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quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Soluções Milagrosas para a Segurança Pública

Instigado a posicionar-me sobre a questão da Segurança Pública por comentários de Menezes (veja os comentários clicando aqui) sobre o texto “ O Debate Repressão vs Prevenção”, decidi reproduzir parte de um texto que já tinha escrito em março sobre o tema. “Quando se começa a penetrar um pouco no problema das Polícias vê-se que não há solução a curto prazo e não há mágica. Creio que o que vivemos na economia há pouco tempo nos faz pensar que podemos conseguir um plano real para a Segurança. Isso não é possível. Acredito que reformas em leis específicas como a que versa sobre a estrutura das Polícias Militares devem ser perseguidas. O estatuto da criança e adolescente deveria sofrer melhorias para tratar situações de barbáries praticadas por adolescentes, por exemplo. Mas deixemos de pensar que mudança de lei ou plano de gabinete será a panacéia para os problemas que vivemos” (clique aqui para acessar o texto completo). E o que fazer então? Decididamente, só ficar discutindo não vai resolver o problema, embora debates com a sociedade permitam ver o problema sobre as diferentes óticas que ele requer. Como já tinha dito antes, desculpem-me os ansiosos por receitas mágicas se os decepciono, mas não as conheço até porque não acredito que existam. Neste texto vou me concentrar em ações estruturadoras que também costumo chamar de estratégias de gestão. A primeira estratégia é realizar ações integradas, pois as mesmas permitem potencializar o resultado de ações individuais. Isso exige uma capacidade de planejar ações transversais envolvendo diferentes setores e diferentes esferas de poder. Em particular, a integração entre as polícias é pré-requisito para o sucesso da ação policial, principalmente em se rtatando de investigação e inteligência policial. A outra estratégia é, ao invés de priorizar novos projetos e planos com slogans que divulgam soluções imediatistas, priorizar as experiências bem sucedidas. Mudanças de comportamento requerem tempo e a continuidade é a única forma de obtê-las. A terceira estratégia é criar um ambiente de constante renovação nas instituições com rigoroso processo de recrutamento, seleção e treinamento. O perfil do policial que queremos está bem distante da grande massa de policiais que hoje está na ativa. O grande problema é que nossa história tem mostrado que estamos seguindo uma direção inversa. Nossas instituições estão cada vez mais enfraquecidas fruto de pouco investimento, baixo índice de renovação, falta de planejamento e baixíssima continuidade. Em um recente debate durante o fórum de Segurança Estadual, uma líder comunitária pediu a palavra e com toda sua humildade fez uma pergunta simples, mas que ecoou muito fortemente: “Porque a gente tá sempre começando do zero?”. Ela disse que já tinha participado de reuniões como aquela e que muitas das idéias que estavam sendo propostas já eram conhecidas. Pior, muitas das idéias já tinham funcionado em algum momento e simplesmente deixaram de ser realizadas. Costumo dizer que temos a capacidade deletéria de estragar idéias ao não conseguir implantá-las com continuidade. Já escrevi sobre o que penso da nossa incapacidade de fazer acontecer (leia o texto aqui ). Acho que em se tratando de Segurança Pública isso está bem evidenciado. Em resumo, precisamos atacar nossas deficiências gerenciais e políticas que nos impedem de efetivamente implantar as medidas planejadas, participativamente ou não, de forma que as mesmas se tornem perenes e imunes as mudanças de humor dos governantes. Infelizmente, como isso tudo se faz basicamente com investimento em pessoas, requer tempo.

5 comentários:

Hildeberto Mendonça disse...

Gostei do termo "estratégias de gestão". Soa muito bem.

Anônimo disse...

caro vasco,

Gostei do " estamos sempre começando do Zero".

Ouvir alguns governantes dizerem que certo projeto é de Estado e não de Governo parece uma utopia. Enquanto não tivermos uma consciência de Estado teremos sempre projetos de governo.

Anônimo disse...

e temos que valorizar a profissão de policiais de modo que todos eles tenham prazer em vestir a farda...o que acontece muito vezes em organizações publicas e os funcionários vem aquilo como uma necessidade para sobreviver não tem prazer em executar tarefas para o estado...e necessario melhorar a "imagem" do estado afim de obter uma integração maior entre organizações publicas...uma das melhorias que poderia ser feita e a redução da burocracia e tambem um agilização no setor judiciário pois um setor judiciário ineficaz atrapalha e muito o trabalho policial... agilização que me refiro e na aplicação de leis e também questões de processo penais...

Vasco Furtado disse...

Luis,
fundamental sua diferenca entre estado e governo. Em particular, Seguranca Publica eh que eh mesmo coisa de Estado.

jedson disse...

o dificil e como fazer....