Para os que não estão a par de WikiLeaks trata-se de um site onde documentos sigilosos são postos a disposição de todos. Um site onde informações vazam (daí o termo leak que em inglês quer dizer vazamento). Já tinha mencionado o mesmo aqui. Detalhe: na época tinha posto o link do site.
Hoje não posso mais fazê-lo simplesmente porque não sei qual o endereço está sendo usado agora. O governo americano se engajou numa campanha frenética para “calar” Assange. Algo nunca visto no mundo ocidental democrático. Ameaçam a todas as empresas que ousem hospedar WikiLeaks de serem processadas com rigor. A Amazon, por exemplo, teve que se negar a hospedar o site nos EUA. O sistema de pagamento por crédito Pay Pal teve que sustar todo tipo de doação que era feito a WikiLeaks via seu site. A caçada a Assange em todo o mundo é feita pela Interpol. Já circula no Congresso Americano mudanças legais para endurecer o tratamento a todos que, de uma forma ou outra, venham a se envolver em ações que favoreçam WikiLeaks.
Talvez os americanos devam pedir ajuda aos chineses já que estes têm mais experiência em censura na Web. O mais paradoxal é que a última notícia tida sobre WikiLeaks era que estava hospedado em um site na China! Estariam os chineses dando uma “tapa com luva de pelica” nos americanos? Estes últimos condenam tanto a censura na rede como a que ocorre na China, e agora agem da mesma foram!?
É extraordinário o efeito WikiLeaks ! Não tenho conhecimento detalhado do que os documentos sigilosos dizem. Aliás, acho que ninguém tem. É tanta informação que somente com o tempo saberemos mais. Mas o que quero aqui refletir é sobre o impacto pós-WikiLeaks. Ou seja, das ações que estão sendo tomadas contra WikiLeaks. A decisão dos países que se consideram afetados em censurar tudo que se relacione a WikiLeaks. Isso provoca um debate super interessante sobre a liberdade de imprensa e sobre o domínio de um determinado País sob a Web.
Primeiro, vale se perguntar: até que ponto WikiLeaks é imprensa? O site é um mero lançador de furos. Consegue informações importantes de fontes privilegiadas e as publica. Além disso, a última leva de documentos com informações que vazaram tiveram, antes de serem divulgadas, uma análise da imprensa de mais alto nível. Assange já sabia que precisava de “costas mais largas”. Liberou os documentos sigilosos que tinha primeiramente para editorias do porte do New York Times e The Guardian. Alguns consideram que esse ato mostra o que se espera da imprensa neste nosso século: certificador da credibilidade de informações.
O segundo aspecto que vale ressalva é sobre o poder que um País, em particular os EUA, terá ou quer ter sobre a rede. A tentação existe, mas a teia tem sua vida própria e formas de se defender. Difícil bloquear WikiLeaks. Acho interessante a analogia com uma caixa-d’água com vazamento. Os países tentam tapar um vazamento, mas outros aparecem. Aliás, eu tinha mencionado que não poderia dizer em que endereço WikiLeaks estava. Não estava sendo de todo preciso. Na verdade, apoiadores do site não param de aparecer e WikiLeaks já está disponível em mais de 200 sites distribuídos no mundo. Haja bombeiro!
Um comentário:
Ótimo,
Com seu texto, entendí melhor o efeito Wikileaks
Valeu
Luis Eduardo
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