Temos, nós cidadãos, nos interrogado com infeliz recorrência porque é tão fácil jovens e adolescentes portarem armas de fogo, embora tenhamos um Estatuto do Desarmamento. Um estudo recente da ONG Instituto Sou da Paz sobre a aplicação desse Estatuto lança luz sobre fatores inusitados que podem estar a alimentar o mercado de armas ilegais.
No Rio, das 10 mil armas apreendidas entre 1998 e 2003, 17% pertenciam às empresas de segurança privada e de transporte de valores. Em São Paulo o número de armas furtadas e roubadas dessas empresas já é quase 30% do total que as mesmas têm registradas. Desde 2003, mais de 17 mil armas haviam sido extraviadas de empresas de segurança privada no País. Um número absolutamente fora dos padrões. Mas os problemas não se restringem ao contexto privado, nem se configuram privilégio de alguns locais. Aqui no Estado, por exemplo, a perda de pistolas .40 por policiais e bombeiros cresce inexplicavelmente. Justamente os profissionais supostamente treinados para lidar com armas, solicitam autorização para portá-las e, meses depois, notificam que as perderam!
Cabe-nos solicitar providências às autoridades responsáveis (Polícia Federal, Exército e Polícias Estaduais). Quais os resultados das apurações de tais fatos? Que medidas são tomadas com o intuito reduzir “os descuidos”? Como controlar eficientemente as armas das empresas de segurança privada? As respostas a essas perguntas bem como a outras que o estudo do Sou da Paz faz emergir só advirão com forte reforço das ações de implementação eficaz e completa do Estatuto do Desarmamento. Se assim não for feito, em breve estaremos a discutir mudanças na legislação por acreditar que o Estatuto é mais uma “lei que não pegou”.
Esse artigo foi publicado hoje (27/07/2010) na seção de opinião do Jornal O Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário