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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Mais do que um abuso de autoridade


Devo reconhecer que quando vi o vídeo abaixo pela primeira vez, primeiro, não consegui ir até o fim e, segundo, achei que era uma pegadinha de algum programa sensacionalista. A cena me pareceu tão absurda que custei a acreditar que ela fosse verdadeira. A ficha só caiu hoje, quando escutei o depoimento da Senadora Marta Suplicy indignada com o abuso que realmente ocorrera na Polícia Civil de São Paulo em 2009.

O vídeo mostra a forma brutal como uma policial foi tratada. Ela foi obrigada  a ficar nua na frente dos outros policiais, pois os mesmos desconfiavam que ela havia recebido propina para liberar alguém de um inquérito. Ela, em muitos momentos, pede para ser revistada pelas policiais femininas que estavam na sala, mas os companheiros de profissão foram intransigentes. É chocante. Um caso de desrespeito à mulher sem igual. Se a própria companheira de trabalho é tratada daquela forma, como o são os cidadãos? Impossível não pensar isso.

Esse caso é revelador de uma cultura que vai além dos abusos policiais de autoridade que ainda proliferam no País. Agregue-se aos abusos a cultura machista, que violenta, que desnuda e desrespeita a individualidade da mulher. Abominável.  E não venham me perguntar se a policial tinha ou não recebido propina. Isso é totalmente irrelevante dada a tamanha violência.

Um comentário:

Unknown disse...

É Vasco, também não consegui assistir até o fim na primeira vez e mesmo após ler duas ou três reportagens sobre o assunto, ainda fico alterado, indignado mesmo.

Estou, na verdade, descrente com as corregedorias das polícias de São Paulo e do Rio de Janeiro.

No Rio, dois delegados estão sendo afastados, investigados e "queimados" publicamente pela imprensa por terem sido gravados falando com colegas sobre a Operação Guilhotina, que tinha como alvo policiais corruptos. Mas pouco se ouve de suspeito nas gravações além de terem indevidamente comentado com agentes de sua confiança sobre uma operação secreta. Delito leve, na minha opinião, que está sendo severamente punido pela imprensa. Há o detalhe sórdido de um dos telefonemas gravados ter sido, supostamente, feito à pedido do próprio secretário de segurança. Armação? Confusão? Crime passível de queimação pública e arruinação de carreiras?

Já em São Paulo, após flagrante abuso de um abuso de poder absolutamente perverso, a corregedoria age de maneira totalmente inversa, porém igualmente questionável: defendeu com unhas e dentes o trabalho dos colegas corregedores perversos, e arquivou os procedimentos administrativos contra eles.

As vezes eu acho que nasci no planeta errado...