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quinta-feira, 22 de maio de 2008
Ciro Gomes na InfoBrasil
A palestra de abertura da InfoBrasil foi proferida pelo deputado federal e sempre cotado à presidência da República Ciro Gomes. Eu tinha uma grande curiosidade para escutar Ciro Gomes falar sobre tecnologia da informação, inovação, desenvolvimento econômico e social, etc. Como tenho acompanhado a carreira política de Ciro e sempre achei que o mesmo tem um discurso muito eloqüente e rico, tinha uma expectativa de que ele apresentasse uma visão interessante sobre o tema. Pois bem, não sei se ando muito exigente (os amigos me alertam, embora não considere de todo ruim) ou se criei uma expectativa grande do que ele poderia falar. O fato é que me decepcionei. Seu discurso foi confuso, pouco conclusivo e marcado por clichês tipo “males da globalização” e “neoliberalismo” (sem falar nas expressões em inglês onde escorregou, de vez em quando, o que pega mal pra caramba!). No meu ponto de vista, esses clichês perdem de mais em mais espaço na agenda intelectual no mundo, em particular no contexto de tecnologia da informação que era onde ele se encontrava. O fio condutor de sua palestra foi a idéia de felicidade e de como o sentimento do ter gerado pela sociedade de consumo é determinante para que as pessoas sintam-se felizes. Ele considera isso uma deformação e acredita mesmo ser uma perversidade no contexto brasileiro onde há tantas desigualdades. Ainda aqui, nada de novo. Na verdade, ficou muito vago e difícil de imaginar onde ele planeja chegar. Mesmo as sociedades mais avançadas em termos sociais são extremamente bem adaptadas à sociedade de consumo. Pode até ser que Ciro queira trazer esses temas à tona para alavancar suas idéias (entendo, mas acho uma estratégia errada). Sempre achei que um dos seus diferenciais era sua juventude e capacidade de trazer temas recentes ao tablado das idéias. Não foi o que ele fez na InfoBrasil. Em se tratando de tecnologia, inovação e desenvolvimento econômico é preciso compreender que a globalização e o desenvolvimento tecnológico atingido nos dias atuais trouxeram aos países emergentes como o Brasil a oportunidade de desenvolvimento que a revolução industrial não tinha trazido. O que deve fazer parte da agenda de discussão são as formas de aproveitar as oportunidades que surgem em função de nossas potencialidades e criarmos condições para um crescimento sustentável. Quanto antes percebermos isso, maior será nossa probabilidade de crescermos. O mundo pequeno permite o crescimento e difusão de idéias e culturas locais em uma escala globalizada (o livro o mundo é plano indicado nos dá dicas de como isso pode ser obtido). Conceitos como colaboração (e outros da Web 2.0), economia criativa e reformulação do conceito de direitos autorais são muito mais atuais (textos sobre cada um desses temas já foram objeto de reflexão nesse blog. Veja por exemplo aqui, aqui e aqui), Mesmo em pontos em que o Governo Federal tem avançado, Ciro não demonstrou ter muito conhecimento. Por exemplo, ao falar da necessidade de investimentos de risco no Brasil, não pareceu conhecer que o surgimento de fundos ditos capital venture, está se tornando realidade por meio de forte iniciativa do Governo Federal, em particular, da FINEP. Em resumo, acho que o debate de idéias para o futuro (e para 2010, claro) no que concerne a tecnologia da informação e desenvolvimento econômico, pode e deve ser muito mais rico. Ciro não pode passar a imagem de que cansou ou que suas idéias envelheceram. Esperamos mais dele.
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