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quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Exigência de Educação e Cultura Cidadã
“IBOPE: 70% dos brasileiros aprovam qualidade do ensino”. Esse é o título da matéria veiculada no Diário do Nordeste via Agência Estado sobre uma pesquisa feita pelo IBOPE em nove capitais brasileiras (Fortaleza, inclusive). Essa pesquisa (veja a matéria aqui) per si deveria nos obrigar a uma reflexão. Adicione-se a essa pesquisa, outra feita no ano passado com patrocínio da UNICEF chamada "Redes de Aprendizagem - Boas Práticas de Municípios que Garantem o Direito de Aprender". Esta pesquisa destacou cidades no País onde a rede municipal de ensino público funcionava bem. No entanto, um outro levantamento, feito há poucos dias, mostrou que do universo das 37 cidades premiadas, 21 não reconduziram os prefeitos ou seus candidatos para um novo mandato. Creio que as duas pesquisas se entrelaçam através de uma constatação trágica: nosso nível de exigência em matéria de educação é muito baixo e isso é um reflexo de nosso baixo nível de educação. Surpreenderia se fosse diferente. Educação não é algo absoluto que se pode facilmente dizer que se tem ou não tem. A própria percepção do que se tem por direito como cidadão é parte da educação. Vê-se aqui um ciclo vicioso que precisa ser quebrado. Vou voltar a bater na mesma tecla que tenho batido nesse blog quando falo da cultura cidadã (veja alguns textos aqui, aqui e aqui). Temos que ter uma visão mais abrangente de educação da população. Sempre que falamos de educação pensamos na escola e na sala de aula. É claro que essa educação formal é importante, mas há muita coisa que pode ser feita no dia-a-dia das pessoas e que poderia fazê-las mudar de comportamento e que passassem a agir de forma educada (mais civilizadas diriam alguns). O problema é que isso implica em uma mudança na nossa forma de governar também. É preciso sair da reatividade e passar a pró-atividade. É preciso considerar toda e qualquer oportunidade de contato com o cidadão como uma oportunidade de ensino e aprendizagem. É preciso transformar todos os agentes públicos em educadores em potencial. É preciso propor parcerias com a sociedade organizada numa cruzada pela ética, civilidade e comportamento coletivo. Isso evidentemente é muito difícil e os mais céticos diriam que com nossos políticos de hoje em dia isso fica impossível. A boa notícia é que um movimento desse tipo acaba ficando mais fácil nesse momento em que o País começa a conhecer um pouco de fartura. Uma economia estabilizada (que a crise internacional não me desminta) que gera melhor nível de renda, que oferece mais possibilidade de empregos e que permite ascensão social, é o momento ideal para que as pessoas se dediquem um pouco para o social. Não somente no sentido de ajudar os outros, mas também no sentido de perceber que é preciso fazer um pouquinho pela coletividade para que a sua própria vida seja melhor. Sem as condições mínimas, fica mais difícil qualquer discurso visando o coletivo, pois as necessidades individuais egoístas prevalecem. Se comerçarmos a fazer algo nessa direção, teremos melhor educação, até porque seremos mais exigentes.
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