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sábado, 31 de março de 2007
A Empresa Google
Não considero exagero dizer que Google já entrou para história. Poucas empresas, em tão pouco tempo de vida, cresceram tão rapidamente e demonstraram uma capacidade de crescimento continuo como ela vem demonstrando. Basta dizer que ela surgiu em 1998 e hoje já possui cerca de 15.000 funcionários no mundo todo. Vou deixar o aspecto tecnológico de lado e discorrer um pouco sobre como é a Google como Empresa. Vale a pena conhecê-la. Primeiramente, seus restaurantes estão entre os melhores da região da Baía de San Francisco (San Francisco Bay Area). Tem para todos os gostos: chinês, italiano, indiano, americano, mexicano, mediterrâneo e alguns que são ecléticos (não me lembro se há um francês). O detalhe mais importante é que é tudo de graça! Para os funcionários, claro. Alguns convidados de funcionários (meu caso) podem ir para fazer uma boquinha (só um por mês). Os funcionários podem tomar café, almoçar, jantar e se quiser fazer ceia. Tudo isso com o objetivo de deixá-los à vontade na Empresa (e fazê-los trabalhar um pouquinho mais, sim). O fato de ter ônibus para trazer e levar os funcionários de/para casa não é uma novidade muito grande. Mas convenhamos, rede wireless dentro do ônibus para o pessoal ir usando o notebook e acessando a Internet, já não é muito normal. A sala de ginástica é comparável às melhores academias de uma grande cidade. Outras atividades lúdicas estão à disposição e na área há cinema também. Os funcionários têm horário flexível e a estrutura organizacional é muito plana. Tenho conversado com colegas que trabalham lá, que dizem quase não falar com o chefe durante a semana. Do tempo de trabalho, pode-se tirar 20% para uso pessoal. Para criar algo ou propor inovações. Se uma inovação proposta por um funcionário gerar recursos para a Google, o funcionário ganha um bônus em ações da empresa. Não é coisa pouca, não. Pode chegar facilmente na casa dos milhões de dólares. Ao visitar os escritórios de trabalho tive a impressão de estar em um shopping center. Nunca de estar em uma empresa com aqueles biombos, tipo repartição pública ou banco. A Google tem inovado também na forma de contratar as pessoas (em alguns meses chegam a ser contratadas em torno de 50 pessoas por semana). A maioria esmagadora do pessoal contratado tem doutorado, mas aspectos relativos à personalidade da pessoa são também considerados. Ao conversar com as pessoas aqui nos EUA, funcionários ou não, sinto que todos têm uma visão muito positiva da Empresa. Ela não comporta o sentimento de rejeição de outras grandes (como Microsoft, por exemplo). A grande interrogação que coloco é quanto tempo isso vai durar? Só o fato de conter uma base de dados imensa em milhares de computadores e que permitem saber sobre tudo já é algo assustador. Ainda por cima ela tem crescido para todos os lados e manter-se imune ao fenômeno da rejeição não será fácil. Aliás, na Internet já circula um vídeo que demonstra essa preocupação, principalmente em relação ao papel que Google terá como meio de comunicação (clique aqui para ver o vídeo).
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sexta-feira, 30 de março de 2007
Galvão Bueno e Pelé: Que Vergonha!
Este vídeo postado no Youtube e que descobri ao ler o blog de esportes do Jornal O Povo é cômico. Ao mostrar os bastidores da televisão, ele deixa nus Galvão Bueno e a direção da Globo. Nele Galvão Bueno discute com o diretor da Globo, pois não sabe mais como fazer Pelé calar a boca. Agora eu pergunto: e quem pediu para o Galvão falar? Tenham paciência que a partir da metade do vídeo o mais interessante ocorre. Clique aqui para ver o vídeo.
quinta-feira, 29 de março de 2007
Fórum Brasileiro de Segurança e Desesperança
Esta semana recebi um e-mail de uma colega que preferiu ficar anônima se dizendo com pouca esperança em uma solução para os problemas da Segurança Pública no nosso país. Ela disse que a iniciativa do Fórum Brasileiro de Segurança (clique aqui e acesse o Fórum) era legal, mas não seria com conversa que iríamos resolver os problemas. Ela está inconformada principalmente com a polícia e com a questão da impunidade. Tudo o que ela disse (e olha que não mediu palavras) é extremamente compreensível pelo momento delicado que vivemos. Muito do que tinha para dizer já coloquei nos textos passados deste blog. Só queria aproveitar a oportunidade para falar porque acredito que o Fórum Brasileiro pode ser um vetor importante neste processo (demorado e doloroso, como já tenho enfatizado) de aprendizado e implantação de melhorias. Como já disse anteriormente, Segurança Pública não é somente assunto de Polícia. É um problema da sociedade como um todo em suas diversas matizes, bem como um problema político. Acredito que quanto mais gente se dedicar a compreender e discutir o problema, mais exigentes e competentes seremos na implementação da solução. Infelizmente esta ainda não é a realidade no País. Nossos dirigentes conhecem pouco de Segurança e carecem de estudos, de dados e de informação. A iniciativa do Fórum de reunir experiências que tiveram êxitos, dados confiáveis e pessoas competentes dentro de um espaço de debate comum e público, certamente acrescentará conhecimento a todos que se interessem por resolver os problemas relativos à Segurança. Não que acredite que só com conversa conseguiremos resolver um problema tão complexo. Muito pelo contrário, tenho dito em textos anteriores que a solução da Segurança exige um fazer continuado que requer muita persistência. Mas para quem está com a responsabilidade de fazer acontecer, nada melhor que um referencial, um norte. Muitas vezes quem está no dia a dia tem pouca oportunidade de pensar, refletir e estudar ações e estratégias. O Fórum pode ajudar mostrando caminhos a percorrer e também os que não valem a pena perseguir.
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quarta-feira, 28 de março de 2007
Web 2.0 e Etnografia Digital
Etnografia é o estudo de uma cultura. Muito realizada por antropólogos, sociólogos e em menor escala (mesmo que em um crescendo) por outros profissionais como psicólogos. Até informáticos estão usando etnografia para compreender melhor o usuário do computador e adquirir conhecimento sobre suas necessidades. Normalmente se faz através de observação e muitas vezes através de participação na cultura. O que isso tem mesmo a ver com Web 2.0? Bem, veja o vídeo que este professor de Antropologia da Universidade de Kansas fez sobre o que ele pensa da Web 2.0 e de como ela está mudando nossa forma de viver. (Veja o vídeo abaixo). Este vídeo foi inicialmente enviado para a turma (em torno de 10 alunos) que ele estava ministrando aula de Etnografia Digital. Dentro de pouco mais de um mês, ele já tinha sido visto por mais de 1,7 milhão de pessoas no YouTube. Comentários de toda sorte, blogs e outras coisas mais passaram a discutir a etnografia digital e o vídeo do ilustre Prof. desconhecido. Ele se disse espantado, e mesmo com medo, do impacto que teve seu vídeo. Passou certo tempo para absorver o sucesso e responder aos comentários que vinham de todos os lados. Esta situação merece várias reflexões. Primeiro, a forma como o vídeo foi produzido. Possui uma arte bem interessante, mesmo se um pouco exagerado nos aspectos técnicos para meu gosto. Segundo, é interessante ver antropólogos estudando como uma nova cultura está se formando com a Web 2.0. Terceiro, é um exemplo fantástico de como algo produzido por uma pessoa normal, sem recursos maiores e sem suporte de nenhuma empresa pode ter um impacto tão violento e tão abruptamente. Finalmente, é instrutivo, pois quem poderia imaginar que tantas pessoas iriam ler um texto e assistir um vídeo de um professor de antropologia preocupado com a etnografia (ainda por cima a etnografia digital). Creio que esses pontos definem o que é Web 2.0.
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terça-feira, 27 de março de 2007
Interagindo com o Computador Somente com o Olhar
Na semana passada assisti uma defesa de tese de doutorado em Stanford que vale a pena comentar. O aluno Manu Kumar do Professor Terry Winograd (que também foi orientador de Larry Page antes dele deixar o doutorado para fundar a Google) apresentou um trabalho muito interessante e que certamente será algo muito utilizado no futuro. Ele estudou o comportamento do ser humano ao interagir com o computador apenas com os olhos. A tecnologia de rastreamento da visão consiste do uso de uma câmera que foca nos movimentos da pupila e em um infravermelho que reflete a córnea da pessoa que está usando o computador e assim consegue descobrir para onde ele está olhando na tela. Ainda há algum trabalho a ser feito para que a tecnologia fique totalmente confiável e acessível (o hardware de rastreamento da visão custa em torno de U$ 25.000,00), mas algumas soluções simplificadas estarão no mercado em breve. Na sua tese, Manu desenvolveu algumas aplicações interessantes em que a tecnologia de rastreamento da visão é usada em conjunto com outros dispositivos de interface. Uma das aplicações usa, conjuntamente, o rastreamento da visão e o teclado. Ele mostrou que quando se está lendo um texto e se tecla page down (tecla de rolagem da página para baixo) normalmente as últimas linhas do texto que se está lendo são perdidas, pois saem da visão do usuário. Com o uso conjunto das duas tecnologias isso não acontecerá mais. O computador identifica para onde o usuário está olhando e quando ele tecla page down a página só rola até a linha que ele estava olhando. Outra aplicação interessante é o teclado visual , onde o usuário ao invés de digitar uma senha no teclado, escolheria os caracteres somente através de seu olhar. A aplicação já está sendo negociada com bancos. Além do aspecto inovador da pesquisa, outra coisa me chamou muita atenção. A tese de doutorado foi defendida em quatro anos e nove meses e durante este tempo além de publicações científicas, dois pedidos de patentes foram feitos. A preocupação de se gerar uma inovação e colocá-la no mercado é algo comum aqui em Stanford. Não é a toa que HP, Google, Yahoo, Sun, só para citar alguns, nasceram aqui.
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domingo, 25 de março de 2007
Política Pública de Comunicação
Recentemente tive oportunidade de trocar e-mails com o ombudsman Plínio Bortolotti do jornal O Povo quando lhe parabenizei pelos comentários críticos e pertinentes que fez sobre a postura dos jornalistas que escrevem colunas sociais em veículos de comunicação. Aproveitei a oportunidade para apresentar-lhe meu blog e o artigo que reflito sobre o papel da imprensa na nossa sociedade bem como me questiono do porque da dificuldade de estabelecermos controles nos conteúdos de programas mediáticos, em particular, da televisão (veja o artigo novamente clicando aqui). Neste domingo ele escreveu um texto que vai totalmente ao encontro do que penso e reflete uma parte do que tinha escrito. Clique aqui para ler o texto. O texto é baseado em um documento produzido pela Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI) entitulado Mídia e Políticas Públicas de Comunicação (clique aqui para acessar o documento). É leitura obrigatória para quem se interessa minimamente pelo assunto. Trata-se de um estudo rico e completo que mostra a pobreza do contexto de nossa mídia, quando se trata de se auto-avaliar. Por outro lado é alentador saber que temos entidades realizando estudos como esse os quais nos mostram que algo precisa ser feito. Parabéns de novo a Plínio por trazer o tema à tona. Infelizmente, as colunas de ombudsman não me parecem serem as mais populares nos jornais (não tenho base para dizer isso. Só um sentimento). Creio que, por focarem as vezes em pequenos erros e enganos cometidos pelos jornalistas, elas muitas vezes passam uma idéia que se trata de coisa interna do veículo de comunicação. Na verdade, lendo alguns artigos recentes de Plínio percebi que ele há algum tempo vem levantando pontos polêmicos e bem interessantes de serem considerados pela imprensa de uma forma geral ou pelo menos dentro do próprio jornal O Povo. Vamos ficar atentos para verificar até que ponto suas considerações têm eco internamente.
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sexta-feira, 23 de março de 2007
Turismo na Califórnia
Tenho aproveitado minha estada aqui nos EUA para, quando posso, viajar um pouco e conhecer mais a Califórnia. Segundo a Comissão de Turismo do Estado, todo ano chegam mais de 300 milhões de turistas domésticos e mais de 14 milhões de turistas estrangeiros na Califórnia. É a primeira destinação turística nos EUA. Quase três vezes mais que New York e 5 vezes mais do que o Havaí. As duas cidades mais conhecidas são Los Angeles onde está Holywood e a Disneyland e San Francisco da ponte Golden Gate. As duas cidades têm suas belezas (embora ache San Francisco muito mais charmosa) mas não são exatamente o que considero imperdível para alguém que vem visitar a Califórnia. Eu sei que é bem difícil fazer sugestões, pois depende muito do gosto e interesse de cada um. No entanto, um local que me deixou maravilhado e que não tenho receio em indicar foi Lake Tahoe. Não está muito distante de San Jose (3 a 4 horas de carro). Trata-se de uma região montanhosa com um lago que está a mais de 2.000 metros de altura onde antigamente era um vulcão. As paisagens são lindíssimas. Fui durante o verão e durante o inverno quando havia neve por toda parte, sendo ideal para a prática de Ski. Recomendo fortemente em qualquer estação. Ainda por cima, as cidade de South Lake Tahoe no sul e de Reno no Norte do lago encontram-se na fronteira com o Estado de Nevada (onde se encontra Las Vegas e onde o jogo é permitido), pode-se atravessar a fronteira (basta atrevessar uma rua) e entrar em hotéis cassinos muito bonitos e com várias atrações mesmo para os que não gostam de jogar. Ao lado mostro uma foto do lago.
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quinta-feira, 22 de março de 2007
Internet e Representação Democrática
Já mencionei recentemente em dois textos deste blog (Livros: Long Tail e Netflix: O Futuro das Locadoras de Vídeo ) sobre o quanto a internet tem mudado a forma de se fazer negócios. Em outro texto (Internet e Televisão) mencionei como o papel da mídia também sofre modificações com o advento da rede mundial de computadores. Dando continuidade às reflexões sobre o impacto da Internet no nosso dia a dia, queria refletir sobre a Internet como um veículo de mudança na forma de representação política no sistema democrático. Recemente li um artigo no jornal O Povo sobre como o prefeito de Belo Horizonte usou a web para consultar a população sobre a abertura do comércio aos domingos. Sem entrar no mérito da consulta do prefeito e nem da metodologia que ele adotou, acho que trata-se de uma situação que tende a se tornar cada vez mais frequente. Atualmente, a forma tradicional de representação democrática é através de votações de representantes da população em parlamentos. As consultas diretas à população (como plebiscitos) são pouco utilizadas por algumas razões. Uma delas se deve a falta de praticidade de se fazer frequentemente um procedimento de votação e apuração. Pois bem, este problema estará gradativamente sendo eliminado pela forma imediata e abrangente com que a interação da sociedade com seus governantes poderá ser realizada através dos meios digitais de comunicação como computadores, TV, celulares, etc. Além disso, no caso brasileiro, em especial, acho que há um outro problema que potencializa este contexto de aumento das consultas populares: a falência do nosso sistema de representação política. Em essência, esse sistema fundamenta-se na idéia de que podemos eleger representantes e que esses representantes defenderão nossos interesses e legislarão seguindo os príncipios que defendem seus partidos. Tudo muito bonito, mas totalmente irreal. Uma verdadeira peça de ficção e que só tem servido para aumentar o fosso entre a sociedade e a classe política. Nossos partidos não têm programas bem definidos e quando os têm, não os seguem. Quem de nós acredita que votando em um representante político ele vai nos representar minimamente o que pensamos? Claro que há um lado muito perigoso em se ultrapassar o poder legislativo da forma que ele é hoje, pois o processo de formulação de leis exige discussões repetidas, conhecimento de causa e não emotividade para que as decisões finais sejam as menos tendenciosas possiveis e reflitam o que é de melhor para a sociedade. Deve-se representar a maioria, mantendo os direitos das minorias. É verdade ainda que o crescimento das consultas diretas ao povo gera um desequilíbrio entre o poder legislativo e o executivo, onde este último teria muito mais relevância (o que pode entusiasmar governantes com viés autoritário). Mas olhando por um outro prisma, pode ser que o aumento das consultas populares torne-se o vetor de mudanças no nosso sistema político, pela simples necessidade de sobrevivência dos políticos. Se continuarem como estão, serão ultrapassados e se tornarão menos e menos relevantes. Talvez seja uma forma de acelerar a reforma política que se discute há algum tempo e que nunca sai do papel.
Em que a TV Digital Será Diferente?
A TV Digital já vai chegar tarde no Brasil. Fruto de inércia e morosidade da classe política que tem muita dificuldade em decidir padrões e estratégias de ações, em particular, no que se refere à assuntos ligados a Ciência e Tecnologia (não tenho dúvida que o pouco conhecimento desses domínios é mais uma dessas razões). No entanto, há um fator positivo neste atraso. Poderemos aprender com o erro dos outros e escolher o que é melhor para nossos objetivos. Os americanos, por exemplo, não tem um padrão único de uso e os existentes se concentram em um aspecto da TV digital: a qualidade de transmissão das imagens. Creio que isso se deve ao fato de que na grande maioria das residências americanas, a Internet já está presente e assim a possibilidade de acessar a Internet pela TV não traz muita novidade. A grande diferença da TV digital comparando com a TV normal é o fato de que na primeira se pode transmitir, além de imagens e sons, dados. Por exemplo, será possível assistir um programa e receber simultaneamente no visor da TV informações sobre os atores que estão atuando. Ou então será possível fazer campanhas educativas que estejam sincronizadas com o programa que está passando. Por exemplo, se um ator aparece fumando na tela de um programa, será possível associar uma legenda sobre os males do cigarro para as pessoas. Outro aspecto importante é que essas mensagens e os programas de forma geral poderão ser produzidas por muito mais pessoas: os chamados produtores de conteúdo. Hoje em dia somente as empresas de televisão produzem conteúdo. Com a TV digital isso será muito mais distribuído. Assim uma comunidade de bairro poderá produzir um conteúdo que será visualizado somente pelas pessoas pertencentes àquela comunidade. Além disso, será possível interagir com a TV, o que abre muitas possibilidades de participação dos telespectadores. A grande esperança adjacente a chegada da TV digital no País refere-se ao uso da TV em mais atividades públicas em favor da comunidade e da sociedade como um todo. Espera-se que mensagens educativas, de controle de doenças, trânsito, etc. possam ser veículadas de forma mais eficaz do que hoje. No entanto, quando se fala desse novo uso da TV, é necessário compreender que isto nem sempre é convergente com os interesses das grandes empresas de televisão e de muitas outras Empresas que esperam explorar a TV digital com fins comerciais. Para que a TV digital se transforme de fato em uma tecnologia de inclusão digital será necessária uma política baseada na democratização da produção de conteúdo. O preocupante é que, como mencionei no começo do texto, não tenho certeza de que nossa classe política está suficientemente preparada para liderar esse processo e não sucumbir aos interesses de poucos. Estejamos vigilantes. Uma matéria recente no UOL sobre a feira mundial CEBIT e o futuro da TV pode ser vista aqui.
quarta-feira, 21 de março de 2007
Site do Fórum Nacional de Seguraça Pública
Já está no ar o site do Fórum Nacional de Segurança Pública. Como já tinha mencionado em um texto anterior deste blog, trata-se de uma iniciativa pioneira no Brasil. O Fórum possui um caráter totalmente democrático e já possui como membros alguns dos maiores especialistas no País bem como integrantes de ONG e de istituições policiais. Participo do Fórum com muito entusiasmo pois creio ser um exemplo ímpar de como podemos fazer algo sem necessariamente esperar por ações governamentais. Não vou falar muito mais do isto. Cabe a você ir descobrir o que o site proporciona. Clique aqui para acessar o Fórum.
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A Constante Revolução da Internet
Em uma conversa informal com um amigo que não é da área de computação fui questionado até que ponto a Internet é uma revolução. Ela não seria somente uma evolução da chamada revolução da informação dos anos 70 e 80. Não seria ela somente mais um instrumento da Tecnologia da Informação (TI) ? A TI permite agilidade e eficiência aos procedimentos de negócios de uma sociedade e impactou (e ainda impacta) na produtividade da Indústria e do Comércio, somente para exemplificar. Dito isso, acredito que podemos sim considerar a Internet como sendo um instrumento da TI. Entretanto, não creio que é justo dizer que a TI tradicional provocou uma revolução, pois as formas como nos organizamos como sociedade, como nos relacionamos entre si, como somos empreendedores e como nos divertimos não sofreram modificações com a TI no mesmo patamar que a Internet tem feito. Em um primeiro momento a Internet foi usada somente como instrumento de divulgação e fácil acesso de informação (funcionando como uma espécie de mídia eletrônica). Com o advento de novas aplicacões que dão enfase na colaboração e produção de conteúdo descentralizada (chamada de web 2.0) fica evidente que algo bem diferente começa a acontecer. A web 2.0 está provocando mudanças bem mais sensíveis na nossa forma de viver. Basicamente, ela está dando aos indíviduos um poder de fazer acontecer (sozinho ou em grupo) que não era imaginável antes. Há algum tempo atrás, o que você pensaria de alguém que chegasse com uma proposta de fazer uma enciclopédia com um grupo de amigos? Para fazer isso se necessitaria de recursos financeiros para reunir todas as competências necessárias para discorrer sobre os mais variados temas presentes na enciclopédia. Precisaria de recursos também para imprimir a enciclopédia, divulgá-la e vendê-la. Entretanto, com a web não se precisou de um tostão para que mais de cinquenta mil pessoas construissem de forma colaborativa a Wikipedia, que tornou-se hoje uma das principais fontes de referências do mundo. Este exemplo mostra-nos o novo horizonte que se abriu com a rede mundial de computadores. A constante disputa judicial de grandes grupos de mídia e de comunicação contra as iniciativas inovadoras representando esta nova cultura (vide Viacom vs. Google) nos mostram como será difícil uma total ruptura do modelo atual. No entanto, o caminho está aberto para os que usam da criatividade. Em um próximo texto falo sobre como a noção de representação democrática tem se modificado com a internet.
segunda-feira, 19 de março de 2007
O Mundo é Plano e as Interações Muito Bem Vindas
Excelente a sugestão de Alexandre Menezes do livro de Thomas Friedman "The World is Flat” (O Mundo é Plano) em comentário deste Blog. Já o tinha lido não muito recentemente e sem dúvida é uma leitura muito interessante. Tinha pensado em deixar a lista de livros só com quatro sugestões, mas o comentário de Alexandre me obrigou a aumentá-la para cinco. Primeiro, pelo fato de sua sugestão ser muito boa. Segundo, e principalmente, pelo fato de ter sido uma resposta pronta a minha solicitação de interação que tenho buscado frequentemente. O link onde se pode comprar o livro em Portugues está postado ao lado. Depois comento o livro.
Livros: Moral Politics ou Os Valores que Guiam os Políticos Americanos
No livro Moral Politics, G. Lakoff discute quais são os valores básicos dos americanos e de como os homens públicos se portam em relação a eles. É interessante, pois nos ajuda a conhecer melhor como “funciona” a cabeça dos políticos americanos, mas principalmente porque nos leva a procurar analogias com a realidade brasileira. Em resumo, ele considera que o modelo do que se considera uma família ideal é o que dita a forma como os políticos conservadores e moderados se portam face aos principais temas polêmicos mundiais como o terrorismo, aborto, intervenção do estado na economia, etc. Os conservadores adotam um modelo de família com pai autoritário que tem a responsabilidade de ensinar mesmo que para isso precise punir. Daí a idéia de que os valores americanos têm que ser “ensinados” ao mundo, mesmo que algumas guerras sejam necessárias. O modelo de responsabilidades é seguido pelos moderados onde o pai tem o papel de convencer e liderar pelo exemplo. As associações e parcerias são a forma de compartilhar os valores responsavelmente. Como Lakoff é assumidamente um moderado, sua visão dos conservadores é extremamente negativa e por vezes caricaturada. Soa um pouco tendencioso. O aspecto que mais me agrada no seu livro é o fato de que, por ele ser um pesquisador em ciências cognitivas, algumas de suas conclusões se baseiam em estudos experimentais. Em particular, ele se interessa pela forma como as pessoas reagem às mensagens que os políticos passam. Por exemplo, ele estudou como o discurso de Bush é cheio de metáforas que fazem apelo aos valores familiares e em particular à família autoritária. Isto tem se mostrado extremamente eficiente e assim o cidadão médio americano acaba se sensibilizando naturalmente com as mensagens que ele passa. Lakoff sugere mesmo que a habilidade de Bush e de seu time é o que os permitem vender tão eficientemente medidas claramente contraditórias com o que o próprio povo pensa (refletido em pesquisas). Uma espécie de apelo ao subconsciente de parte da população. Essa situação me remete ao poder do discurso de Lula e da forma como ele é assimilado por uma boa parcela da população. Mesmo que seu governo tome medidas contrárias ao que defendia, ele parece ter encontrado (provavelmente sem saber) a forma de atingir o inconsciente do povo. Certamente por ser um representante típico da classes menos favorecidas, mas igualmente pelo fato de que essas classes sempre foram desprovidas de líderes que as representassem. Talvez venha daí a expressão popular, “ele fala a linguagem do povo”.Em que ponto isso se refere ao modelo da família brasileira é assunto para futura reflexão.
sábado, 17 de março de 2007
Livros: Long Tail
Estou postando na coluna ao lado alguns livros que li ou que estou lendo. Comecei sugerindo alguns temas variados: negócios, ciência, valores e sociologia. Estou fazendo o link em cada livro, para um endereço ou da página do livro ou de onde se pode comprá-lo. Os títulos estão em inglês, pois não sei se os mesmos têm versão em português. Se achar a versão em português troco os links. Quem puder me ajudar, agradeço. Um dos livros postados é Long Tail: Why the Future of Business is Selling More of Less de Chris Anderson (Traduzindo ao pé da letra seria Cauda Longa: Porque o futuro dos negócios é vender mais de menos). Ele discorre sobre como a Internet tem mudado os negócios. A expressão Long Tail (Cauda Longa) surgiu originariamente da forma gráfica como a estatística de distribuição de riqueza é representada. A figura ao lado ilustra do que se trata. Imagine que isto seria um gráfico em que o eixo das abscissas (x) representa a quantidade de pessoas e o eixo das ordenadas (y) representa o poder aquisitivo. A curva demonstra que poucos ganham muito e que muitos ganham pouco (a cauda vai descendo e ficando longa). Várias coisas podem ser representadas em um gráfico desse jeito, o que popularizou a expressão Long Tail. Em termos econômicos, por exemplo, pode-se dizer que o século passado foi marcado pelo sucesso dos hits, que são produtos que fazem muito sucesso como os filmes ou músicas excepcionais (e.g. Titanic, Thriller de Michael Jackson, etc.). Os hits estariam na cabeça da curva e a cauda representaria os produtos que não são hits. No livro, Anderson mostra como a web vem mudando gradativamente esta realidade, pois as pessoas estão tendo muito mais possibilidades de escolha. As vendas estão assim passando a serem diluidas com muitos passando a comprar coisas diversas o que diminuirá a importância dos hits. Exemplos de empresas que passaram a explorar a Long Tail como Amazon e Netflix são abordados no livro. Pandora como eu mencionei anteriormente em outro texto deste blog também seria um bom exemplo. A febre dos I-pods também segue esta direção, pois é possível comprar uma música por vez (sem precisar comprar um disco todo) e assim pode-se ter uma maior diversidade de gêneros.
sexta-feira, 16 de março de 2007
Netflix e o Futuro das Locadoras de Vídeo
Um exemplo de um novo modelo de negócios para locadoras de filme é Netflix. Trata-se de uma espécie de Pandora para filmes. O usuário de Netflix paga uma taxa mensal e tem direito a assistir quantos filmes quiser. São U$ 10,00 para quem quer assistir um filme por vez. A partir do site do Netflix na Internet, o usuário faz sua lista de DVDs e recebe pelo correio o primeiro da lista. Depois que assistir o filme, devolve o DVD pelo correio usando o mesmo envelope que já está postado. Só se precisa colocar dentro de uma caixa de correspondências. Netflix ao recebê-lo, despacha o próximo da fila e assim por diante. A quantidade de filmes que você assiste por mês depende do quão rápido você devolve o DVD. Como aqui nos EUA se leva em média dois dias para uma carta simples viajar entre dois pontos do país, é possível se assistir cerca de 10 filmes por mês por U$ 10,00. A conseqüência deste modelo é que se experimenta muito mais e acaba-se por assistir filmes bem variados. Netflix já tem em torno de 7 milhões de usuários cadastrados e possui uma base de 70 mil filmes. O sucesso desta forma de fazer negócio depende de alguns fatores que não sei se teremos em breve no Brasil. O primeiro é a capacidade de nosso sistema de correio. Não que ele tenha que ser obrigatoriamente rápido. Isso é desejável, mas não essencial. O mais importante é que ele seja constante e confiável. Desta forma os usuários podem ter uma idéia clara do que receberão pelo que pagam e os empreendedores podem se planejar e otimizar sua logística de estoques de filmes. Além disso, as caixas de correspondências devem estar espalhadas por todo lugar. Aqui nos EUA é muito comum depararmos-nos com caixas que podem ser acessadas diretamente dos automóveis (drive-thru). Não precisa descer do carro para colocar as cartas na caixa de correspondências. Outro problema que vejo no Brasil é a questão da insegurança. Será que nossos carteiros não se tornariam alvo de marginais com a intenção de roubar os DVDs? Talvez até um mercado paralelo se criasse?! De qualquer forma o caminho que está sendo trilhado por Netflix já se mostra um novo paradigma. A grande cadeia BlockBuster está tendo que se adaptar a este modelo e começa a seguir a mesma idéia, flexibilizando as entregas dos filmes e abrindo novos planos de pagamento.
quinta-feira, 15 de março de 2007
Um Pouco de Esporte: Brasileiros em Destaque
Tenho assistido muita NBA e é incrível a bola que Leandrinho tem jogado. Dá gosto! Esta semana assisti o jogo do Phoenix (time de Leandrinho) contra o Lakers. Em muitos momentos Leandrinho foi marcado por Kobe Bryant, em minha opinião, o melhor jogador de basquete da atualidade. Pois não é que ele foi pra cima e continuou seu jogo agressivo e extremante pontiagudo. Na vertical como diz um colega centroavante! Leandrinho é o segundo melhor reserva da temporada (incrível como americano faz estatística de tudo!). Aliás essa mania de estatística é interessante, pois se aprende a comentar os jogos sem achômetro (muito comum em alguns cronistas esportivos brasileiros). Por exemplo, se o atleta acerta 90% dos passes na quadra não dá pra dizer que ele não é um bom passador. No caso de Leandrinho ele está bem em todos os quesitos: passe, lances livres e interceptações. Só precisa melhorar a marcação contra jogadores um pouco mais fortes. Ainda está franzino para o forte jogo americano. Quanto ao Futebol. Não tenho a menos dúvida que o brasileiro que esta em melhor forma recentemente na Europa é o Daniel Alves, lateral direito do Sevilha. Esbanja saúde, disposição, velocidade e técnica. Contra o Barcelona semana passada ele acabou com o jogo. Não deixou Messi sair do canto (o que não é fácil), fez um gol de falta, causou expulsão de Giully e ainda chutou uma no travessão no final do jogo depois de um pique que matou o pessoal do Barcelona no cansaço. Ainda bem que a imprensa brasileira ainda não o descobriu. Deixa o rapaz jogar a bola dele.
quarta-feira, 14 de março de 2007
Pandora:Rádio Personalizada na Internet
Qual aficionado por música nunca desejou ter uma rádio que só tocasse músicas do seu estilo predileto? Pois saiba que isso já é possível (mesmo que por enquanto seja preciso estar conectado a Internet). Basta entrar no site Pandora e configurar suas estações de rádios com o estilo que você quiser. Claro que isso não significa que você vai precisar relacionar todas as músicas que quer escutar. Assim não teria graça, não é? Mesmo que sua lista de músicas fosse grande, acaba sendo enjoativo escutá-la constantemente. O ideal seria ter alguém que descobrisse músicas novas de seu gosto. É exatamente isso que Pandora faz! Tive a oportunidade de escutar toda a estória do nascimento de Pandora ontem em uma palestra ministrada por seus fundadores no auditório do PARC, o centro de pesquisa da Xerox em Palo Alto. Eles são o músico Tim Westergren e o ex-aluno de doutorado de engenharia de Stanford, Dan Lythcott-Haims (ambos já milionários). A idéia surgiu alguns anos atrás em um projeto chamado Genoma da música. Tim e Dan decidiram classificar as músicas por um conjunto de características (mais de 200) como a melodia, o ritmo, e várias outras propriedades que só especialistas em música podem compreender. Fizeram o genoma das músicas. A idéia por trás disso é permitir identificar que músicas são parecidas (possuem uma mesma estrutura genética) e então poder fazer boas recomendações de novas músicas. O processo todo de configuração de uma estação de rádio em Pandora é muito simples. Você o guia na tarefa de ensinar do que gosta apresentando uma música representativa do seu estilo. Por exemplo, se você diz que gosta de New York, New York cantada por Frank Sinatra, Pandora recomenda músicas que ele considera parecidas. Você então diz se gostou ou não das recomendações. Em pouco tempo, algo em torno de sete músicas recomendadas e avaliadas, ele está em condições de oferecer as músicas as mais diversas de autores e cantores que muitas vezes você nunca ouviu falar, mas que, acredite, você provavelmente vai gostar. É verdadeiramente uma idéia sensacional. Ah, tem um pequeno detalhe, tudo isso é de graça! Opa! E como eles ficaram milionários? Com propaganda no site, é claro! Já são mais de 70 milhões de pessoas inscritas no site (que está funcionando a todo vapor a pouco mais de um ano). Uma informação interessante dada por Tim foi que 70% das músicas bem avaliadas em Pandora não estão entre as mais vendidas nas paradas americanas. Ou seja, Pandora está dando oportunidade de se escutar aquilo que era, até então, desconhecido (veja uma discussão sobre esse fenômeno da emergência de um mercado de produtos desconhecidos no livro Long Tail que está sugerido ao lado na seção de livros interessantes). Para os jovens cantores e compositores trata-se também de uma oportunidade única. Basta produzir seu disco e mandar para Pandora que eles colocam na base de dados (que já tem mais de meio milhão de músicas). Tim contou um exemplo interessante de um jovem cantor que mandou seu CD para Pandora. Em uma semana ele estava sendo escutado por mais de 10 mil pessoas. Aconteceu que o estilo dele era geneticamente parecido com o de um roqueiro muito conhecido (Bruce Springsteen) e que era representante de um estilo muito popular. Infelizmente, o Banco de Dados de Pandora atualmente só contem músicas produzidas nos EUA, mas os fundadores já disseram que têm planos de internacionalização. Por enquanto, contentem-se com músicas em inglês.
terça-feira, 13 de março de 2007
Digibarn e o Mundo Virtual do Second Life
Vou dar uma pequena parada nesses assuntos sérios demais como Segurança no Brasil. Deixem-me voltar a experiência americana que estou tendo. Semana passada (07/03/2007) realizei uma das minhas mais interessantes viagens aqui nos EUA. Fui convidado pelo ilustre amigo Bill Clancey, cientista da NASA (que já esteve na UNIFOR falando sobre simulações de missões a Marte) para visitarmos o DigiBarn. Trata-se de um museu de fundo de quintal em que a temática é a informática e principalmente o computador pessoal. Passamos a tarde e a noite nessa visita que se mostrou reveladora de muitas surpresas. O museu está no quintal de um grande sítio nas montanhas de Santa Cruz (entre o Vale do Silício e o Oceano Pacífico). O proprietário do sítio e curador do museu é Bruce Damer . Bruce é uma daquelas figuras que não passa despercebida. Não só por seu estilo de vida (eremita e criador de porcos) e de se vestir ( meio hippie e meio monge tibetano), mas pela forma amável com que faz amizades e se relaciona. Ele tem desenvolvido pesquisas e tornou-se especialista em avatars (bonecos que representam personagens). Seu livro no assunto é largamente reconhecido. Um exemplo de como estes bonecos estao se tornando uma febre pode ser visto no mundo virtual do second life. Neste mundo virtual há cidades, bancos, escolas, cinemas e tudo mais. Os avatars vivem nesse contexto e interagem com outros avatars que são “pilotados” por outras pessoas. É como se as pessoas pudessem ter uma segunda vida (por isso o nome do site). Embora second life atualmente seja encarado mais como um jogo ou diversão, Bruce Damer acredita que mundos virtuais poderão ser ambientes para se fazer evoluir espécies e assim compreender melhor os fenômenos de nossa vida hoje. A idéia é um sucesso fantástico. Já são mais de 20 milhões de pessoas inscritas e que possuem seus avatars. Vale a pensa dar uma olhada no second life. Depois falo mais sobre outras coisas interessantes da visita ao Digibarn. Enquanto isso dêem também uma olhada no site do Digibarn e em especial uma entrevista que o capitão Kirk (William Shatner) da série jornada das estrelas fez com Bruce para o Discovery Channel. Nessa entrevista Bruce descreve como esta série serviu de inspiração para a criação dos nossos micros atuais. Clique aqui.
segunda-feira, 12 de março de 2007
Impunidade Exemplar
O New York Times no dia da viagem de Bush ao Brasil abriu espaço para noticiar o indiciamento de Maluf pela justiça Americana. Ele está sendo processado por corrupção e lavagem de dinheiro. De fato, a execução de seu processo aqui será muito difícil, pois não há acordo entre EUA e Brasil para extradição de brasileiros para casos como o de Maluf. No entanto, na matéria do jornal, o promotor responsável pelo indiciamento deixa claro que, na hora que Maluf pisar nos EUA, será preso. E talvez até mesmo se sair para algum outro país que tenha acordo de extradição com os EUA, ele poderá ser preso. Nesta estória todo não sei o que é mais inusitado. Se o fato de que Maluf está preso nas fronteiras brasileiras ou se o fato de que está livre enquanto estiver no Brasil. Vejam só a que ponto chegamos em matéria de impunidade. Não só não prendemos como ainda protegemos!
sábado, 10 de março de 2007
Compreendemos Porque Precisamos de um Sistema Prisional Melhor?
A situação de nossas prisões é reveladora de nossos valores. Não conheço nada no Brasil que revele tão fortemente nossa hipocrisia. Acreditamos que os delinqüentes presos devem sofrer e serem punidos e como não temos como explicitar isso na lei, lavamos as mãos para que o próprio sistema carcerário se encarregue disso. O artigo recente do presidente da CAPES, Renato Janine, no caderno Mais da Folha de São Paulo de 18 de Fevereiro, onde o mesmo declara querer o sofrimento dos assassinos do garoto João Hélio, é revelador. É um sentimento que tomou conta até de intelectuais (embora só alguns tenham a coragem de escancarar!). Não há nenhuma vontade de mudar isso. É um sentimento geral que foi se enraizando. Dá pena ver o discurso de especialistas e defensores dos direitos humanos quando falam da necessidade de provermos condições dignas aos infratores da lei e da necessidade de se investir em mecanismos de recuperação. Não conseguem vender bem suas idéias, pois acabam só focando no aspecto de proteção dos direitos e de resocialização e assim passam uma imagem de fraqueza e permissividade. Torna-se um discurso que não encontra eco na população. O estado atual de revolta de nossa população acaba por não deixá-la acreditar de fato nisso. Só se consegue ver a prisão pelo lado punitivo e, de preferência, com perversidade. O sentimento de impunidade e de que as penas são brandas induzem a população a defender, que o tempo de privação de liberdade seja o pior possível. Creio que isso acaba sendo um círculo vicioso. Não damos condições de resocialização, que logicamente acaba não ocorrendo e, consequentemente a população acaba achando que ela é impossível. Novamente enfatizo que se trata de um problema complexo e que várias medidas em paralelo são necessárias e devem ser perseguidas já, tanto ao que se refere o aspecto legal como ao sistema carcerário. Há que se investir muito dinheiro em prédios e em metodologias de monitoramento de forma que o contato dos presos com os guardas seja o mínimo possível. O ponto vulnerável de qualquer sistema prisional é o homem. A grande cadeia a se quebrar (sem trocadilhos!) é a da corrupção e da coação que são em proporções assustadoras. E isto não pode ser conseguido nos presídios que temos no País. Independentemente das medidas a serem adotadas, urge que as mesmas sejam apresentadas a população de forma que ela passe a compreender que ao se usar o dinheiro do cidadão para esses fins, o objetivo maior é o de proteger àqueles que estão fora das prisões e são as verdadeiras vítimas. Um sistema carcerário eficiente e correto não tem por objetivo maior ser bonzinho com presos, mas ele é necessário simplesmente por ser a melhor estratégia de proteção da população em geral. Da maneira atual estamos contribuindo para o aumento da violência e insegurança. Não creio que esta mensagem esteja clara nas nossas mentes.
quarta-feira, 7 de março de 2007
Polícia e Segurança Pública: A Metodologia de Bratton
O que Bratton trouxe ao Ceará foi uma metodologia de trabalho baseada na análise e no mapeamento criminal, na ênfase nos Institutos Científicos para a produção da prova legal, na inteligência policial e, no trabalho integrado das policias. Isso é base do que só agora está sendo feito em algumas polícias do País, mas que é padrão no mundo desenvolvido. Uma coisa que me lembro bem que sua equipe enfatizava era a necessidade de uma postura ativa do policial. Diziam que o policial investigador tinha que ser obcecado por realizar prisões. O único jeito de reduzir o crime por um tempo razoável é prendendo os infratores da lei. Eles exigiam que os delegados estivessem nos locais de crime e que começassem as investigações assim que um crime ocorresse (diziam que a probabilidade de prender o criminoso diminui com o passar do tempo). Determinaram ainda que Polícia Militar e Civil trocassem informações e que os comandantes de companhias e delegados discutissem sobre os crimes ocorridos durante a semana e definissem estratégias com ações concretas para conter o crime. Outra coisa que pediram foi a criação de um sistema de avaliação continuada (não me parece que se conseguiu implantar essas idéias). Toda semana os policiais responsáveis por uma área geográfica na cidade seriam avaliados pelos pares e por seus comandantes para que se explicassem do por que do aumento ou mesmo redução do crime em sua área e o que estavam fazendo para tratar isso (creio que aqui a questão cultural voltou a pesar. Não temos o hábito de sermos avaliados, nem criticados. Além disso, o corporativismo atrapalha). Tudo de uma simplicidade surpreendente. Foi também surpreendente perceber que alguns policiais se sentiram aliviados em saber que eles não pediram para fazer nada que eles não soubessem. Mas se era assim, por que não o faziam antes da consultoria? Pelas razões que tínhamos relacionado no texto anterior além das conseqüências dos anos de descaso. Desmotivação, falta de recursos, desqualificação, etc. Os obstáculos gerados pela má estrutura existente tornam todas as sugestões mais difíceis de serem executadas. Por exemplo, como o delegado pode estar presente nos locais de crime se haviam presos para serem guardados na cadeia ou o carro não estava com gasolina? Na verdade, a distância entre a idéia e a sua execução é muito grande. E aqui, volto a enfatizar: falta-nos a capacidade de execução. O trabalho iniciado por Bratton teve que ser perseguido concomitantemente com medidas que visavam atacar todos esses pontos deficientes. No geral, a contratação da consultoria serviu como reciclagem, movimentou a todos e gerou o sentimento de que mudanças estavam sendo realizadas. Significou ainda a interação com outras experiências e serviu inclusive para respaldar demandas das Polícias junto ao Governo. Mas a mais marcante mensagem é que temos que fazer as coisas certas. Realizar com continuidade é o grande desafio.
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terça-feira, 6 de março de 2007
Polícia e Segurança Pública: A Consultoria de William Bratton
Durante o tempo que coordenei a área de tecnologia da Secretaria de Segurança do Ceará, tive oportunidade de acompanhar a consultoria fornecida pela equipe de William Bratton ao Governo do Estado. Para os que não são da área, Bratton ficou conhecido pelo fato de ter sido o idealizador e executor de uma política de segurança bem sucedida em New York nos anos 90. Sua vinda ao Ceará foi precedida de muita controvérsia e muitos, ainda hoje, fazem avaliações, as mais diversas, sobre o que essa consultoria fez. Vou dar o depoimento de quem acompanhou de perto o trabalho dos consultores, pois o uso da informática era uma das coisas básicas requerida por eles. Além disso, acabei acompanhando-os em outras ocasiões pelo fato de falar inglês, o que facilitava nossa interação. A primeira coisa que quero esclarecer refere-se ao conceito de tolerância zero que muitos declararam que era o que o time de Bratton queria implantar no Ceará. A teoria da tolerância zero defende que mesmo pequenos delitos devem ser punidos exemplarmente, pois, em caso contrário, criam um ambiente de permissividade que gradativamente leva a um aumento de criminalidade. Pois bem, tolerância zero foi algo que desde o primeiro momento não foi objeto da consultoria de Bratton. De imediato, se percebeu que a realidade cultural era totalmente diferente e que as condições legais e estruturais do País e do Estado não permitiam uma incursão deste tipo. Além de perceber que a tolerância zero era inviável, Bratton tomou conhecimento que uma renovação do corpo policial também não era fácil. Em New York, ele demitiu, aposentou ou ofereceu aposentadoria para mais de 50% dos policiais. Paralelamente foi contratando gente e chegou a ter 25% a mais no contingente de que quando começou. Amanhã continuo.
segunda-feira, 5 de março de 2007
Polícia e Segurança Pública: E Porque Já Não Fizeram Isso?
Tudo o que tenho dito parece muito óbvio e alguns, com toda razão, poderiam perguntar: Por que já não fizeram isso antes? Simplesmente porque executar, implantar, fazer acontecer é o ponto vulnerável da nossa nação. Somos ótimos em ter idéias, mas péssimos em torná-las realidade. Por exemplo, como fazer renovação do corpo policial, se no nosso País passam-se anos para se efetivar novos policiais através de concursos (perdidos em incontáveis mandados de segurança) e passam-se anos para conseguir excluir um policial reconhecidamente criminoso. Além disso, quase toda implantação de política de Segurança exige ações coordenadas entre esferas federais, estaduais e municipais. Exige ainda sintonia entre os poderes com incursões no campo legislativo e jurídico que permitam que as ações do executivo possam surtir efeito. E isto, infelizmente, não conseguimos fazer. Somos reféns de nossa incompetência para articularmos-nos em torno de um objetivo comum. Cada esfera do executivo e cada poder caminham para sua própria direção e se eximem das responsabilidades (excetuando-se os governadores que não têm como fazê-lo. E olhe que alguns tentam de vez em quando!). Evidentemente que os governos estaduais não podem pagar a conta sozinhos, muito embora Polícias de alguns Estados já estejam percorrendo novos caminhos. No entanto o fazem isoladamente e com parcos recursos. É preciso incentivá-las e provê-las com condições para seguirem adiante com CONTINUIDADE. Aliado a tudo isso, enfatizo que para implantar este tipo de política precisa-se certamente de mais de quatro anos. Tem que ser feito continuamente (o que ainda é mais difícil de fazer em um País onde a cultura política reinante é a de apagar os que os outros fizeram. Tipo herança maldita). Os exaltados poderiam bradar : mais de quatro anos! E o agora? O ontem? Não deixemos nos enganar. Se já tivéssemos começado, o amanhã estaria bem mais perto. Mas nem ainda começamos, pois muitos ainda estam discutindo o plano mágico que irá tudo resolver.
sexta-feira, 2 de março de 2007
Polícia e Segurança Pública: Quem Vai Fazer a Segurança?
Qualquer que seja a reforma, qualquer que seja a mudança da lei, enfim, qualquer que seja o plano, alguém terá que implantá-lo e assim vamos precisar do homem (policial, perito, agente penitenciário). Há que se investir em gente. E ao se decidir investir em gente, percebe-se que muitos os que fazem parte das Polícias, esquecidos durante esse tempo, não têm mais condições de acompanhar os acontecimentos e a dinâmica que o crime imprime. Nem têm nem mais como serem qualificados, depois de anos sem terem recebido um curso. É preciso compreender que a situação da Segurança Pública hoje requer um policial com um perfil bem mais completo do que se teve habitualmente. Além da capacitação técnica em novos métodos de investigação com forte uso de sistemas de informações, requer uma qualificação moral e ética que a sociedade em geral não tem. Exige-se uma formação que lhe qualifique a proteger os direitos humanos em situações em que a própria sociedade é a primeira a solicitar-lhe o contrário. É preciso assim um programa gradativo de renovação do corpo policial, principalmente com a exclusão imediata dos que não honram o uniforme que vestem. E para conseguir uma renovação que agregue qualidade é preciso melhorar sensivelmente o salário dos policiais além de estabelecer uma política de valorização do mérito. Só assim pode-se conseguir contratar gente qualificada de forma a potencializar a implantação dos novos métodos e técnicas. Pensar que teremos o policial que queremos com o salário que se paga em geral no País é piada de mau gosto. Claro que outras medidas devem ser tomadas em paralelo, como a introdução de métodos gerenciais de controle e análise de crime, utilização de sistemas computadorizados para auxílio à atividade policial, utilização de novos métodos de policia científica e ênfase na inteligência policial. Mas não esqueçamos que quanto maior a qualificação do pessoal, maior será o impacto na redução da criminalidade provocada pela implantação dessas medidas.
quinta-feira, 1 de março de 2007
Polícia e Segurança Pública: Plano Real da Segurança?
Quando se começa a penetrar um pouco no problema das Polícias vê-se que não há solução a curto prazo e não há mágica. Creio que o que vivemos na economia há pouco tempo nos faz pensar que podemos conseguir um plano real para a Segurança. Isso não é possível. Acredito que reformas em leis específicas como a que versa sobre a estrutura das Polícias Militares devem ser perseguidas. O estatuto da criança e adolescente deveria sofrer melhorias para tratar situações de barbáries praticadas por adolescentes, por exemplo. Mas deixemos de pensar que mudança de lei ou plano de gabinete será a panacéia para os problemas que vivemos. Só cria uma ilusão na população de que é possível resolver problemas difíceis de forma fácil. Compartilho fortemente a opinião do Coronel José Vicente (veja o artigo “Da para fazer muita coisa ja" no blog da Época que mencionei no texto da introdução) que considera que muita coisa pode ser feita agora. A solução está em dar condições para que nossas instituições cumpram o que têm por obrigação de cumprir. Se fizermos isso os resultados virão. Talvez não tão imediatamente como desejamos, mas poderão vir mais cedo do que pensamos.
Polícia e Segurança Pública: Diagnóstico/Histórico
Nossos dirigentes e nossas elites foram durante muitos anos fazendo de conta que polícia era um negócio que não era com eles. Olhavam para as Polícias e tinham receio, pois não sabiam como conviver com a tênue fronteira entre polícia e crime. Temiam, que se ela fosse transposta, algo respingaria neles. Era melhor não mexer, mesmo que precisassem vez por outra recorrer à essas Instituições para proteger o Governo. Em um Estado carente de recursos e cheio de prioridades, as Polícias foram sendo esquecidas em termos de investimento, planejamento, qualificações e em tudo mais. Alguns abnegados funcionários públicos mantiveram o barco navegando, outros encontraram um jeito de conviver nesse contexto (algumas vezes de forma ilícita) e assim foram se tornando ou cúmplices ou espectadores do monstro que estava nascendo. Um dia a sociedade acordou e percebeu que o monstro estava lá juntinho de nós e sem que tivéssemos a quem recorrer. Escutei de muitas pessoas dizerem “foi tudo tão rápido! Ontem não era assim!” Na verdade, não foi nada da noite para o dia. Essa situação foi se construindo sob o olhar inerte de todos nós. As periferias das grandes cidades já vinham sofrendo com o monstro, mas mesmo assim preferíamos não dar conta. Bem, e agora? E agora, é de se esperar que nossos dirigentes aprenderam e decidiram agir. Infelizmente, não é bem assim. É verdade que pelo menos o assunto subiu os palanques, mas, no entanto, a inércia persiste. Pelas mesmas razões de antes aliadas a muito desconhecimento de causa. Decidiram que devem discutir e discutir para encontrar a solução. Como se ela estivesse escondida em algum lugar e não fosse adotada porque não teve ainda quem a achasse. Fala-se em planos, mudanças de leis e reformas das polícias. E discutem um pouco mais. Ocorre uma tragédia nacional. Mas decidem que não se pode decidir nada em clima de comoção. O imobilismo é patente e, pior, é criador de uma sensação de que uma solução emergirá de não sei onde. Continuo amanhã.
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