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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Carona Amiga: Nostalgia


Nas minhas recentes conversas com amigos, percebo uma nostalgia latente. O ponto comum de que todos se ressentem é da liberdade que tínhamos de ir e vir. Quando jovens explorávamos Fortaleza a pé, de ônibus, bicicleta e, eu em particular, de carona.

Tinha me esquecido do quanto eu pegava carona. Era caroneiro de todo momento. Não era somente em ocasiões especiais, para ir a uma praia ou lugar mais distante. Voltava de carona da escola quase que diariamente, principalmente quando estudava no Santa Cecília (cerca de 30 anos atrás). Dirigia-me ao sinal da Estados Unidos (hoje Sen. Virgílio Távora) com a Antonio Sales e pedia carona aos que paravam lá.

Algumas diferenças daquele tempo para cá. Não existia o flanelinha que hoje domina a maioria dos semáforos da cidade. A Antônio Sales era duas mãos o que me era crucial, pois vinha da Estados Unidos até a Barão de Studart. Mas a principal diferença era, obviamente, o fato de que as pessoas  não se furtavam a oferecer-me carona. Poucos carros tinham ar condicionado. Consequentemente, o contato do caroneiro com o condutor do veículo era mais fácil. A farda da escola ajudava muito. Quando estava fardado a taxa de aceitação era muito maior. Nunca fiz a conta para saber quanto. Na época não era obcecado em “numerizar” tudo.

O desaparecimento da carona amiga é muito emblemático da forma como vivemos hoje. Não há o menor sentido nem pedir, nem dar carona. Vivemos com medo dentro de nossas casas e de nossos carros. Como chegamos a isso? Acho que naquela época já estávamos nos dirigindo ao que somos hoje. Só que não percebíamos. Agora, resta-nos reconhecer que temos uma dívida enorme a resgatar. Talvez, um dia, nossos netos voltem a pedir carona. E nós mesmos poderemos estar no carro ofertando tranquilamente uma carona amiga.  

Um comentário:

Julio Falcao Viana disse...

Nossa... fiz muito isso! Pegava carona quase todo dia na Av Oliveira Paiva para ir ao colégio (Hildete de Sá, que na época era Farias Brito). Bons tempos!