química: alguma coisa como expelir hidrogênio a partir de gelo e coca-cola na boca. Incrível! Ai de quem quiser trabalhar a cultura cidadã no Brasil, vai ter um trabalho danado para desfazer esse sentimento.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Para Rir

Duas pérolas achadas no YouTube. William Waack numa saia curta trocando Zelda Melo por .....!

Melhor ainda é essa resposta da Miss South Carolina durante o concurso. Não é problema da tradução não. Ela não consegue encadear nada com nada. Nem o Ciel dando entrevista faz uma dessas!

terça-feira, 29 de julho de 2008

Cuil

Como acredito que blogs também tem uma função de disseminar informação, não posso deixar de mencionar o fato que tomou as atenções do mundo Web hoje: o lançamento de Cuil (www.cuil.com). Pronuncia-se da mesma forma de “cool”(legal). O site, desenvolvido por um casal de pesquisadores que estudou em Stanford, Tom Costello and Anna Patterson, é uma máquina de busca que varre conteúdo em 120 bilhões de páginas. Outro fato digno de menção é de que os dois eram funcionários da Google até saírem para fundar sua Empresa. Eles já conseguiram um "ïnvestimentozinho”de US$ 33 milhões. De acordo com Anna Paterson, o número de páginas indexadas pelo Cuil já é três vezes maior do que o conteúdo analisado pelo Google (120 milhões). A Google anunciou que analisa, em suas buscas, um trilhão de páginas, mas nem todas entram no índice. O número total de sites indexados pela gigante da busca (e de outras coisas mais) continua em segredo. A promessa dos idealizadores de Cuil não se resume à alta capacidade de indexação. Promete fornecer respostas mais “inteligentes” (em termos de compreensão do que se está pedindo) às consultas dos usuários. Minha primeira impressão foi positiva. As respostas às perguntas dos usuários vêm em três colunas e mais bem tratadas do que as da Google. Há um quadro que categoriza assuntos correlatos ao que foi buscado que me pareceu bem interessante. Além disso, embora Cuil ainda não tenha muitas páginas indexadas em outras línguas que o inglês, encontrei WikiCrimes. Se não tivesse encontrado ....

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Brizola e a Globo

Muito se pode dizer de Leonel Brizola: de seu temperamento, de seus métodos administrativos, de suas escolhas políticas, etc. Se há alguma unanimidade, a única que me parece existir se refere a seu espírito nacionalista e a sua coragem. Essa última característica ficou bem marcada em sua disputa contra a Globo. Nenhum político teve a coragem de enfrentar uma rede de comunicação tão poderosa por tanto tempo. O vídeo abaixo (via o excelente blog do Mello) é um exemplo de como as batalhas foram travadas. Um direito de resposta inédito até então e que aliás não se vê mais atualmente.Acho que Cid Moreira também não esquecerá jamais.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

O Desprestígio da Polícia Civil

O sucateamento que a Polícia Civil do Estado do Ceará vem passando nos últimos anos sempre foi preocupante. Foi algo que se acumulou durante os últimos vinte anos, mas que agora parece ter chegado a um nível insuportável. Paradoxalmente, o projeto ronda do quarteirão acabou por evidenciar mais as carências dessa instituição. Há um excessivo foco na Polícia Ostensiva que acabou por sobrecarregar a Polícia Civil visto que o aumento do número de procedimentos e prisões a pegou desprevenida. Para quem já vinha mal das pernas foi o golpe de misericórdia. Historicamente, no Brasil, as Polícias Militares são sempre mais competentes para realizar lobbies e em pressionar as autoridades para remediar suas carências. A existência de Casas Militares, órgãos do poder executivo e que se responsabilizam pela proteção dos Governadores, é um exemplo de como os problemas dos militares podem facilmente chegar aos ouvidos do executivo mor. Além disso, as Polícias Militares aportam muito mais visibilidade, que do ponto de vista político, é algo muito desejado. Na minha passagem pela SSPDS onde acompanhei o processo de implantação dos Distritos Modelos (hoje chamados de áreas operacionais integradas – AOPIs), uma das principais premissas para a qualidade do processo era a necessidade de que as duas instituições dentro de suas atribuições andassem pari passo e sempre que possível integrassem esforços. Descobri naquela época o quanto o trabalho que a Polícia Civil desenvolve (ou tem que desenvolver) é relevante e descobri ainda o quanto ela tem por obrigação realizar, mas que não faz. Para a sociedade, a relevância das atividades da Polícia Civil ou Judiciária é pouco percebida. No entanto, ouso dizer sem medo de errar: não há como reduzir criminalidade sem uma Policia Civil forte. Recentemente, ao realizar um levantamento de homicídios para WikiCrimes, descobri que um número representativo de homicídios nem são enviados para denuncia do Ministério Público por autoria desconhecida (falando em bom português: houve um assassinato, mas ninguém sabe nem a quem culpar). Esse é só um pequeno exemplo de como as deficiências da Polícia Civil conduzem a um clima de impunidade e de permissividade. E olhe que estou falando do crime de homicídio. Imagine o que acontece com roubos e outros delitos menores: não são nem apurados. Porque ? Por completa falta de estrutura em todos os níveis, começando por falta de pessoal (o que dizer de pessoal qualificado). As cidades do interior estão quase todas sem delegados, mesmo aqulelas que têm delegacia. Semana passada descobri, por necessidade de familiares, que Paracuru, uma cidade a 100 km de Fortaleza e com intenções turísticas está sem um delegado. Aliás, quando precisamos não foi possível nem realizar o Boletim de Ocorrência, pois a delegacia não tinha nem delegado, nem escrivão. A delegacia da cidade estava sendo “cuidada” por uma funcionária da Prefeitura. Disseram-me que os delegados da cidade foram transferidos para Fortaleza para realizar plantões que passaram a ser necessários em função do Ronda. Um perigo! Investir somente no policiamento ostensivo sem um suporte para um procedimento jurídico persistente que puna e coíba persistentemente ações criminais é um incentivo para que a máxima muito dita no meio policial se torne verdade: “é só enxugar gelo”.

terça-feira, 22 de julho de 2008

WikiCrimes em Europocket

Alguém já ouviu falar de EuroPocket (veja http://europocket.tv/) ? Talvez ainda seja meio desconhecido por aqui, mas na Europa começa a fazer seu caminho. Trata-se de uma “rede de TV” para a Internet e dispositivos móveis como celulares. Notícias rápidas e normalmente sobre iniciativas inovadoras. Pois bem, WikiCrimes já está lá. Vejam abaixo o noticiário em Francês (é a última notícia no vídeo). Para os não familiarizados com a língua de Molière vale uma pequena tradução (desculpem-me pela obviedade momentânea). A jornalista apresenta o site comparando com a Wikipédia, apresenta este que vos escreve como idealizador, sugere a participação e diz “quant à fiabilité, c'est à vous de voir”(quanto a confiabilidade, a verificar). Boa sugestão! Mas para isso, “compartilhem informações sobre crimes”.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Policia Que Mata: Inocentes

Os crimes praticados por policiais contra pessoas inocentes em abordagens descontroladas estão virando rotina no Brasil. Os casos ocorridos no Rio de janeiro ganham mais notoriedade pela forte exposição da mídia e pela constância com que se ocorrem. Um levantamento breve e sem nenhum rigor me fez rapidamente identificar que isso, infelizmente, não é exclusividade daquela Polícia. Vejam essa matéria do que aconteceu no Paraná (clique aqui) Em menos de um mês duas mortes semelhantes às do Rio. Vejam também o que aconteceu no Recife na semana passada (clique aqui) . Uma menina de nove anos morta por casa de um tiroteio onde parece que só a PM atirou. Aqui mesmo em Fortaleza, alguns meses atrás, uma abordagem da Polícia Militar metralhou um carro de turistas que tinham acabado de chegar à cidade. Foram confundidos com marginais só porque estavam no em um carro de mesma cor e modelo. É claro que se trata de um levantamento de dados empírico, mas não precisa muito rigor estatístico para descobrir que ele revela um lado sombrio da guerra que vivemos para melhorar nossas instituições policiais, em particular as Polícias Militares. No meu ponto de vista, nada retrata tão fielmente a falência do sistema de segurança como ações como essas. Dá-se pela completa irresponsabilidade do Estado em qualificar seus funcionários, gerenciar suas ações e imputar responsabilidades nos diversos níveis de poder. Quando me posiciono tão enfaticamente contra medidas que reduzem o tempo de treinamento dos policiais sob o argumento de que as ruas exigem suas presenças, não estou só fazendo discurso retórico. Com toda sinceridade, não acredito que haja como recuperar os policiais que estão na rua há mais de vinte anos com novas campanhas educativas. Aprenderam com a rua da mesma forma que os marginais o fizeram. Minha esperança é toda depositada nos que entram. Eles precisam de uma formação diferente, precisam injetar uma nova cultura e para isso têm que passar por um programa de treinamento totalmente reformulado, mas muito mais intenso do que os que vêm sendo produzidos. Um ano de qualificação é o mínimo. Infelizmente estamos vivenciando um Estado que sucumbe a tentação de dar uma resposta imediata, mas que é uma resposta que não se sustenta em médio prazo (muitas vezes nem em curto prazo). Reduções do curso de preparação de soldados que chegam mesmo a ser de três meses é inaceitável. A pesquisadora carioca Jacqueline Muniz em recente entrevista ao comunidade segura (http://www.comunidadesegura.org) lembrou que em Nova York, por exemplo, o policial só vai para as ruas quando acerta 95 tiros em 100. Mesmo a famigerada Tropa de Elite carioca está distante dos padrões das unidades de operações especiais de outros países. Aqui no Ceará se os soldados conseguirem dar 40 tiros de .38 e de .40 é muito. A sociedade vai acabar por colher os amargos frutos dessas escolhas em um futuro não muito distante assim que o desgaste do trabalho rotineiro se fizer sentir nos policiais. É uma profissão extremamente exigente, pois requer um senso de equilíbrio e uma formação moral que não se tem com abundância na sociedade. Se não for por um programa de treinamento extenso, qualificado e principalmente continuado, a coisa fica preta (no sentido do luto). Literalmente.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

WikiCrimes e DN

Os leitores do Diário do Nordeste On Line já devem estar habituados a ver WikiCrimes sendo referenciado nas matérias policiais daquele Jornal. Aqueles que não tomaram conhecimento ainda dessa forma inédita de apresentar as notícias podem dar uma olhada na reportagem que saiu hoje aqui. Ela representa o quão rico pode ser essa parceria inovadora. O leitor do jornal tem, com o mapa de WikiCrimes, uma contextualização geográfica da notícia e pode movimentar o mapa, aproximando-o ou distanciando-o, a assim identificar outros eventos na região em questão. Essa iniciativa é mais uma convergente com nossa política de publicizar as informações criminais. É importante, acima de tudo, perceber que tudo isso só é possível porque existem pessoas que registram crimes em WikiCrimes. Por isso, não esqueçam de "compartilhar informações sobre crimes".

Divertidos Jogos Japoneses II

Em Junho de 2007 postei um texto e vídeo sobre um interessante jogo japonês (clique aqui para acessá-lo). É até hoje meu post mais visitado. Comentava como é incrível a criatividade japonesa para esse tipo de brincadeira o que explica videogames que dominam o imaginário da juventude e mesmo algo como o Wii que conquistou todas as idades (veja aqui um vídeo sobre esse video game fantástico). Achei outro jogo ainda mais popular no YouTube. Uma verdadeira febre nos programas de auditório japonese. Vejam abaixo.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

A Polêmica Lei Seca: Minha Opinião

Muito difícil em tão pouco espaço (evito fazer textos grandes demais) argumentar sobre um assunto tão polêmico como a lei seca. Vou me arriscar. Sem querer ficar em cima do muro, quero logo dizer minha opinião: sou contra. A parte mais difícil é a argumentação. Primeiro porque não há como contestar que álcool e direção formam uma combinação catastrófica e em respeito às pessoas que perderam entes queridos em acidentes não posso ser descuidado de não observar isso. Falar contra a lei seca é politicamente incorreto e os poucos que ousam usar argumentos contrários ou apelam para os impactos econômicos negativos ou vão na direção de que a lei poderá aumentar a corrupção. Não acho que nenhum dos dois pontos seja o mais relevante. Minha insatisfação é porque se trata mais uma de vez de acreditar que o rigor da lei pode mudar comportamento. Aliás, ressalte-se que as penas previstas na nova lei são as mesmas da lei anterior, o que mudou foi a rigidez de critérios com que se avalia se alguém deve ou não ser penalizado. A lei do jeito que estava já era suficientemente rigorosa e deveria coibir os abusos. Bastava que fosse cumprida. Como o Estado não é capaz de fazer a fiscalização, decide enrijecer a lei. Já tinha escrito sobre o risco de vivermos em uma sociedade em que se brinca de fazer leis e fica-se na expectativa de saber se será “lei que pega”ou “lei que não pega” (clique aqui para ler o texto). Como será que avaliaremos se essa lei pegou? Se diminuir o número de acidentes, provavelmente. Mas e a quantidade de pessoas que, de um dia para outro passaram a se tornar marginais? E o clima de ilegalidade permissiva? Quem vai medir? A lei fez como que as pessoas que tem uma convivência harmônica com a bebida passassem a ser obrigados a viver em constante prática de delito. Bastar ir a qualquer restaurante no País e olhar para casais que estejam bebendo uma garrafa de vinho para dar um veredicto quase que infalível: são delinqüentes. Se ao beber dois copos de vinho se está em um estado superior ao aceito pela lei, quase todos estarão fora da lei. Alguns poderiam dizer, isso ocorre no mundo todo! Diferenças de cultura a parte, não é verdade que as leis são tão rigorosas como esta brasileira em tantos lugares, e ainda por cima, a autoridade policial nos países que adotam regras rígidas têm a representatividade moral e são educadas para fazer julgamentos quanto às condições dos condutores. A lei não se orienta por um valor limite absolutamente injusto medido por um bafômetro. Todos concordam que a reação das pessoas ao alcool é extremamente variável. Aqui estamos transformando a sociedade em escravos de uma tecnicidade que sobrepõe o bom senso e inibe a avaliação subjetiva da autoridade posta. Novamente poder-se-ia argumentar que isso é bom, pois tira a margem de corrupção que existiria em um exame subjetivo. Mas então voltamos ao ponto inicial: incompetência de implementação. Dificil adivinhar que tipo de estratégia as pessoas vão adotar para se adaptar a essa realidade, mas não descarto que manter-se ilegal e esperar não ter o azar de encontrar um bafômetro é uma delas (o uso de outros entorpecentes que não são flagrados no bafômetro tem também sido alertado por policiais). Não nos esqueçamos ainda que a decisão subjetiva sobre a culpabilidade do cidadão, se não vai ser decidida pelos guardas nas ruas, vai agora acabar no judiciário. Nosso abarrotado e lento judiciário agora vai ter que decidir se 0,65 mg de álcool no sangue é ou não motivo para colocar um cidadão numa prisão.E a corrupção por lá também não é impossível (vou parar por aqui). Em entrevista a um jornal cearense uma promotora estadual disse que “Se a pessoa estiver visivelmente (grifo meu) embriagada não tem nem o que ser contestado. Ela pode até se recusar a usar o bafômetro ou a fazer exame no IML . Tudo bem, mas ela vai ter a carteira retida e pagar uma multa de R$ 957,00.” Não discuto de que os que estejam visivelmente embriagados devam ser punidos. Mas, repito, a lei anterior já previa isso. O que a lei fez agora foi abrir espaço para punir os que não estão visivelmente embriagados. Sob que argumento? Que poderão ficar visivelmente embriagados? Sob o argumento ainda de que qualquer nível de álcool no sangue tira os reflexos? Da mesma forma que falar ao telefone, sintonizar um rádio ou mesmo conversar com uma pessoa pode tirar o reflexo. Não há outro nome para isso: terrorismo. No entanto, mesmo sendo contra, só resta-me torcer para que essa lei pegue, porque senão daqui há alguns anos estar-se-á editando uma nova lei pregando a prisão perpétua para quem tomar uma taça de vinho. E assim vamos continuando nossa loteria do “pega”ou “não-pega”.

terça-feira, 15 de julho de 2008

iPhone Foi Lançado. A Concorrência Resiste

Infelizmente ainda não será agora que teremos iPhone da Apple no Brasil. O primeiro país da América Latina a receber o iPhone 3G é o México (pela Telcel). Vi no UOL que o lançamento no Brasil só será no segundo semestre. Lembrando que o iPhone 3G combina todas as revolucionárias características do iPhone e as vantagens da tecnologia de terceira geração sendo assim bem mais veloz. Já me expressei o quanto acho Jobs genial. Consegue fazer emergir nas pessoas o desejo de ter um produto que é acima de tudo, lindo (leia aqui e aqui outros textos que escrevi sobre Steve Jobs e a Apple). No entanto, o lançamento nos EUA na sexta foi caótico. A rede da AT&T (companhia que detém exclusividade de transmissão em iPhones) não funcionou imediatamente na hora das vendas o que provocou muita frustração. De qualquer forma, não tenho dúvidas do sucesso do iPhone. Agora, a concorrência vai vender caro cada espaço perdido no mercado vai. Vejam abaixo esse divertido vídeo que parodia a propaganda em que a Apple se compara com a Microsoft. Nele faz-se uma comparação do iPhone com um telefone convencional justamente para enfatizar as deficiências do fone da Apple. Mostra-se especialmente a carência do iPhone em tirar fotos (câmera que só tem 2Mpixels) e realizar vídeos (inexistente). É criativo.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Viticultura

Lamentei não ter podido ir ao lançamento em Fortaleza do site Viticultura (www.viticultura.org.br). Trata-se de uma iniciativa muito bem vinda de um grupo de entusiastas em vinhos, patrocinada por diferentes distribuidores e produtores de vinho na America Latina. Mais do que um site de propaganda a idéia é congregar os aficionados que degustam vinhos, assim como os que possuem interesse em fomentar a cultura do vinho pelo país. Algo bem condizente com a bebida mais mística que existe. O vinho é acima de tudo um estado de espírito. É aguçar os sentidos. É compartilhar momentos com amigos. É uma cultura. Os franceses são, sem a menor dúvida, os que mais souberam explorar e enaltecer as características dessa bebida milenar. Na França, o vinho não só é obrigatório como acompanhamento de qualquer refeição, mas é também um assunto primordial na confraternização. Traz uma áurea de nobreza e acima de tudo de Glamour. Infelizmente os brasileiros, em especial os cearenses, conhecem pouco dessa cultura. Temos o hábito de beber em muita quantidade. Encher a cara não combina muito com vinho. Provavelmente o clima quente seja também outro motivo do pouco hábito de se beber vinho nessas bandas. Aliás, acho que os vinhos rosés se encaixam muito bem em nosso clima e a forma como gostamos de beber. São leves e deves ser bebidos gelados. Voltando ao site, sugiro uma olhadinha nas páginas que falam sobre a origem do vinho e de sua história na renascença. Bem instrutivo. Já que estamos falando de vinho assistam o que encontrei no YouTube Red,Red Wine com UB40.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Consequencias da Ioga

Recebi uma dica de Márcio Viegas, um colaborador ativo de WikiCrimes em Portugal (Bebeto Moreira já tinha divulgado algo similar), sobre um vídeo incrível do trânsito na Índia. Um exemplo interessantíssimo da diferença cultural que existe entre a cultura daquelas bandas e a ocidental. Quando penso que não conseguimos nem nos adaptar a um girador e decidimos colocar semáforos nos mesmos, dá para se perguntar: onde estamos errando? O fato é que não conseguimos agir no trânsito de forma minimamente racional. Precisamos de uma série de regras, leis, sinais e o que quer que seja para nos dizer algo simples: não podemos compartilhar com outros um exato espaço físico ao mesmo tempo. Com calma podemos procurar nosso espaço e dar tempo e espaço para os outros. Fazemos isso quando estamos a pé, mas quando estamos dentro de veículos, parece que nos esquecemos disso. No vídeo dá para perceber que os indianos conseguem encontrar espaços livres para todos.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Interatividade, Mobilidade e Propaganda

Recebi uma dica do blog do Leonardo Ayres (http://leoayres.blogspot.com/) que achei interessantíssima. Um site que lança um novo modelo de fazer publicidade. Creio ser um inédito. Nunca tinha visto nada igual. Trata-se de um filme publicitário que apresenta um cenário em que há interação do usuário com a web e com o celular. Não vou dizer nada mais, confira clicando aqui.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Os Franceses, o Cigarro e a Lei

Vou continuar o texto anterior em que discorri sobre leis que pegam e outras que não para exemplificar como a criatividade de um governo representativo e atuante pode fazer a diferença na implantação de mudanças culturais. Quem conhece a cultura francesa sabe o quanto o hábito de fumar nos restaurantes e, principalmente, nos bares era e ainda é forte. Havia pressões de todas as partes (da comunidade européia, inclusive) para que a sociedade francesa tomasse medidas mais fortes na direção da proibição de fumar. O governo francês teve papel importante nesse processo. Começou uma campanha e abriu uma ampla discussão do quanto fumar desrespeitava o direito dos outros. Estava dado o mote para a mudança cultural. Tratava-se assim de mostrar que, acima do direito individual da escolha de fumar, havia o direito dos outros que não queriam fumar e eram contaminados pelos que fumavam. Propagandas mostravam estudos que explicavam que a fumaça era extremamente danosa a saúde dos que estão próximos de fumantes. A lei quando promulgada encontrou uma sociedade muito mais consciente de que era preciso mudar. Os donos de bares, que eram os maiores opositores das leis repressivas, passaram a perceber que poderiam perder alguns clientes, mas que ganhariam outros que não os freqüentava por não gostar da fumaceira. Nas minhas duas últimas idas a França este ano, percebi que os fumantes estão explorando os ambientes externos dos bares deixando o ambiente interno para os não-fumantes com preconiza a lei. Algumas vezes é interessante perceber mesas de restaurantes com bebidas e aperitivos sem nenhum cliente: estão fumando lá fora e só voltam depois de acabarem. Não deixa de ser interessante passar por ruas na França e encontrar os fumantes nas calçadas. Algo meio deprimente, discriminatório. Abaixo, uma foto de algo muito comum em Paris: fumantes que dão uma tragada em seus cigarettes no exterior dos escritórios.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Lei Seca nos Bares à Noite

No início desse mês, participei de um debate na rádio O Povo/CBN com um desembargador (acho que era paulista) e com a ex-prefeita Maria Luisa, intermediado pelo jornalista Plínio Bortolotti. O assunto era segurança pública. O Desembargador estava lançando um livro que discorria sobre a ineficiência do excesso de leis no Brasil e eu estava querendo falar sobre WikiCrimes. Durante o debate fui questionado por um ouvinte do programa sobre a questão da lei seca para bares depois de certo horário noturno. Boa questão! Interessante a interatividade, não dá para você falar só do que se quer. Tem que se falar sobre aquilo que os outros querem saber (cheguei a pensar, pergunta de ciço! Clique aqui para entender o que digo). Pois bem, respondi o que penso e que vou reproduzir aqui. Sem muito tempo para elaborar sobre o contexto de como interagem lei, cultura e moral que já tinha escrito nesse blog (ver aqui o texto), respondi exemplificando que nunca tinha visto algum dono de bar pedir carteira de identidade a um jovem antes de vender bebida alcoólica (nem quando era jovem, abaixo de dezoito, me lembro de ter sido questionado). Acho bem típico do Brasil essa coisa de “lei que pega” e “lei que não pega”. Parece um jogo. A sociedade (através dos legisladores e executores) pensa: vamos tentar, se der certo fica, senão... O grande problema é que ninguém pensa no impacto deste senão. Sabe qual é o impacto do senão? É o sentimento de impunidade. É o sentimento de “ética flexível”. De que algumas coisas algumas vezes podem ou que só podem para alguns. Quais são “as coisas, aqueles e as vezes que podem” fica para cada um decidir. Voltando para o debate no rádio. Argumentei que instituir leis que o Estado não tem condição de fiscalizar e de que a própria sociedade não está engajada em cumprir é um passo para a desmoralização das leis e das autoridades. É ingenuidade pensar que o Estado pode verificar cada bar para saber se os mesmos estão vendendo bebida após um horário definido pela lei, digamos uma da madrugada. Se isso não for uma decisão suportada, compreendida e aceita pela sociedade, será mais uma lei que “não pega”. Os exemplos que normalmente são citados como casos de sucesso onde esse tipo de medida teve bons resultados são de pequenas cidades (como Diadema) onde essa mobilização e articulação foi conseguida. Em grandes cidades, como Fortaleza, onde essas articulações requerem muito esforço, credibilidade e representatividade de nossos governantes, esqueça.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Um Sinal Bem Desmoralizado







As fotos acima são de um dos sinais mais desmoralizados de Fortaleza. Chego mesmo a pensar que ele pode significar o contrário do que aprendi. Seria “estacione aqui” o sentido do mesmo? Para mim, trata-se do exemplo mais marcante do completo abandono do controle de trânsito na cidade. E olha que não estou falando de uma pequena ruela residencial. Algumas ruas de grande movimentação como a Rui Barbosa viraram estacionamento público (as duas primeiras fotos foram tiradas lá). Além de se estacionar nos dois lados da rua (como mostra a foto acima), há uma fila de carros que fica “em busca de estacionar”. Ou seja, o trânsito engarrafa totalmente. As outras fotos foram tiradas ao redor do centro de convenções. Ressalte-se que há um grande estacionamento do lado que poderia ser usado. Algumas medidas simples de respeito à sinalização trariam fluidez ao trânsito de forma bem menos onerosa do que viadutos ou pontes. Mas, como não dá para resolver com fotossensores, deixa-se do jeito que está! Agora, a foto abaixo é imbatível. Representa como as pessoas passam a usar o espaço público em função do vácuo causado pela omissão das autoridades.Uma loja ambulante em plena Rui Barbosa às três horas da tarde. O proibido estacionar aqui pelo menos tem um uso. Não atrapalha o comércio do ambulante (e olhe que já tem um gol vermelho querendo o espaço)!

terça-feira, 1 de julho de 2008

Memória Roda Vida

Maravilhosa a iniciativa da Fundação Padre Anchieta, da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), por meio de seu Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) e do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas (Nepp) que ajudou a construir o imperdível o site de memórias do programa de entrevistas Roda Viva da TV Cultura de São Paulo (a transmissão no Ceará é pela TV Ceará). Já declarei algumas vezes como sou fã do programa e lamento que haja tão poucas emissões do mesmo gênero no País. No site é possível ter acesso a degravação de todas as entrevistas realizadas desde 1986. Infelizmente, não temos acesso a todo o vídeo, mas somente a uma pequena amostra da entrevista. De qualquer forma trata-se de algo histórico onde podemos encontrar desde o presidente Lula antes de eleito, o saudoso Mário Covas sempre um exemplo de corretude e figuras, mais controversas, muito embora não menos relevantes historicamente como o deputado Roberto Jefferson e Pedro Collor. Acesso o site clicando aqui e boa memória. Aliás, ontem mesmo assisti no Roda Viva uma entrevista com o americano (e com nacionalidade brasiliera) David Neelemano maior acionista da Jet Blue (a companhia aérea que mais cresce nos EUA) e que está lançando no Brasil a Azul. Ela será a mais nova companhia área brasileira a partir de 2009. A reportagem foi muito boa (embora Lilian Witefibe monopolize como apresentadora principal) e queria ressaltar um momento bem simples e emblemático que mostra a diferença do homem de negócios americano para o brasileiro. Ao ser perguntado sobre o que achava da carga tributária brasileira que era muito elevada, respondeu: isso não é meu problema, a carga é alta para todos. O que me interessa é a competição.