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quarta-feira, 20 de junho de 2007
O Relógio do Bush, Internet e TV
A estória que tomou conta de parte da mídia brasileira de que o relógio de Bush teria sido roubado na Albânia quando ele era recebido entusiasticamente é emblemática. Em uma só situação pode-se identificar dois aspectos da fragilidade da nossa mídia. Primeiro, trata-se da questão da veracidade da informação. O relógio foi mesmo roubado? Para os que assistem a Internet ao invés da televisão, essa dúvida não existiu. YouTube mostrou um outro vídeo feito pela NBC em ângulo diferente que mostra que Bush guardou o relógio no bolso. Talvez você consiga ver o vídeo da NBC aqui. Saiba que a NBC já solicitou ao YouTube para retirá-lo várias vezes. Isso é feito permanentemente (mas tem sempre alguém o colocando de novo). Em breve creio que ele estará disponível no site da NBC. Há também um vídeo da Reuters, embora não muito claro que dá indicações do momento em que Bush guarda o relógio (clique aqui para ir ao site da Reuters e ver o vídeo). Moral da primeira parte da estória: assista YouTube antes (ou ao invés) do telejornal ! Não saia correndo para ver os videos antes de ler o segundo aspecto da questão. Que importância tem a notícia do roubo a Bush para a sua vida? Quais sentimentos subliminares esse tipo de notícia desperta nas pessoas? Seria a “agradável e recompensadora” sensação de ver um todo poderoso sendo ludibriado? Trata-se de um exemplar típico de notícia de jornal sensacionalista tipo tablóide ingles que vive perseguindo as celebridades. O mais surpreendente é que parte da mídia “de qualidade” brasileira abordou o assunto de forma categórica. O Globo noticiou na sua primeira página! Quanta pobreza jornalística! É buscar público a qualquer preço e de qualquer forma. Fica fácil de compreender porque uma pesquisa recente realizada pela Harris Interactive e pelo Innovation International Media Consulting Group em 7 países - EUA, Inglaterra, França, Itália, Espanha, Alemanha e Austrália indica que a TV deve ser superada em 5 anos pela internet. Se percebermos o quão frágil é nossa mídia, a velocidade com que esta mudança vai acontecer aqui será ainda bem maior.
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