Essa semana, ao ler a notícia que a equipe de futebol de Americana estreou na série B com um público de 54 torcedores pagantes, vi-me impelido a escrever sobre algo que já vinha pensando há algum tempo.
Primeiro, vale esclarecer para os menos aficionados que o time de Americana é o sucessor do Guaratinguetá. Como este último havia sido penalizado pela CBF, o primeiro jogo do Americana teve que ser fora de casa, em Sorocaba, o que certamente contribuiu para um público tão pequeno.
Agora, não acredito que a torcida de Americana seja assim tão grande e atuante e que sua média de público será muito diferente da deste primeiro jogo. Esse cenário já é conhecido. São Caetano, Santo André e Duque de Caxias são outros exemplos de equipes que estão sempre entre os melhores times de futebol, série A e B confundidas, mas que não possuem uma torcida representativa.
Não vou nem assumir que a prefeitura dessas cidades, de alguma forma, usa dinheiro publico para apoiar esses times. Acho isso um absurdo como já deixei claro neste blog aqui. O prefeito de Americana, quando do lançamento do time da cidade disse que prefeitura “não iria ajudar com recursos financeiros, mas no que for preciso para buscar isso, seja com empresas na cidade”. Não sei o quanto isso se verifica atualmente, mas o fato é que é impossível deixar de pensar em times como Paysandu, Santa Cruz, Fortaleza, ABC e tantos outros que levam centenas de milhares de torcedores aos estádios.
Vem-me a cabeça naturalmente a pergunta: este modelo de escolha dos times que ficarão entre os melhores do Brasil está correto? Uma pergunta que pode não ser lá muito politicamente correta. Afinal, qual critério pode ser mais justo do que a vitória em campo? Se os times de grande torcida não conseguem vencer os de pouca, paciência. Que prevaleça o melhor em campo. Simples, não?
Não acho que seja assim tão simples. Não podemos ser inocentes e não constatar que essa configuração de equipes que participam da elite do futebol brasileiro reproduz a disparidade econômica existente no País. As regiões mais ricas do País tendem a possuir mais representantes. Isso é bom? Será que o tamanho da torcida e a representação nacional não mereceriam mais importância? Não digo isso com o intuito de promover protecionismo, nem reserva de mercado para um ou outro time, só acho que essas características poderiam ser levadas em conta nem que fosse para repartição de cotas de transmissão.
Não tenho resposta para minha própria indagação. Mas volto a mencionar o modelo da NBA que acho muito interessante. Lá os times que são os mais fracos de uma temporada têm a prioridade de escolher os melhores jogadores universitários. A representativa das equipes no País é fundamental até porque lá, os times disputam campeonatos por região geográfica (leste e oeste, por exemplo). Isso faz com que o campeonato seja sempre muito competitivo e uma equipe que foi a última em um ano pode ser a primeira no outro.
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