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quinta-feira, 1 de março de 2007

Polícia e Segurança Pública: Diagnóstico/Histórico

Nossos dirigentes e nossas elites foram durante muitos anos fazendo de conta que polícia era um negócio que não era com eles. Olhavam para as Polícias e tinham receio, pois não sabiam como conviver com a tênue fronteira entre polícia e crime. Temiam, que se ela fosse transposta, algo respingaria neles. Era melhor não mexer, mesmo que precisassem vez por outra recorrer à essas Instituições para proteger o Governo. Em um Estado carente de recursos e cheio de prioridades, as Polícias foram sendo esquecidas em termos de investimento, planejamento, qualificações e em tudo mais. Alguns abnegados funcionários públicos mantiveram o barco navegando, outros encontraram um jeito de conviver nesse contexto (algumas vezes de forma ilícita) e assim foram se tornando ou cúmplices ou espectadores do monstro que estava nascendo. Um dia a sociedade acordou e percebeu que o monstro estava lá juntinho de nós e sem que tivéssemos a quem recorrer. Escutei de muitas pessoas dizerem “foi tudo tão rápido! Ontem não era assim!” Na verdade, não foi nada da noite para o dia. Essa situação foi se construindo sob o olhar inerte de todos nós. As periferias das grandes cidades já vinham sofrendo com o monstro, mas mesmo assim preferíamos não dar conta. Bem, e agora? E agora, é de se esperar que nossos dirigentes aprenderam e decidiram agir. Infelizmente, não é bem assim. É verdade que pelo menos o assunto subiu os palanques, mas, no entanto, a inércia persiste. Pelas mesmas razões de antes aliadas a muito desconhecimento de causa. Decidiram que devem discutir e discutir para encontrar a solução. Como se ela estivesse escondida em algum lugar e não fosse adotada porque não teve ainda quem a achasse. Fala-se em planos, mudanças de leis e reformas das polícias. E discutem um pouco mais. Ocorre uma tragédia nacional. Mas decidem que não se pode decidir nada em clima de comoção. O imobilismo é patente e, pior, é criador de uma sensação de que uma solução emergirá de não sei onde. Continuo amanhã.

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