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terça-feira, 6 de março de 2007

Polícia e Segurança Pública: A Consultoria de William Bratton

Durante o tempo que coordenei a área de tecnologia da Secretaria de Segurança do Ceará, tive oportunidade de acompanhar a consultoria fornecida pela equipe de William Bratton ao Governo do Estado. Para os que não são da área, Bratton ficou conhecido pelo fato de ter sido o idealizador e executor de uma política de segurança bem sucedida em New York nos anos 90. Sua vinda ao Ceará foi precedida de muita controvérsia e muitos, ainda hoje, fazem avaliações, as mais diversas, sobre o que essa consultoria fez. Vou dar o depoimento de quem acompanhou de perto o trabalho dos consultores, pois o uso da informática era uma das coisas básicas requerida por eles. Além disso, acabei acompanhando-os em outras ocasiões pelo fato de falar inglês, o que facilitava nossa interação. A primeira coisa que quero esclarecer refere-se ao conceito de tolerância zero que muitos declararam que era o que o time de Bratton queria implantar no Ceará. A teoria da tolerância zero defende que mesmo pequenos delitos devem ser punidos exemplarmente, pois, em caso contrário, criam um ambiente de permissividade que gradativamente leva a um aumento de criminalidade. Pois bem, tolerância zero foi algo que desde o primeiro momento não foi objeto da consultoria de Bratton. De imediato, se percebeu que a realidade cultural era totalmente diferente e que as condições legais e estruturais do País e do Estado não permitiam uma incursão deste tipo. Além de perceber que a tolerância zero era inviável, Bratton tomou conhecimento que uma renovação do corpo policial também não era fácil. Em New York, ele demitiu, aposentou ou ofereceu aposentadoria para mais de 50% dos policiais. Paralelamente foi contratando gente e chegou a ter 25% a mais no contingente de que quando começou. Amanhã continuo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Vasco,

Ha alguns anos eu li dois livros do pessoal da NYPD o Turn Around do Bill Bratton e o Crime Fighter do Jack Maple.

O Jack Maple dizia inclusive que o famoso Tolerancia Zero visava foi muito usado para capturar os bandidos mais perigosos ao estilo em que se prendeu o proprio Al Capone, isto e nao pelo contrabando diretamente mas por problemas de imposto de renda.

Maple contava que a grande vantagem da Policia era que o bandido depois de um tempo se sentia tao confiante que cometia uma serie de delitos menores como utilizar cartao de credito falso, clonar celular etc. O investigador portanto seguia aqueles bandidos ate que com a ocorrencia destes delitos menores ele pudesse prender o bandido em flagrante e a partir dai um processo de interrogacao eles consequiam a confissao do dito cujo (voce roubou mais que vinte bancos? Nao roubei so dezenove... Ok obrigado pela confissao, agora cana!).

Abraco,

Rubens

Anônimo disse...

Olá Vasco,
Seu blog foi um grande achado meu na Internet. Só li dois posts a respeito de sua experiencia na SSP do Ceará, e estou gostando muito.

Já está tarde, mas depois pretendo ler mais. Posso linkar seu blog lá no Diário de um PM?

Gostaria de conversar com vc a respeito de aplicação de tecnologia e informática no serviço policial.

Grande abraço!

Vasco Furtado disse...

Alexandre,
Fique a vontade para divulgar e usar os textos do blog como achar conveniente. Nao esqueca de me manter informado do uso e da repercussao. Se quiser me contactar, visite minha pagina que la tem meu email.
Vasco