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quinta-feira, 12 de abril de 2007

Faculdade, Universidade e Pesquisa Científica

Sou frequentemente questionado sobre a diferença entre Faculdade e Universidade. Elas não são absolutamente iguais, embora seja comum intercambiarmos o uso dos termos. Vários aspectos diferenciais poderiam ser apontados como a maior autonomia para criação de cursos que as universidades possuem e outros aspectos determinados pelo Ministério da Educação. No entanto, queria me concentrar em uma diferença que considero a mais relevante. As universidades, além do ensino, promovem a pesquisa científica, o que não é regra nas faculdades. Costumo dizer aos alunos da UNIFOR (que é privada), que passar toda a vida universitária sem experimentar nada de pesquisa é algo como pagar e não levar. Ao dizer isso, quero atentar para o fato de que as mensalidades das Universidades privadas são um pouco maiores do que as das faculdades em parte pelo custo de se propor a fazer pesquisa. Por exemplo, para fazer pesquisa é necessário ter um grande número de professores doutores que consequentemente ganham melhores salários. Além disso, os professores doutores pesquisadores requerem laboratórios com equipamentos modernos e demandam alto custo de instalação e de manutenção. O convívio com estes professores, bem como a utilização desses laboratórios, pode ser conseguida através da participação em projetos de iniciação científica. Normalmente os professores pesquisadores têm bolsas de iniciação científica a oferecer aos alunos de graduação. Trata-se de uma espécie de estágio onde o aluno começa a conhecer o contexto da pesquisa com o convívio com outros pesquisadores mestres, alunos de pós-graduação e com professores pesquisadores. Além disso, têm a oportunidade de conhecer tecnologia nova e que muitas vezes ainda não está disponível no mercado, tornando-se também uma ótima qualificação para a inovação e o empreendorismo. Você que é aluno de graduação de uma universidade, prove da pesquisa. Mas esteja preparado. Ela pode lhe contagiar.

Um comentário:

Hildeberto Mendonça disse...

Esse texto é tão importante que deveria ser recitado para todas as turmas que estão começando em uma universidade.

Quando entrei na faculdade, só precisei de 3 semestres para entrar no mercado de trabalho, e hoje eu considero isso um erro de percurso, pois o mercado me apresentou um mundo que eu não via na faculdade. Um mundo onde os problemas eram mais fáceis de resolver do que as equações diferenciais da cadeira de cálculo, cuja utilidade prática eu estava longe de imaginar. Nessa hora vem à cabeça aquela velha crítica, de que a universidade não prepara para o mercado de trabalho.

Depois de anos fazendo select, insert, delete e update em sistemas corporativos, joguei tudo para o alto e fui fazer pesquisa na Unifor no mesmo laboratório em que o Vasco trabalhava. A paixão foi instantânea e tão contagiante que fui louco o bastante para levar minha mulher (na época namorada) para trabalhar na pesquisa também.

Só que o mercado de trabalho paga melhor e o padrão de vida anterior fica difícil de manter. Alguns meses depois volto para o mercado, com coração partido mas feliz porque minha mulher pôde continuar lá. Alguns anos depois tento voltar novamente, mas o imediatismo, comum em mentes jovens, me jogou no mercado novamente.

Essa história ainda não acabou, mas já posso dizer que terá um final feliz. Hoje minha mulher e eu estamos na Europa estudando em uma excelente universidade graças a essa paixão que nunca foi abatida.