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segunda-feira, 19 de abril de 2010

Bratton e a Gestão em Segurança Pública


Em textos anteriores desse blog discorri sobre minha experiência quando da vinda de William Bratton a Fortaleza para realizar consultoria contratada pelo Governo Tasso Jereissati em 1998 . Bratton notabilizou-se por ser o chefe de Polícia de New York na época em que o prefeito era Rudolph Giuliano. Os dois são frequentemente apontados como os responsáveis por uma abrupta e perene redução da violência naquela metrópole.
Não vou repetir a estória que já tinha descrito anteriormente, mas dois acontecimentos recentes me motivaram a voltar a falar de Bratton. O primeiro advêm de rumores que escutei de que ele seria contrato pelo Governo do Rio de Janeiro para auxiliar no plano de segurança das Olimpíadas e da Copa. O segundo acontecimento, em um contexto totalmente diferente, deve-se a uma declaração dada pelo Secretário de Segurança cearense em uma apresentação na OAB-CE. Ao ser indagado sobre o forte aumento da criminalidade nos três primeiros meses de 2010, ele declarou que os números vinham num patamar constante, até o fim do ano passado, mas “tiveram um pico”, no último mês de março. “Não tem explicação. Aconteceu”, acrescentou.
Bratton quando veio a Fortaleza, longe de querer implantar Tolerância Zero, enfatizou a necessidade de gerencia nas organizações policiais. Implantou um sistema de acompanhamento das ações dos policiais de forma que os mesmos eram obrigados a prestar contas do que havia ocorrido em suas áreas de responsabilidade e, principalmente, que ações seriam tomadas para que os problemas fossem resolvidos. A metodologia que implementou essa filosofia gerencial foi chamada de Compstat e faz uso intensivo de sistemas de informação, mapeamento criminal e ferramentas de inteligência. Lembro-me bem que Bratton sempre mencionava que um dos problemas das Polícias era quando elas não compreendiam o que acontecia na sua área. E isso valia para quando a criminalidade subia, mas também quando ela decrescia. Brincava que a queda da criminalidade em uma certa área podia ser somente porque o criminoso que aterrorizava um local tinha tirado férias.
Parece-me que todos esses recados passados por Bratton já são bem conhecidos dos especialistas em Segurança Pública e deveriam sê-lo de todos os gestores. Até acho que o são, só que o desafio maior é fazer com que isso tudo aconteça. Gestão requer experiência, capacidade de liderança, qualificação de pessoal e muita persistência. Requisitos difícieis de serem encontrados nas Instituições de forma em geral. Contratar consultores e falhar na implementação não é culpa da teoria. Talvez nem valha a pena contratá-los.

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