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terça-feira, 27 de fevereiro de 2007
Em Busca de Nossos Valores II
Estive conversando com uma antropóloga alemã que mora aqui na Califórnia e que já fez alguns estudos sobre a sociedade brasileira. Ela me disse que ficou surpresa ao perceber que o valor que ela mais percebeu caro aos brasileiros era a beleza física. Ela acredita que os jovens, em particular, são excessivamente vaidosos. As jovens, por exemplo, dão mais importância ao corpo, a forma de se vestir e de se maquiar do que jovens européias e americanas. Despertam mais cedo para o sexo, o que o alto índice de jovens mães solteiras revela-se como conseqüência. Outro valor que ela percebeu particular à nossa sociedade, foi o fato de que os relacionamentos de amizade (não precisa ser algo muito profundo, mas pelo menos de conhecimento) são usados para facilitar a resolução de problemas profissionais ou de acesso aos serviços públicos de uma forma muito mais determinante do que em outros países. Aliás, ela possui uma residência na Costa Rica e disse que pôde perceber este mesmo comportamento lá. Achei interessante esta visão por ser isenta. Um verdadeiro olhar de fora. Ela vai ao encontro de uma avaliação que fiz em textos anteriores que os laços de amizade são a forma que encontramos para escapar da má qualidade dos serviços públicos. Uma análise sob outro prisma deste fator foi feita pelo Prof. Walfredo Cirne da UFCG em conversa informal que tivemos. Ele acredita que damos muita importância ao fator “conhecido” pelo fato de que ainda reconhecemos muito pouco o mérito das pessoas. Tem sentido o que ele diz, pois vemos nossa sociedade cheia de exemplos em que os melhores não são reconhecidos em detrimento dos “conhecidos” ou mesmo familiares (o que pode ser exemplificado com os casos de nepotismo que ainda estamos verificando diariamente). Mas será que estes valores nos trazem somente conseqüências negativas? Creio que não. O culto à beleza física nos jovens pode nos trazer uma geração mais saudável (o abandono do cigarro me parece uma conseqüência disso). O que é muito bom em todos os aspectos: social, econômico e de qualidade de vida. Sobre o fator laços de amizade, podemos dizer que o mesmo está intimamente ligado a um aspecto que o mundo todo, principalmente o turista, admira no Brasileiro: a forma hospitaleira de ser e a facilidade com que ofertamos nossa amizade. Características essas, provavelmente, facilitadas por estarmos sempre buscando criar novos relacionamentos. Não nos isolamos uns dos outros. Enfim, difícil demais de dizer se há mais prós do que contras, mas sugerir uma dosagem equilibrada diminui a chance de errar a receita.
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