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segunda-feira, 21 de julho de 2008
Policia Que Mata: Inocentes
Os crimes praticados por policiais contra pessoas inocentes em abordagens descontroladas estão virando rotina no Brasil. Os casos ocorridos no Rio de janeiro ganham mais notoriedade pela forte exposição da mídia e pela constância com que se ocorrem. Um levantamento breve e sem nenhum rigor me fez rapidamente identificar que isso, infelizmente, não é exclusividade daquela Polícia. Vejam essa matéria do que aconteceu no Paraná (clique aqui) Em menos de um mês duas mortes semelhantes às do Rio. Vejam também o que aconteceu no Recife na semana passada (clique aqui) . Uma menina de nove anos morta por casa de um tiroteio onde parece que só a PM atirou. Aqui mesmo em Fortaleza, alguns meses atrás, uma abordagem da Polícia Militar metralhou um carro de turistas que tinham acabado de chegar à cidade. Foram confundidos com marginais só porque estavam no em um carro de mesma cor e modelo. É claro que se trata de um levantamento de dados empírico, mas não precisa muito rigor estatístico para descobrir que ele revela um lado sombrio da guerra que vivemos para melhorar nossas instituições policiais, em particular as Polícias Militares. No meu ponto de vista, nada retrata tão fielmente a falência do sistema de segurança como ações como essas. Dá-se pela completa irresponsabilidade do Estado em qualificar seus funcionários, gerenciar suas ações e imputar responsabilidades nos diversos níveis de poder. Quando me posiciono tão enfaticamente contra medidas que reduzem o tempo de treinamento dos policiais sob o argumento de que as ruas exigem suas presenças, não estou só fazendo discurso retórico. Com toda sinceridade, não acredito que haja como recuperar os policiais que estão na rua há mais de vinte anos com novas campanhas educativas. Aprenderam com a rua da mesma forma que os marginais o fizeram. Minha esperança é toda depositada nos que entram. Eles precisam de uma formação diferente, precisam injetar uma nova cultura e para isso têm que passar por um programa de treinamento totalmente reformulado, mas muito mais intenso do que os que vêm sendo produzidos. Um ano de qualificação é o mínimo. Infelizmente estamos vivenciando um Estado que sucumbe a tentação de dar uma resposta imediata, mas que é uma resposta que não se sustenta em médio prazo (muitas vezes nem em curto prazo). Reduções do curso de preparação de soldados que chegam mesmo a ser de três meses é inaceitável. A pesquisadora carioca Jacqueline Muniz em recente entrevista ao comunidade segura (http://www.comunidadesegura.org) lembrou que em Nova York, por exemplo, o policial só vai para as ruas quando acerta 95 tiros em 100. Mesmo a famigerada Tropa de Elite carioca está distante dos padrões das unidades de operações especiais de outros países. Aqui no Ceará se os soldados conseguirem dar 40 tiros de .38 e de .40 é muito. A sociedade vai acabar por colher os amargos frutos dessas escolhas em um futuro não muito distante assim que o desgaste do trabalho rotineiro se fizer sentir nos policiais. É uma profissão extremamente exigente, pois requer um senso de equilíbrio e uma formação moral que não se tem com abundância na sociedade. Se não for por um programa de treinamento extenso, qualificado e principalmente continuado, a coisa fica preta (no sentido do luto). Literalmente.
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