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quinta-feira, 28 de junho de 2007

Novamente o Debate Mídia e Censura

Excelente o debate no programa Roda Viva sobre a questão da classificação indicativa de programas de TV. Só para exemplificar o que vivemos atualmente faço a seguinte questão: como se pode explicar que uma telenovela que passa no horário noturno (declaradamente voltada a um público adulto) algum tempo depois volta a ser apresentada no horário da tarde? Justamente em um horário que somente as crianças estão assistindo a televisão e normalmente sem a presença dos pais. Fica claro que os representantes das televisões se escondem atrás do discurso da liberdade de expressão e do “não a censura” para manter seus privilégios de veicular programas inapropriados a um público indefeso (por incapacidade de se defender em função da idade ou em função da educação). Já tinha mencionado em um texto anterior sobre a necessidade de um papel progressista de representantes do jornalismo e da mídia para que tivéssemos aumento na qualidade da televisão (clique aqui para acessar o texto). Infelizmente, o que vi no debate do Roda Viva foi triste. Não me parece que chegamos ainda a esse momento no Brasil. É uma pena que este debate esteja tendo tão pouca penetração nos lares brasileiros, pois ele por si só já seria um instrumento educativo aos pais. Eles são os primeiros que precisam perceber que podem estar sendo excessivamente permissivos e assim prejudicando seus filhos. Outro debate interessante sobre o tema estava sendo travado no blog do Luis Nassif (veja o debate aqui). No entanto o debate descambou para ataques pessoas que desviaram o foco da discussão. De qualquer forma, decididamente, são em veículos como a Internet e a TV Cultura é que se poderá discutir o assunto. A grande mídia televisiva não abre espaço para isso.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Nanotecnologia Já Tem Um Museu!


Uma das descobertas científicas mais fascinantes do mundo moderno se refere à nanotecnologia. A idéia fundamental é da manipulação de cada átomo individualmente para colocá-los em um padrão que produza uma estrutura desejada. Será possível fazer máquinas onde as peças seriam os átomos e por essa razão essas máquinas seriam pequeníssimas na escala nano (nanômetros). Um nanômetro (nm) é um bilionésimo de metro, ou um milionésimo de milímetro. As aplicações da nanotecnologia são ilimitadas e por isso mesmo quase impossíveis de serem vislumbradas. Por exemplo, a medicina pode ser revolucionada porque, como as máquinas serão de moléculas, as mesmas poderão ser ingeridas ou implantadas nas pessoas sem problemas de rejeição. Pacientes vão poder consumir nano-robôs programados para atacar e reconstruir a estrutura molecular de células cancerígenas. Em computação, a nanotecnologia permitirá a criação computadores moleculares com dispositivos de armazenamento capazes de guardar trilhões de bytes de informações em uma estrutura tão pequena quanto se queira. Difícil é prever quando isso passará a acontecer, mas os cientistas acreditam que isso deverá ser realidade no próximo século. Um site interessante para se ter uma idéia do que vem a ser a nanotecnologia é o museu virtual de nanotecnologia da IBM (clique aqui).
Lá estão imagens das primeiras experiências de manipulação de átomos como a imagem que posto ao lado onde os cientistas controlam átomos de Xenônio em Níquel. Esta foi uma experiência pioneira desenvolvida por cientistas da IBM e é simbólica da pesquisa em nanotecnologia. Maiores informações podem ser consultadas no site howstuffworks(como as coisas funcionam) em sua versão brasileira (clique aqui).

terça-feira, 26 de junho de 2007

A Cultura do Compartilhamento

Tenho sempre mencionado que a web 2.0, mais que uma inovação tecnológica, se trata de uma nova forma de viver em sociedade. O motor desta mudança é a cultura do compartilhamento. O mais surpreendente é que até bem pouco tempo a cultura reinante era a da proteção do conhecimento. O compartilhamento se contrapõe a tradicional cultura simbolizada pela “Knowledge is Power - Conhecimento é Poder”. Esta expressão encarnou o sentimento das pessoas que se viam impelidas a proteger o conhecimento que tinham e agir conforme a popular expressão “escondendo o jogo”. Quem de nós não conhece alguém que não gosta de contar os segredos que fazem sua habilidade? Isto é particularmente comum no ambiente de trabalho onde a competição faz com que as pessoas se retraiam e se sintam inseguras em compartilhar seus conhecimentos. O mundo empresarial já tem a algum tempo tentado implantar a cultura de compartilhamento através da gestão do conhecimento. Livros e mais livros descrevendo as vantagens de compartilhar compartimento surgiram juntamente com métodos, técnicas e estratégias a serem implantadas com esse fim. No entanto, há outros sentimentos que se contrapõem a essa noção de esconder o jogo e que a cultura do compartilhamento na web naturalmente evidenciou. Primeiro, trata-se de uma forma de apresentação individual. As pessoas gostam de mostrar do que gostam, pois seus gostos representam o que elas são (ou pelo menos representam como gostariam de ser vistas). Por exemplo, quando alguém compartilha o seu gosto musical ou seu gosto literário, se trata de uma forma de se apresentar aos outros. O segundo sentimento é o de reconhecimento. As pessoas se sentem bem ao serem reconhecidas como sabedoras de algo. Todo mundo tem sempre uma habilidade particular que o faz diferente, orgulhoso e requer conhecimento. A web na forma atual é o mais puro exemplo de como todo mundo tem sempre algo a ensinar a alguém. Hoje qualquer que seja o assunto que se tenha interesse em pesquisar na web, há sempre alguém que disponibilizou algo sobre esse assunto na esperança que alguém um dia se mostre interessado. Vejo também uma motivação implícita de criar uma rede de interesses em comum. Parece-me que o inerente sentimento gregário do ser humano aflora. A vontade de fazer parte de um grupo que compartilha interesses em comum. Alguns exemplos da cultura do compartilhamento na web podem ser vistos nos seguintes sites. O compartilhamento de vídeo tem em YouTube (www.youtube.com) seu representante mais típico. Os blogs são representantes da noção de compartilhamento de textos. Se pode compartilhar transparências (slides) com SlideShare (www.slideshare.com) e fotos com Flickr (www.flick.com). O compartilhamento de músicas pode ser feito com LastFm (www.last.fm), pandora(www.pandora.com), blogmusik (www.blogmusik.net), bem como com os sites tipo Napster e Kazaar. Enfim, a verdadeira revolução da gestão de conhecimento esta em curso na web e sem necessidade de maiores convencimentos!

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Viva São João!

Da mesma forma que ocorreu com a Páscoa, quando me vi sem resposta aos sobrinhos e filhas quanto ao significado de alguns símbolos e costumes (veja aqui o texto sobre a páscoa ), tive dúvidas quanto a alguns símbolos das festas juninas. Aqui no Nordeste, elas formam as festas mais charmosas que conheço onde aflora toda a riqueza da cultura nordestina através das músicas, das comidas e das danças. Nada como a web para me ajudar a encontrar respostas às minhas dúvidas. A comemoração das festas juninas é herança portuguesa no Brasil, mesmo tendo sido acrescida por alguns costumes franceses. A quadrilha que é a dança típica da festa envolve uma série de passos inspirados nas danças da nobreza francesa e por isso os termos en arrière (para trás), en avant(para frente), tour (volta) e outros são “puxados” durante a dança. O mais interessante das festas juninas é que o folklore tipicamente brasileiro foi durante os anos gradativamente sendo construído através da alimentação com a mandioca, milho, jenipapo, o leite de coco e também nos costumes, como o forró e o boi-bumbá. O acompanhante tradicional das quadrilhas é a sanfona em substituição ao acordeon Francês. A fogueira, que é maior símbolo das comemorações juninas, tem suas raízes em um trato feito pelas primas Isabel e Maria. Para avisar Maria sobre o nascimento de São João Batista, Isabel acendeu uma fogueira sobre o monte. Hoje em todas as cidades no Nordeste, fogueiras são acesas no dia de São João e festas onde as quadrilhas são dançadas ocorrem durante todo o mês de Junho. Particularmente Campina Grande na Paraíba e Caruaru em Pernambuco são as que mais ativamente se dedicam a manter a cultura viva. As duas cidades nutrem uma sadia rivalidade para serem consideradas a mais festeira. O marketing das duas prefeituras demonstra o quão divertida é essa competição. Caruaru se orgulha de ter o maior São João do Brasil. Já Campina Grande considera que tem o maior São João do mundo! Vale a pena conferir.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Futurologia da Rede

Interessante como tem surgido vídeos no YouTube que visam prever o futuro da web e dos negócios no mundo virtual. Seguindo a linha do clássico Epic que já mostrei neste blog quando falei da Google(veja novamente clicando aqui), este vídeo tenta prever o que acontecerá em 2050. Enquanto ele ainda está por volta de 2010 ainda dá para acreditar, mas depois disso, é chute extremo. A idéia básica é de que macro fusões existirão como a da Google com a Microsoft e a da Amazon com Yahoo. Avatars, secon life e fim da televisão e da mídia impressa, tudo está no vídeo. Que salada! Mas não deixa de ser bem feito e criativo. Vejam o vídeo clicando na seta abaixo.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

O Relógio do Bush, Internet e TV

A estória que tomou conta de parte da mídia brasileira de que o relógio de Bush teria sido roubado na Albânia quando ele era recebido entusiasticamente é emblemática. Em uma só situação pode-se identificar dois aspectos da fragilidade da nossa mídia. Primeiro, trata-se da questão da veracidade da informação. O relógio foi mesmo roubado? Para os que assistem a Internet ao invés da televisão, essa dúvida não existiu. YouTube mostrou um outro vídeo feito pela NBC em ângulo diferente que mostra que Bush guardou o relógio no bolso. Talvez você consiga ver o vídeo da NBC aqui. Saiba que a NBC já solicitou ao YouTube para retirá-lo várias vezes. Isso é feito permanentemente (mas tem sempre alguém o colocando de novo). Em breve creio que ele estará disponível no site da NBC. Há também um vídeo da Reuters, embora não muito claro que dá indicações do momento em que Bush guarda o relógio (clique aqui para ir ao site da Reuters e ver o vídeo). Moral da primeira parte da estória: assista YouTube antes (ou ao invés) do telejornal ! Não saia correndo para ver os videos antes de ler o segundo aspecto da questão. Que importância tem a notícia do roubo a Bush para a sua vida? Quais sentimentos subliminares esse tipo de notícia desperta nas pessoas? Seria a “agradável e recompensadora” sensação de ver um todo poderoso sendo ludibriado? Trata-se de um exemplar típico de notícia de jornal sensacionalista tipo tablóide ingles que vive perseguindo as celebridades. O mais surpreendente é que parte da mídia “de qualidade” brasileira abordou o assunto de forma categórica. O Globo noticiou na sua primeira página! Quanta pobreza jornalística! É buscar público a qualquer preço e de qualquer forma. Fica fácil de compreender porque uma pesquisa recente realizada pela Harris Interactive e pelo Innovation International Media Consulting Group em 7 países - EUA, Inglaterra, França, Itália, Espanha, Alemanha e Austrália indica que a TV deve ser superada em 5 anos pela internet. Se percebermos o quão frágil é nossa mídia, a velocidade com que esta mudança vai acontecer aqui será ainda bem maior.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Apple e a Arte da Inovação

Talvez aqui no Brasil não se sinta tão claramente, como no resto do mundo, os efeitos dos produtos Apple. Primeiramente, ela lançou um micro que quase não chegou ao Brasil: o Macintosh. Inicialmente, surgido na época de reserva de mercado, ele nunca conseguiu recuperar o terreno perdido. Os produtos Apple se caracterizam pela qualidade estética e suas interfaces de interação amigáveis. Outro detalhe importante, os produtos Apple são mais caros do que os PCs, mas quem conhece os dois mundos é unânime em afirmar que o Mac é muito mais agradável e fácil de usar. A revolução Ipod também tem chegado devagar ao Brasil e muitas pessoas que possuem um tocador de músicas MP3, compraram de outra marca e não o original Ipod da Apple. Novamente a questão do preço do produto deve ter sido relevante. O mais novo lançamento da Apple, o telefone Iphone, e que muitos acreditam será um novo grande sucesso, talvez custe ao chegar no Brasil e quando chegar certamente terá preço bem salgado. Nesse contexto fica difícil compreender o quanto a imagem da Apple é reconhecida mundialmente como o grande símbolo de uma Empresa Inovadora. Mas é exatamente isso que ocorre atualmente. Para se ter uma idéia disso, basta dar uma lida no hebdomadário The Economist que, soube pelo blog do Renato Cruz, dedicou sua reportagem de capa desta semana a Apple e a compreensão dos fatores que a fazem inovadora. Em resumo, a revista considera que os fatores de sucesso da Apple estão ligados ao fato de que i) comprou boas idéias e criou uma grande rede de inovação com parceiros externos; ii) desenvolveu produtos que buscaram a simplicidade; iii) não ficou obcecada por pesquisas de mercado, pois percebeu que o consumidor sabe dizer o que quer hoje mas não o que vai querer amanhã e; iv) aprendeu com os próprios erros, tolerando-os e evoluindo as idéias. Certamente, esses conceitos gerais talvez não sejam os únicos a serem considerados, mas são um bom indicador de como pensar em inovação. Particularmente, acho que há outro fator importantíssimo no processo criativo e inovador da Apple: o próprio Steve Jobs. Difícil dissociar o sucesso da Empresa de Jobs da sua forma empreendedora de ver os negócios. Quando estava na Califórnia, conversei com um amigo que tinha trabalhado na Apple que me disse que não era fácil trabalhar com Jobs. Ele era obcecado por qualidade. Participa ativamente de todos os projetos da Empresa e todos os produtos têm sua contribuição. Ele descobriu mais cedo do que os competidores que há um aspecto fundamental em um produto ou serviço e que embebeda o consumidor: o aspecto estético. Todos os produtos Apple possuem o algo mais que provoca amor a primeira vista. Os americanos chamam isso de fator Wow! (Uau!) referindo-se a expressão de espanto e entusiasmo quando o consumidor vê o produto e gosta. Isso já era antigo para grande parte da indústria, mas no setor de tecnologia nunca tinha sido levado tão a sério como Jobs tem feito. Uma leitura sobre o aspecto emocional do usuário quando acessando um serviço ou produto pode ser visto no livro Emotional Design de Dan Norman (clique aqui se quiser mais detalhes sobre o livro). Para acessar a matéria diretamente no site do The Economist clique aqui )

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Bicicletas em Paris e a Cultura Ecológica

No dia 15 de Julho, dia de festa da queda da Bastilha, Paris estará começando um programa revolucionário de transporte urbano. A idéia é encorajar o uso da bicicleta para reduzir emissões de gases e reduzir os congestionamentos. A cidade estará colocando 20.600 bicicletas à disposição para aluguel de moradores e visitantes. A Empresa JCDecaux fornecerá todas as bicicletas e construirá as estações de retirada e devolução das mesmas. Ela fará um investimento de 155 milhões de euros e empregará cerca de 290 pessoas para operar o sistema. Todo o dinheiro arrecadado com o sistema será da cidade de Paris além de uma taxa de 4,3 milhões que a JCDecaux irá pagar anualmente. O contrato tem validade por 10 anos e em troca, a cidade dará a Empresa o direito de explorar os 1628 espaços públicos de outdoors. Cerca da metade desses espaços poderão ser usados pela cidade sem nenhum custo. Não posso entrar no mérito dos valores do contrato, pois não tenho base para avaliar se o mesmo está no preço ou não. O que mais me fascina são a riqueza da cooperação e a organização da cidade. Este tipo de iniciativa deve servir de exemplo para nossos governantes. Há vários aspectos que poderíamos aprender. Primeiro, devemos perceber que quando se tem uma política reguladora de uso do espaço urbano para anúncios, este passa a ser valorizado tratando-se de uma excelente moeda de troca do governo. O segundo aspecto a se aprender refere-se à forma escolhida para implementar uma política que incremente a cultura e educação ecológica. Creio que com essa medida, mais do que a quantidade de gás que deixa de ser emitido, se consegue acima de tudo envolver o cidadão no processo de preservação do meio ambiente. Isso é algo muito mais perene e que tem um valor agregado à cultura da cidade. Finalmente, trata-se de uma medida de impacto turístico. A cidade, que já é mundialmente admirada, passará a ter seus espaços urbanos ocupados por pessoas em maior número do que carros e passará a ser explorada pelos turistas de uma forma bem mais pitoresca.

sábado, 16 de junho de 2007

Divertimento para o Fim de Semana com a Guerra dos Sexos

Esta propaganda do Jornal Inglês The Mail que descobri no site bluebus abordando o recorrente tema da diferença de gostos entre homens e mulheres é extremamente criativa. Uma guerra dos sexos bem divertida. Clique abaixo na seta para ver o video.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Telenovelas: Realidade ou Ficção?

Telenovelas têm uma enorme penetração nos lares brasileiros e o debate se elas acabam por induzir comportamento ou se são somente reflexo dessa sociedade será sempre vivo. Sou extremamente crítico quanto ao papel das telenovelas na nossa sociedade e tenho uma enorme dificuldade em não atribuí-las parcela relevante de nossa pobreza cultural e de valores. Em particular, o fato de produzir comportamento padronizado com ênfase em liberdade sexual, desvalorização da família e foco em valores ligados ao ter são só alguns exemplos. Em função do alto grau de penetração da televisão, as telenovelas conseguem atingir um público muito variado e a forma como as pessoas internalizam as mensagens que elas veiculam está longe de ser compreendida no País. Alguns otimistas acreditam que a população tem a capacidade de discernir a realidade da ficção e, por conseguinte essa influencia comportamental teria pouco reflexo no cotidiano das pessoas. Vamos supor que isso seja verdade (o que particularmente, não acredito). Tenho percebido que de uns tempos para cá os autores de telenovelas estão optando por inserir nas estórias campanhas educativas e outras atividades reais com o objetivo claro de inserir realidade na ficção. Para compreender a que nível chegamos, li em um jornal de grande circulação que Marcílio Moraes, autor de "Vidas Opostas", maior audiência da Record, convidou o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB), e o prefeito César Maia (DEM) para participarem de um debate sobre a descriminalização das drogas na novela. Estes fatos me parecem caracterizar um aspecto extremamente pernicioso que já vinha se materializando há algum tempo nas telenovelas. Eles dificultam a percepção do que é real e do que é ficção. Atribuir uma função educativa (que normalmente vem de uma forma muito superficial e carregada de clichês) às telenovelas me parece colocar munição real onde deveria haver festim. Como o inconsciente popular reage a essas mensagens? Elas não estariam adquirindo cada vez mais credibilidade na mensagem que se veicula na tela? Não estaria se aumentando o grau de manipulação das pessoas? Não quero ser acusado de estar vendo teoria da conspiração e assim dizer que há um movimento voluntário para se fortalecer a televisão como instrumento de manipulação de massas. No entanto, é exatamente a isso que estamos sujeitando nossa sociedade. Precisamos acordar.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Esses Divertidos Jogos Japoneses

Interessante como os japoneses são criativos para fazer jogos. Não é a toa que os videogames e outros joguinhos eletrônicos são produzidos por empresas gigantes nipônicas. Agora, a recente onda que encontrei na Internet de imitar o estilo Matrix é acima do que eu podia esperar. Não há nada de eletrônico, muito pelo contrário. Para quem não sabe, Matrix é um filme de ficção científica futurístico onde cenas de combate são marcadas por saltos, vôos e golpes espetaculares usando-se modernos recursos visuais e que quase sempre são executados em câmera lenta. Isto acabou por virar uma marca do filme e que tem sido usada em outras produções. Na verdade, creio que este recurso se baseia em filmes de artes marciais tipo Bruce Lee, daí o interesse dos japoneses em reproduzir essas cenas. Vejam os dois filmes que encontrei no YouTube. O primeiro simula uma partida de tênis de mesa e o segundo um jantar nada convencional (atente para o fator de re-enrolar a fita!). Trata-se de um trabalho em equipe formidável e que exige certamente muito treinamento.

Ping Pong em Estilo Matrix


Jantar Japonês em Estilo Matrix

terça-feira, 12 de junho de 2007

Novos Livros !

Estou atualizando, ao lado, minha lista de sugestões de livros. Estou novamente tentando relacionar livros diversificados muito embora tenha lido recentemente muita coisa ligada a Internet e assim tenha tendencia a sugerir temas que lhe sejam relacionada. Os livros são os seguintes: The Wealth of Networks de Yochai Benkler , Linked de Laszlo Barabasi, The Wisdom of Crowds de James Surowiecki e Futebol: O Brasil em Campo de Alex Bellos. Novamente, peço ajuda para os que conhecem a versão em português dos livros em inglês.
Em The Wealth of Networks, Yochai Benkler faz uma análise de como a sociedade atual sofre impacto com a Internet. Suas análises quase sempre se direcionam para o aspecto legal visto que sua especialidade é o Direito. Questões como direitos autorais e patentes são detalhadamente abordadas. Foi certamente um dos livros mais interessantes que li nos últimos anos. Um verdadeiro tratado sobre a Internet e, em particular, a web 2.0, como vetor de mudança social.
Outro livro com temática semelhante é The Wisdom of Crowds. Nele o cronista do The New Yorker James Surowiecki desenvolve a idéia de que a sabedoria das massas é maior do que a de poucos iluminados. Este fenômeno é particularmente acentuado na era Internet e deve impregnar os negócios e as relações sociais no futuro. Em uma prosa leve e divertida ele trata de aspectos sociológicos nada simples com alto poder de convencimento.
Linked de Lazslo Barabasi foi o livro que me introduziu ao que é chamado por alguns hoje da ciência das redes. Desde então me apaixonei pelo tema e venho inclusive usando muito dos conceitos dessa ciência em minhas pesquisas. Basicamente,o que atenta o livro é de que há uma topologia de redes que se repete em diferentes fenômenos da natureza. Essa topologia é muitas vezes chamada de “Small World – Mundo Pequeno” porque mostra que mesmo em redes gigantescas, com muitas conexões, o diâmetro da rede (o caminho entre dois pontos quaisquer ) é pequeno. Vou dedicar um texto em breve somente para esses conceitos.
Em Futebol o Brasil em Campo, o jornalista inglês do The Guardian, faz uma análise interessantíssima da paixão brasileira pelo futebol. Trata-se de um olhar externo a uma das características mais acentuadas em nossa cultura: o amor pelo futebol. Há descrições de situações representativas e cômicas de personalidades do futebol brasileiro como Garrincha, mas há também descrições inusitadas de atores desconhecidos como os peladeiros da Amazonia.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Teresina Fresca!

Estive esse fim de semana em Teresina, capital do Piauí. A certeza de ter uma recepção calorosa de Thaís e Murilo já existia, mas confesso (com perdão do trocadilho) que existia outro calor que me prendia mais a atenção. Para minha feliz surpresa o clima estava muito agradável, nos mesmos níveis de Fortaleza, o que me permitiu passear mais do que normalmente faço. Com o clima ameno pude explorar uma das coisas que mais me entusiasma na cidade: sua riqueza de artesanato. Há muitas iniciativas criativas com o uso de materiais diversos dentre os quais a que aprecio mais são os tapetes feitos a base de palha de taboa. A taboa é uma espécie de capim alto dos brejos que cresce rápido e que pode dar até quatro cortes por ano. Ela é usada na fabricação de esteiras, tapetes e outros trançados. Outra iniciativa que conheci e que me fascinou foi a de artesãos com argila nas margens do Rio Poti. Trata-se do centro artesanal Poti Velho, ponto histórico de nascença da cidade, onde artesãos criam peças decorativas usando argila de diferentes cores. As peças produzidas impressionam pela beleza, criatividade e diversidade. É incrível como algumas peças se assemelham com peças de madeira que conheci recentemente em visita ao Havaí. Tive oportunidade de conversar com artesãs que fazem parte de uma cooperativa denominada Mulheres do Poti. São cerca de 25 artesãs que estão aprendendo a fazer negócio e que começam a divulgar seus trabalhos em outros Estados do Brasil. Perguntei sobre a possibilidade de fazer negócios com o exterior, mas elas disseram que ainda não têm planos para isso embora já tenham contactado o Banco do Brasil para saber sobre um programa de exportação. Conheci ainda outras iniciativas artesãs com o uso do couro na produção de bolsas e sacolas. Uma característica básica de todas essas iniciativas trata-se de que as mesmas começam a ter desenhos feitos por designers profissionais o que agrega valor ao produto final. É evidente o potencial de desenvolvimento artesanal o que, aliás, é realidade em vários estados nordestinos. O que me parece faltar é a capacidade de fazer essas iniciativas se tornarem auto-sustentáveis e virarem um negócio lucrativo. Acima de tudo, esse fim de semana me fez perceber o quão malvado é o estigma que carrega Teresina em função de seu clima extremo. Isso nos impede de conhecer melhor seu povo e nos faz desconhecer suas potencialidades latentes.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Inimigo Cearense Número Um: Petrobrás. Você Acredita?

Desde quando estava nos EUA ano passado tentei me inteirar sobre o engodo da criação de uma Siderúrgica no Ceará. Por diversas vezes pensei em escrever algo, mas percebi que não tinha informação suficiente sobre o assunto que me permitisse formar uma opinião. Achava muito estranho essa unanimidade de que o problema era uma “má vontade” da Petrobrás com o Estado do Ceará. Essa má vontade passou a ser considerada, de forma cada vez menos velada, conseqüência de um lobby de empresas brasileiras do setor do aço contra a nova siderúrgica. Tenho um hábito que, admito ser negativo em algumas circunstâncias, de desconfiar de unanimidades. O que, aliás, aflorou facilmente nesta situação. Decidi esperar minha volta para colher mais informações antes de me posicionar. Passados dois meses de meu retorno, percebo que não conseguirei me abastecer com mais alguma informação útil, pois o debate racional foi para o espaço e mesmo alguns setores da imprensa mais questionadores perderam a capacidade de refletir sem emoção. Sendo assim vou tentar sintetizar minha compreensão do problema e sobre qual que deveria ser o ponto focal da discussão. Primeiramente, queria enfatizar que não tenho informações técnicas detalhadas sobre o assunto e assim vou tentar refletir sobre o tema de forma genérica. Minha compreensão é que para que a siderúrgica aconteça no Ceará, a Petrobrás terá que ter um prejuízo a título de subsídio ao empreendimento (vou me abstrair do valor do prejuízo). Esse subsídio se dá no preço do gás que terá que ser usado pela siderúrgica. Não tenho como discutir se os resultados esperados com o empreendimento justificam o investimento e os subsídios. Vou assumir que isto é verdade. O que considero a essência do problema e assim queria concentrar a discussão é o seguinte: é função de uma empresa estatal de capital aberto com ações negociadas em bolsa de valores e que deve resposta a seus acionistas bancar um prejuízo em um empreendimento específico de um Estado? Minha opinião é de que há argumentos prós e contras suficientemente convincentes para qualquer que sejam as respostas escolhidas. Trata-se claramente de um caso em que os prós e contras dependem da ideologia e da política que um governo considera qual deva ser o papel das empresas públicas e da administração pública em geral. Governos mais nacionalistas normalmente consideram que essa é sim uma missão de uma estatal, mesmo que um prejuízo financeiro pudesse impactar em suas ações na bolsa. Governos mais liberais (em termos econômicos) normalmente não considerariam essa missão como sendo prioritária para uma estatal com capital aberto. O primeiro grande problema nessa estória toda é que não sabemos muito bem qual a ideologia reinante atualmente no Brasil (e nem se há alguma). O segundo problema, que me parece mais relevante, é que o País não tem uma política de desenvolvimento regional. É exatamente ela que está faltando no caso em questão. Trata-se de uma situação em que o governo federal, em concordando com o empreendimento (como as declarações do Presidente parecem indicar), poderia criar mecanismos externos a Petrobrás para fornecer o subsídio. Da mesma forma que o governo do Estado criou mecanismos para fornecer os subsídios o governo federal poderia fazê-lo. Na falta dessas políticas, elegeu-se a Petrobrás como a responsável por executá-las. Não creio que esse aspecto seja de desconhecimento da classe política. No entanto, me parece que eleger o governo federal como o grande vilão da estória não lhes é estrategicamente interessante. Há sempre a esperança de que o governo venha em socorro. Além disso, alguns políticos não consideram conveniente escolher como inimigo um alvo tão poderoso e decidem assim escolher outro alvo. Isto tem um lado por demais negativo que é o de criar esse sentimento de rejeição da população cearense a uma Empresa que representa todos os brasileiros. Enfim, o retrato atual é de um governo federal que teria por obrigação apresentar propostas para essas questões e que age como se não fosse um problema de sua responsabilidade e ainda pode aparecer como o salvador da pátria.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

As Torcidas Organizadas e a Violência

O comportamento agressivo das torcidas organizadas em jogos de futebol foi mencionado em um comentário anônimo feito neste blog sobre o texto Ações concretas para reduzirmos o crime (clique aqui para acessar o texto). Trata-se de uma ilustração triste do momento crítico em que chegou nossa sociedade com os tecidos sociais esgarçados. Concordo plenamente com os comentários feitos e queria fazer uma referência a um livro que aborda essa questão e que, de uma forma geral, analisa a sociedade a partir do comportamento das torcidas de times de futebol. O livro “How soccer explains the World” (Como o futebol explica o mundo), do jornalista e editor do New Republic e do New York Magazine, Franklin Foer, busca analisar o comportamento das torcidas de times de futebol como um reflexo de uma tensão latente na sociedade. Muito embora em seu livro não se tenha uma clara explicação de como o futebol explica o mundo (creio que o título acabou ficando muito ambicioso), ele fornece muitos exemplos bem informativos. Casos como o das torcidas do Estrela Vermelha e do Partisan de Belgrado são exemplares. A guerra da Iugoslávia começou bem antes nos estádios de futebol. Os torcedores iam a campo para matar os torcedores adversários. Os exemplos das torcidas de equipes inglesas, em particular dos escoceses, onde a divisão religiosa se faz presente é outro caso indicativo. Outros exemplos no mundo todo são usados para mostrar o quanto esses comportamentos são indicadores de uma doença na sociedade e de que a mesma pode ter efeito devastador para a unidade da mesma. Creio que deveríamos olhar como muito mais seriedade para esse fenômeno no Brasil, pois o problema já está em proporções alarmantes. O nível de brutalidade e violência nos estádios (e em seus arredores) é um reflexo claro do caos moral e social que vive uma parte da juventude brasileira que participa de torcidas organizadas. Fica patente ainda de que há uma enorme omissão das autoridades que não têm coragem de enfrentar o problema de frente e que deixam reinar o clima de impunidade. Urge a imposição de sanções severas aos envolvidos em violências e depredações do patrimônio público. No entanto, creio que a penalização dos times de futebol também é fundamental. Creio que devem ser perseguidas medidas tipo as que a Confederação Brasileira de Futebol (CPF) tomou punindo com a perda do mando de campo para times que têm torcedores que jogam objetos em campo. Essas medidas têm o poder de gerar o que tanto tenho defendido em diversos textos deste blog: o efeito contágio por auto-regulação social. Trata-se de trazer a grande maioria de torcedores que se comporta civilizadamente em um estádio para serem os zeladores da ordem e civilidade. Eles sabem que comportamentos desviados podem prejudicar o clube que torcem e agem coletivamente para que isso não aconteça. É um bom exemplo de como o efeito auto-regulador social pode reduzir a violência e a delinqüência.

terça-feira, 5 de junho de 2007

Steve Jobs em Stanford

Steve Jobs é o fundador da Apple (a companhia do Macintosh e do Ipod, somente para mencionar alguns de seus produtos). Ele personifica exemplarmente o espírito empreendedor do Vale do Silício. A Apple tem se demarcado pela capacidade de inovar e de se superar quando enfrenta momentos difíceis. O que é interessante é que a competição entre Apple e Microsoft, é muitas vezes representada como uma competição entre Jobs e Bill Gates. Recebi recentemente de meu aluno Carlos Gustavo um discurso de Jobs numa cerimônia de colação de grau em Stanford. Postarei o discurso em dois vídeos. Achei o discurso um pouco melodramático e demasiadamente eclético. Mas é impossível reconhecer o valor de Jobs e suas palavras têm o peso de quem fez e tem feito acontecer. Em seu discurso, ele apela sempre que possível para o sentimento empreendedor que é a marca de Stanford e do Vale do Silício. Não deixa de dar uma alfinetada na concorrência dizendo que sem as idéias da Apple poderíamos não ter tido os computadores de hoje. O que mais gostei no discurso é quando admite que não conseguia ver razão em algumas coisas que precisava estudar quando estava na Universidade, mas, depois, com experiência, foi conseguindo “ligar os pontos”. Vejam os vídeos legendados abaixo e cheguem a sua conclusão.

Parte 1


Parte 2

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Interagindo com Mesas Digitais

Vejam esse vídeo que mostra como as pesquisas feitas na Microsoft podem ter uma qualidade indubitável. O vídeo descreve o surface (Superfície, em inglês) um novo paradigma computacional com vários aspectos inovadores. Trata-se de um computador que mais parece uma mesa ou mesmo uma parede. A interface permite a interação direta de muitas pessoas ao mesmo tempo. Mas o ponto alto mesmo é a interação do computador com outros dispositivos como uma câmera fotográfica e com um telefone. Esses equipamentos só precisam ser colocados no surface e através de comunicações sem fio a interação entre eles é automática. Por exemplo, basta colocar a máquina fotográfica no surface que as fotos lhe são transmitidas automaticamente. O surface possui ainda um sistema de câmeras embutidas que permite reconhecer o objeto que está sendo colocado na sua superfície. É interessantíssimo. Agora, quando isso vai se tornar realidade e entrar no mercado continua uma incógnita. Veja o vídeo clicando na seta abaixo.

sábado, 2 de junho de 2007

Reconhecimento Automático de Faces Está Se Tornando Realidade

A Secretaria de Segurança do Estado do Ceará (SSPDS) fez a aquisição de um sistema de computador que realiza reconhecimento facial. Essa tecnologia permite que se encontre automaticamente em um banco de fotos uma determinada pessoa a partir do fornecimento de uma foto desta pessoa. Isso é particularmente útil para a polícia, pois pode ser usada em conjunto com um retrato falado. Por exemplo, será possível fazer um retrato falado de um criminoso e o sistema consultará na base de fotos de criminosos da SSPDS se há alguém que se parece com aquele retrato. Outro exemplo do uso de reconhecimento fácil é o que está começando a ocorrer em São Paulo onde o sistema também foi adquirido. Trata-se de um projeto para controlar acesso de pessoas em jogos de futebol. A idéia é identificar e reconhecer, através de câmeras nos estádios, os baderneiros para poder responsabilizá-los. As torcidas organizadas estão sendo obrigadas a cadastrar seus torcedores para o recebimento de um cartão eletrônico e neste momento a foto do torcedor também será tirada. Assim um banco de fotos poderá ser acessado nos estádios pela Polícia em caso de violência e alguem que está envolvido em uma confusão pode imediatamente ser identificado. A tecnologia de reconhecimento fácil está virando realidade e outro exemplo disso me foi recentemente alertado por Leonardo Ayres um aluno meu de mestrado. A Google fez recentemente a aquisição da empresa Neven Vision. Esta Empresa tem um produto para reconhecimento fácil que permite fazer uma busca na web por imagens. Testem o funcionamento do sistema da seguinte forma. Acesse o Google images (http://images.google.com/imghp?tab=wi&ie=UTF-8) e experimente buscar imagens do filme Lord of the Rings usando como argumento da busca somente o título do filme. Vejam que várias imagens relativas ao filme são trazidas. Agora acrescente ao final do endereço desta consulta o seguinte comando “&imgtype=face” . Veja que o resultado só contempla imagens relativas ao filme em que estão presentes rostos de pessoas. O reconhecimento fácil permite categorizar automaticamente as imagens que possuem a forma de faces. Essa tecnologia ainda não está oficialmente liberada pela Google, mas deve estar disponível em breve.