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segunda-feira, 19 de abril de 2010

WikiCrimes Social no Ning


criadores do NING (oriundos do Vale do Silício) apostam no fato de que as redes sociais focadas em assuntos específicos vão ser de mais em mais usadas. Essa é, aliás, a mesma aposta que fazemos comWikiMapps.
O NING lançou, há cerca de dois meses, um concurso para o desenvolvimento de mini-aplicativos para serem integrados nas redes sociais criadas na sua plataforma. Decidimos participar. Já tínhamos experiência no desenvolvimento de aplicações para o Orkut e achamos que poderíamos ser competitivos. Esse trabalho ficou sob responsabilidade do mestrando da UNIFOR Carlos Caminha que, em seu trabalho de final de curso, já havia desenvolvido para o Orkut.
Carlos desenvolveu o que passamos a chamar de WikiCrimes Social – um mini-aplicativo onde os usuários de uma rede social podem alertar os amigos de crimes e regiões perigosas com o uso de um mapa.
Ontem tivemos a grata novidade de que  WikiCrimes Social havia sido escolhido vencedor na categoria gestão pública (havia três categorias as quais os competidores podiam se inscrever). Não consigo esconder minha satisfação pela vitória. Soma-se à outras igualmente importantes. Carlos é, sem dúvida, merecedor do prêmio (U$ 3000,00 !!)pelo entusiasmo e dedicação com que vem desenvolvendo suas atividades de pesquisa e de desenvolvimento. Agora, além de seu merecimento, essa vitória é simbólica. Consolida o Laboratório de Engenharia de Conhecimento como um ator reconhecido nacional e internacionalmente no desenvolvimento de inovações. O reconhecimento vem de todo o País como demonstra os convites para palestras e parcerias que temos recebido.
Desde minha volta do pós-doutorado decidi andar em duas vias: a da pesquisa e da inovação. Ser bom em uma dessas coisas já é difícil. Sê-lo nas duas, aqui no Nordeste, e no Ceará então ! Acho que já mostramos o nosso potencial de crescimento. Creio que isso se deve pelo fato de termos encontrado sinergia entre as duas vias. Se alimentam mutuamente e nos ensinam, cada uma delas, a todo momento. Mas, acima de tudo, tenho que mencionar que o fator chave é ter jovens motivados, dedicados e qualificados. Meu trabalho é mantê-los assim e fazê-los acreditar que podem bem mais do que acham que podem. Dá trabalho, mas recompensa.

Bratton e a Gestão em Segurança Pública


Em textos anteriores desse blog discorri sobre minha experiência quando da vinda de William Bratton a Fortaleza para realizar consultoria contratada pelo Governo Tasso Jereissati em 1998 . Bratton notabilizou-se por ser o chefe de Polícia de New York na época em que o prefeito era Rudolph Giuliano. Os dois são frequentemente apontados como os responsáveis por uma abrupta e perene redução da violência naquela metrópole.
Não vou repetir a estória que já tinha descrito anteriormente, mas dois acontecimentos recentes me motivaram a voltar a falar de Bratton. O primeiro advêm de rumores que escutei de que ele seria contrato pelo Governo do Rio de Janeiro para auxiliar no plano de segurança das Olimpíadas e da Copa. O segundo acontecimento, em um contexto totalmente diferente, deve-se a uma declaração dada pelo Secretário de Segurança cearense em uma apresentação na OAB-CE. Ao ser indagado sobre o forte aumento da criminalidade nos três primeiros meses de 2010, ele declarou que os números vinham num patamar constante, até o fim do ano passado, mas “tiveram um pico”, no último mês de março. “Não tem explicação. Aconteceu”, acrescentou.
Bratton quando veio a Fortaleza, longe de querer implantar Tolerância Zero, enfatizou a necessidade de gerencia nas organizações policiais. Implantou um sistema de acompanhamento das ações dos policiais de forma que os mesmos eram obrigados a prestar contas do que havia ocorrido em suas áreas de responsabilidade e, principalmente, que ações seriam tomadas para que os problemas fossem resolvidos. A metodologia que implementou essa filosofia gerencial foi chamada de Compstat e faz uso intensivo de sistemas de informação, mapeamento criminal e ferramentas de inteligência. Lembro-me bem que Bratton sempre mencionava que um dos problemas das Polícias era quando elas não compreendiam o que acontecia na sua área. E isso valia para quando a criminalidade subia, mas também quando ela decrescia. Brincava que a queda da criminalidade em uma certa área podia ser somente porque o criminoso que aterrorizava um local tinha tirado férias.
Parece-me que todos esses recados passados por Bratton já são bem conhecidos dos especialistas em Segurança Pública e deveriam sê-lo de todos os gestores. Até acho que o são, só que o desafio maior é fazer com que isso tudo aconteça. Gestão requer experiência, capacidade de liderança, qualificação de pessoal e muita persistência. Requisitos difícieis de serem encontrados nas Instituições de forma em geral. Contratar consultores e falhar na implementação não é culpa da teoria. Talvez nem valha a pena contratá-los.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Ipad: Oportunidade para desenvolver inovações


Essa semana a  Apple começou a vender nos EUA o  iPad, o computador pessoal em formato de prancheta (tablet) que acredita ser a maior inovação tecnológica dos últimos anos (dito pelo próprio Steve Jobs). O exagero que cerca o momento da venda inicial é oriundo principalmente pelas matérias de sites de tecnologia que tratam da novidade como os  Paparazzi que cercam as celebridades. O popular site  Mashable, por exemplo, colocou fotos das pessoas saindo da loja da Apple em Nova York. Pode?
Independentemente desses exageros, acredito que o iPad se apresenta como um verdadeiro espaço de inovação. O sistema operacional do iPhone será usado no iPad e as aplicações para esse telefone são suficientes para mostrar o quanto é possível desenvolver programas que incorporem novas funcionalidades de interação humano-computador. No entanto, os desenvolvedores de software para iPhone ainda tinham uma frustação: a tela do celular que é muito pequena. Por mais que as inovações estejam presentes e a interação agradável, ainda faltava espaço. Não falta mais. Esse espaço vem no iPad.
Alem de ser um equipamento projetado para não especialistas em computadores, o iPad vai abrir espaço para aplicações de lazer com a interação multi-toque típica do iPhone. Percebam que no iPad será possível ter dez pontos de interação multi-toque. Ou seja, o usuário pode interagir com as duas mãos ao mesmo tempo na tela do iPad. Só isso abre uma enorme gama de possibilidades de aplicações inovadoras. Vejam o Piano Mágico (Magic Piano) da  Smule e o aplicativo da Yahoo! Para mostrar notícias nos vídeos abaixo.
E olhe que ainda existem limitações no  iPhone OS que o impedem de desenvolver aplicações multi-tarefas. Creio que a Apple logo, logo resolver isso. Quando isso ocorrer, até mesmo o Snow Leopard (SO para desktops) estará com os dias contados. Alguns apostam que o SO do iPhone vai se tornar o padrão da Apple. Por enquanto, acho que todo desenvolvedor de software tem por obrigação experimentar desse novo paradigma. Se vai vingar exatamente como é hoje, não sei, mas que vai ser fator determinante de mudanças por algum tempo, creio que vai.


terça-feira, 6 de abril de 2010

Quanto Mais Melhor ?


A matéria de primeira página do Diário do Nordeste de ontem me motivou a escrever esse texto. Nela, os jornalistas descreveram como pessoas com envolvimento em crimes estavam fazendo parte do curso de treinamento para a tropa de elite da Polícia Militar do Ceará. Coincidentemente, li de Clay Shirky no twitter sua máxima de que as “Organizações tendem a preservar o problema para o qual (se auto-proclamam) são a solução”.  Por mais irônico e paradoxal que pareça, isso é verdade em muitas situações.

Os governos são mestres em validar essa máxima. O peso dos Órgãos governamentais caracterizados pela sua burocracia sem fim acabam propagando uma ineficiência que não só não permite a resolução dos problemas mas os mantém vivos.

Em Segurança Pública isso é diferente. Mas calma, isso não é uma boa notícia. Em Segurança Pública há uma máxima muito mais perversa. As instituições de Segurança podem não só deixar de resolver os problemas mas inclusive potencializá-los. Isso é muito crítico e bem particular dessa área.
Deixem-me exemplificar o que quero dizer. A contratação de professores para aumentar a capacidade de alfabetização de uma população é uma medida que na pior das hipóteses vai ser ineficiente. Se os professores contratados forem muito ruins eles não resolverão o analfabetismo, mas em geral não conseguirão piorar  o nível de analfabetismo dos alunos (até admito que pode existir professor que consegue piorar a educação do aluno, mas é algo bem marginal).

Em Segurança Pública isso não é bem assim. O aumento do contingente policial, se não for muito bem planejado, é capaz de não reduzir a violência e, pior, é capaz de aumentá-la. Maus policiais, pouco gerenciamento, descontrole, baixa qualificação e outras carências são fatores condicionantes da violência. Isso pode ocorrer por diversas razões. O alto índice de letalidade da própria polícia, o envolvimento de membros da instituição com a criminalidade, o aumento de armas na rua (que podem ser perdidas, roubadas e/ou negociadas) são exemplos de como isso tudo pode se reverter em fator negativo.

Isso tudo me faz reforçar o que tenho dito sobre a necessidade da sociedade ter mecanismos de cobrança de resultados nessa área. Investimentos e contratação de policiais não pode ser per se os objetivos a serem perseguidos pelos governos. Afinal, isso pode mesmo piorar a situação.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Ministério Público sem Mordaças


O Ministério Público (MP) Cearense está atento para o que pode ser um duro golpe contra a liberdade de trabalho dos promotores e procuradores. A Câmara dos Deputados deve votar o Projeto de Lei nº 265/07, conhecido como Lei Maluf ou Lei da Mordaça que responsabiliza civil e criminalmente os membros do Ministério Público que ajuizarem ações de improbidade administrativa. Ou seja, caso um Juiz venha a entender que uma ação de improbidade administrativa, tenha sido ajuizada “por má-fé, intenção de promoção pessoal ou visando perseguição política”, poderá condenar o autor – promotor, procurador ou cidadão – ao pagamento do décuplo das custas processuais, mais honorários de advogado.
Esse projeto tem o intuito explícito de inibir o MP e ameaçar aqueles que ousam denunciar as mazelas dos politicos corruptos. Poder-se-ia dizer que os promotores devem ter limites e serem responsáveis por suas ações quando houver exagero, não? Mas a lei atualmente já permite aos que se sentirem injustiçado a busca de reparação. Só que ao fazer isso a ação deve ser feita contra o MP e não individualmente contra os promotores como quer o projeto em questÃo.
Entenda mais do problema lendo um manifesto feito pela Associação Cearense do MP aqui. Faça também a sua parte e assine uma carta de apoio ao manifesto.