Provocado por um comentário anônimo (clique
aqui para ver o comentário) sobre minha suposta postura
light e sobre minha posição quanto a campanha “cansei”, venho refletir sobre ambos. Primeiro, quero dizer que não estou cansado de nada, muito menos do blog. Aliás, a iniciativa deste blog foi uma das mais corretas decisões que tomei nos últimos anos. Evidentemente os textos que escrevo refletem meu estado de espírito e que naturalmente varia. Reconheço ainda que a capacidade de crítica e de indignação é uma característica bem marcante de minha personalidade e assumo as conseqüências positivas e negativas de tê-la assim. Se por um lado ela me permite identificar oportunidades, acusar problemas e quebrar paradigmas, por outro lado ela me faz incompreendido, indesejável e muitas vezes de ser tachado de chato. Ou seja, minhas variações de humor tendem a acontecer em função deste constante processo de busca por equilíbrio (que espero não atingir, pois significaria a morte!). Se estou, a luz de alguns, um pouco mais
light, creio que se trata de um mero reflexo momentâneo deste processo. Deixando as reflexões intimistas de lado, vamos à questão da minha postura mais contundente quanto aos problemas da realidade brasileira. Um dos princípios que regem minhas posições é de que nosso problema enquanto país, só será resolvido por nossa mudança de conduta. Não acredito que a solução esteja em campanhas de indignação como o “cansei”, “não a violência” e outras mais. Tenho dito isso em textos passados (clique
aqui,
aqui ,
aqui e
aqui ). A campanha da OAB intitulada “cansei” (clique
aqui para saber da campanha ) me parece mais um exemplo de campanha de indignação imobilizante que traz mais prejuízo do que benefício. Estamos fazendo crescer o sentimento de que esse país não tem jeito e que nada pode ser feito. Me isento aqui do debate político-partidário que passaram a dar para essa campanha. Acho mesmo é que temos um erro conceitual enquanto sociedade: nossa eterna capacidade de sempre colocar a culpa em alguém. Não há nenhuma campanha que busque alertar que precisamos fazer, nós mesmos, a coisa certa. Quanto mais colocamos culpa nos outros, mais nos sentimos confortáveis em justificar os nossos erros. Cria-se um ambiente perfeito para a racionalização com raciocínios do tipo “Como os políticos são ladrões, não pago imposto”, etc. Não quero dizer com isso que não devamos nos indignar com o que estamos vivenciando, mas não creio que seja somente a indignação que esteja ao nosso alcance. Aliás, soube que a OAB-SP tinha se preocupado para que a campanha cansei fosse diferente (até aqui estava otimista!). Eles decidiram coletar um conjunto de sugestões para serem entregues aos governos, congresso, etc. (aí perdi o otimismo! Lá estamos nós achando um responsável por resolver todos os problemas). Já disse e repito, nossos políticos, dirigentes, governantes são uma representação fiel do que somos. São uma amostragem mais do que representativa. Não há como esperar diferentemente. Eles são como nós, refletem o que somos, e quando os mudamos, os novos são novamente como nós e refletem de novo o que somos e assim sucessivamente. O ponto principal é como quebrar o ciclo e minha posição é de que só o quebramos mudando a nós mesmos. Eu sei que posso ser acusado de ter um discurso meramente retórico com baixa possibilidade de ser implementado. No entanto, sou otimista. Creio que se começarmos a olhar a realidade sob essa perspectiva e passarmos a investir nossa energia mobilizadora nessa direção, as mudanças acontecerão de uma forma surpreendente. Acho o “Faça a Coisa Certa” é um slogan muito mais positivo para o Brasil.