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sábado, 31 de julho de 2010

Governo 2.0: Apresentação em Prezi

Abaixo segue minha apresentação feita em Prezi sobre Governo 2.0 e mapas colaborativos.


quinta-feira, 29 de julho de 2010

Café com Debate: Governo 2.0

Estarei amanhã a partir de 8:30 debatendo no auditório da Secretaria de Planejamento e Gestão - SEPLAG. Farei uma apresentação sobre Governo 2.0 e terei a honra de dividir o tempo com o conselheiro e atual presidente do Tribunal de Contas dos Municípios. Aliás, estamos trabalhando para terminar um pequeno exemplo onde mostraremos o uso de RDF nas bases do SIM (Sistema de Informações Municipais) do TCM. Começamos, as equipes do LEC e do TCM, a trabalhar com esses dados durante a semana semântica que promovemos na semana passada e já temos alguns exemplos interessantes. Não deixem de comparecer, será uma boa oportunidade de conversarmos pessoalmente.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

eParticipação na Holanda

Mais um exemplo de governo 2.0. Dessa vez, vem da Holanda. Lá o governo implementou um projeto chamado eParticipation (eParticipação) que busca a melhoria do serviço público por meio da participação do cidadão. Três formas de participação são possíveis: i) o cidadão se envolve no processo de tomada de decisão relativa às soluções dos problemas da comunidade; ii) refere-se à participação no processo de criação de políticas e leis e, iii) incentiva-se a participação e discussão social que se caracteriza pela reforço advindo do envolvimento mútuo dos cidadãos.
Essas modalidades de participação acontecem através de diferentes web sites. Cidadãos podem ler e votar sobre projetos de lei, propor petições e avaliar serviços públicos. Para maiores informações acesse o site em ingles aqui.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

De Onde Vêm as Armas?

Temos, nós cidadãos, nos interrogado com infeliz recorrência porque é tão fácil jovens e adolescentes portarem armas de fogo, embora tenhamos um Estatuto do Desarmamento. Um estudo recente da ONG Instituto Sou da Paz sobre a aplicação desse Estatuto lança luz sobre fatores inusitados que podem estar a alimentar o mercado de armas ilegais.

No Rio, das 10 mil armas apreendidas entre 1998 e 2003, 17% pertenciam às empresas de segurança privada e de transporte de valores. Em São Paulo o número de armas furtadas e roubadas dessas empresas já é quase 30% do total que as mesmas têm registradas. Desde 2003, mais de 17 mil armas haviam sido extraviadas de empresas de segurança privada no País. Um número absolutamente fora dos padrões. Mas os problemas não se restringem ao contexto privado, nem se configuram privilégio de alguns locais. Aqui no Estado, por exemplo, a perda de pistolas .40 por policiais e bombeiros cresce inexplicavelmente. Justamente os profissionais supostamente treinados para lidar com armas, solicitam autorização para portá-las e, meses depois, notificam que as perderam!

Cabe-nos solicitar providências às autoridades responsáveis (Polícia Federal, Exército e Polícias Estaduais). Quais os resultados das apurações de tais fatos? Que medidas são tomadas com o intuito reduzir “os descuidos”? Como controlar eficientemente as armas das empresas de segurança privada? As respostas a essas perguntas bem como a outras que o estudo do Sou da Paz faz emergir só advirão com forte reforço das ações de implementação eficaz e completa do Estatuto do Desarmamento. Se assim não for feito, em breve estaremos a discutir mudanças na legislação por acreditar que o Estatuto é mais uma “lei que não pegou”.

Esse artigo foi publicado hoje (27/07/2010) na seção de opinião do Jornal O Povo

domingo, 25 de julho de 2010

Como Eu Queria Estar Errado! Uma tragédia Anunciada

Escrevo esse texto profundamente emocionado. Poucas vezes escrevo sob forte impacto emocional. Palavras escritas na web configuram-se como um registro duradouro (talvez eterno) e pensar um pouco antes de escrever é sempre de bom alvitre. No entanto, a abordagem feita pelo Ronda do Quarteirão em que um soldado atira em um adolescente que estava na garupa da moto de seu pai é trágica demais. Não dá para esperar o sangue esfriar. Impossível ficarmos insensíveis. Não consigo deixar de pensar na dor da família, em especial na do pai que presenciou tudo. Vi na televisão que ele ficou abraçado ao corpo do filho.
Embora esteja consternado não se trata aqui de falar sobre algo pontual e motivado somente pela tragédia. Em outubro de 2007, discorria, aqui mesmo no blog, sobre os fundamentos da qualificação policial. Na época, uma outra abordagem desastrada havia ocorrido. Na verdade, tenho escrito recorrentemente sobre o perigo que foi e que continua sendo a colocação de policiais na rua sem a devida qualificação. Repito o que já cansei de dizer: polícia despreparada potencializa a violência. Recentemente escrevi sobre como a carga horária de mais de 1000 horas não pode ser dada em períodos tão curtos como os que vêm sendo adotados aqui no Estado. A absorção de conhecimento é baixíssima. O que dizer de uma turma enorme de cerca de 2000 pessoas? Como fazer treinamento prático? Como fazer acompanhamento em campo? Como padronizar procedimentos?
Esse semana descobri outra coisa que me deixou ainda mais preocupado com o futuro da Segurança Pública no Estado. Com a demolição da Academia de Polícia Edgar Facó, a Policia Militar não pôde manter os cursos de formação. Isso acarretou uma descontinuidade no processo de formação de oficiais que são os gerentes do contingente operacional. Os soldados do ronda, por exemplo, precisam ser acompanhados por tenentes, capitães e majores nas suas atividades diárias de polícia preventiva.
Para quem, como eu, acredita que os maiores problemas da Segurança Pública são formação de pessoal e gestão, tem muito motivo para se preocupar.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Mapa de Amigos

Motivado por um encontro com um grande amigo da época de colégio, decidi criar um WIkiMapps para mapear meus amigos de todas as épocas. A ideia é bem simples e um pouco nostálgica, é fato. Quero ver se encontro pessoas que há muito não vejo. Saber onde elas andam e onde moram. Já tem gente da França, Bélgica e USA se mapeando. Venha você também. Aproveite e marque lugares nostálgicos que marcaram nossa época. Comecei marcando o Mitre da Abolição, o SEPROCE de tantas estórias e o campo da Gelatti. Os mais novos que me desculpem, pois acho que nunca ouviram falar desses lugares Desafio-os a marcarem os locais que sentem nostalgia e que de alguma forma têm relação com a convivência comigo. As vezes nem é preciso esperar tanto tempo para relembrar.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Semana Semântica

Fizemos durante a semana passada no Laboratório de Engenharia de Conhecimento da UNIFOR, o que chamamos de Semana Semântica. Reunimos os integrantes dos diversos projetos que coordeno e, junto com colaboradores fiéis (ex-alunos e parceiros), exploramos, com palestras e exercícios práticos, as bases de dados desses diversos projetos em busca de ligá-las com outras da web semântica.

Orgulha-me ver o engajamento de todos nas atividades. Alunos que no mês de julho, em plenas férias, ficaram até oito da noite “hackeando” (desculpem o neologismo radical para caracterizar a atividade de criar excêntricos programas de computador). Creio que todos gostaram, acima de tudo, perceberam o quão valioso é um momento intenso desses de interação e compartilhamento de informações.

Aqui vale uma breve explicação do conceito de “linked data” que está (devagarinho é fato) se espalhando a partir do mundo da Web Semântica. Um dos objetivos da comunidade que estuda a Web Semântica é emplacar um padrão para representar informações na web. Ressalte-se que os padrões defendidos por essa comunidade não visam somente promover a interoperabilidade. Visam igualmente dar potência de raciocínio aos programas de computador e assim deixá-los um pouco mais inteligentes (sempre o objetivo supremo da IA). No entanto, fazer um padrão “pegar “não é trivial e a postura da indústria é determinante. É aqui que a decisão de Facebook em definir um padrão no seu Open Graph é relevante. Embora não siga exatamente o mesmo padrão sugerido pela W3C (World Wide Web Consortium) inspira-se no mesmo e, sobretudo, acena para a necessidade de um e indica que vai seguir essa trilha de dados abertos.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Declaração Australiana de Governo Aberto

Nessa semana de Workshop sobre governo eletrônico no Congresso da Sociedade Brasileira de Computação, acho apropriado mencionar a recente iniciativa de governo aberto do governo australiano. Depois dos Britânicos e americanos, as iniciativas nessa direção se espalham. O lançamento na Austrália foi precedido de uma declaração de governo aberto veiculada na Internet. Vejam um extrato da mesma aqui.

The Australian Government now declares that, in order to promote greater participation in Australia’s democracy, it is committed to open government based on a culture of engagement, built on better access to and use of government held information, and sustained by the innovative use of technology.
Citizen collaboration in policy and service delivery design will enhance the processes of government and improve the outcomes sought. Collaboration with citizens is to be enabled and encouraged. Agencies are to reduce barriers to online engagement, undertake social networking, crowd sourcing and online collaboration projects and support online engagement by employees, in accordance with the Australian Public Service Commission Guidelines.
The possibilities for open government depend on the innovative use of new internet-based technologies. Agencies are to develop policies that support employee-initiated, innovative Government 2.0-based proposals.
The Australian Government’s support for openness and transparency in Government has three key principles:
Informing: strengthening citizen’s rights of access to information, establishing a pro-disclosure culture across Australian Government agencies including through online innovation, and making government information more accessible and usable;
Engaging: collaborating with citizens on policy and service delivery to enhance the processes of government and improve the outcomes sought; and
Participating: making government more consultative and participative.

Vejam a ênfase no provimento da informação, no engajamento com os cidadãos e na participação.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Novidades Para os Criadores de Mapa em WikiMapps

Os administradores de mapas colaborativos em WikiMapps podem agora ter uma breve estatística de registro de usuários nos mapas. Criamos uma opção de visualização de gráficos onde, alem da estatística básica, pode-se ter uma idéia da distribuição dos marcadores, os últimos comentários, o total de usuários que se registraram no mapa e outras informações. Trata-se de um primeiro movimento na direção de proporcionar mais informações aos administradores dos mapas para que os mesmos possam compreender as motivações dos usuários dos mapas que criaram e os ajudem a aumentar a participação. Vejam abaixo um exemplo de gráfico fornecido. Se quiser saber mais é só acessar www.wikimapps.com.

sábado, 17 de julho de 2010

Wonderland

Para curtir no fim de semana. Um rock-pop jovem delicioso. Em particular para os que estiverem bem acompanhados. Johh Mayer ganhou o grammy com essa música em 2003.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Livraria Cultura em Fortaleza

Fiquei muito contente com a abertura da Livraria Cultura em Fortaleza. Como “rato de biblioteca” que sou, minha primeira visita ao novo prédio na Av. Dom Luís deixou-me muito bem impressionado.

Embora ainda continue a comprar majoritariamente meus livros pela Internet, não nego que o charme e o bem-estar de freqüentar uma livraria é inigualável. Fortaleza não tinha um local no nível da Cultura. Em particular, chamou-me atenção o acervo de literatura estrangeira escrito em outras línguas. Os livros em inglês, por exemplo, não se resumem à pockets como na maioria das outras livrarias. Livros que em livrarias no exterior são caracterizados como “não ficção” dificilmente eram encontrados aqui. O acervo de DVDs e CDs é igualmente rico, embora não tenha tido tempo de explorá-lo com carinho.  

Mas de tudo o que mais me entusiasmou foi o fato de ter feito a visita com minhas filhas e tê-las visto tão entusiasmadas quanto eu. Em certo momento emocionei-me ao perceber o prazer que as duas sentiam ao folhear os livros, ao procurar novidades e ao explorar os diferentes temas e o espaço. Indescritível o sentimento que tive. Um misto de orgulho e realização por termos conseguido, Beth e eu, transferir-lhes tão naturalmente o gosto pela leitura que nos é caro. Saímos com a sacola cheia. Caro, mas com o sentimento de que o dinheiro foi bem gasto.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Web Semântica: Será Que Agora Vai?


A conferência de tecnologia semântica (SemTech) em São Francisco na Califórnia ocorrida semana passada que acompanhei pelo Twitter parece ter deixado os pesquisadores e práticos na área bem otimistas quanto ao futuro da representação e uso de semântica na web.  Pode-se ver que grandes empresas já começaram a usar padrões que facilitam a criação de dados ligados (linked data) e esses padrões estão sendo fortemente influenciados pelos padrões já usados pela comunidade acadêmica de web semântica. Dentre os padrões uma versao light de RDF chamada RDFa é a grande sensação. A mega empresa de venda de eletrônicos Best Buy, o Google e o Facebook são exemplos dessas empresas.
Nessa onda surgiu o RDFa que é uma versão simplificada do idioma base da Web Semântica: RDF (Resource Description Framework). O principal objetivo do RDFa é a de adicionar metadados para páginas HTML ou XHTML, por isso é mais fácil de implantar do que RDF. Desde o ano passado no evento do ano passado a adoção de padrões para dados abertos foi o grande tema. Os mais otimistas acreditam que em breve RDFa será a maior fonte de dados depois dos bancos de dados relacionais.  
Muito embora Facebook não esteja nem usando RDFa (decidiu usar uma versão ainda mais simplificada) as influências desse padrão são claras. Além disso, como o peso de Facebook é muito grande, uma nova iniciativa de busca para facilitar o intercâmbio de informações surgiu. Trata-se do RIF (Rule Interchange Format) que permite descrever regras que tanto permitem especificar formas de conversões de padrão como permite representar conhecimento em formato de regras de produção.
Aqui, de nossa parte, já estamos projetando WikiMapps e WikiCrimes com tecnologias semânticas. Durante toda essa semana estamos fazendo um workshop com todos os membros do Laboratório de Engenharia do Conhecimento sobre o assunto. Em breve lançaremos novidades.


segunda-feira, 12 de julho de 2010

Crowdsoucing Brasileiro: Faça sua moda

Um site para venda de camisetas estampadas pela Web. Nada mais simples e comum nos dias de hoje, não? Seria possível inovar nesse contexto? Brasileiros empreendedores do projeto Camiseteria mostram que isso é perfeitamente possível. Trata-se de um bom exemplo de como o conceito de crowdsourcing (produção colaborativa) pode ser usado comercialmente. O Camiseteria tem um site de venda de camisetas estampadas, mas as estampas, por sua vez, são produzidas pelos próprios internautas.

A ideia mantem a simplicidade como linha mestra. As pessoas são convocadas para mostrar seus talentos na produção artística como bem diz o slogan: “faça sua moda” . Os interessados participam de concursos nos quais são chamados a enviar desenhos de estampas. As mais votadas são escolhidas para entrarem na linha de fabricação. Os vencedores do concurso ganham um prêmio em dinheiro e crédito para compra na loja (atualmente, R$ 800,00 em dinheiro e R$ 500,00 em créditos de compras). A cada nova reedição da estampa ganha-se R$ 300,00.

Vejam que não se trata somente de ganhos financeiros que são prometidos aos vencedores. Eles veiculam seus nomes aos produtos. Vejam na foto abaixo. O lançamento das novidades está associado ao nome dos designers. Ou seja, há uma ótima oportunidade de divulgação de talentos. Decididamente uma idéia que captura a essência da participação ad hoc que caracteriza a sabedoria das massas. Vejam também o vídeo abaixo onde o empreendedor Fábio Seixas descreve o projeto (o vídeo foi patrocinado pela Microsoft, não se espantem com a propaganda). Para aqueles que acham que as coisas são fáceis e que tudo na web acontece de repente, percebam que o projeto começou em 2005.





quinta-feira, 8 de julho de 2010

Irracionalidade Previsível e a Economia Comportamental

Volto ao tema da irracionalidade humana para comentar um pouco sobre o livro  Predictably Irrational. Sua leitura é um deleite só. Escrito pelo professor de Economia no MIT (Massachusetts Institute of Technology), Dan Ariely,  é daqueles livros que se lê em um fim de semana. Leve, divertido e cheio de curiosidades. Ariely é representante de uma nova linha de pesquisa chamada Economia Comportamental. Trata-se de uma nova área de pesquisa que envolve psicólogos, cientistas sociais e economistas. Em resumo, ela busca compreender porque muitas das decisões humanas parecem totalmente irracionais quando analisadas friamente sob a ótica econômica dos conceitos de custo e benefício. Cientistas dessa área acreditam que essas decisões irracionais não são totalmente aleatórias e que apresentam inclusive alguns padrões. Em particular, a economia comportamental concentra-se nas decisões irracionais que fazemos nas nossas relações comerciais.

Deixem-me exemplificar o tipo de experiência realizada. Pesquisadores queriam estudar o impacto de impor penalidades nas pessoas e o quanto isso era comparável com sanções sociais. Para isso, foram a uma escola que tinha o problema recorrente de que os pais dos alunos chegavam tarde para pegar as crianças depois das aulas. Decidiram então aplicar multas para cada atraso dos pais. Conseqüência: a quantidade de atrasos aumentou! O pais sentiam-se mais pressionados quando a pressão era da escola e dos próprios filhos. O dinheiro tirou o peso da responsabilidade social. Vendo o ocorrido, a escola decidiu retirar a penalidade financeira. Resultado: os atrasos continuaram grandes! A volta à situação anterior de respeito ao padrão social não se fez.

Em seu livro Dan Ariely descreve uma série de inusitadas experiências que ele e colegas vêm desenvolvendo e seus resultados surpreendentes. Os domínios são os mais diversos. Para entender como as pessoas tomam decisão quando estão excitadas sexualmente, por exemplo, ele e seus colegas fizeram experiências sobre como as decisões, opiniões e atitudes das pessoas mudavam quando sob forte estímulo sexual como vendo filmes ou revistas pornográficas. Testes para mudar medir o nível de desonestidade das pessoas e em que situação elas ocorrem é outro exemplo dessa diversidade.

Aqueles que buscam resultados científicos concretos com a descrição detalhada dos métodos aplicados pelos pesquisadores vão se frustrar. O livro não entra nesse nível de detalhe e nem parece ser esse o objetivo do autor. Trata-se de uma obra de divulgação científica onde o que mais se ressalta é o ineditismo das questões levantadas e dos métodos utilizados. Para os menos exigentes, recomendo.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Turismo Internacional a Partir de Fortaleza: Longa Rota Ainda a Traçar

Triste saber que a Delta Airlines cancelou o vôo Fortaleza-Atlanta-Fortaleza. Considero triste mais por perceber nossa pobreza do que pela decisão em si. A única vez que tentei ir aos EUA partindo daqui pela Delta, tive uma tremenda duma chateação. O Vôo foi cancelado por “ motivos técnicos”. Tive que ir para São Paulo e acabei perdendo um dia de minha viagem. A Delta me reembolsou a diária do hotel que já tinha pago nos EUA, mas o incomodo e o dia perdido não têm preço. Se é para tratar o cliente assim, melhor não ter o vôo. Na época percebi que a rota não tinha muito futuro.

Acho que, além de campanhas internacionais de divulgação do Ceará,  como a  Secretaria de Turismo do Estado diz estar fazendo, ela deveria fazer uma campanha de divulgação nacional das possibilidades de vôo que partem de Fortaleza para o exterior. Fortaleza e seu aeroporto não podem sobreviver somente de passageiros cearenses. Não tempos um nível de renda que nos dê esse luxo. É preciso investir na possibilidade de ser um hub para conexões. Recentemente, quando estive na Finlândia, conversei com colegas pesquisadores do Amazonas e soube que nenhum deles fez o vôo para a Europa a partir de Fortaleza. Foram para São Paulo e de lá para Paris. Um trajeto muito mais longo do que se tivessem ido via Fortaleza. Eles argumentam que o pinga-pinga de Manaus até Fortaleza os desmotivou. 

O fato é que por mais que usemos o discurso de que o turismo é nossa principal vocação, os obstáculos que nos desafiam ainda são básicos.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Novas funções para a mídia impressa. Muito além de novos lay-outs

Recentemente dois dos grandes jornais brasileiros fizeram reformulações em seus portais. Estadão e Folha modificaram o lay-out e incluíram novas funcionalidades com o intuito de mostrarem-se na vanguarda tecnológica e atenderem melhor seus leitores. Na carona, vários outros jornais brasileiros também fizeram suas reformulações.

Achei essas mudanças tão tímidas que esperei um pouco mais para fazer algum comentário. Tinha esperança que algo mais acontecesse. Vendo agora que nada mais virá, emito aqui minhas impressões.

Os grandes conglomerados de mídia brasileiros não parecem estar percebendo o que vem acontecendo no resto do mundo (ou se percebe, não crê que valha para a realidade brasileira). Toda a imprensa tradicional passa por uma crise sem precedentes. A imprensa escrita, em particular, é a que mais sofre com as mudanças que a Internet e a web trouxeram. Em virtude disso, no resto do mundo, as mudanças têm sido muito mais marcantes. Os jornais impressos perceberam que a forma tradicional de veiculação da informação com tinta em papel está em extinção. Mais do que isso, o que parece estar se desenvolvendo é  o completo desacoplamento da produção do conteúdo da veiculação do mesmo.

Percebendo isso, jornais como New York Times nos EUA e The Guardian na Grã-Bretanha passaram a investir em padrões de metadados que vão estar vinculados a todo conteúdo produzido por eles. O padrão de metadados hNews, produzido pela AP (Associated Press), por exemplo, já está em mais de 200 sites. O uso desse padrão faz com que cada notícia venha associada com o assunto da matéria, a informação do autor da notícia, onde foi publicada e onde foi escrita. Isso torna as informações mais facilmente acessíveis por programas de computador.

De forma similar, o jornal britânico, The Guardian lançou sua API aberta. Com ela pode-se utilizar conteúdo gerado pelos jornalistas diretamente em um site de terceiro na rede. Por exemplo, é possível embutir uma matéria do jornal em um blog ou página pessoal. Maiores detalhes veja aqui. Vários outros exemplos aparecem diariamente. O New York Times tem investido pesado na criação de metadados e disponibilização de seu conteúdo para acesso por outros.

Esse tipo de iniciativa ainda não está presente aqui, mas não creio que vai demorar muito a aparecer. Não vejo indicações que o contexto brasileiro seja diferente do resto do mundo.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Por uma nova estratégia de contratação e qualificação de policiais

O Jornal O Povo fez recentemente uma matéria sobre  o sistema de capacitação feito pela UECE para os iniciantes no Ronda do Quarteirão. A relevância do tema já havia sido mencionada nesse blog. Na matéria, os entrevistados são da SSPDS, da UECE e da PM. Não admira que as avaliações sejam todas muito entusiastas.

Já escrevi sobre o que considero os fundamentos da qualificação policial. Sem querer ser repetitivo, vale a pena comentar o seguinte.  O curso de preparação para policiais ministrado em torno de quatro meses tem uma carga horária de mais de 1000 horas. Para termos uma referência, vejam que, um aluno universitário faz aproximadamente 360 horas de aula em um semestre (5 meses de aula). Olhe que quem cumpre tamanha carga horária precisa se dedicar bastante. Será que os futuros policiais, com essa quantidade de carga horária em tão pouco tempo, têm capacidade de cumprir suas atividades  com qualidade? Pode-se esperar qualidade de aprendizagem com essa avalanche de informação despejada ?

Sobre o programa de disciplinas, embora fazendo parte de uma grade da SENASP, carece outro comentário. A SENASP (Secretaria Nacional de Segurança Pública) sugere linhas mestras. Cabe a cada polícia definir os detalhes de como será o curso e zelar para que o mesmo seja eficaz. O grande problema é que a estratégia de contratação e capacitação em massa em curto espaço de tempo que tem prevalecido nos últimos anos não tem como privilegiar a qualidade do ensino. Aulas práticas (que deveriam ser a maioria) com acompanhamento personalizado são dificílimas de serem implementadas quando se fala de centenas e as vezes milhares de alunos. A avaliação do aprendizado então! Como todo o conteúdo é apreendido? Aliás, ele é mesmo apreendido? Qual o acompanhamento que é feito? O trabalho policial exige muita prática. Já mencionei em texto anterior sobre a necessidade de aquisição de excelência nos conceitos, mas sobretudo nas AÇÕES. Algo que comparei à intuição de um bom atleta numa competição. Reações de reflexo e frente à pressão devem ser tomadas quase que por instinto. Isso requer muita prática. Senão vejamos novamente a questão do exercício do tiro. Nas polícias boas no mundo, a quantidade de tiros depende da qualidade dos acertos. Por isso, um policial americano precisa acertar 95 de 100 tiros. Qual a nossa exigência nesse sentido?

Outro exemplo. A matéria jornalística do OPovo mostra como as aulas para aprender a dirigir a Hilux são essencialmente téoricas. Os recentes acidentes com o Ronda são indicadores que há um problema.

Treinar cerca de duas mil pessoas de uma só vez é uma tarefa hercúlea e fadada ao sacrifício da qualidade. Dentre as desvantagens mencionadas percebe-se ainda a pouca padronização de procedimentos (visto que no próprio curso inicial, os professores têm que se revezar para dar conta da demanda).

Por tudo isso, confesso que surpreendeu-me o título alvissareiro na matéria que usa a expressão “tiro certeiro”. Qual é mesmo o alvo? 

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Palkin: Uma Delícia Russa

Os que me conhecem sabem de minha paixão pela gastronomia em especial aquela trabalhada e requintada. Em minhas viagens, sempre procuro fazer uma ou mais visitas à restaurantes especiais.

O Palkin em São Petersburgo, na Rússia, que conheci em minha última viagem, é um dos que merece menção. Dificílimo encontrar um local tão marcante. Apresenta tudo que se espera de um grande restaurante. O ambiente é simplesmente extraordinário. Aberto em 1785 foi local de encontro de aristocratas, intelectuais e mesmo da realeza russa da época. Foi reaberto em 2002 deslocando um pouco um cinema que funcionou durante a época comunista. A suntuosidade do ambiente é típica dos grandes castelos russos da época da Czarina Catarina.

Mas não é somente o local que impressiona. O serviço é cinco estrelas. O atendimento é finíssimo. Todos os garçons falam inglês com perfeição. Compreendem perfeitamente o menu e sabem em detalhe cada nuance dos pratos servidos. Alia ainda ao requinte a qualidade da gastronomia. Desde a água mineral (pode-se escolher Perrier, San Pellegrino, Evian, etc.) passando pelo caviar  ao autentico filé Strogonoff a qualidade é sempre prioridade. Os pratos principais não podem ser degustados sem se provar as maravilhosas entradas como foie gras com aspargos verdes e a salada com queijo de cabra (minha predileta). Os melhores queijos franceses estão lá para começar o encerramento. Quanto às sobremesas? Bem, melhor olhar os dois vídeos abaixo. Uma trufa que se derrete com conhaque quente e frutas silvestres flambadas no Calvados merecem ser vistas dado o requinte do preparo. Recomendo fortemente. Está no nível dos grandes monumentos que permeiam São Petersburgo.