Siga-me no Twitter em @vascofurtado

quarta-feira, 30 de junho de 2010

A Imprensa Esportiva e a Seleção

Os últimos atritos de Dunga com a imprensa levaram-me a refletir sobre os porquês dessas crises. Verdade seja dita. Não é só Dunga que tem (ou teve) essas crises. Outros técnicos também sofreram com a pressão de ser técnico da Seleção e a imprensa acaba sendo canalizadora e algumas vezes geradora dessa pressão. Os atritos são comuns. Alguns mais habilidosos, como Parreira, tiraram de letra. Outros como Felipão, Zagalo, Leão e Luxemburgo em maior ou menor escala tiveram relação conturbada com a imprensa. Defensor incondicional da Imprensa como instituição fundamental da democracia que sou, acho que o papel de intermediária entre a Seleção e a população exercido pela imprensa é fundamental. Afinal de contas, quer goste ou desgoste, nada mais importante ao cidadão brasileiro do que o futebol nacional. Ser informado sobre tudo o que acontece com a Seleção é questão de vida ou morte.

Evidente que não se pode esperar que a imprensa seja só uma mera repassadora de fatos. Cabe-lhe também interpretá-los, analisá-los e mesmo induzir o espírito critico da sociedade. Em se tratando de política, por exemplo, a investigação jornalística é fundamental para controle social.

Em tempos de Copa do Mundo, no entanto, os interesses econômicos são muito grandes. Os patrocínios gigantescos e as exigências por exposição das marcas igualmente. Como gerar pauta para todo esse esquema? Com programas de “análise” esportiva. E haja analista e haja assunto. A mídia está repleta de “especialistas” e que se posicionam sobre toda e qualquer escolha feita pelo treinador ou jogadores. Impossível acertar. Impossível ter consenso. Dificílimo ser imparcial. Alguns jogam literalmente para a galera (para ficar no contexto), pois mantém a popularidade. Nesse contexto, chega-se mesmo a esquecer que o futebol por ser um jogo carrega o fator do imponderável. A conseqüência é que se passa ao exercício do achômetro com roupagem jornalística sendo assim inevitável o desgaste. As críticas e observações pontuais em particular sobre  o treinador ficam repetitivas e passam a imagem de que há uma perseguição. O interessante é que isso pode se voltar contra o próprio veículo jornalístico. Os recentes eventos com Cala Galvão, Cala Boca Tadeu Schmidt e Um Dia Sem Globo exemplificam isso.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Entender a (ir)racionalidade humana para economizar energia

Muito interessante a pesquisa desenvolvida em Harvard e MIT (Massachussets Institute of Technology) por cientistas da área dita economia comportamental. Eles investigam como as pessoas tomam decisões, que nem sempre são racionais, que acabam por fazê-las gastar mais energia do que o necessário, mesmo se isso lhes trouxer prejuízo.

Na verdade, os pesquisadores acreditam que por vezes essas atitudes são irracionais são porque as decisões são complexas e nem sempre o indivíduo tem a percepção dos riscos e benefícios. Por exemplo, ao se comprar um ar condicionado ou um carro os benefícios de se comprar um produto mais econômico muitas vezes só são percebidos com o tempo e fazer a conta não é evidente. Eles estudam que tipo de raciocínio errado os consumidores são induzidos a cometer. Muitas vezes somente a apresentação do produto e dos planos pode fazer os consumidores compreender melhor as vantagens e mudar suas decisões.

Outra forma de mudar o comportamento das pessoas é prover informações que permitam comparações, principalmente no tocante às relações sociais e controles implícitos que elas provocam nas pessoas. Alguns estudos sobre como apresentar a conta de energia são iluminadores. Além dos habituais relatórios do quanto foi gasto, os pesquisadores incluíram uma comparação com o quanto os vizinhos gastam. Só isso teve um impacto significativo na postura dos consumidores. Embora mensagens altruísticas de que precisamos melhorar o mundo podem ter efeito positivo, quando as mensagens são mais aplicadas a um contexto local, os resultados são mais palpáveis. Vejam mais sobre esses estudos aqui.


Fortaleza Salva pela Oposição ... de Luizianne

O episódio do estaleiro em Fortaleza é emblemático do quão pobre é nossa política. Fica claro que a maioria de nossos representantes não se pauta por nenhum ideal. Não há debates de idéias. Já tinha comentado que ao meu ver a questão do estaleiro deveria ser vista por um ponto de vista ideológico. Os parlamentares decidiram se posicionar somente em função de suas conveniências políticas.

A exceção à essa regra foi a Prefeita Luizianne Lins. Mostrou-se aguerrida e combativa como deve ser uma boa parlamentar de oposição. Eu já tinha escrito que achava que o Governador Cid Gomes tinha conseguido ressuscitar Luizianne. Antes do evento “estaleiro” Luizianne estava se afogando num mar de críticas ante sua inaptidão para administrar os problemas da cidade e propor soluções para os mesmos. O estaleiro a acordou e a levou a fazer o que faz de melhor: oposição. Fez oposição a Lula e a Cid. Demonstrou que quando se tem um ideal (não discuto o mérito) cria-se força para espernear. Quando não se tem, vive-se só fofoca politiqueira.

Agora, não esperem que a Prefeita venha propor e desenvolver alguma alternativa ao estaleiro para o Titanzinho. Teve tempo de sobra para fazê-lo e não fez. Não consegue nem fazer o que tinha prometido em campanha (vide Hospital da Mulher), quanto mais o que aparece repentinamente. Que sirva de exemplo a quem quer fazer oposição, ou melhor, a quem quer fazer política de uma forma geral: tenha uma ideia e lute por ela. Detalhe: mantenha (ou pelo menos tente manter) a coerência.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

A Capacidade Mobilizadora do Twitter: Real ou Virtual?

A grande estrela da web nesses últimos dias no Brasil tem sido o Twitter. O fenômeno “CALA BOCA GALVAO” foi largamente explorado pela mídia impressa e está fazendo mais gente refletir sobre o que ele realmente significa. Não é o tipo de reflexão nova para mim. Tenho trabalhado com a noção de partipação e interação na Web e tentar compreender as diferentes nuances e comportamentos das pessoas na web é um desafio que já me acompanha.

A capacidade de propagação de uma mensagem em uma rede social é estupenda. Já expliquei um pouquinho da matemática que rege isso aqui. Em suma, a rede que se forma com os seus amigos, amigos de amigos, etc. cresce exponencialmente. Isso explica porque uma mensagem que se propaga nessa rede pode atingir tantas pessoas. Veja o seguinte exemplo. Suponha que você tem cinquenta amigos numa rede social (podem cinqüenta seguidores no Twitter). Suponha também que, em média esses amigos também têm, cada um, cinquenta amigos e assim sucessivamente. Se você enviar uma mensagem para os amigos e pelo menos dez desses amigos a repassarem e por sua vez mais dez dos amigos de seus amigos fizerem o mesmo já serão mais de mil pessoas a receber a mensagem. Como é muito comum termos mais que cinquenta amigos e a propagação vai normalmente em profundidades maiores que 3, os números são bem mais impressionantes. Vamos expandir mais três níveis dessa rede mantendo essa proporção de dez amigos que repassam a mensagem. Nesse caso teremos a mensagem atingindo 1 milhão de pessoas!

É por isso que dominar os segredos das redes sociais é um desejo tão cobiçado por marqueteiros, homens de negócios, jornalistas, religiosos, enfim, todos que querem propagar uma mensagem.

O Twitter tem uma característica particular. Por ter restrições do tamanho de sua mensagem (somente 140 caracteres) as mensagens que nele trafegam ou são indicações para textos maiores ou são mensagens curtas que, obviamente, não possuem muita profundidade. Essa característica é determinante, pois faz com que mensagens bem humoradas quase sempre irônicas bem como os clichés dominem o ambiente. Não exigem uma leitura muito criteriosa, nem muita reflexão e por isso acabam sendo repassados (retuitados). Isso pode dar uma falsa impressão de mobilização. Digo falsa, porque muitas vezes não há muita substância de proposta. Reflete somente um estado de espírito. O CALA BOCA GALVAO é um exemplo clássico. Não exigia uma mobilização real. Refletia sim, uma demonstração de insatisfação. Alguns tentaram aproveitar a onda de insatisfação e propuseram um dia sem a Globo. Nesse caso, em que uma real mobilização era necessária (a ação de não assistir a televisão na Globo) o resultado é bem menos satisfatório. Na verdade, os últimos números indicam que a popularidade da Globo nem se mexeu e chegou mesmo a aumentar.

Ou seja, não é tão simples usar a capacidade de mobilização das redes sociais para acabar com a corrupção, para defender a adoção de uma nova matriz energética que emita menos poluentes, para fiscalizar o poder, etc.  São causas que exigem engajamento real e muito mais que uma demonstração de insatisfação que se demonstra com uma repassagem de mensagem. Torço para que avancemos nisso, mas creio que não será só com o Twitter que isso ocorrerá. Acredito ser preciso usar os diversos meios de veiculação de informação de forma combinada para fornecer mais consistência às mobilizações.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

O preço da Gasolina e a(o) Parceira(o) ideal: Quais as similaridades?

Se você está esperando que eu diga quais postos de gasolina vendem gasolina mais barata na cidade, não é esse texto que deve ler.  Vou na realidade discorrer um pouco sobre como a Teoria dos Jogos pode ajudar a definir estratégias de resolução de problemas práticos do dia-a-dia.

Suponha uma situação comum para quem faz viagem de automóvel.  Dirigindo numa estrada interestadual, percebe-se que é necessário colocar gasolina e por isso será necessário sair da estrada e entrar na cidade para procurar um posto. O problema é que não se sabe qual o posto que vende mais barato. Ficar rodando para comparar os preços não parece ser uma boa idéia, até porque a gasolina pode acabar. O interessante é que há uma forma bem simples de resolver isso.  Aliás, esse problema é similar a outro que talvez mais pessoas ainda tenham passado: como descobrir se a(o) namorada(o) atual é a boa escolha (para esposa, por exemplo)? Outramente dito, vale a pena ficar com essa(e) ou tento outra(o).

A estratégia é bem simples. Maximiza-se a probabilidade de sucesso quando se rejeita os primeiros pretendentes e escolhe-se o primeiro do resto que é melhor do que os que haviam sido “visitados”anteriormente. Por exemplo, no caso do posto deve-se escolher uma amostragem a ser visitada e em um certo momento se define que o próximo melhor será escolhido. O problema dessa estratégia é definir o tamanho da amostra. A boa notícia é que há estimativas muito boas para isso. Veja a tabela abaixo:

Qtde de postos na cidade                Qtde de postos a excluir
             4                                                           1
             5                                                           2
            10                                                          3
            25                                                          9
            50                                                          18
           100                                                         37

Em geral, a estratégia é rejeitar os primeiros 37%. Assim, se você estima que na cidade há 10 postos de gasolina, rejeite os três primeiros e escolha o próximo melhor. Ou seja, caso haja dez postos de gasolina, só decida a partir do quarto posto visitado. Para o caso de achar o(a) companheiro(a) ideal, suponha que um(a) brasileiro(a) tenha entre cinco a dez relacionamentos antes do casamento. Isto significa que a maioria das pessoas devem rejeitar os(as) dois(duas) ou três namorados(as), independente da qualidade deles. Pode parecer estranho mas essa estratégia está em resumo dizendo que deve-se testar o mercado e depois escolher firmemente. Essa estratégia melhora as chances em relação a uma escolha randômica de 1—20 para quase 37%.  Essa e outras estratégias interessantíssimas podem ser vistas nas aulas de William Spaniel sobre a teoria dos jogos na web. Veja uma delas abaixo (em ingles). Outra referência é o blog Freakonomics do premiado autor S. Levitt do livro de mesmo nome.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Governo 2.0 no Ceará: A Iniciativa do Tribunal de Contas dos Municípios

Tenho escrito com frequencia sobre Governo 2.0. Nesse contexto, preconiza-se novos tipos de sistema de informação na web. São aplicações onde a aproximação do governo com o cidadão se dá não somente através da prestação do serviço público, mas igualmente pelo provimento de instrumentos para que o cidadão se pronuncie, questione, forneça informações, proponha alternativas, denuncie enfim interaja ricamente. Além disso, o governo além de provedor de serviços passa também a prover uma infra-estrutura de dados (ou plataforma de dados) para a exploração dos mesmos pelos cidadãos. Iniciativas nessa direção abundam mundo afora, mas, no Brasil, estamos ainda muito tímidos.

É exatamente por essa timidez que acho extraordinária e mesmo revolucionária a iniciativa do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará (TCM/CE). Ele está colocando à disposição de todos os dados do Sistema de Informações Municipais via Interface de Programação de Aplicativos (ou API ). É um grande passo na direção de um real Governo 2.0 e que merece os nossos maiores elogios. Sei muito bem que isso tudo não seria possível sem a tenacidade do Presidente atual do TCM/CE, Ernesto Sabóia, que contou com a ajuda técnica providencial do eterno membro do Laboratório de Engenharia de Conhecimento Ricardo Rebouças. Meus parabéns aos dois e a todos os envolvidos. 

Conclamo a comunidade de TI, inclusive os professores universitários, a participarem ativamente de atividades de "hacking"dessa base. Certamente há muito o que ser explorado nela. Em breve, nós no LEC, estaremos verificando como podemos aplicar alguns programas que estamos desenvolvendo no projeto CoLattes da FUNCAP para gerar instâncias em RDF dos dados do TCM.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

O Desastre no Golfo do México


A Copa do Mundo de Futebol tem feito com que o vazamento de petróleo no Golfo do México não tenha recebido a devida atenção da mídia brasileira e mesmo da internacional. O vazamento ocorre há mais de 50  dias. Ele originou-se quando de uma explosão na plataforma da BP que ocasionou inclusive a morte de 13 pessoas. O desastre é de proporções gigantescas. Obama chegou a compará-lo com os atentados de 11 de setembro. Vejam abaixo um mapa que mostra o tamanho da mancha. Coloquei-a em Fortaleza para termos uma idéia comparativa.

A mancha foi produzida pelo site if it was my home (se fosse minha casa) com dados da Administração Atmosférica e Oceânica do EUA. São dados coletados de fotos de satélites e relatórios de observadores que fazem vôos diários pela região. Essas informações são ainda combinadas com dados sobre os ventos no Golfo do México. Se quiser ver a mancha em sua posição original no Golfo do México acesse o próprio site.


quinta-feira, 17 de junho de 2010

Até Tu.... Hitler?

O CALA BOCA GALVÃO parece não ter fim. A criatividade do brasileiro demonstra. Vejam o que Hitler anda pensando dessa estória toda.

Torcedoras Holandesas Presas: O Enigma do QR Code

Uma das matérias mais lidas ultimamente na Internet refere-se à prisão temporária de várias torcedoras holandesas no estádio Soccer City na África do Sul.

A notícia em si jé é midiática, vendo as fotos, então. Agora o que achei mais interessante foi que ninguém parece ter compreendido bem essa estória. A começar pelos jornalistas que fizeram a matéria. Vejam o que saiu no IG, por exemplo.  Vê-se que não compreenderam muito o que aconteceu e os depoimentos deixam os leitores ainda mais confusos. Porque as beldades foram mesmo presas?  Havia uma alegação de que as mesmas faziam uma propaganda de uma cerveja, o que não era permitido na África do Sul. Gradativamente, outras matérias foram acrescentando novidades. Disseram que as holandesas faziam propaganda de uma cerveja que não era patrocinadora da Copa e isso é que era proibido pela FIFA.

O fato é que quem olha para as modelos, não consegue ver propaganda nenhuma. Algumas matérias mencionam que a propaganda estava nas saias justas das moças.  Outras falam da cor do vestidos. Nada a ver!

A foto abaixo mostra claramente onde estava a propaganda das moças. Algumas tinham um QR Code na camisa. Já escrevi o que é um QR Code aqui quando mostrei como ele pode ser usado em WikiCrimes. Em resumo, é uma espécie de código de barras que pode ser lido com um celular. Creio que é aí que mora o perigo (não só lá, né?). Quem tiver tido a possibilidade (e sorte) de ter lido esse código deve ter descoberto de que cerveja elas faziam propaganda.

Eu que tentei tanto explicar o que era um QR Code. Acho que agora sim, ele ficará popularizado.  


terça-feira, 15 de junho de 2010

Só Alguém como Dunga

Chegando ao País, percebe-se claramente o clima de Copa. Assisti duas copas fora do Brasil. Em 94 estava morando na França e em 2006 estava nos EUA. Tinha esquecido do ambiente que toma conta de todos por aqui e do papel da imprensa nesse processo. A Globo, por exemplo, torna-se uma autêntica animadora de auditório. Agrega à qualquer reportagem muita emoção apelando essencialmente para o patriotismo. 

Tinha esquecido também do quanto é cruel a profissão de treinador da Seleção. Impossível agradar a todos. Na verdade, eu diria que é impossível mesmo agradar a poucos. Somente alguém como Dunga para suportar. Ele é daquelas pessoas obstinadas e obcecadas o que lhe faz beirar à teimosia. Sempre achei injusto a escolha de Dunga para técnico da Seleção. Acho que é desprestigiar demais os técnicos de carreira. Só que essa estória já não tem mais muito sentido, pois ele já está como técnico há mais de três anos e, além do mais, não é mesmo sobre isso que quero refletir. Na verdade, o que gostaria de mencionar é o quanto Dunga tem se mostrado competente.

Concordo plenamente com Tostão, quando ele menciona que damos excessivo valor aos técnicos de futebol. Ele já escreveu algumas vezes em sua coluna nos jornais do País, que a influência do técnico nos resultados é bem menor do que pensamos. No entanto, pode-se perceber quando um time tem um padrão tático bem definido. Isso sim, deve-se a um bom técnico. Dunga fez isso com a Seleção. Ele não tinha a menor experiência como técnico, mas conseguiu algo que poucos técnicos conseguem em seus times e muito menos na Seleção.

Não estou a dizer que o padrão atual que a equipe apresenta é aquele que nos entusiasma, que nos faz sonhar ou mesmo que vai nos trazer o hexa.  Mas creio que somente Telê conseguiu implantar um padrão ofensivo nesses últimos 30 anos. Dunga decidiu seguir a mesma dos outros em particular inspirando-se nos vencedores Felipão (2002) e Parreira(em 1994). Enfatiza o equilíbrio defensivo, reduz a possibilidade de erros, prepara-se para o contra-ataque e, principalmente, cria um clima de “equipe fechada”.  As vitórias virão com a individualidade do atacante brasileiro. Podemos até não gostar do caminho que Dunga escolheu, mas temos que admitir que é uma opção lógica.

Em resumo, o hexa vai depender substancialmente das individualidades. Foi assim no primeiro jogo com Michael e com o passe de Robinho. Será o bastante? Só podemos torcer, pois a equipe que lá está não pode jogar diferente do que vem fazendo. 

Copa 2010: Visão da Nike e da Adidas

Em época de Copa do Mundo, Nike e Adidas lançam comerciais criativos. Vejam dois deles abaixo. Perceba que a Nike não menciona a Copa, pois não é patrocinadora. Ronaldinho Gaúcho continua sendo o protagonista brasileiro. Já a Adidas, nem menciona Jabulani que está a provocar tanta controvérsia.


sexta-feira, 11 de junho de 2010

Premiação no Canadá


Eis duas fotos tiradas quando recebi o prêmio de melhor artigo por trabalho desenvolvido com Vládia, Tarcísio e Douglas na IEEE Internation Intelligence and Security Informatics (ISI) em vancouver. A entrega me foi feita pela Professora Patricia Brantingham da Universidade Simon Frazer do Canadá.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Cala Boca Galvão

A notícia que estorou ontem na Internet (e que creio não sairá na Globo) foi a de que a expressão “CALA BOCA GALVÃO” está entre os trend topics (TT) do Twitter. Para os que não são familiares com o Twitter deixem-me explicar o que isso significa.

Toda vez que alguém escreve algo no Twitter pode indicar palavras chaves (ditas hashtags) precedidas de um #. As palavras chaves são contabilizadas pelo Twitter e as que mais são mencionadas vão para uma lista que se chama trend topics (tópicos que são tendência).

O Twitter permite saber os TT no mundo, por país ou mesmo por algumas cidades. O caso da hashtag CALA BOCA GALVÃO é impressionante, pois trata-se de TT no mundo, não somente no Brasil. Demonstra o quanto os brasileiros estão usando o Twitter e como, com o início da Copa, o tema "Galvão Bueno" estará mais forte do que nunca. Se formos hexa então! Veja abaixo a tela do Twitter com o "CALA BOCA GALVÃO" nos TT mundiais (canto direito inferior). O mais anedótico é que os gringos que normalmente definem os TT não sabem o que isso significa e estão todos se perguntando: Who is CALA BOCA GALVÃO.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

A Rússia, Os Russos(as): Percepções


Além da história representada pelo Hermitage, como descrevi no texto anterior.  Vale a pena mencionar a igreja do Sangue Derramado que é um dos cartões postais da cidade. Vejam-na abaixo no fundo de minha foto. Tem esse nome por ter sido construída, no século XIX, em homenagem ao czar Alexander II, exatamente no local onde seu sangue foi derramado quando do atentado que lhe tirou a vida. Demorou cerca de trinta anos para ficar pronta e tem seu interior completamente construído por mosaicos extraordinários.



Outras curiosidades e impressões que me marcaram na primeira visita à Rússia. A primeira coisa é a escrita com símbolos diferentes. O único local que havia visitado e que tinha símbolos diferentes do alfabeto romano tinha sido a Grécia. No entanto, mesmo lá, era fácil encontrar traduções. Ainda por cima,  alfabeto grego não é tão desconhecido, em particular daqueles que gostam de matemática. Aqui em São Petersburgo tudo é em cirílico e somente alguns restaurantes e pontos turísticos também usam o alfabeto romano. Tive que dar uma estudada para não me sentir tão deslocado. Considerando que a cidade é repleta de outdoors, não ter a menor idéia do que eles se referem é desagradável. Como o tempo vamos nos acostumando. Vejam na foto abaixo como se escreve Restaurante. Fácil não ? Basta perceber que O P é nosso R e o C é nosso S. O resto é similar e vai por dedução.


Uma curiosidade que me chamou a atenção foi o fato das mulheres russas andarem de mãos e braços dados. Não que isso indique uma particular orientação sexual. É um hábito mesmo. A dupla de mulheres de braços entrelaçados é a imagem mais comum nas ruas. Até porque não dá para não notar nas Russas. São altas, louras, bonitas, maquiadas e vestem-se agressivamente (sapatos super altos, saias muito curtas e que beiram à extravagância). Outdoors com mulheres bonitas e as vezes de biquíni fizeram-me lembrar do Brasil. Não se vê isso na Finlândia, por exemplo. E olha que o inverno russo é tão cruel quanto o Finlandês.

Por fim, o sol da meia noite não podia deixar de ser observado. Não cheguei a vê-lo, mas foi quase. Ontem o sol se pôs 11:35 da noite. O dia todo é claro, pois ele se levanta por voltas das 3 da manhã. Vejam-no abaixo quando estava no avião. Esse fenômeno faz com que o frio seja bem menos intenso e desfrutar da noite é um prazer incomparável. A sensação de segurança, mesmo com as notícias de roubos e violência da máfia russa, é grande, pois há muita gente andando nas ruas. Muitas lojas só fecham as portas meia-noite. Aliás, os russos (pelo menos os de São Petersburgo) demonstram ter se adaptado muito bem ao capitalismo. O comércio é forte, diverso, rico e bem movimentado. O turismo é também bem intenso. Gente de toda parte do mundo. 

terça-feira, 8 de junho de 2010

São Petersburgo

Minha expectativa ao visitar a Rússia pela primeira vez era alta. Muitos haviam dito que São Petersburgo era muito bonita. Aproveitei a vinda a Helsinki para dar um pulinho aqui.

É realmente extraordinária. Belíssima! Uma cidade enorme, espaçosa e cheia de história. As igrejas e monumentos são lindíssimos. Todos remontam à era pré-comunismo. Tal fato salta aos olhos e nos leva naturalmente à pergunta: o que foi que o comunismo deixou de herança? Ao se visitar São Petersburgo tem-se a impressão que os quase noventa anos de dominação bolchevique foram como uma parada no tempo. Pós-comunismo, a cidade voltou a viver. Só falta os Romanov assumirem de novo.

Escreverei sobre algumas curiosidades que encontrei por aqui, mas de tudo, o que mais me impressionou foi o  Museu Hermitage. Um dos maiores museus do mundo (o maior acervo de pinturas) é realmente impactante. O prédio é grandioso (veja a entrada principal na foto acima) e algumas de suas salas per si já são uma obra de arte. A galeria das obras de pintores do Século XVIII e XIX é demais. Vê-se Picasso, Derain, Gauguin, Van Gogh, Cézanne, Matisse, Delacroix, Renoir e outros vários,  sala após sala. Sem contar a existência de esculturas de Rodin entre elas para dar o acabamento. Obras de Leonardo da Vinci e Boticelli são o carro-chefe no andar de obras do Renascimento. Tem mais, muito mais. Gasta-se um dia fácil, fácil. Uma aula de história da arte (cansativo, é verdade!). Permite comparações que auxiliam na identificação de estilos, temas e épocas.  

Por fim, acho interessantíssimo como os museus nos dão também indicações de espólios pós-guerras. Os alemães se ressentem que algumas das obras de pintores impressionistas foram levadas pelo exército Russo e que hoje estão presentes no Hermitage. Para quem viu o museu de Berlim com toda a riqueza egípcia “importada”só pode pensar: “ladrão que rouba ladrão ...”

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Frutas do Bosque, Finlândia e Futebol


Inusitado encontro no belo e limpíssimo Mercado Central de Helsinki na Finlândia. Decidi comprar frutas vermelhas silvestres também ditas frutas do bosque (não dos nossos bosques, né!). Aquelas que adoro e que sinto tanto serem raras (e caras) em Fortaleza: framboesas, cerejas, mirtilhos e morangos. O vendedor era um turco (o da foto acima). Com inglês recalcitrante perguntou qual minha prosa. Ao dizer que era do Brasil, fez questão de tirar seu agasalho e mostrar-me a camisa que tinha por baixo. A camisa do time de futebol Fenerbach de Istambul na Turquia. Tinha o número 9 e o nome do atacante Deivid (ex-Corinthias). Perguntei-lhe “Is he good”, a resposta afirmativa veio com “all Brazilians are good”. Orgulhei-me.

sábado, 5 de junho de 2010

WikiCrimes na NET Fortaleza

Soube pelo Twitter e por André Magalhães que saiu minha entrevista na revista da NET Fortaleza. Um papo muito descontraído em que pude falar de minha trajetória na Segurança Pública e como cheguei a WikiCrimes. Os que não são assinantes podem ter uma ideia da conversa na figura abaixo.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Vídeo do WikiCrimes

Vejam abaixo esse vídeo produzido por Alexandre Vidal para divulgar WikiCrimes. Valeu ! Ajudem, divulgando. O link do vídeo no YouTube está em http://www.youtube.com/watch?v=jF2J01jRG7c

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Marchas da Maconha: Reflexões Legais

"Think outside the box."

Essa expressão é muito usada nos EUA para referir-se à necessidade, que muitas vezes se impõem, de se pensar diferente. Abrir horizontes. Quebrar paradigmas. Só assim se consegue inovar e resolver problemas complexos Em se tratando dos efeitos deletérios que as drogas e a guerra contra as mesmas trazem às sociedades, só quebrando paradigmas. Está claro que a forma como o mundo atualmente aborda o problema é fracassada.

Surpreende-me a reação negativa de alguns às iniciativas de se abrir um debate sobre a necessidade de se aumentar o rol de drogas legais. Aqui em Fortaleza, a marcha nesse sentido (cunhada de Marcha da Maconha) foi proibida pela justiça. Os poucos manifestantes que se reuniram no local, por não terem sido informados da proibição, foram intimidados pela Polícia. Mesmo jornalistas com posição progressista como Fábio Campos do O Povo se posicionaram veemente contra à manifestação.

Não tenho como discutir o mérito da questão da legalização de drogas como a maconha e cocaína. Não possuo conhecimento suficiente sobre o tema que permita-me formar uma opinião segura. Mas é exatamente por essa minha ignorância que considero que o debate sobre a questão deve ocorrer. Só assim se consegue aprofundar o tema e gerar conhecimento. Não precisa ser especialista para perceber que o mundo está perdendo o combate contra as drogas. Não é a toa que vozes vindas de fontes diversas e ecléticas como a do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso estão a clamar por uma nova política de descriminalização.

O uso de drogas como maconha para tratamentos médicos é igualmente barrado por um enorme bloqueio preconceituoso. Já há muito conhecimento médico dos efeitos positivos da maconha em tratamentos, inclusive contra o câncer. Um dos maiores especialistas mundiais em drogas, o psicofarmacologista Elisaldo Carlini, ligado à Unifesp, aponta a existência de estudos feitos com animais em que se revela que o princípio ativo da maconha ajuda a combater a depressão e fortalece os indivíduos em situações de estresse.

Em outro estudo, durante três anos, um grupo de 50 viciados em crack se submeteu a uma experiência comandada por psiquiatras da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo): a combinação de terapia com maconha. O resultado do teste ganhou repercussão mundial, especialmente nos EUA, onde foi publicado em revistas científicas. Daquele grupo, 68% trocaram o crack pela maconha. Tempos depois, todos os que fizeram a troca não usavam nenhuma droga.
A maconha serviu para reduzir o desejo pelo crack, enquanto se esperavam os efeitos da terapia para que, com apoio familiar, o jovem pudesse reorganizar sua vida.
Os especialistas não só conhecem dos efeitos da maconha na concentração, no aprendizado e na memória, mas  sobretudo, sabem que sua descriminalização não é uma medida de fácil implementação. Visões preconceituosas impedem discussões honestas e mesmo o direito de fazer ciência é negado. Precisamos criar um ambiente favorável às opiniões divergentes. O fato da lei proibir o uso e a apologia do consumo não pode ser, de maneira alguma, argumento para impedir a discussão sob o tema. Afinal de contas, as leis não são imutáveis e as soluções inovadoras não virão sem muita pressão e movimentação social. 

terça-feira, 1 de junho de 2010

Hipocrisias da Sociedade e Segurança Pública II : Polícia Comunitária

Quando o programa Ronda do Quarteirão começou aqui no Ceará, escutei muita gente dizendo que a Polícia cearense estava muito boa. Escutava relatos de pessoas que espantavam-se porque os policiais tinham sido corteses. Davam até bom dia quando paravam carros na blitz! "Esse negócio de Polícia Comunitária é genial". Não me entendiam quando diziam que isso para mim não significava muito. Sempre disse que educação e respeito é obrigação de qualquer cidadão e dos funcionários públicos não poderia ser diferente. Agora, não achava que isso era suficientemente importante para se batizar a Polícia cearense de comunitária. 

“Bandido bom é bandido morto!”

Quem não escutou ainda essa frase aqui no Ceará? E sabe quem são os maiores adeptos dessa máxima? Os mesmos que tanto elogiam o “bom dia” do Ronda na blitz. É isso mesmo! Educação para nós, bala pros “outros”. E quem vai definir quem são os outros mesmo? Nem precisa. As estatísticas mostram que são os jovens desfavorecidos, normalmente da periferia. Não vou entrar pela lógica do discurso de grupos de direitos humanos que já critiquei e acho-os desgastados aqui no Estado. Partidarizaram um discurso que deveria ser mais amplo. Mas quero mostrar que essa tremenda hipocrisia é potencializadora de nossos problemas. Temos que compreender isso. Já escrevi sobre o quanto queremos punir os que cometeram delitos e por isso deixamo-los sofrer nas penitenciárias lotadas. Outro exemplo da hipocrisia. Para alguns: prisão domiciliar e penas alternativas. Para “os outros”: o inferno das prisões. Assim fica difícil de engajar qualquer tipo de reação à violência que impera e que está literalmente acabando com nosso sossego.

Além do mais esses rótulos de "polícia disso e polícia daquilo" estão sendo manipulados de forma marqueteira e só atrapalham. O que se precisa é de uma boa polícia, ponto. E uma boa polícia respeita os direitos de TODOS e sabe usar a força quando necessário. Por isso me preocupo tanto com o treinamento (depois volto ao tema).