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sábado, 10 de fevereiro de 2007

Ensino Fundamental e Ensino Médio Americano – Opinião de Quem Está Perto

O pertinente comentário de Rubens no texto “Ensino Médio e Ensino Fundamental” deste blog sobre a idéia preconcebida que muitos brasileiros têm da escola americana, me motivou a escrever minha opinião sobre o tema. Eu também sempre escutei comentários de que o ensino médio americano não era muito exigente e que o nosso era melhor. Como acredito que a educação é a razão básica do desenvolvimento de uma sociedade, sempre desconfiei dessas afirmações. Note-se que este debate só tem sentido de ser feito quando se fala da escola privada brasileira!
Nossa experiência americana tem nos mostrado que as coisas não são bem da forma como pensamos. Acredito que essa percepção desvirtuada se deve a flexibilidade do sistema de ensino aqui, que busca atingir o interesse (e adequar-se ao perfil) dos alunos em diversas dimensões. Por exemplo, aqui é possível escolher as disciplinas que se quer fazer (mais ou menos como a Universidade no Brasil). Desta forma se não se quiser estudar muita matemática basta não fazer as disciplinas de trigonometria, geometria e outras relacionas. Faz-se somente o básico. É possível, por exemplo, optar por uma só ciência (ou biologia, ou física ou química). Não é obrigado fazer tudo. No entanto, quando se opta por essa ciência tem-se a possibilidade de vê-la com mais aprofundamento do que no Brasil. Para se ter uma idéia, Lara na disciplina de Informática esta aprendendo a programar em C++. Para os que não são familiares com o “infortimaquês”, basta saber que é algo que alunos de Computação na universidade no Brasil vêem no 2º ou 3º semestre. Nas aulas de biologia ela realiza experimentos, os valida usando técnicas estatísticas que também só são vistas na Universidade. O que percebemos é que os alunos que fazem intercâmbio normalmente preferem fazer escolhas de disciplinas mais fáceis. Escolhem sempre esporte, artes e coisas que são mais lúdicas. Assim o estudo mais aprofundado vai ficando para depois. Desse jeito é realmente bem menos exigente do que no Brasil. É possível, por exemplo, ganhar “créditos” fazendo trabalhos sociais como campanhas de solidariedade e ajudas aos idosos ou mesmo fazendo “tutoring” (auxiliar os alunos que estão com mais dificuldade em uma matéria). Creio que isto pode esclarecer um pouco mais o porquê dessa nossa imagem preconcebida. Como Lara disse na sua entrevista no texto supramencionado, no Brasil como se é obrigado a estudar tudo, tem-se uma visão mais abrangente, mas aqui eles têm uma visão específica, mais profunda. Creio que ambos os sistemas tem seus prós e contras. Creio, por exemplo, que essa estrutura de ensino americana explica porque temos uma percepção (que me parece mais fidedigna) de que os americanos não têm uma cultura muito diversificada e nem conhecem o resto do mundo. Esta visão abrangente sobre diversas coisas (como a geografia e a historia mundial) não são obrigatórias e muitas vezes são sacrificadas por outras matérias mais “interessantes” e que estão na moda, parecendo serem mais promissoras em termos de desenvolvimento profissional. Vale a pena ainda ressaltar que, comparando com outros países desenvolvidos, os alunos americanos não são os melhores, na verdade vêm piorando ano a ano, o que vem provocando muito debate aqui sobre a necessidade de mudanças no sistema educacional.

3 comentários:

Unknown disse...

Professor,
sua observação e comparação me pareceram interessantes e concordo quanto disse que há vantagens e desvantagens nos dois modelos (americano e brasileiro). Estou lecionando por aqui e tenho observado que os alunos chegam cada vez piores na faculdade. Eles têm muita dificuldade/preguiça de ler e entender o que leram. Como fazer para melhorar estas pessoas quando já na faculdade apresentam um rendimento tão modesto? Eles precisam da nossa ajuda. A sociedade precisa da contribuição deles.

Vasco Furtado disse...

Caro Wladimir,
Infelizmente, seu depoimento confirma algo que tambem tinha percebido. Maior eh entao o nosso desafio como professor. Em algumas turmas que lecionei, perdi um tempo consideravel soh para tentar fazer os alunos lerem os livros. No entanto, acho que isso eh mais importante do que cumprir todo o programa. Eh uma aprendizado que sera util para muitas outras coisas.

Anônimo disse...

Professor,
Estou em um processo de mudança para os estados unidos. Gostaria de saber quais são os termos de aceitação para alunos estrangeiro.