Instigado por um comentário de um leitor que me dá honra por sua presença neste blog, vou voltar a falar sobre esporte e educação. O comentário foi feito pelo mestre Roberto Bastos um estudioso do basquete mundial e acima de tudo com compreensão, como poucos, do papel do esporte em uma sociedade. Roberto em seus comentários ao texto em que falo de Internet e educação (clique aqui para acessá-lo e ao comentário completo de Roberto) pergunta
“Na sua recente viagem a Europa não viste nada relacionado ao esporte? que tenha ajudado o ser humano a ser melhor através do esporte?”, “Será que esse jogo(o basquete) não melhora o homem em todos os sentidos? Não seria bem mais fácil de aprender dividir, multiplicar, somar,diminuir?”.
É claro que sei que ele já sabe minha resposta, mas não custa nada reiterá-la. Não há menor dúvida que o esporte é capaz sim de tornar as pessoas melhores. Os esportes coletivos, como o basquete, então, são particularmente relevantes para desenvolvimento de aptidões essenciais nos dias de hoje a qualquer profissional: trabalho em equipe, relacionamento interpessoal, liderança, controle emocional e competitividade. Não é novidade para Roberto, como também para grande parte da população, de que precisamos dar uma nova dimensão ao esporte através da educação como já tinha mencionado nesse texto aqui escrito logo após os jogos olímpicos. Agora, é ainda mais relevante entender que é preciso que o esporte tenha uma dimensão maior na sociedade como um todo. Algo muito na linha do que tenho escrito sobre a cultura cidadã (veja textos que escrevi sobre isso escrevendo "cultura cidadã"no espaço de pesquisa no canto superior esquerdo) em que a sociedade passa a participar mais ativamente da resolução de seus problemas em comum. Quando se fala de esporte tem-se uma grande vantagem porque ele tem a capacidade de entusiasmar, fazer sonhar, criar ídolos, enfim, mexe com o imaginário popular. Sentimentos que, quando bem trabalhados, podem fazer as pessoas melhores. Evidentemente, que há outro lado da moeda. Todo esse discurso é muito próximo de argumentos fascistas de preponderância de alguns sobre os outros, de uma classe ou de um tipo de gente sobre alguém. Algo do tipo “ é preciso vencer sempre”e “deve-se levar vantagem em tudo”. Aqui mora o perigo e de novo vem a lembrança de que esporte e educação devem andar juntos, para que o sentimento de respeito e admiração pela excelência prepondere sob a frustração de não ter sido o melhor. Isso não é fácil de jeito nenhum. Aliás, a própria sociedade americana, a qual constantemente está em meus comentários com exemplos positivos devido a seu nível de participação, solidariedade e educação, tem nos demonstrado com freqüência o quanto uma educação competitiva pode ter efeitos colaterais negativos como as matanças de jovens em escolas por colegas desequilibrados. De resto, seria muito bom que nossos prefeitos entrantes ou reentrantes começassem a pensar, e sobretudo, agir mais sobre tudo isso.
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