Digo sempre a meus alunos que uma boa pergunta é mais importante do que as respostas dadas a ela. Quero dizer que a identificação de um problema relevante é o primeiro passo para uma investigação frutífera. Perguntas erradas levam, no mínimo, a gasto de energia e muitas vezes levam a perda de foco para o que é relevante.
A motivação para essa introdução veio após, ler pela segunda vez, o jornal O Povo abordar a questão de que o perfil do Secretário de Segurança deve ser outro que não um delegado ou militar. Dimitri Túlio foi a primeiro a propor, em seu artigo “Chega de delegado e general”, um “novo perfil” e de quebra sugeriu o nome de Ivo Gomes para secretário da pasta. Justifica sua escolha por considerar que ele seria um “gestor sistemático e orgânico” (seja lá o que isso signifique, foi aplicado como algo positivo). O mesmo teria ainda apoio político e outras coisas mais que podem ser lidas no próprio artigo aqui.
Já na ocasião tinha achado a questão mal colocada, mas hoje ao vê-la recolocada decidi expor aqui meu incômodo.
Primeiramente, acho que para ser Secretário de Estado uma pessoa deve ser competente, ponto. Reconheço que não é fácil encontrar gente boa para isso. Mas achar gente competente é desafio para todos os setores. Eleger um ou outro perfil com os capazes de melhorar a Segurança Pública é por demais reducionista. Acaba por desviar o foco dos problemas mais relevantes. Esclareço logo que não estou aqui contra ou a favor de quem quer que seja, muito pelo contrário. Entendo, no entanto, que a questão mais relevante é sobre que política de Segurança teremos. Os quatro primeiros anos da gestão atual na área de segurança foram marcados por ações pontuais, conceitualmente confusas e alicerçadas num programa gerado na campanha eleitoral com claro apelo de marketing.
Reduzir o problema à escolha de um nome ou perfil de gestor só vai aumentar o estrago atual e, por fim, acabar com a reputação de gestores competentes (delegados, generais ou outros quaisquer).
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