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segunda-feira, 20 de abril de 2009

Insegurança e “Nossas Estatísticas”

Nesse domingo, uma matéria no jornal O Povo, me fez refletir um pouco mais sobre estatísticas oficiais de Segurança (veja a matéria completa aqui). Um trágico incidente próximo ao Campus da Universidade Estadual do Ceará, aqui em Fortaleza, levou a morte de uma jovem universitária. Uma bala perdida, provavelmente vinda de uma arma de um policial, tirou-lhe a vida. Na matéria, os cidadãos clamam por segurança na região em que o incidente ocorreu. A resposta do oficial responsável pela área foi emblemática daquilo que argumento desde o nascimento de WikiCrimes.
"Aconteceu um caso isolado, uma fatalidade. O pessoal generaliza. Se fosse verdade, isso estaria nas nossas estatísticas."
Não tenho dados para falar especificamente da área em questão, mas o que venho dizendo há algum tempo é claramente exemplificado nessas palavras. Há um grande índice de subnotificações (crimes que não são registrados formalmente). Violências entre gangues como as denunciadas na região próxima à Universidade são um exemplo disso. Os moradores vivem e presenciam cenas de violência, mas isso não gera um registro específico de fato criminal. As estatísticas oficiais que se baseiam na contabilidade de registros formais não vão nunca indicar esses problemas. Vejam o depoimento de uma moradora que se recusou a falar sobre o assunto ao jornal.
"Deus me livre. Aqui é falou, morreu."
É preciso criar outros mecanismos de coleta de informações que indiquem a insegurança de uma área. WikiCrimes, por exemplo, é um desses mecanismos, pois trata-se de um instrumento complementar de coleta de informações(uma real Polícia Comunitária é outro exemplo). Aliás, a expressão “nossas estatísticas” usada pelo oficial da Polícia Militar é indicadora de outras características marcantes da forma como nossas autoridades de segurança agem hoje. Demonstra primeiramente baixíssima transparência. Afinal de contas, quem tem acesso às “estatísticas deles”? Ninguém. Não tem como discordar, né? Demonstra ainda a possessividade típica de quem não considera que a informação é pública. Por fim, chega a ser inebriante e alienador. Condiciona a realidade. O fato não é verdade se não estiver nas estatísticas! Já é tempo de mudar isso.

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