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terça-feira, 31 de julho de 2012

WikiCrimes é Open Source


Durante todo esse tempo de história de WikiCrimes (quase cinco anos), uma coisa sempre nos gerou dúvida: WikiCrimes deveria ter seu código aberto? No início achávamos que não. Tudo era muito novo, não tínhamos experiência com sistemas de código aberto e não sabíamos se haveria a possibilidade de explorar o site via algum modelo de negócio.

Com o passar dos anos, a resposta positiva a essa pergunta foi se fortalecendo.  WikiCrimes é um sucesso acadêmico. Quase a totalidade das publicações científicas produzidas no Laboratório de Engenharia do Conhecimento são relacionadas direta ou indiretamente ao projeto. WikiCrimes também é um sucesso como pioneiro e ação concreta na discussão sobre dados criminais abertos no País. Toda a motivação que nos levou a cria-lo é atualíssima: baixa transparência, alta subnotificação e baixa existência de serviços para apoio à precaução do cidadão. Aliás, isso é infelizmente verdade, o que demonstra como andamos pouco nessas questões esses últimos anos.

No entanto, WikiCrimes sobreviveu e sobrevive até hoje por ações de voluntários dentro do LEC e com alguma verba de pesquisa. Muito embora a FUNCAP e o CNPQ tenham sido parceiros nessa nossa curta história. Nos últimos meses esses apoios se reduziram ou terminaram. Desde então tínhamos voltado a pensar em como trazer mais voluntários para contribuir no projeto.

Mesmo assim, a decisão de abrir era sempre postergada porque precisávamos nos organizar primeiro. Era necessário estruturar o código atual de forma que o mesmo fosse mais facilmente reusado e de forma também com que algumas rotinas proprietárias fossem protegidas. Passamos os últimos seis meses trabalhando nisso e agora chegamos ao término. WikiCrimes está pronto para ser aberto.

Escolhemos o Github para repositório de compartilhamento. Convocamos a comunidade de software livre a ser nossa parceira nessa empreitada. Ela foi uma que sempre me perguntou quando isso aconteceria. Pois bem, Está feito. Juntem-se a nós e sejam bem vindos!
Acessem o código fonte aqui


domingo, 29 de julho de 2012

O Ecossistema de Empreendimentos em Torno dos Dados Abertos dos Governos



O ecossistema de empresas e iniciativas inovadoras ao redor do conceito de governo e dados abertos avança no mundo. Já mencionei aqui a criação do Instituto Britânico de Dados Abertos criado pelo governo. Os americanos, bem a sua feição, têm também várias iniciativas interessantes. Só que ao invés de esperar a criação de órgãos governamentais os empreendedores partiram na frente. O maior exemplo disso é Code for America. Trata-se de empreendimento de vários especialistas que criaram uma espécie de Instituto (não entendi bem que tipo de regime de empresa se trata. Parece-me uma OSIP) para prover o que eles mesmo denominam “Um novo tipo de serviço público”.

Os especialistas de Code for America perceberam rapidamente que, primeiro, os governos não sabem como agir quando se refere a dados abertos e, depois, a sociedade não sabe o que fazer com esses dados. Buscam então se apresentar como apoio aos interessados dos dois campos para diminuir essas deficiências. Algumas parcerias estão sendo estabelecidas com as cidades como pode ser visto no mapa abaixo.  Concursos de ideias, desenvolvimento de aplicativos, incubação de startups e outras animações fazem parte das atividades que podem ser providas. Achei também muito interessante um espaço chamado civic commons onde se pode ver o que está sendo feito em cada cidade e as tendências e aplicativos mais populares.

Aos interessados sugiro uma olhada detalhada no site. Creio que embora muito bem estruturado, esse projeto ainda está buscando encontrar seu nicho. Tudo é muito novo. Alguém se habilita a fazer algo similar por aqui?




terça-feira, 24 de julho de 2012

Criativa Mobilização Social


Google, Facebook  e outros que vivem das redes sociais virtuais têm muito que ensinar à classe política. Esses gigantes da Internet nunca deixam de reconhecer que precisam incansavelmente compreender o comportamento de seus usuários. Eles sabem muito bem que as pessoas são fortemente influenciadas, para o bem ou para o mal, por suas redes sociais.  Para não perderem seguidores, todas as mudanças em seus produtos passam pelas etapas Teste, Aprenda e Execute.  

Aplicar metodologias similares para compreender o que milhares de pessoas sentem e reagem dentro de suas redes sociais deve despertar o interesse de nossos governantes da mesma forma que aos empreendedores da Internet.  Alguns políticos mundo afora já perceberam como as ciências comportamentais e o estudo das redes sociais (virtuais ou não) podem ser importantes ferramenta de gestão.

O governo britânico, com a ajuda de cientistas comportamentais, realizou estudos em que enviou cartas a contribuintes em débito com o fisco pedindo que regularizassem sua situação. Fez isso em dois grupos distintos. No primeiro, fez uma solicitação de quitação de débito normal. No segundo, o texto solicitava o pagamento dos impostos devidos, mas comparava o contribuinte com outros do mesmo setor ao dele. Dizia, por exemplo, que a grande maioria dos contribuintes do setor já havia regularizado sua situação fiscal pagando em dia. A mera comparação do contribuinte com aqueles que compõem sua rede social profissional fez com que a quantidade de regularizações deste segundo grupo fosse cerca de 15% maior do que a do primeiro grupo.  

Eis aqui um enorme campo a ser explorado por nossos governantes.  A mobilização da sociedade, buscando motivá-la e incitá-la a ações positivas, é condição determinante para a efetiva implantação de leis e de políticas de governo.  

* Artigo publicado no Jornal O Povo na coluna Opinião de hoje

segunda-feira, 23 de julho de 2012

A Marginalidade na Greve


As últimas grandes greves vivenciadas pelos cidadãos fortalezenses têm sido marcadas por atos de completo desrespeito a esses próprios cidadãos. Desde policiais, passando por trabalhadores da construção civil a motoristas de ônibus, todos têm recorrido a ações violentas que indicam uma tendência perigosíssima e, por outro lado, uma fragilidade latente do Estado constituído.

O desrespeito dos grevistas é visto a todo momento. Se apossam de bens que não são seus, os depredam às vezes e o que é pior, quando podem, os usam contra a sociedade. Na última greve dos motoristas, eu mesmo vi grevistas que usaram ônibus para retardar e prejudicar o trânsito. Estacionavam nas próprias ruas ou os conduziam em marcha lenta com o intuito de prejudicar os outros. Um abuso inaceitável. Trabalhadores da construção civil depredam bens privados, agridem jornalistas e também dificultam o direito de ir e vir dos cidadãos.

Contra isso, o que faz o poder público? Um poder público que, para ter que combater os abusos, deve ter que recorrer a suas forças de segurança que por sua vez, além de experimentarem suas greves, as fazem utilizando estratégias não menos reprováveis.  Não surpreende ver que o resultado é uma completa omissão.

A cidade torna-se refém e só nos resta apelar para o bom-senso dos grevistas. Bom senso que não parece estar em fácil acesso, uma vez que as ações grevistas são terceirizadas como mostra a entrada do MST “dando apoio” aos companheiros em greve
Esse apoio na logística, na metodologia e nos recursos humanos tem também introduzido um componente de guerrilha que é absolutamente inaceitável no Estado de direito democrático. É bom dar um basta enquanto está no começo. 

sábado, 14 de julho de 2012

Romantismo

Sting em um de seus shows disse que a música romântica bonita era aquela que falava de um amor perdido ou não conseguido. Algo tipo música brega. Ele disse isso antes de cantar "When We Dance", música na qual se declara a um amor perdido, propõe casamento, diz que o outro nunca vai ama-la como ele e por aí vai.

É bem verdade que a música que canta uma desilusão tende a emocionar e a registrar um momento. Mas vou ter que discordar de Sting. As duas músicas românticas em língua inglesa que considero mais bonitas celebram a união feliz. Uma delas já foi assunto aqui no blog. "What are you doing the rest of your life" do grande Michel Legrand. Aqui postei um vídeo com o próprio Sting a cantando. Sensacional. A música celebra com um belo convite para que a vida em conjunto seja compartilhada até os últimos momentos.

A outra música que venero é "Just The Way You Are"de Billy Joel. Uma forma simples de dizer que as escolhas quando são acertadas são feitas porque a pessoa encontrou o que lhe agradava. Não precisa o outro fazer força para ser muito diferente ou, digamos melhor. Basta ser do jeito que é. A gravação com Barry White é, na minha opinião, a mais linda. Encontrei esse video no interminável YouTube e que compartilho abaixo.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Pergamon

Na minha ida a Berlim, tirei um tempo para visitar o Pergamon Museum. É um dos museus mais impactantes que já visitei. Extraordinário. A coleção de arte da antiguidade clássica, em especial, os fantásticos Altar de Pérgamo e as portas do mercado de Mileto são imponentes, belos e transportam o visitante aos tempos da antigas civilizações. O Altar é uma estrutura dedicada a Zeus, originalmente construída no século II a.c. Escavaçoes feitas por arqueólogos alemães, no final do século XIX, o descobriram quase que integralmente. Impressionante também pensar em como os alemães conseguiram levar tudo aquilo para casa. Como os turcos deixaram? Veja uma foto abaixo que tirei da Wikipédia.


As peças de antiguidade do Oriente não são menos impressionantes, com especial destaque para a grandiosa Porta de Ishtar, uma representação maravilhosa da antiga Babilônia. É de tirar o fôlego.

Para completar, o museu estava apresentando a obra de Yadegar Asisi, uma pintura panoramica da antiga Atenas que é tão impressionante quanto as coleções do Museu. Achei no YouTube um video(veja também abaixo) que dá uma ideia do quão belo e inovador é o trabalho de Asisi. O artista brinca com a noção de perspectiva de uma forma que nos ludibria a todo momento.

Recomendo fortemente a quem for a Berlim. Imperdível. 



terça-feira, 10 de julho de 2012

Voto na Bicicleta


Arvoro-me a propor um tema para discussão na campanha eleitoral que se inicia que envolve mobilidade urbana, saúde pública e ecologia. Sim! Há sim algo eclético e com tamanha abrangência: a bicicleta. 

Pode surpreender a alguns, mas as grandes cidades do mundo têm consolidadas políticas de uso do espaço de transporte para que parte dele seja também destinado às bicicletas. Importante enfatizar que não se trata aqui de considerar seu uso somente como um esporte ou lazer, mas como alternativa de meio de transporte. Um transporte que tem a grande vantagem de ser saudável e limpo (ecologicamente falando).

Para os que se apressam em dizer que não temos as condições adequadas, digo que  há exemplos no mundo de todas as formas. Grande cidades e pequenas cidades,  sejam em ruas estreitas ou mais largas, seja no frio ou no calor, enfim, onde quer que seja, basta uma política clara do poder público e um desejo da sociedade.

Pensar a bicicleta como meio de transporte requer a criação de uma política de uso dos espaços, mas sobretudo uma compreensão de que a maior ação a ser tomada é a mudança na cultura dos condutores de automóveis e pedestres. Ainda estamos achando que para ter a bicicleta como meio de transporte precisamos de ciclovias especialmente construídas para tal fim. Isso é absolutamente errado e se formos esperar por isso, melhor esperar por ciclovias no Metrô.

Todos os exemplos de sucesso no mundo mostraram que a questão é muito mais de compartilhamento de espaço existente do que de criação de novos. Em ruas largas o compartilhamento do espaço da bicicleta é com os veículos, em ruas estreitas e calçadas largas, o compartilhamento é com os pedestres.  Os céticos logo perguntariam, “e em ruas estreitas e com calçadas não menos estreitas como abundam por aqui?”. Da mesma forma, compartilha-se o espaço com todos.

“Compartilhar” é a palavra chave que deve dominar na discussão. Vejam como esse debate pode ser interessante para a cidade. Além de todos os aspectos que mencionei, ainda envolve uma questão de educação cívica: o respeito pelo espaço dos outros. 

* Artigo publicado hoje no jornal O Povo, coluna Opinião.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Euro iTV 2012


Terminado o EuroiTV, congresso europeu de televisão interativa, faço um balanço de um aspecto que me chamou atenção em especial após a palestra dos convidados especiais. Eles eram do YouTube. Olga Khroustaleva e Tom Broxton usaram poucas palavras e muitos vídeos para nos dizer o que já sabemos: YouTube é impressionante! Os números são absurdos (já mencionei alguns aqui). Mais de 800 milhões de pessoas veem seus vídeos por mês.

Com a criação dos  canais onde se pode categorizar o que se quer ver, YouTube tornou-se mais próximo do modelo de TV com uma grande vantagem, pois está se permitindo inovar no modelo de negócios.  O modelo de publicidade da televisão com publicidade entre programas tem se mostrado claramente decadente. Os telespectadores hoje têm instrumentos para saltar as publicidades com muita facilidade. Vejo em casa um exemplo disso. Minhas filhas sempre assistem dois programas ao mesmo tempo, pois gravam um programa, enquanto assistem um outro, que voltarão a assistir quando estiver na publicidade do segundo.

Os palestrantes fizeram uma pequena experiência com a plateia. Deram-nos pulseiras vermelhas e verdes para que levantássemos quando quiséssemos que os vídeos que eles nos passariam parasse ou continuasse, respectivamente. Ao passar um vídeo de uma publicidade tradicional onde havia um pai brigando com um filho e no fim uma mensagem publicitária, todos levantaram a pulseira vermelha muito antes da mensagem publicitária acabar. Por outro lado, ao mostrar um vídeo de um carro que salta obstáculos incríveis ninguém levantou a pulseira vermelha. Durante o vídeo a propaganda do patrocinador aparecia subliminarmente diversas vezes.

YouTube propõe um canal só de publicidade. Só assiste quem quer ver publicidade. Mas como fazer para que os usuários queiram vê-las? Simples (mas difícil de fazer). Os vídeos de publicidade são tão divertidos e criativos que atraem a audiência. Em resumo, o usuário da televisão interativa de hoje não quer ser obrigado a assistir nada. A conquista não será nada fácil.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

A Cesta Mais Fácil


O mapa abaixo que copiei do blog flowingdata que por sua vez se referiu ao artigo científico de Goldsberry da Universidade de Havard, além de interessantíssimo aos amantes do Basquete, é um exemplo para os profissionais do esporte. O mapa mostra um mapa colorido de calor indicando os locais de uma quadra de basquete onde se faz mais pontos. São dados de arremessos em partidas da NBA de 2006 a 2011.

Seria natural pensar que quanto mais perto mais pontos feitos, não? Não é bem assim. Veja que perto da cesta é onde está o vermelho forte, mas a meia distância é branco (não teve pontos) e depois verde, indicando que poucos pontos são convertidos da região. Mais distante, tangenciando a linha dos três pontos, vê-se outra tonalidade mais forte.

Acho também importante pontuar aqui o estudo em si. Ele foi apresentado na Conferência Sports Analytics patrocinada pelo MIT Sloan (Escola de Gestão do MIT – Massachusets Institute of Technology). Os americanos sempre foram obcecados por coletar e analisar dados. Em todos os esportes que praticam fazem isso com muita frequência. Isso agora está deixando de ser algo empírico e começa ser explorado pela comunidade científica. Afinal, com o acúmulo dos dados, as explorações destes fogem do que uma planilha Excel pode dar. Descobrir pontos falhos do adversário ou mesmo virtudes não percebidas do próprio time pode valer milhões de dólares, coisa que os americanos levam bem a sério.

E nós? Como estamos, no futebol, por exemplo? Teremos muita dificuldade em avançar porque não temos a cultura de coletar dados. A história não foi digitalizada nem contabilizada de forma estruturada. Dá para tirar o atraso? Sim, mas temos que correr. Esportes deixaram, há muito tempo, de serem coisa de amador. 

domingo, 1 de julho de 2012

Pedestre, ande com atenção!


Em ida a Berlim para o EuroiTV, uma breve passagem por Viena, cidade que havia visitado há 15 anos atrás, permitiu-me observar um detalhe que me saltou aos olhos quando caminhei pela cidade. A cultura do deslocamento em bicicleta está tão enraizada que a sinalização para este veículo é intensa e, para um turista desacostumado como eu, fica confusa.

As vias para bicicleta tomam o espaço dos veículos, mas igualmente, o dos pedestres. As calçadas largas permitem isso. Veja abaixo na foto que tirei um exemplo dessa sinalização. Os pedestres precisam andar cuidadosamente nas calçadas porque parte das mesmas é das bicicletas que vêm e vão em velocidade. Ao atravessar a rua temos que ter ainda mais cuidado. Há o trem, o carro e a bicicleta. Por isso é fundamental se guiar exclusivamente pelo semáforo dos pedestres (que sempre funcionam). Lembrei-me dos países onde se conduz do lado direito do carro. Os sinais nas ruas, principalmente os escritos no asfalto, nos alertam para o cuidado ao atravessar as ruas. Claro que isso é um problema só para os não habituados. Que bom se chegarmos a ter tal problema um dia!