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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Ratinhos, BBBs, Telenovelas, etc.: Como a Mídia Pode Ajudar (ainda Mais) o Brasil

Um tema que particularmente me atrai e que vou usar este espaço para refletir refere-se à mídia e a censura. Trata-se de um tema vastíssimo, multifacetado e que não é polêmico somente no contexto brasileiro. Vou por hora me concentrar na televisão, pois a enorme popularização da mesma nas residências dos brasileiros tem proporções assustadoras. Em qualquer sociedade democrática, a mídia tem um papel importantíssimo como instrumento de fiscalização do poder, divulgação e debate de idéias, entretenimento e muitos outros objetivos louváveis que devem ser protegidos. Por este ponto de vista, qualquer iniciativa no sentido de podar a liberdade da mídia é deplorável. Mas daí dizer que ela é intocável e incontrolável, há uma distancia muito grande. Em qualquer sociedade há de existir padrões mínimos de valores que devem ser compartilhados por todos e que normalmente estão acima de tudo. Um exemplo disso em termos legais é a existência dos direitos fundamentais que normalmente são expressos em todas as constituições das nações. Porque então é tão difícil no Brasil se estabelecer algum tipo de mecanismo visando encontrar o equilíbrio entre a liberdade de expressão e os valores básicos morais da nação? Provavelmente, a heterogeneidade cultural, econômica, racial, educacional, etc. do Brasil é uma das dificuldades, pois resulta em muitos interesses divergentes e até mesmo o consenso de quais sejam esses valores mínimos é difícil de ser atingido (vou tratar disto em outro texto). No entanto outro motivo que considero fundamental deve-se ao que chamo de síndrome da ditadura. Ainda vivemos resquícios do regime autoritário vivido há anos atrás e decidimos que, se for para errar, vamos errar pelo excesso de liberdade. Não somos capazes de criar mecanismos de controle na nossa sociedade pelo simples medo de sermos tachados de censores e coisa e tal. À mera menção de valores morais, vem logo a relação com o fascismo. Temos que nos libertar disso. Para que exemplo maior do que a sociedade francesa? Nação que nos apresentou os conceitos de Liberté, Égalité, Fraternité e que são valores fundamentais dos franceses há mais de 200 anos. Alguém duvida dos valores democráticos da sociedade francesa? Pois eles possuem conselhos de controle áudio-visual que discutem com os produtores de filmes e com a sociedade o que deve ser veiculado na TV, o horário de veiculação dos programas, a faixa etária de cada programa, e que critérios devem ser estabelecidos para se possuir a concessão de transmissão, dentre outras coisas. Eles definem que boa parte da programação deve ter caráter educativo e que as televisões públicas têm papel tão ou mais importante quanto às privadas. Tudo às claras com debate e participação popular. O que é mais triste na estória brasileira é que a própria mídia ainda não acordou (ou não tem coragem de se posicionar abertamente) para o problema. Quando se trata de clamar por controle do judiciário, do legislativo e do executivo, a mídia se investe no direito de fazê-lo (com toda razão) refletindo o clamor popular. Infelizmente este mesmo entusiasmo não existe quando se trata de olhar para o próprio umbigo. Não sei bem quais são as razões, corporativismo, medo de ser tachada pró-governo e/ou conservadora, não sei bem. Creio que a saída pra este problema se encontra nas mãos dos jornalistas. Se eles mesmos tomassem a iniciativa dessa mudança, essa poderia ser mais uma grande ajuda que estariam dando ao País.

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá, Vasco!
Foi uma grato surpresa conhecer o seu bolg. Aliás, o nosso Brasil é o pais do descontrole. Não se controla a corrupção, a criminalidade, a saúde, a educação o crime ambiental, etc. Não obstante o texto limitar-se à televisão, a discussão sobre o papel da mídia atual e como ela pode ajudar a sociedade brasileira a enfrentar com racionalidade as situações problemas por ela vivenciadas, é bastante oportuna. Destaque-se, de logo, a violência urbana. Aproveito a oportunidade para manifestar o meu interesse em aprofundar um tema que pode ser objeto de minha monografia, na especialização em administração judiciária." O Poder da mídia X O Poder Judiciário". Seria um estudo de como tratar a relação mídia e a função jurisdicional (experiência em outros países).Até que ponto deve chegar a informação abrangendo os programas policiais(apologia ao crime). Notíciarios condenando antecipadamente as pessoas; a divulgação de nome e imagem de testemunhas; antecipação de ações policiais de investigação e de repressão; divulgação de nome e imagem de magistrados e membros do Ministério Público na imprensa manifestando-se sobre casos pendentes de julgamento, aparições em colunas sociais, participando de festas privadas bancadas por empresários, etc...
Alexandre Garcia 22.02.2007

Vasco Furtado disse...

Valeu Alexandre! Vah em frente precisamos de estudos como o que vc esta pensando em realizar.Nao esqueca de me manter atualizado com os resultados