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terça-feira, 7 de agosto de 2007

O Estereótipo Informático Que Afugenta as Mulheres

Como já mencionei em textos anteriores, boa parte dos países ocidentais passa atualmente por um fenômeno de falta de profissionais em informática. Em particular, quero focar em um aspecto que considero ser um dos fatores indicativos dessa carência: o pouco interesse das mulheres em seguir a carreira de informática. Recentemente li um artigo no Jornal francês mensal Le Monde Diplomatique que discorria exatamente sobre esse assunto no contexto francês. Os sintomas e diagnósticos por aquelas terras são bem similares ao que passamos aqui. O artigo foi escrito pela pesquisadora em educação da Universidade de Paris-X (Nanterre), Isabelle Collet, que escreveu o livro “L´informatique a-t-elle um sexe? Hackers, Myths et Realités – A informática tem um sexo? Hackers, Mitos e realidades”. A autora rejeita uma explicação superficial de que as mulheres gostam de humanas e os homes de exatas e assim busca compreender mais profundamente os porquês desta realidade. Ela decidiu olhar para o problema pela ótica das razões que fizeram, depois dos anos 80, os homens ficarem muito mais apaixonados pela informática. Em resumo, ela observou que a microinformática e depois a internet ajudaram a criar um estereótipo do hacker, não somente no sentido de pirata de software, mas daquele profissional que se encastela no computador desenvolvendo programas e fica meio alienado. Essa imagem não casa com o perfil feminino o que as leva a ignorar a possibilidade de seguir a profissão. Ela observa ainda que o mais surpreendente é que mesmo com o uso das ferramentas da web 2.0 que privilegiam interação e redes sociais, com as quais as mulheres se identificam fortemente, este estereótipo persistiu. No entanto, ele não é representativo da realidade da profissão. Estima-se que somente trinta por cento dos profissionais de informática sejam programadores e ainda assim programadores, tipo hackers, não são a maioria e tão pouco privilegiados pelo mercado de trabalho. Trata-se de uma imagem mística, meio heróica e que seduz a alguns (mas não as mulheres). Em uma pesquisa realizada entre estudantes franceses universitários dois terços das mulheres disseram não saber o que é o trabalho de um informático(a). Perguntado sobre se escolheriam Informática por profissão, responderam em grande parte que “ ... não me vejo passar toda a jornada de trabalho falando de RAM, circuitos e de máquinas. Prefiro me ocupar com gente”. E o que é pior, muitas disseram que a informática não lhes interessa de forma alguma, sem nem mesmo saber precisar a razão (Isabelle Coiret acredita que elas não se interessam por uma profissão em que as pessoas que lá estão não são parecidas com elas. Já seria assim o efeito de uma conseqüência). Na verdade a Informática está longe de ser uma profissão onde as tarefas individuais e repetitivas prevalecem. Há muito espaço para trabalho em equipe, multidisciplinar e que impõe desafios e renovações constantes. A solução seria buscar reduzir os efeitos deletérios do estereotipo do hacker e fornecer maiores informações da variedade de atividades que pode ter um profissional de informática. Há inclusive ainda outras características que poderiam ser atrativas às mulheres. O trabalho é desenvolvido em ambientes agradáveis, limpos, não exige força física e pode, de mais em mais, ser realizado em casa. Acredito que as análises no contexto francês podem servir de insumo para o governo brasileiro em todos os seus níveis. A questão da falta de profissionais em um setor tão dinâmico como a Informática é estratégico para o País. Não se pode imaginar que há como participar desta batalha sem a contribuição feminina.

Um comentário:

jedson disse...

e mesmo as mulheres podem ser ultil como um suporte para os homens huauhauh ja que nao são tão apaixonadas pelo computadoor...e foda mesmo na unifor quase nao tem mulher =~[ as salas ficam meio paradas nao tem aquele brilho extra nas perguntas ou opiniões ...outra solução e colocar o perfil verdadeiro do profissional de informatica em alguma novela( o pais so tem olhos para isso)...rapazzz a unifor iria encher de mulherrrrrrr!!!! auhaauhauh