Vazamento de informações. Esse é o negócio do WikiLeaks (algo como WikiVazamentos), um site que tem ganho enorme atenção esses últimos dias. Nele qualquer pessoa pode colocar denúncias, as mais diversas, preferencialmente a partir do acesso à informações de documentos oficiais (normalmente sigilosos). O site tem um sistema similar às redes de espionagem. A entrada de informação é descentralizada, anônima, criptografada, etc. Softwares destinados a esse fim são usados (veja TOR para saber mais sobre isso). Diversos colaboradores participam da entrada dos dados em diversas partes do mundo para que qualquer forma de monitoramento seja dificultada. O site já tem mais de 1 milhão de documentos e, por seu modelo corajoso e inovador, ganhou prêmios do The Economist e da Anistia Internacional. Alguns consideram-no uma completa revolução na forma de veicular notícias.
Recentemente relatórios oficiais do departamento de defesa americano vazaram. Informações sobre como os EUA pagam a mídia afegã para contar estórias boas sobre o exército americano. Até mesmo informações sobre Osama Bin Laden que estavam nesses arquivos foram veiculadas no site. O governo americano sentiu na pele o quanto é ruim ser vidraça. Enquanto as denúncias de WikiLeaks eram em sua maioria contra os desmandos de ditaduras chinesas e africanas bem como de impérios econômicos, o site era um bem à humanidade. Quando os vazamentos começaram a incomodar, a coisa muda de figura. O fato é que se alguém ainda tinha dúvida de que a web reformulou totalmente o conceito de privacidade individual, convença-se e saiba que está a reformular o conceito de privacidade institucional também.
Mas não é somente a questão da privacidade que está em jogo. O jornalismo está em cheque também. Novos desafios aos jornalistas se impõem nesse tipo de contexto. Como aproveitar a inteligência do público para gerar uma longa lista de matérias, e ainda por cima, aumentar a credibilidade das mesmas. Ou por outro lado, como filtrar as informações e decidir o que vale a pena ou não ser publicado de forma rápida. Na verdade, o grande jornalista do futuro será aquele que vai ser procurado diretamente pelos denunciantes ao invés de lançarem diretamente em sites tipo Wikileaks.
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