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sábado, 24 de fevereiro de 2007
Independência Científica e Saúde Pública
Li recentemente no New York Times uma notícia preocupante que me fez refletir sobre a nossa realidade em termos de saúde pública e competência científica. A Organização Mundial de Saúde coordena uma rede de laboratórios que cooperam entre si com o intuito de identificar onde e que tipo de vírus estão aparecendo e qual a possibilidade deles se desenvolverem com mais força. Quando um vírus é identificado em um lugar do mundo, o laboratório que primeiro o identificou, é responsável por distribuir amostras do mesmo para que outros laboratórios (inclusive em Empresas) busquem desenvolver vacinas para evitá-lo. A Indonésia decidiu proibir que laboratórios médicos em seu território enviassem amostras de vírus coletados no País para outros laboratórios e firmas internacionais, para que esse busquem produzir vacinas para combater esses vírus. Eles decidiram fazer isso para forçar os grandes laboratórios mundiais a fecharem um acordo de produção e venda a baixo custo de vacinas para o país. Em um primeiro momento a decisão da Indonésia parece uma atitude insensata, mas revela, na verdade, um grande problema do sistema mundial de saúde e principalmente dos países que não possuem controle da tecnologia de produção de vacinas. O grande problema de tal sistema é que ao se identificar um vírus letal e capaz de provocar uma pandemia (como o vírus da gripe aviária), os laboratórios que conseguirem desenvolver a vacina não serão capazes de atender a demanda de todo o mundo e assim serão obrigados a priorizar sua distribuição. Nesse caso, o governo da Indonésia acredita (com muita razão!) que as populações de países das Empresas criadoras das vacinas terão prioridade na imunização. A produção e fornecimento de vacinas para o mundo em desenvolvimento seriam extremamente prejudicados, pois a capacidade de produção máxima atual é da ordem de 500 milhões de vacinas, o que não é nada ao se comparar com os 6 bilhões que o mundo necessita. Sem entrar no mérito da decisão do governo da Indonésia, essa situação ilustra o quão vulnerável são os que não têm independência científica.
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