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segunda-feira, 19 de maio de 2008
Dinheiro Público para Times de Futebol !?
Li recentemente no blog do Eliomar que o Governo do Estado estaria propondo uma mensagem na Assembléia Legislativa para regulamentar o financiamento aos times de futebol do Fortaleza e do Ceará. “Ficou acertado que cada um dos clubes vai receber R$ 300 mil, com o propósito de fazer com que pelo menos um dos dois clubes chegue à primeira divisão do Campeonato Brasileiro.” Por ser um esportista nato, ex-atleta e assíduo freqüentador de jogos de futebol sinto-me muito a vontade para refletir criticamente sobre a questão. Acho um equívoco sem proporções esse tipo de atitude. Não creio que seja papel do poder público financiar times de futebol. Quem acompanha o esporte profissional sabe que a história de nossos times de futebol tem sido marcada por administrações amadoras, irresponsáveis e muitas vezes mal-intencionadas. Interesses escusos (embora possa-se ver freqüentemente motivação econômica ou política) dos que vivem do futebol sempre manipularam a emoção das massas apaixonadas por seus times. A prática de fornecer dinheiro público para times de futebol só faz “crescer os olhos” daqueles que querem se aproveitar de dinheiro fácil e aumentam assim as chances de perenização de uma prática marcada pela exploração política do povo por dirigentes de futebol. Enquanto se pensa em dar dinheiro para os times, estamos vendo um Castelão as quedas e que se tornou uma eterna obra inacabada. A última reforma que visava transformá-lo em um estádio de “primeiro mundo” tornou-se um pesadelo. Quem vai ao Castelão convive com tábuas, pedras, tijolos, buracos e tudo mais que caracteriza uma obra inacabada. Os riscos de acidentes estão por todo o lugar sob um olhar inerte dos órgãos de controle e de uma população que nem se toca de que tem o direito de exigir mais. Percebam que cenas de violência, tão comuns nos estádios, são potencializadas com essas “ferramentas”a disposição no Castelão. Eu mesmo já me encontrei, dentro de meu carro no estacionamento do Castelão, sob uma chuva de pedras que ocorria por causa de uma guerra entre facções de torcidas organizadas. O recente episódio do jogo Fortaleza e Paraná onde o lastimável gramado foi substituído por areia é outro indicativo do descaso do poder público que reflete-se até dentro dos estádios. O Presidente Vargas, nosso querido PV, que é responsabilidade da prefeitura de Fortaleza (para não ficar só na responsabilidade do Estado) está parado há mais de três meses por pura inoperância administrativa. Como se desconfia de que não tem condições de abrigar os torcedores, proibisse-se o acesso e.... Não se faz NADA! Evidentemente, que não estou a dizer que não é papel dos Governos apoiar o esporte e, em particular, o esporte profissional. Mas as formas devem ser outras. Há que se fornecer uma infra-estrutura correta e digna para os cidadãos apreciadores do esporte e contribuintes de impostos. Além de cuidar da infra-estrutura básica das praças esportivas com provimento de vias de acesso, estacionamento e segurança deve-se intensificar as medidas sociais de promoção do esporte entre os jovens. Financiar escolinhas de futebol em bairros onde a juventude tem pouca perspectiva de emprego é uma estratégia essencial. Porque não levar a marca Ceará e Fortaleza até essas comunidades? Admito que o futebol é, em muitos casos, o único sonho de um trabalho recompensador para um grande número de jovens carentes e que têm pouquíssimo acesso às riquezas que a nação produz. São nessas vulnerabilidades onde o poder público deve agir. É aqui que os investimentos têm que ser feitos. Se nosso time vai subir ou não para a primeira divisão isso não deve ser problema do governo.
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