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quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Gestão do Conhecimento: Reflexões e Definições

Durante o KM Brasil, tive a oportunidade de assistir a palestra de David Gurteen. Um entusiasta da gestão do conhecimento (em inglês, Knowledge Management – KM) há muitos anos. Foi um dos pioneiros a discutir o conceito e ainda mantém uma série de iniciativas que visam divulgar os conceitos de KM. Em sua palestra no KM Brasil falou sobre a história da gestão do conhecimento (GC) e, similarmente às diversas apresentações feitas no congresso, enfatizou o quanto a Web 2.0 tem rompido com a forma habitual das pessoas interagirem e conseqüentemente como a GC também estava sendo impactada. Definiu o conceito de KM 2.0 analogamente a Web 2.0. Ao assistir sua apresentação vi crescer um sentimento que já havia me tomado no dia anterior quando das apresentações em que a Web 2.0 também tomou o espaço. O sentimento de que a GC ficou muito dependente do desenvolvimento tecnológico e acaba sendo conduzida por tal desenvolvimento. Nos primórdios da GC, os sistemas de informações já possuíam um papel preponderante. Eram necessário para “formalizar”, estruturar”e organizar” o capital intelectual (desculpem-me, mas não serei rigoroso na busca de definir o que realmente são esses conceitos e termos) para que se pudesse disponibilizá-lo aos que necessitam em outras circunstâncias, locais ou contexto. O próprio Gurteen, durante sua palestra, disse que muitos achavam que a GC estava morrendo, mas a Web 2.0 não deixou que isso ocorresse. Na fase de perguntas, pós-apresentação, eu lhe fiz o questionamento provocativo: não estaria a GC muito dependente das ondas tecnológicas? Será que daqui a algum tempo ela não estaria de novo a morrer até que com a web semântica (ou web 3.0), por exemplo, ela viesse a ressuscitar novamente? Suas respostas foram tímidas (não sei se me compreendeu totalmente). Disse que acredita que esses altos e baixos são típicos e que não tinha refletido se no futuro isso poderia via a acontecer. Não me pareceu saber muito sobre a Web 3.0. O fato é que acho que há ainda um grande problema na comunidade de GC que é a falta de uma definição relativamente consensual do que é gestão do conhecimento, quais problemas visa resolver e que desafios persistem para que esses objetivos sejam atingidos. Percebi, nas diversas palestras que assisti, que a compreensão do que é GC flutua dependendo de quem estava falando e de que tema se referia. Por essa razão, achei interessante usar esse espaço para esclarecer o que é GC, no contexto da computação. Trata-se do estudo e desenvolvimento de técnicas, métodos e softwares destinados a realizar a distribuição pró-ativa de informação útil para a pessoa certa no momento certo. É fato que a Web 2.0 trouxe várias possibilidades de cooperação e interação e assim torna-se instrumento para que as pessoas possam fornecer informações úteis para outras pessoas no momento certo. Toda essa gama de mecanismos interativos e participativos de ferramentas sociais como blogs, e redes sociais exemplifica isso. No entanto, o grande problema de acesso e provimento da informação certa na hora certa para a pessoa certa ainda continua, pois nem sempre as pessoas têm disponibilidade para realizar essas tarefas. Ainda por cima, recuperar informação numa Web cada vez mais repleta de informação torna-se sempre um grande problema. São essas limitações que motivam a pesquisa da computação no contexto da GC: desenvolver software para automaticamente realizar essas tarefas. Percebe-se facilmente que a forma como as informações são representadas na Web ainda é muito pobre para a realização dessa automatização. Daí também a motivação das pesquisas sobre Web semântica (para alguns Web 3.0). Vale à pena consultar o que já tinha escrito sobre a Web semântica nesse blog (acesse aqui e aqui). Enfim, no lugar de ficar sempre pensando que a GC está morrendo, prefiro pensar que sua problemática persiste e fica cada vez mais complexa. Pelo menos no contexto da computação.

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