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segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Informática! Eca!
Dado o momento de tanta euforia sobre a necessidade de se ensinar informática aos jovens e principalmente com a chegada da Internet nas escolas públicas, venho novamente refletir sobre o tema. Já tinha comentado da necessária cautela que devemos ter quando se fala sobre a questão no texto “Não alimentemos expectativas com o mito da internet nas escolas” (clique aqui para acessá-lo). Vou revisitar o tema de uma forma diferente, mesmo que em essência seguindo a mesma linha da crítica e cautela. Decidi fazer uma pesquisa empírica (nada, nada científica) e com uma amostragem bem reduzida com alguns doutores em informática. A pesquisa foi bem simples. Fiz duas perguntas (só duas! A hora de um doutor é cara!!!), baseado no caderno de informática que minha filha de dez anos usa nas aulas em uma escola particular em Fortaleza. A primeira pergunta era sobre o software Paint (instalado em qualquer microcomputador que tenha o Sistema Operacional Windows): “ Qual (is) tecla(s) devemos pressionar para aumentar a ferramenta apagador?”. A outra pergunta era sobre o Microsoft Word (também proprietário da Microsoft e que funciona sob Windows). “Descreva os passos que devem ser seguidos para a inserção de uma figura em um texto”. As respostas dos doutores foram diversas, mas em um ponto coincidiram: não sabiam responder ou erraram a resposta. A diversidade da resposta deu-se ao fato de que me perguntavam se eu estava brincando ou se estava doido. Sabem por quê? Simplesmente pelo fato de que não tem o menor sentido estudar informática dessa forma. Absolutamente emburrecedor e imbecilizante. Pobre de minha filha (tenho o maior trabalho em não desmotivá-la). Não é a toa que cada vez mais temos menos jovens querendo fazer informática. Voltando a questão de porque essa é uma forma errada de ensinar informática. Há várias razões. A primeira é que ensinar o uso desses softwares é totalmente irrelevante. Eles nunca devem ser o fim de um estudo. Eles são o meio. Era como se quiséssemos fazer um curso sobre o pincel, a caneta, o projetor, etc. Trata-se de ferramentas. A melhor forma de aprender a usá-los é, simplesmente, usando-os. Poucos são os softwares que valem a pena o estudo de per se. E mesmo desses, cobrar a memorização de seus comandos e ainda mais a sequência desses é impensável. A segunda pergunta sobre os passos que devem ser seguido no Word é facilmente respondida por qualquer um que use o Word ao fazê-lo. Isso é naturalmente recuperado da memória na hora de fazer. E mesmo os que não têm o hábito de usar um determinado software, acabam por conseguir realizar as tarefas por tentativa e erro. Isso é ainda mais comum em se tratando de jovens que são curiosos e não têm medo de tentar. Para finalizar, vale pena registrar a declaração de minha filha: “a única aula legal em informática é quando a “tia” deixa livre para fazer o que a gente quer!”. Temos ainda muito o que fazer no âmbito educacional para termos efetividade no ensino da informática. Caso contrário, atrapalha mais do que ajuda.
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Um comentário:
Gosto muito dos artigos de ótima qualidade do seu Blog. Quando for possível dá uma passadinha para ver meu Curso de Informática à Distância
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