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quarta-feira, 7 de março de 2007
Polícia e Segurança Pública: A Metodologia de Bratton
O que Bratton trouxe ao Ceará foi uma metodologia de trabalho baseada na análise e no mapeamento criminal, na ênfase nos Institutos Científicos para a produção da prova legal, na inteligência policial e, no trabalho integrado das policias. Isso é base do que só agora está sendo feito em algumas polícias do País, mas que é padrão no mundo desenvolvido. Uma coisa que me lembro bem que sua equipe enfatizava era a necessidade de uma postura ativa do policial. Diziam que o policial investigador tinha que ser obcecado por realizar prisões. O único jeito de reduzir o crime por um tempo razoável é prendendo os infratores da lei. Eles exigiam que os delegados estivessem nos locais de crime e que começassem as investigações assim que um crime ocorresse (diziam que a probabilidade de prender o criminoso diminui com o passar do tempo). Determinaram ainda que Polícia Militar e Civil trocassem informações e que os comandantes de companhias e delegados discutissem sobre os crimes ocorridos durante a semana e definissem estratégias com ações concretas para conter o crime. Outra coisa que pediram foi a criação de um sistema de avaliação continuada (não me parece que se conseguiu implantar essas idéias). Toda semana os policiais responsáveis por uma área geográfica na cidade seriam avaliados pelos pares e por seus comandantes para que se explicassem do por que do aumento ou mesmo redução do crime em sua área e o que estavam fazendo para tratar isso (creio que aqui a questão cultural voltou a pesar. Não temos o hábito de sermos avaliados, nem criticados. Além disso, o corporativismo atrapalha). Tudo de uma simplicidade surpreendente. Foi também surpreendente perceber que alguns policiais se sentiram aliviados em saber que eles não pediram para fazer nada que eles não soubessem. Mas se era assim, por que não o faziam antes da consultoria? Pelas razões que tínhamos relacionado no texto anterior além das conseqüências dos anos de descaso. Desmotivação, falta de recursos, desqualificação, etc. Os obstáculos gerados pela má estrutura existente tornam todas as sugestões mais difíceis de serem executadas. Por exemplo, como o delegado pode estar presente nos locais de crime se haviam presos para serem guardados na cadeia ou o carro não estava com gasolina? Na verdade, a distância entre a idéia e a sua execução é muito grande. E aqui, volto a enfatizar: falta-nos a capacidade de execução. O trabalho iniciado por Bratton teve que ser perseguido concomitantemente com medidas que visavam atacar todos esses pontos deficientes. No geral, a contratação da consultoria serviu como reciclagem, movimentou a todos e gerou o sentimento de que mudanças estavam sendo realizadas. Significou ainda a interação com outras experiências e serviu inclusive para respaldar demandas das Polícias junto ao Governo. Mas a mais marcante mensagem é que temos que fazer as coisas certas. Realizar com continuidade é o grande desafio.
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