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domingo, 13 de maio de 2007
A Necessidade de Bons Pastores
Aproveitando a visita do papa Bento ao Brasil vou refletir um pouco sobre a religião católica. Percebo que há um grande número de pessoas (e mesmo de fiéis) que acredita que alguns dogmas da Igreja católica deveriam ser mudados para acompanhar a evolução dos tempos. Trata-se de tema delicadíssimo e complexo, mas busco entender a posição conservadora da Igreja. Entendo que os valores fundamentais de uma religião não têm a obrigação de serem populares. Os valores morais defendidos pelas religiões visam estipular um padrão comportamental das pessoas em uma sociedade (outro debate seria analisar o quanto isso é bom e o quanto é ruim). O fato é que as culturas mudam com muita freqüência e nem todas essas mudanças são ortogonais aos valores religiosos. Se as religiões acompanhassem essas mudanças correriam o risco de perder identidade e não cumprirem sua função. O surgimento de incompatibilidades é uma conseqüência natural. Em particular, a igreja católica centra boa parte de suas energias na família e em torno dela gravitam outros temas como aborto, comportamento sexual e divórcio. O comportamento das pessoas face estes temas sofre modificações freqüentes. Continuar motivando seus seguidores a viver segundo valores conservadores não é tarefa fácil e creio que é fortemente relacionada com a qualidade dos padres. Nesta direção, um aspecto que me intriga refere-se à impossibilidade de se ter pastores casados. Em meu parco conhecimento teológico, não consigo vislumbrar onde este dogma seja um pilar mestre de sustentação de um valor moral específico. A manutenção desta medida, no entanto, tem sido catastrófica para a Igreja Católica. Vêem-se casos de desvios de comportamento sexual dos padres que têm sido mais freqüentes do que se podia esperar, o que abala a fé dos seguidores e a credibilidade da instituição. Outro aspecto refere-se ao fato da procura para ser padre ter diminuído além da qualificação dos mesmos também ter diminuído. No Brasil de alguns anos atrás, as famílias queriam que os filhos fossem médicos, advogados e padres. Atualmente isso não é mais verdade (no que se refere aos padres!). A necessidade de bons pastores é essencial para qualquer religião. Trata-se de um papel de liderança que requer conhecimento teológico e, acima de tudo, sensibilidade social. Impor aos padres a barreira de não permitir a formação de uma família (que, como já disse, é um dos valores fundamentais do catolicismo) me parece um contra-senso e um erro estratégico que poderá custar caro no futuro.
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Um comentário:
Pode custar caro no futuro? Que nada meu prezado, você acha mesmo que a igreja católica com todo seu patrimônio (vide Vaticano) vai querer dividir com herdeiros (filhos de padre?).Portanto, por um bom tempo ainda teremos padres solteiros...
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