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sábado, 28 de abril de 2007

Ações Concretas para Ajudarmos na Redução do Crime

O recente clamor por paz e redução da violência e criminalidade mostra que a sociedade brasileira está no limite. Sinto que todos estão dispostos a contribuir, mas muitas vezes não sabem como. Normalmente, decidem fazer passeatas nas ruas pedindo paz. São atos simbólicos, mas de muito pouco efeito prático. Tenho escrito que uma das formas de contribuição para a redução da criminalidade está em nosso alcance. Basta mudarmos um pouco nossa postura, por exemplo, deixando de pensar somente em nós mesmos para pensar um pouco mais no coletivo (clique aqui para ver outro texto sobre o assunto). Deixem-me usar um exemplo simples que pode fazer com que um tipo de delito que nos aflige diariamente, o furto em veículos, reduza sensivelmente. Este tipo de delito é uma das coisas que mais aumenta a sensação de insegurança, pois recorrentes casos de furtos de toca-cds, calotas de pneus e outros equipamentos dos veículos deixam-nos com a sensação de que o crime está em todo o canto. Como podemos agir para combater esse crime? Simples. Não comprando equipamentos ou peças em locais que reconhecidamente fazem o tráfico dos produtos ilegais. Deixemos de comprar em comerciantes duvidosos, em feiras onde reconhecidamente se vende produtos piratas, enfim em lugares onde não se emite nota fiscal e onde não se pode garantir a boa procedência do produto. Se fizéssemos isso em conjunto esses furtos diminuiriam sensivelmente, pois eles só ocorrem porque há quem compre os produtos furtados. Somos nós mesmos que alimentamos o sistema. Eu sei bem que este tipo de discurso pode provocar logo o ceticismo de alguns: e se somente eu fizer isso? Isso não vai adiantar nada, pois meu colega do lado não faz e acabo tendo o prejuízo sozinho! Mas é exatamente esse tipo de raciocínio vicioso que temos que quebrar. Ele embute o sentimento de querer levar vantagem em tudo e de não acreditar que um comportamento coletivo correto pode emergir de uma ação individual. Outros mais céticos poderiam dizer: mas furto a carro é algo sem importância. Não resolve o problema da violência em geral. Isso é verdade em parte, mas lembremos-nos daqueles que morreram em latrocínios que ocorreram em situações ridiculamente sem sentido, como em uma simples tentativa de furto da capa de toca-cd em que o dono do carro surpreendeu o criminoso. Acredito muito que ações individuais e a propagação das mesmas em uma rede podem fazer a grande diferença. Trata-se de fazer algo e divulgar para o amigo que faça o mesmo. É incrível como o efeito corrente pode fazer a diferença. O exemplo do furto em veiculo é emblemático, mas serve para muitas outras coisas como o tráfico de drogas, de cargas comerciais roubadas, etc. Alimentamos um sistema que estimula o crime e fazemos isso muitas vezes sem perceber que estamos errando ou por não perceber as conseqüências de nossos atos. Pensemos nisso e acima de tudo, comecemos a agir.

6 comentários:

Vasco Furtado disse...

Comentario enviado por Elda por email "Vasco, sua voz clama alto e tenha certeza que voce nao esta sozinho. Uma corrente de internautas compartilha com o seu grito de alerta para mudar a triste realidade que ora vivemos."

Renato Meira disse...

É a pura verdade. Existem muitos roubos de sons de carro porque existem muitos compradores de sons roubados. Do mesmo modo é o tráfico de drogas. A mídia fala da guerra entre traficantes e policiais, mas não falam e nem fazem uma campanha contra os usuários de drogas. São eles que alimentam isso tudo e nem se dão conta.

Renato Meira

Anônimo disse...

Eu concordo, tudo que você diz é a mais crua verdade.
No entanto, eu creio que deixar de comprar frente de som de carro no "mercado negro" não é o suficiente para resolver o problema. Eu sou um pouco mais pessimista e acredito que o problema é algo mais endêmico. Para não ser muito longo no meu comentário eu diria que nossa desigual estrutura social, má qualidade da educação de massa, impunidade e até alguns fatores culturais impulsionam o aumento da criminalidade. É fácil observar como a cultura da marginalidade e do crime é difundida na periferia, nas torcidas organizadas, é uma cultura que se multiplica, eles tem um senso de orgulho dessa "cultura" basta observar a "linguagem corporal" deles. Assista os programas de televisão locais mais populares e veja como estão essas pessoas. Essas pessoas deveriam ter estudado, deveriam estar desenvolvendo seus potenciais, quantos gênios não devem ter sido perdidos ? A quase certeza da impunidade ajuda ainda mais aqueles que escolherem a vida do crime, e aqui eu não posso deixar de dar alfinetada no sistema judiciário, eu não sei se acontece bem assim, mas o que escuto é que o delinquente é preso e no outro dia de manhã tá solto por causa da tal da "justiça". Eu concordo que não podemos só culpar o governo, mas não podemos esquecer que este tem boa parte da responsabilidade sim. Se meu pessimismo estiver correto estamos cada vez mais distantes de reverter essa tendência. Tudo que eu queria era que Fortaleza não "evoluísse" para guerra civil como é o caso do Rio de Janeiro.

Vasco Furtado disse...

Ola Anonimo,
Antes de mais nada quero dizer que nao se preocupe em apresentar um discurso muito longo. Temos espaco para tal. Sobre seus comentarios, seria ingenuo de minha parte se estivesse querendo resolver o problema da seguranca somente com uma medida. Neste blog escrevi varios textos sobre a questao abordando algumas das diferentes facetas que ele possui (veja nos textos de fevereiro e marco, principalmente). Alias, outras facetas indiretas ao problema da Seguranca como os meios de comunicacao e nossos valores morais ja foram motivos de minhas reflexoes. Certamente ainda existem outras facetas como algumas contempladas em seu comentario. No texto "acoes concretas ..." quis enfatizar que ha muita coisa que nos mesmos podemos fazer. Nao precisa esperar por ninguem. POde ser pouco mas, como ja disse, o efeito corrente pode surpreender.Sobre a questao da justica, dedicarei logo, logo um texto para discuti-la em mais profundidade. De cara digo logo que nao eh assim tao simples como parece. Sera que tem muio sentido imaginar que os juizes tem interesse em ver os criminosos na rua, soltos?

Anônimo disse...

Se eu fosse falar tudo o que eu penso sobre esse tema eu acho que dava um livro (talvez não..), mas eu só queria observar 3 pontos.

1 - Sobre as drogras: eu não tenho dúvida nenhuma que o combate ferrenho, obsessivo até, por parte tanto do governo como da população, contra as drogas é parte fundamental, enfatizo: fundamental, para o combate eficaz contra a violencia, o crime etc.. É incrível como as drogas trazem malefícios por todos os lados, pelo lado do vendedor, forma guerrilhas que ocupam as favelas e toda uma rede violenta de distrubuição das drogas, desnecessário comentar como esse grupo traz males a sociedade, é ver os telejornais para termos uma idéia. Também pelo lado do consumidor. Será que ninguém percebe o incrível número de crimes que são cometidos por causa do vicio nas drogas ? É só ver um desses programas locais sobre crimes, todos são viciados, usuário de drogas. É preciso fazer um combate mais sério contra as drogas e eu sinceramente não vejo nenhum trabalho desse tipo, as fronteiras estão totalmente desprotegidas, é incrível. Só de ver esse desdém por parte do governo já tira metade da minha esperança de ver o problema do crime diminuir e duplica a minha desaprovação desse governo que aí está. É interessante observar também quem é que produz as drogas e a relação do governo com eles.. A Colombia só avançou no combate a violencia por percebeu esse problema e combateu as drogas de forma eficiente. Vou parar por aqui sobre isso se não eu nunca acabo e ainda quero falar sobre dois pontos.

2 - Papel da Mídia: É importante observar o papel da mídia não apenas como meio de diminuição da violencia, mas de um ponto de vista mais amplo. Quero dizer, sobre o papel da mídia na formação da pessoa e, consequentemente, da população. Eu faço uma aposta com qualquer um que o povo brasileiro seria outro se, ao invés de termos a Globo como lider de audiencia no Brasil tivessemos o canal Discorvery Channel, por exemplo, nada contra a Globo (na verdade algumas coisas) nem contra o povo brasileiro (na verdade um bucado de coisas) mas o que eu quero dizer é que se tivermos mais programas voltados para esse lado "desbravador" e criativo seria muito bom para o povo brasileiro, que está condicionado a assistir novelas, nossa essas novelas são uma praga para o Brasil (opinião pessoal). Quero aqui fazer menção ao programa O Aprendiz, começou agora O Aprendiz 4, eu acredito que seja esse tipo de programa tráz muitos benefícios a sociedade. O brasileiro (falo assim, bem generalizado) é um tipo engraçado, ele tem algo contra o dinheiro, que o leva a ter algo contra quem tem dinheiro e contra as empresas, na verdade ele tem sim, é algo contra o trabalho, e sem o trabalho esse país, país nenhum aliás vai para frente, trabalho com o conhecimento como base é claro. Espero que com a vinda da TV digital o nível da mídia suba aqui no Brasil e que venha programas que mudem as pessoas e deêm alguma inspiração às pessoas.

3 - Cidadania: Na minha opinião cidadania é fundamental para diminuirmos o crime. Mas eu vejo esse termo com um olhar diferente, eu acho que cidade é algo bem maior do que ser um cidadão, aliás cidadãos todos nós somos, eu vejo como algo como amor a sua cidade, quero fazer um observação, muito se fala sobre amor à pátria, mas eu penso que é bem mais importante "amar" a cidade, acho que se deve vir de dentro para fora, amor a sua rua, seu bairro, sua cidade, se estado e depois a patria, eu vejo assim porque quando pensamos em amor a pátria é algo muito subjetivo, e deixa a pessoa inerte, tipo: sim, eu amo meu país, e aí ? E aí nada.. eu sou muito menor que meu país e não posso fazer nada.. Mas quando voce inverte o ponto de vista, de dentro para fora, voce vê que tem algum poder de fazer algo, por exemplo: poderia fazer tal coisa na minha, por exemplo: apagar aquela pixação). Acredito que seria melhor para o país se as pessoas tiverem esse ponto de vista. Mas o que eu quero dizer é que, quem tem essa visão de cidadania, de ter um olhar desse sobre sua cidade, rua etc... não vai cometer crimes (só se for por extrema necessidade, como nós sabemos que existe, como a fome). Olha quem tem esse olhar não comete crime por que ele tem um ponto de vista que vai além dele, além do que é seu, ele percebe que a cidade é, de certa forma, dele e ele pode melhora-la por que aliás é aonde ele vive e viver em um lugar bom é muito mais importante do que possuir alguma coisa. Claro que eu não quero dizer que alguém deve viver a serviço somente da sua cidade e não se preocupar com ele, é preciso que haja o balanço, é claro que uma pessoa deve se preocupar em ter uma casa, um carro um computador e outras coisas que ele queira, mas tudo isso passa, umas mais devagar que outras, mas todas passam, e a cidade fica (esperamos), os atos feitos para um bem maior dura mais. O mais importante é quem tem uma visão voltada para esse lado não comete crime por que ele é um cidadão que é parte da cidade. É uma visão um tanto romantica é verdade... mas enfim.. é bom pelo menos saber que essa visão existe.

4 - Corrupção: Não se preocupe esse será bem rápido.
"Ou o Brasil acaba com a corrupção, ou a corrupção acaba com o Brasil"

Bom era isso que eu queria falar, me desculpe se eu escrevi, o que eu acho que fiz e os erros gramaticais que deve existir por aí.

Vasco Furtado disse...

Victor,
Legal suas reflexoes. Gostei em particular quando vc enfatiza de que podemos fazer um pouquinho por nossa cidade e por nossa sociedade. Eh exatamente isso o carro chefe de minha cruzada. Vamos disseminar esse sentimento que o resultado pode ser surpreendente.