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segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Retrospectiva 2007 I

O hábito das mídias convencionais de realizar uma retrospectiva ao final de um ano acabou gradativamente fazendo crescer em mim o interesse em realizar uma retrospectiva do que escrevi no blog este ano. Na verdade fazer uma retrospectiva de textos escritos e que estão acessíveis a todo instante não me parecia algo muito óbvio. Veio-me então a idéia de escrever um meta-texto (!?). Em computação se usa freqüentemente o termo meta para definir uma forma de recursão de um conceito. Ou seja, um meta-texto é um texto sobre textos. Tentarei refazer a estória do blog descrevendo os momentos e motivações dos textos que escrevi (evidentemente, não de todos). Deu-se assim um texto pleno de links aos textos originais, mas que, espero, seja por si só compreendido. O texto possui três etapas que representam a cronologicamente os momentos vividos na Califórnia (até Abril), os momentos de adaptação no retorno (até Outubro) e os momentos atuais. Vamos começar. A aventura californiana foi-me uma experiência marcante onde pude vivenciar o espírito empreendedor dos que vivem no vale do silício. Muito desse empreendedorismo é voltado a Web e acabei virando um Web-holic (algo como viciado na web). No momento californiano comparações com a realidade brasileira me vinham sempre a cabeça (ensino, solidariedade, valores, corrupção, patriotismo, foram motivos de reflexões, muitas vezes, comparativas. Ao se estar longe e vivendo em um outro contexto pode-se mais facilmente perceber algumas coisas negativas que fazem parte do cotidiano brasileiro e que nos passam despercebidas quando se está aqui. A televisão, em especial as telenovelas, bem como a questão da censura são exemplos de assuntos que sempre estiveram em meus textos. Segurança Pública logo se tornou um dos temas majoritários de reflexão. No final de fevereiro e começo de março escrevi nove textos sobre esse tema (introdução , Diagnóstico, Plano real da Segurança, Quem Vai Fazer a Segurança, E Porque Já Não Fizeram , A Consultoria Bratton , Metodologia Bratton, Compreendemos Porque Precisamos de Um Sistema Prisional Melhor? e Impunidade exemplar ). Lembro-me bem de meu estado de espírito ao escrever esses textos. Estava movido por um imenso desejo de voltar ao Brasil e contribuir com a Segurança Pública. Meus estudos na Califórnia, além da Web, tinham se voltado para a questão e sentia que estava adquirindo um conhecimento teórico que se aliava com a minha prática vivida. O convite para participar do Fórum Brasileiro de Segurança foi outro fator que fortaleceu esse sentimento. Os nove textos são uma mescla de histórias de minhas experiências com algumas constatações advindas dessa vivência. Março foi o mês que mais produzi textos. Foram 26 ao todo (quase um por dia). Além da segurança, a tecnologia começou a ocupar espaço não só com a Internet mas com as novidades vivenciadas em Stanford. Tive tempo ainda para falar de uma das atividades que mais me dá nostalgia: a leitura de bons livros. Estava freqüentemente caçando novidades nas livrarias e pude comentar brevemente vários livros excelentes que li. Não posso deixar de mencionar que o mais interessante dos livros é The Wealth of Networks. Abril estava chegando e a hora de voltar ao Brasil também. A expectativa da volta e o sentimento de agradecimento aos amigos que deixava formaram os momentos mais emotivos do Blog. Aqui considero que se fechou um momento de minha vida em 2007 e conseqüentemente do Blog. Esse momento foi marcado pelo entusiasmo com o vale do silício, com a aprendizagem que foi contínua durante esse tempo e com a expectativa de poder fazer “algo diferente” ao voltar ao Brasil. Essa expectativa vai marcar a segunda etapa do blog e que descreverei em um próximo texto.

sábado, 29 de dezembro de 2007

Final de Ano com Jazz

Estou renovando a rádio personalizada ao lado e voltando ao jazz com o estilo Grover Washington Jr. Infelizmente falecido em 1999, ele foi, com seus arranjos e com seu sax, um dos responsáveis pelo aparecimento de um estilo jazzístico chamado Smooth Jazz (no Brasil já vi chamarem de jazz contemporâneo). Trata-se de arranjos com vários instrumentos, improvisações e inserções de pop, soul e até rock. Algumas vezes criticados por músicos mais afeitos ao jazz tradicional, o smooth jazz teve artistas com grande reconhecimento do público como George Benson, David Sanborn, Bob James e, um de meus favoritos, Spyro Gira. Abaixo posto ainda um gravação que achei no YouTube de uma versão fantástica de Take Five imortalizado por Dave Brubeck. Já tinha postado este monstro do Jazz tocando com seu conjunto esse clássico. Grover Washington se superou. Fez um arranjo super moderno e inseriu um coro que chamou Take Another Five. Infelizmente não achei um vídeo, trata-se somente da gravação sonora da música, mas dá para fazer uma comparação com a versão original que postei aqui . Take vários Five !

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Onde Está a Transparência no CNPq?

Embora ainda sinta a existência de um estereótipo de que cientista é acomodado e só quer fazer pesquisa na Universidade, creio que isso vem mudando nos últimos anos. Na verdade, a profissão de cientista/pesquisador sempre foi uma das mais competitivas do mundo. O conceito de globalização, tão comum nos dias atuais em especial no mundo empresarial, é conhecido pelos cientistas há muito tempo. A ciência não tem e nunca teve fronteiras. A descoberta de uma nova idéia e o lançamento de uma nova teoria sempre tiveram que ser validadas (e aceitas) por outros pesquisadores no mundo. É o que se chama no contexto acadêmico de avaliação por pares. Quando se submete um artigo a uma revista científica para análise, os editores da revista convidam outros cientistas, reconhecidamente competentes no tema em questão, para avaliar o trabalho submetido. As críticas e sugestões feitas ao trabalho são retornadas ao autor do trabalho quer seja para dar-lhe crédito, quer seja para apontar-lhe as deficiências encontradas no trabalho. Neste último caso o pesquisador tem condição de saber onde falhou e assim, de forma construtiva, melhorar seu trabalho. Esse sistema é universal e causa orgulho a comunidade científica, pois embute transparência e democracia. Pesquisadores quando demandam recursos financeiros aos órgãos de pesquisa para realizar suas pesquisas seguem um sistema similar(ou deveriam!). No Brasil, o mais importante órgão financiador de pesquisa é o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Pesquisadores frequentemente submetem projetos ao CNPq solicitando dinheiro. Este ano tive a desagradável experiência de submeter um pedido de auxílio ao CNPq e tê-lo rejeitado. Foi o sentimento de indignação ao receber a mensagem do CNPq indicando o indeferimento de meu pedido que me moveu a escrever esse texto. Recebi uma negativa que tinha o seguinte texto “O projeto não foi recomendado pelo Comitê por suas características técnico-científicas ou produção científica ou tecnológica do coordenador, ou pela proposta orçamentária”. Esclarecedor, não ? Como posso saber o que não me credenciou a receber os recursos? Como devo proceder no ano que vem? Vale ressaltar que os critérios a serem usados para a escolha do projeto são extremamente vagos e deixam a entender que basicamente será a qualidade do projeto (em termos científicos e financeiros) que será determinante. O mínimo que se deseja num caso desses é que se especifique a razão de uma rejeição. Enfim, o titulo deste texto no blog diz o que sinto.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

As Árvores com Redes de Dormir: Uma Feliz Representação da Cultura Cearense


Não posso me furtar a comentar o quanto achei belas e inspiradas as árvores de Natal construídas com redes de lycra e que estão na Praça Portugal e na Praça do Ferreira. Os Fortalezenses certamente já as viram e se entusiasmaram com essa representação bem própria da cultura cearense para um símbolo natalino tão importante. Os que não tiveram oportunidade de vir a Fortaleza, ou venham logo ou pelo menos, se deliciem com a foto postada acima que retirei da versão web do Jornal O Povo (por Alcides Freire). Nela pode-se ver uma foto desse pinheiro bem cearense. Clique aqui para acessar a matéria. Abaixo faço uma tradução deste post para deixá-lo acessível aos amigos franceses e americanos. Feliz Natal.

A happy Representation of the Ceará Culture

I feel obliged to mention how beautiful and inspired I considered the Christmas trees designed and built in two important spots in Fortaleza (Ferreira Plaza and Portugal Plaza). The Citizens of Fortaleza certainly already knew them and, I believe, they are proud of this very typical representation of our culture. The pines are made of hammocks of cotton and lycra. Hammocks are a typical handmade product in the state. Even though originally linked to the less wealthy, a hammock is nowadays a required item in each and every house in Ceará, mainly because it is adequate to the warm weather. Above, I posted a picture of the Ferreira´s plaza pine (by Alcides Freire) extracted from O Povo newspaper. Feliz Natal!

Une heureuse représentation de la culture du Ceará

Je ne pouvais pas laisser passer l´opportunité de mentionner les très belles créations que sont exposées aux place Portugal et Du Ferreira, ici à Fortaleza. Le citoyen de Fortaleza les a certainement déjá vu et je croire qu´il est fier de cette très typique representation de notre culture. Il s´agit des pins de Noel que ont été faits des hamacs de cotton et de lycra. Les hamac sont des objets artisanaux très typique de l´état du Ceará. Même si à l’origine ils étaitent plutôt associés aux moins favorisés, aujourd´hui ils sont obligatoires dans chaque résidence cearense, surtout parce que ils sont adéquats à la chaleur typique de la région. Au-dessus, j´ai publié un photo du pin de la Plaza du Ferreira (par Alcides Freire) extrait du cotidian O Povo. Feliz Natal !

WikiCrimes: Uma Semana Depois…


Depois da matéria no O Globo (clique aqui para ver a matéria) que lançou WikiCrimes vale a pena uma reflexão sobre a agitada semana pós-lançamento. A repercussão do site e a reação das pessoas me têm sido uma experiência muito enriquecedora. A fantástica sensação de estar aprendendo ao se tentar fazer acontecer é ao mesmo tempo excitante e angustiante. A constante descoberta de novidades, furos, reações inesperadas das pessoas compõem o cotidiano. Tenho dito sempre que WikiCrimes é, antes de tudo, um projeto social e de cidadania. Requer motivar as pessoas a participarem por uma causa. Trata-se ainda de criar uma cultura de compartilhamento que está muito forte em países anglo-saxões, mas que não me parece sedimentada na América Latina. Os aspectos tecnológicos são claramente secundários. Afora alguns bugs que identificamos e melhorias que já estamos desenvolvendo, fica claro que um dos maiores desafios é de comunicação. Comunicação, a princípio, para fazer a divulgação do site. Em segundo lugar, comunicação de uma mensagem convincente que consiga fazer as pessoas se motivarem e participarem. Os meios de comunicação tradicionais e os blogs têm aberto espaço para WikiCrimes. A avaliação dos usuários têm sido muito positiva. Recebo muitos e-mails de felicitações, embora preferisse receber mais mensagens de engajamento. Agora os que são empresários já olham para o projeto com um ar preocupado. Pensam que as informações criminais podem afastar os fregueses e clientes. Uma preocupação que não deixa de ser compreensível, mas contra a qual contraponho o seguinte questionamento: vale a pena tentar esconder a verdade dos clientes? Ao fazer isso não estariam arriscando a segurança destes e assim desmerecendo-o? Espero no futuro ter empresas parceiras do projeto e que elas passem a mensagem que suportam o projeto, pois estão preocupadas com o bem-estar do cliente (em última instância do cidadão) e por isso zelam pela transparência das informações. Em uma semana WikiCrimes já tem 100(cem) registros de crimes (tirei uma foto do site e o postei acima). A maioria dos registros deu-se em Fortaleza que tem sido a cidade mais participativa pela óbvia razão de ter sido o local onde WikiCrimes teve maior divulgação. Essa constatação aponta para a necessidade de se conseguir manter um alto nível de divulgação (o que está longe de ser evidente). Lembro-me de um livro interessante que li ano passado que se chama Tipping Point. Fala de um ponto de inflexão que um fenômeno atinge e que a partir dele seu crescimento é exponencial. Atingir o Tipping Point é o grande desafio de qualquer desenvolvedor de site na web. A estratégia é manter um crescimento constante e esperar que com o tempo o tipping point aconteça. O quanto se deve esperar para que isso ocorra, ninguém sabe. Há que se ter paciência e persistência. É minha primeira experiência nessa direção e, fazer isso, sem uma estrutura comercial nem organizacional torna o desafio ainda maior. Todo esse contexto faz parte do processo de aprendizagem. Acho que a idéia de WikiCrimes é tão boa que ela arrisca dar certo mesmo sem maiores estruturas. De qualquer forma, sei que precisaremos de parceria para manter a chama acessa. Será meu próximo passo e minha nova disciplina a cursar.

domingo, 23 de dezembro de 2007

Félicitations à Mon Cher Ami

Mon cher ami, my dearest friend, meu compadre (de casamento e de minha filha!), meu cabo eleitoral para ciço, meu companheiro no ataque, meu colega de universidade, meu colega de trabalho,meu leitor mais participativo. Ufa! Todas essas denominações servem para ilustrar o quão representativa e multi-facetada é minha amizade com Luis Eduardo Menezes, o aniversariante de hoje. Aquele que ouso, com aquiescência de D. Zélia e Paulo Roberto, chamar de irmão. Abaixo, um estilo e cantor que lhe agradam numa música que me agrada. Há sempre como encontrarmos igualdades em nossas diferenças. Parabéns.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Expandindo as Funções do Wiimote

Já comentei como a academia tem extensivamente usado o conceito de marketing viral. YouTube, por exemplo, está cheio de vídeos descrevendo inovações advindas de projetos desenvolvidos nas Universidades. Aqui mesmo nesse blog alguns desses projetos foram referenciados (ver aqui e aqui para exemplos). Vale a pena lembrar que ExpertCop também está lá (clique aqui para ver o vídeo). Mais recentemente, achei um projeto muito interessante de um pesquisador chamado Johnny Lee da Universidade de Carnegie Mellow, uma das cinco melhores dos EUA, que teve a brilhante idéia de usar o wiimote (controle remoto do jogo Wii da Nitendo) para funcionar como leitor de interações. Já descrevi o aparelho da Nitendo e de como é divertido usá-lo (clique aqui para vê-lo em ação). Era de se esperar que ele rapidamente passasse a se tornar um equipamento de interação mais amplo do que somente uma console para jogos. Nesses vídeos abaixo já se pode ver como o wiimote poderá ser usado em um futuro bem próximo. Como ele possui uma câmera que lê infra-vemelho, a idéia de Lee foi a de gerar dispositivos que emitam esse tipo de luz. Dessa forma wiimote pode se tornar um rastreador do dispositivo. No primeiro vídeo ele usa os próprios dedos como dispositivos a serem rastreados. No segundo ele evolui a idéia para usar uma caneta. Tratam-se de soluções de baixíssimo custo para quadros digitais e mesmo para a realização de interação em múltiplos pontos como se pode ver nos vídeos. O software usado para controlar as interações está disponível na página do criador (Http://Johnnylee.net) onde se pode encontrar outros vídeos muito interessantes da equipe que Johnny Lee faz parte.



quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Uma Desastrosa Política Ambiental

Enquanto o New York times anuncia a “vontade” do Governo Bush de continuar discutindo (e de fato continuar sem fazer nada), vale a pena observar alguns dados que Paul Krugman (articulista deste jornal) descreveu a partir da comissão de energia Americana (Energy Information Administration) sobre a emissão de dióxido de carbonos:
A emissão de CO2 em milhões de toneladas.

Periodo------------1980 1997 2005

Europe_______4672 4446 4675

EUA_________4748 5544 5957

China________1455 3969 5323

Lembrem-se que 1997 é o ano do protocolo de Kyoto. Krugman alerta que as gerações futuras não perdoarão os EUA pela política irresponsável que desenvolvem hoje. Vale a pena também observar que o crescimento econômico chinês é um enorme desastre. Vejam esses números no gráfico abaixo. Fica mais fácil de perceber como o crescimento está ocorrendo.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Cultura Cidadã: É Preciso Conquistar as Escolas

Não é muito difícil achar exemplos no cotidiano de nossa falta de cultura cidadã. Não vou ficar enumerando-os a todo o momento, mas queria me deter a um exemplo que considero ilustrativo e excessivamente relevante da falta da cultura cidadã em um local que tem por obrigação ensiná-la: as escolas. Trata-se da postura da escola face à forma deseducada como os pais de estudantes se comportam no trânsito quando vão deixar seus filhos na escola. Vê-se um festival de maus exemplos. Como esperar que as crianças cresçam educadas? O pior é que nesse caso estamos falando exatamente de escolas que têm por objetivo ensinar. Vem-me sempre a mente os modelos dos países mais desenvolvidos. Quando cheguei na Califórnia, no primeiro dia que fui deixar minha filha de nove anos na escola, vi um senhor organizando o trânsito e logo pensei que fosse um servidor da escola como os que costumo deparar-me aqui (que por sua humildade, são incapazes de impor respeito e não servem de forma alguma para controlar o trânsito). Ele coordenava um grupo de crianças (alunos da escola) de 6 a 9 anos que estavam com coletes de trânsito e indicavam onde as pessoas deviam parar. Alguns minutos depois fui recebido por este Sr. e só então pude perceber que ele era o diretor da escola. Isso mesmo. O trânsito nos arredores da entrada da escola é controlado pelo diretor da escola com a ajuda das crianças. Isso não é óbvio? Claro que sim! Não há melhor momento e local para aprender a como se comportar no trânsito do que na chegada e saída do estacionamento da escola. E ainda por cima, há alguém com mais moral para fazer isso do que as próprias crianças? Ou será que os pais das crianças seriam tão mal educados que desrespeitariam até mesmo os(as) colegas de seu(sua) filho(a)? Creio que não. Até porque os pais saberiam que seus filhos também passariam por aquela atividade. Na França, minha experiência foi similar. A escola tinha um local de estacionamento distante da entrada e todos tinham que deixar os carros lá e se encaminhar com a criança até a entrada. Nada de querer parar na porta da escola como é hábito aqui. A diretora da escola também participava do controle do trânsito (embora menos ativamente que o diretor americano. Creio que só por uma questão de estilo). O fato é que nesses países está muito claro de que a missão da escola é também educar cidadania. Os muros da escola não podem ser limites para isso. Esperar que a criança entre na sala de aula para que ela possa começar a ser educada é totalmente imbecil. O que é mais lamentável é que nossas escolas privadas, que se vangloriam de ter qualidade de ensino, são as que mais se isentam de assumir um papel mais ativo nesta educação integral que, talvez, seja a que mais faça falta ao nosso país.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

WikiCrimes no O Globo



Nesse domingo (16/11/2007) WikiCrimes foi lançado “oficialmente”. Jorge Antônio Barros em seu popular blog repórter de crime (clique aqui para acessá-lo ) e em matéria no O Globo (clique aqui para ver a matéria no O Globo on line) descreveu os principais objetivos e características do projeto. Conheci Jorge Antônio no Rio, mês passado, quando lhe fui apresentado pela Profa. Silvia Ramos da Universidade Cândido Mendes. Ela é membro do Fórum Brasileiro de Segurança e uma das pessoas mais entusiasta e comprometida com a causa WikiCrimes. Jorge possui larga experiência em jornalismo investigativo e em jornalismo policial. Ele já tinha lançado uma campanha muito parecida com a idéia de WikiCrimes em seu blog. Solicitou aos cariocas que o enviassem notícias sobre crimes que presenciaram ou sofreram. A partir das informações enviadas, ele desenhava um mapa de crimes das regiões mais críticas. Wikicrimes vem complementar a idéia de Jorge trazendo maior poder de representação para grandes volumes de dados e para uma área de abrangência mundial. Além disso, contamos implementar várias outras novidades que aumentarão a interatividade do site e que, certamente ajudarão para a criação de uma comunidade on line. Tenho que ressaltar que o apoio de pessoas como Jorge e Sílvia são fundamentais para que um projeto do tipo de WikiCrimes dê certo. São guerreiros do dia-a-dia pela causa de uma segurança pública eficiente e respeitosa dos direitos e da vida humanos. Têm a coragem de assumir posições firmes em causas que vão nessa direção. O fato de eles terem adotado WikiCrimes me conforta e honra. Logo perceberam que WikiCrimes, acima de tudo, é um instrumento de cidadania. Um instrumento que fornece transparência no trato da informação e que dá ao cidadão o poder da escolha. Publico acima a matéria do O Globo. Nunca é pouco lembrar: "Compartilhem informações sobre crimes e saibam onde não é seguro”.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

WikiCrimes Está no Ar!

Dando continuidade ao texto em que falei da motivação de WikiCrimes, volto ao tema desta vez para anunciar o lançamento da sua versão beta (versão que está sujeita a pequenos problemas e modificações). Basta acessar o site WikiCrimes para começar “a compartilhar informações sobre crimes e saber onde não é seguro”. WikiCrimes é uma aplicação típica da Web 2.0. Ela permite aos seus usuários acessar e realizar registros de ocorrências criminais no computador diretamente em um mapa digitalizado. Por esta razão, esta atividade se chama mapear o crime. A filosofia que norteia WikiCrimes é a mesma da enciclopédia Wikipedia. Parte-se do princípio que a participação individual pode gerar uma sabedoria das massas. Ou seja, se todos participarem o mapeamento criminal passa a ser feito colaborativamente e todos terão o benefício de ter acesso às informações de crimes no mapa. Trata-se de uma experiência arrojada, pois muito mais do que um projeto de informática ele se apresenta como um projeto social. Considero-o social não somente pelo fato de ser relativo à Segurança Pública que, evidentemente, se trata de uma questão social. O que quero enfatizar é que o projeto requer a participação da sociedade e o seu sucesso depende essencialmente de se conseguir sensibilizar as pessoas a participarem. Por isso, a partir de hoje, começo uma cruzada no sentido de provocá-los a registrar crimes e convoco-os a juntar-se a mim na tarefa de difundir e disseminar a idéia.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Interação Mental com o Computador: Uma Boa Perspectiva para Second Life

Em uma recente participação numa mesa redonda sobre interação humano computador na Universidade Estadual do Ceará fui questionado se via futuro no Second Life(SL). Minha resposta foi um pouco do que já escrevi sobre o tema neste blog (clique aqui para ver). Em resumo, embora existam algumas questões nebulosas que dificultam apostar plenamente no sucesso do SL. Acredito que somente com o surgimento de aplicações que justifiquem se “viver” no mundo virtual pode potencializar seu uso. Descobri uma forma bem interessante disso acontecer ao conhecer um projeto de pequisa japonês (via http://www.pinktentacle.com/) da Universidade de Keio no Laboratório de Engenharia Biomédica. Nesse projeto se usa uma forma muito recente e bem futurista de interface com o computador chamada em ingles de brain-computer interface (BCI) onde se utilize o cérebro para comandar o computador. Isso mesmo. Controle mental do computador! Nada de metafísico, BCI usa eletrodos colocados na cabeça da pessoa para monitorar três áreas do córtex motor (região do cérebro responsável por controlar os movimentos dos braços e das pernas). O monitoramento permite captar sinais que, ao serem analisados por computadores, podem identificar padrões que identificam a intenção do usuário. Os pesquisadores estão usando BCI para guiar avatars no SL. Para controlar os avatars na tela, o usuário simplesmente pensa em mover várias partes do corpo. Por exemplo, o avatar anda para frente quando o usuário pensa em mover seus próprios pés, ou ele dobra a direita ou esquerda quando se pensa em mover os braços direito ou esquerdo. Ainda não é possível comandar os avatars a realizarem gestos mais complexos, mas o pesquisadores acreditam que no futuro esse tipo de sistema poderá ajudar pessoas que têm deficiências de locomoção se comunicar e mesmo trabalhar no SL. É exatamente esse tipo de aplicação que creio pode se tornar a Killer Application (aplicação chave) para o SL. Pessoas que não podem se locomover teriam a possibilidade de fazê-lo no mundo virtual através do poder da mente. E dos computadores, é claro!

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Jacques Brel

Como em fevereiro estarei indo a Bruxelas a trabalho, lembrei-me de algumas peculiaridades da Bélgica. Esse pequeno país tem uma cultura muito marcante. A diversidade e qualidade de suas cervejas e a criatividade como são produzidos seus deliciosos biscoitos são exemplos dessa riqueza. No entanto, a Bélgica tem também um estigma de ter algumas de suas mais importantes criações não reconhecidas. Os franceses são os que mais se apropriam das “marcas” belgas. O caso das batatas fritas é emblemático. Elas foram inventadas pelos belgas, mas o mundo afora as conhece por Batatas Francesas (French Fries, em inglês). Na música há outra grande injustiça com a cultura belga. Jacques Brel foi um dos maiores expoentes da música francofônica no mundo.Ele ainda hoje é muito freqüentemente considerado um representante da música francesa e muitos pensam que ele é francês. Embora tenha vivido boa parte de sua vida em Paris, Brel era Belga e se orgulhava muito disso, como demonstra sua obra que contém várias músicas que descrevem Le Plat Pays (expressão para descrever as planícies que formam a paisagem típica da região do BENELUX – Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo). Abaixo coloquei um vídeo em que Brel canta seu maior sucesso Ne me quite pas. O vídeo ilustra a forma emotiva e intensa com que interpretava suas canções, o que, na minha opinião, era sua maior característica. Intensidade extrema foi o que marcou sua breve vida (morreu com 49 anos de um câncer no pulmão). Além disso, programei a rádio personalizada ao lado para tocar músicas no estilo Jacques Brel. Uma singela homenagem aos amigos belgas (bem como os amigos que passaram a conviver por aquelas bandas recentemente).

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

WikiCrimes: Compartilhe Informações Sobre Crimes. Saiba Onde Não É Seguro

Os que me conhecem mais de perto sabem o quanto tenho investido minhas energias no projeto que concebi recentemente chamado WikiCrimes. Ele está se tornando realidade com a ajuda dos alunos, parceiros e todos os membros da célula de engenharia do conhecimento da UNIFOR. Antes de dizer como funcionará o projeto, deixem-me manter um pouco o suspense e apresentar a motivação para o mesmo. A veracidade e precisão das informações sobre onde ocorrem crimes bem como as informações sobre a tipificação desses crimes sempre esteve na pauta das discussões sobre Segurança Pública no Brasil. Tradicionalmente essas informações são monopolizadas pelas instituições policiais e caracteriza-se assim por um mecanismo altamente centralizado. Esse monopólio acaba por criar uma tensão na relação dessas instituições com a sociedade, pois, vez por outra, se contrapõe ao preceito da publicidade e da transparência das informações que requer um regime democrático. Alie a esse contexto, as recentes crises que têm caracterizado o dia-a-dia das instituições policiais bem como suas limitações para prestar um serviço público de qualidade que tendem a reduzir a confiança do cidadão nessas instituições. Esses fatores compreendem algumas das razões para o agravamento das sub-notificações: baixo índice de notificações de crimes ocorridos. Tornou-se comum escutar de alguém que foi assaltado dizer que não deu queixa a polícia por considerar que isso não surtiria algum efeito. Pesquisas feitas com vitimados em alguns estados brasileiros mostram que a sub-notificação pode, em áreas densamente povoadas, chegar a 60% para certos tipos de delitos. O resultado disso pode ser desastroso em termos da formulação de políticas públicas e em especial no planejamento da ação policial, pois o mapeamento criminal oficial pode estar refletindo uma tendência bem diferente da que ocorre na vida real. Seria possível modificar essa lógica da centralização e do monopólio oficial da informação criminal que tem prevalecido nos últimos tempos? Por achar que sim, idealizei WikiCrimes. A idéia é fornecer um espaço comum de interação entre as pessoas para que as mesmas façam as notificações e possam acompanhar onde os crimes estão ocorrendo. Parte-se do princípio que quem detém a informação sobre um crime é o cidadão. Se ele desejar torná-la pública pode fazê-lo. Desta forma a participação individual, de forma colaborativa, pode gerar uma sabedoria das massas. Ou seja, se houver participação ativa o mapeamento criminal passa a ser feito colaborativamente e todos terão o benefício de ter acesso às informações sobre onde ocorrem crimes. Vejo WikiCrimes como um projeto do cidadão para o cidadão. Seu slogan é “Compartilhe informações sobre crimes. Saiba onde não é seguro!”. Como Wikicrimes vai ajudar para que isso seja feito será explicado em um próximo texto.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

TGIF – Porque hoje é Sexta

Alguém sabe que sigla é essa? E OMG? Ajudaria se eu dissesse que é uma sigla para palavras inglesas? Provavelmente não. Os americanos são mestres em construir siglas. Usam-nas a todo o momento. Acredito que esse hábito tenha se incrementado nos últimos anos devido a cultura da comunicação via chat(bate-papos). Nessa forma de comunicação busca-se agilidade com a redução de palavras. É uma das coisas que mais dificulta a compreensão da língua inglesa para quem vai por lá. Não basta entender o vocábulo, há que saber o significado das siglas para permitir entender o contexto. Não dá, por exemplo, para conversar de política sem saber que GOP (Grand Old Party) é o partido republicano. Por isso, ao estudar inglês, peça a seu professor para explorar algumas siglas e vá se habituando a construí-las também. Quando você menos esperar, elas serão usuais. Ah, TGIF significa Thanks God It is Friday – Graças a Deus é Sexta-feira. Já OMG significa Oh My God!

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

A Saga da Geléia da TAM

Não é difícil encontrar situações que exponham nossas deficiências de prestação de serviço, tanto público quanto privado. Encontrei uma situação emblemática ao viajar pela TAM de Fortaleza à Brasília. O serviço de bordo constava de torradas que vinham acompanhadas de uma geléia de marca MU–MU (que criatividade eih?!). Pois bem. Essa geléia estava em um recipiente que era extremamente difícil de ser aberto. Todos os que estavam ao meu redor estavam “apanhando” da geléia (eu inclusive, lógico). Normalmente esses recipientes contêm uma pequena aba que deve ser quebrada para permitir puxar o invólucro. Não era o caso desta. Causou-me logo espanto o fato de que o produto continha um MADE IN BRAZIL bem visível até porque o tipo da geléia também estava traduzido (grape jelly – geléia de uva). Certamente, com essa qualidade, o produto vai sofrer para concorrer no mercado internacional. Os franceses, por exemplo, que adoram geléias, as produzem em suas mais diversas formas e sempre que as degustei nunca tive tamanha dificuldade de manuseio. Por que será que as deficiências como a da geléia acontecem? Alguém será que já reclamou disso para a Empresa ou mesmo para a TAM? Quando perguntei para a aeromoça de onde vinha a geléia ela de pronto me disse “é difícil de abrir, né!”. Claro que não era novidade. Talvez até já tenha dito a um superior que a geléia era osso duro de roer. Apressou-se a me fornecer um cupom de reclamação da TAM, chamado fale com o presidente, em que o cliente tem a possibilidade de demonstrar sua insatisfação ou fazer qualquer comentário de outra natureza. Não sei se muitos o usam. Creio que a qualidade do serviço está diretamente ligada a exigência do cliente. Mas a estória da geléia da TAM não morre aqui. Decidi tentar decifrar o que estava escrito nas minúsculas letras impressas na capa do invólucro da geléia. Dificílima tarefa. Pude constatar, no entanto, a existência de um 0800 para que o cliente consultasse o valor nutricional do produto. Que beleza! Parece-me que o objetivo de fornecer a informação nutricional é subsidiar o cliente para que ele decida se quer ou não ingerir o alimento. Como vou consultar o 0800 dentro do avião? Estou supondo que ela deveria ser comida no avião, não? Aqui entra também a deficiência do serviço público. Não deveriam agir os órgãos de fiscalização? Pareceu-me mais um jogo de faz de conta. Continuando a saga da geléia, decidi ligar para o número 0800(0800517542). Estava curioso para saber se ele funcionava. Funciona. Fui bem recebido, mas a informação que tive foi de que eles não têm solução para a abertura da geléia. Estão estudando. A Empresa é gaúcha e não faz exportação. Não me souberam responder o porque dos nomes em inglês. Por fim, disseram que os nutrientes não são colocados porque não há espaço. Enfim, a norma é inviável. Bem típico do Brasil. A odisséia da geléia tem o seguinte final: enviei a MU-MU e a TAM o texto desse blog. Espero tê-los ajudado a melhorar seu produto e serviços respectivamente. Fui dormir pensando sobre como o blog me leva a ser um cidadão mais ativo. Afinal, pegando emprestado o slogan da TAM que se orgulha de ser brasileira. Eu também quero me orgulhar (da TAM e da MU-MU).

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Programa São Paulo Um Estado de Leitores: Um Bom Exemplo de Transversalidade

Tenho falado recorrentemente sobre a necessidade de termos políticas públicas que contenham ações transversais. Em recente comentário neste blog, Luis Eduardo (ver aqui o comentário), questionou se estamos no caminho certo na nossa forma de fazer política pública. Repliquei que a transversalidade deve estar no centro das gestões. Só lembrando, a transversalidade significa deixar de ver os problemas sociais e econômicos somente por um ponto de vista e de forma isolada. Ao contrário, busca-se compreender as interações dos diversos setores da sociedade e de como as ações públicas podem perpassá-los aproveitando-se do potencial multiplicador que isso pode trazer. Coincidentemente, durante o seminário sobre economia criativa tive a oportunidade de conhecer o projeto de disseminação de livros e da leitura no Estado de São Paulo que exemplifica maravilhosamente como fazer política com ações transversais. José Luiz Goldfarb, o coordenador do projeto, ao ministrar sua palestrar, deu exemplos de como isso pode ser atingido. O objetivo principal do projeto é criar o hábito da leitura nos cidadãos paulistas. Para se atingir o objetivo buscou-se identificar que outros projetos governamentais poderiam se beneficiar das ações que o projeto de leitura podia trazer, bem como identificar potenciais alvos para a disseminação do projeto. Por exemplo, os presídios foram inundados de livros. Os presidiários como tem muito tempo disponível, adoram ler e o fazem em uma velocidade muito grande. Precisam de livros. Projetos de re-socialização passaram a fazer uso mais intensamente do livro. O objetivo de fazer o cidadão ler ganhou assim um grande aliado. A mesma idéia foi seguida em hospitais. Livros foram distribuídos para os pacientes internados. Cerca de vinte projetos do governo foram contemplados com a idéia de disseminação e distribuição de livros. Parcerias público-privado estão também presentes no programa com o patrocínio de empresas que podem recorrer a lei Rouanet, mas ainda de outras formas mais criativas. A Volkswagen participa ativamente do programa de doação de livros. Caixas de coleta de livros e panfletos de divulgação do projeto foram colocados em cada concessionária, fábrica e oficina da Empresa. Uma competição para saber qual a concessionária que mais realizou doações foi criada. Com o programa Adote uma Biblioteca, as pessoas podem doar livros a bibliotecas pelo site da livraria cultura. Além disso, museus, teatros, FIESP e diversas outras instituições buscam arrecadar livros que chegam a perto de trezentos mil por ano. A qualificação de pessoal também foi tratada. Os livreiros e ajudantes de livreiros foram capacitados e sensibilizados para ganharem o gosto de ler. Só assim podem ser multiplicadores da idéia. E os resultados disso tudo? Como medir? Um programa de redações mostrou que municípios onde o projeto foi implantado com maior ênfase se sobressaíram. Várias outras iniciativas foram providenciadas (ver o site do projeto aqui ). Enfim, trata-se de um caso de sucesso de política com ações transversais. Será que é mesmo tão difícil agir assim? O exemplo de São Paulo mostra-nos que transversalidade pode ser obtida bem mais simplesmente do que pensamos. Desde que se tenha pessoas qualificadas que capturem o conceito e que, com criatividade, ajam com vontade de fazer a coisa certa.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Stress no Trabalho

Dando continuidade à reflexão feita recentemente sobre o trabalho (ver o texto aqui) e dado que este fim-de-semana estarei trabalhando tanto no sábado quanto no domingo (o que aliás aconteceu também no sábado passado), decidi postar esses vídeos que encontrei no YouTube. São cômicos, mas nos alertam aonde podemos chegar. Vou tomar cerveja!