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quarta-feira, 24 de setembro de 2008
Inventar Não é Obrigatoriamente Inovar
Percebo que muito freqüentemente as pessoas não distinguem bem a diferença entre inovação e invenção. Nos dias atuais o conceito de inovação tem ganho popularidade e, por isso, usado em todo e qualquer discurso. É ainda muito comum ouvir discursos que impreterivelmente fazem uma associação entre registros de patentes e inovação. Senti-me impelido a buscar uma definição que seja esclarecedora e mais precisa desses conceitos. A inovação refere-se a todo um processo de desenvolvimento de uma idéia em uma aplicação. Normalmente está ligada a geração de valor. Ao se tentar desenvolver uma inovação passa-se por uma fase de geração de idéias que podem se transformar em invenções, modelos, planos antes de se tornarem inovações. O economista austríaco Schumpeter escreveu freqüentemente sobre esses conceitos. Ele enfatiza que a invenção por si só não produz nenhum efeito economicamente relevante enquanto que a inovação subentende um esforço para transformar idéias em resultados para alguém (normalmente a organização). Mas e para que servem mesmo as patentes? As patentes protegem as invenções. Ou seja, ela é um pedido de reserva do direito de ser reconhecido como o inventor do produto, processo, idéia, etc. Agora, se essa patente vai estar relacionada com algo inovador é outra história. Pode-se argumentar que há uma correlação positiva entre as duas coisas, visto que é provável que quanto maior o número de invenções, maior será o número de inovações. No entanto, nem tudo é tão linear assim. E aqui vale a pena retomar o que já comentamos anteriormente aqui no texto "software livre". Na área de computação nasceu um grande movimento contrário a política de patentes e direitos autorais de uma forma geral. É fácil perceber que o sistema de registro de patentes comporta um viés defensivo e mesmo egoísta. Primeiramente, ele, por reservar o direito da idéia, impede ou pelo menos dificulta a inovação que outros poderiam fazer baseados naquela idéia. As grandes empresas que podem submeter uma grande quantidade de pedidos de patente e com grande velocidade acabam por impedir que outros se desenvolvam. Ora, em computação temos visto novas idéias surgirem todos os dias, mas nem todas elas se tornarão inovações. Já tínhamos comentado no texto em que falamos das inovações na web lançadas recentemente pela Google, Mozilla, Apple, etc. que o grande desafio não é mais lançar a novidade, mas fazê-la pegar. Todos os exemplos inovadores de desenvolvimento e uso de software livre são iniciativas concretas para quebrar o sistema defensivo de proteção de idéias. Em essência, uma idéia para resolver um dado problema e materializada por um software passa a ser de domínio público e quem quiser melhorá-la ou inovar a partir dela tem o direito. Aos interessados, todas as implicações desse novo contexto podem ser melhor compreendidas no livro de Yonchai Benker, já mencionado aqui e que faz parte da lista de sugestões de livros ao lado.
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