Siga-me no Twitter em @vascofurtado

terça-feira, 2 de novembro de 2010

A Derrota de Serra: o PSDB precisa aprender com Minas

 Fiz questão de enfatizar nesse texto a derrota de Serra e não a vitória de Dilma. Primeiro porque não quero aqui fazer uma análise dos resultados da eleição em geral. Depois, porque muito tem se divulgado que o Nordeste foi o responsável pela vitória governista e consequentemente pela derrota de Serra. Faço uma leitura um pouco diferente das razões da derrota. Acho que o PSDB continua criando condições internas para perder.

Evidentemente que não posso deixar de considerar que algumas regiões do País demonstraram uniformemente a preferência por um ou por outro e que muitas pessoas votaram em Dilma porque achavam que ela era a melhor candidata. No entanto, creio que há algo não explorado na derrota de Serra que deve ser um aprendizado ao PSDB: desuniões internas.

Acho que a grande e inaceitável derrota de Serra foi em Minas Gerais. Ali sim, o candidato tucano foi derrotado flagrantemente. Como explicar que em um dos maiores colégios eleitorais do País, Aécio Neves com enorme popularidade, já eleito para o senado e tendo feito um governador sucessor, não consiga nem fazer com que o candidato de seu partido tenha maioria? Indício claro que o PSDB não marchou unido na campanha.

Essa não foi a primeira vez. Em 2002 Tasso Jereissati quis disputar as primárias com Serra e foi voto vencido. Não conseguiu convencer o partido de que a disputa seria salutar. De lá para cá, Serra não conseguiu nunca mais obter a simpatia do cearense. E a conseqüência disso não foi  somente a falta de apoio de Tasso. Foi sobretudo um sentimento de antipatia do cearense que achou que a atitude do partido e de Serra havia sido autoritária. Estava criado então o terreno fértil para os slogans tipo “Serra anti-nordestino”.

Na eleição deste ano a mesma situação se repetiu. Aécio Neves se apresentou como potencial candidato, mas, novamente, o PSDB paulista não permitiu maiores discussões sobre quem recairia a escolha. Fui a BH duas vezes e escutei com freqüência dos mineiros o mesmo tipo de comentário que escutei na época de Tasso. Havia sempre um ranço, um desgosto que não permitia criar um entusiasmo pelo candidato do partido. Por mais que Aécio tenha trabalhado, não foi suficiente.

A implantação de uma sistemática mais democrática de escolha do candidato deveria ser-lhe a maior aprendizagem de todas dessa campanha ao PSDB. Seria um ganho a mais na democracia brasileira.

2 comentários:

Anônimo disse...

Amigo Vasco,

Não consigo enxergar o PSDB novamente no poder nacional.
Existe algo mais que uma briga interna ou sistemáticas de escolhas equivocadas. Há em uma significativa parte da população uma revolta contra o partido.
Acredito que haverá uma nova ordem partidária a partir dessa eleição. Alguns sairão do partido para encontrar um ninho mais acolhedor.
Não há espaço para Serra e Aécio no mesmo partido

Luis Eduardo

Vasco Furtado disse...

Concordo em parte. Não vejo essa revolta contra o PSDB. Em se tratando de partido, acho o PT mais desgastado.
Concordo com a dificuldade Aécio x Serra. Mas acho que o PSDB vai perceber que precisa ser maior do São Paulo.