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segunda-feira, 25 de maio de 2009
Blogue Isso!
Esse é meu último texto nesse endereço. O Blog do Vasco estará a partir de hoje mesmo no endereço http://vasco.blogueisso.com. Há cerca de alguns meses recebi o convite de Leonardo Fontes para integrar a equipe de blogueiros do blogueisso! sob sua organização. Isso implicou em uma preparação de uma nova página visto que tive que prepará-la no Word Press com o qual não tinha familiaridade. A decisão de mudar, além de considerar o provável aumento de audiência, levou em conta também o fato de que Blogueisso! tem uma proposta parecida com a minha: um blog sobre blogs sem foco. Queria convidá-los a me visitar nesse novo local. Clique aqui e atualizem os seus favoritos.
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quinta-feira, 21 de maio de 2009
Insatisfação no Trabalho
Quem não passou por aquela situação desgastante de desmotivação no trabalho? Os outros empregos sempre nos parecem melhores do que o nosso. A publicidade abaixo que me foi introduzida por Plínio que a postou em seu blog é uma forma muitíssimo bem humorada para nos mostrar o quanto podemos ser ingratos com nosso destino profissional. Vale a pena uma olhadinha (un coup d’oeil como dizem os franceses). Agora, por via das dúvidas, nada como um fim de semana que se aproxima.
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quarta-feira, 20 de maio de 2009
“Criminoso Que Fica Preso é Azarado”
A frase do título foi dita por Túlio Khan um especialista paulista em Segurança Pública e reproduzida em uma reportagem feita pela revista Época dessa semana. Trata-se de uma matéria reflexiva sobre a realidade do sistema de Segurança Pública no Brasil e em especial sobre os dados da criminalidade. Fui consultado pela jornalista responsável em uma conversa telefônica de quase duas horas. O fio condutor da reportagem foi compreender o porquê do aumento da criminalidade em São Paulo depois de quase sete anos de queda consistente. A jornalista Solange Azevedo ao consultar vários especialistas tenta mostra o quanto ainda precisamos avançar em termos de transparência e de análise desses dados. Sobre esse contexto de pouca transparência ela dispara:
Voltando ao caso de São Paulo, a única explicação momentânea plausível para a retomada da escalada dos crimes foi a grave da Polícia Civil no final do ano passado. Mesmo nesse primeiro trimestre, o número de procedimentos e prisões realizados não se equipara aos níveis de 2008. Estima-se que de dos 90 mil boletins de ocorrência que viram inquérito em SP, 3 mil pessoas acabam no sistema prisional. Embora seja um percentual muito pequeno, uma greve de quase dois meses deixa na rua cerca de 6 mil pessoas que não deveriam estar livres. WikiCrimes (www.wikicrimes.org) foi mencionado na reportagem, em particular, sobre como as autoridades não compreendem ainda o projeto. Outra estatística impressionante, dessa vez por uma estimativa de Khan, é de que cerca 60% das ocorrências criminais não são notificadas à polícia. Talvez a experiência que estamos planejando executar na África do Sul possa se tornar um exemplo de como as autoridades poderão usar WikiCrimes de forma complementar ao que possuem hoje. Voltarei a falar mais sobre isso quando os trabalhos nessa direção avançarem.
Quando os números são bons, governantes adoram falar sobre a “eficiência” da polícia, quando são ruins ...
Voltando ao caso de São Paulo, a única explicação momentânea plausível para a retomada da escalada dos crimes foi a grave da Polícia Civil no final do ano passado. Mesmo nesse primeiro trimestre, o número de procedimentos e prisões realizados não se equipara aos níveis de 2008. Estima-se que de dos 90 mil boletins de ocorrência que viram inquérito em SP, 3 mil pessoas acabam no sistema prisional. Embora seja um percentual muito pequeno, uma greve de quase dois meses deixa na rua cerca de 6 mil pessoas que não deveriam estar livres. WikiCrimes (www.wikicrimes.org) foi mencionado na reportagem, em particular, sobre como as autoridades não compreendem ainda o projeto. Outra estatística impressionante, dessa vez por uma estimativa de Khan, é de que cerca 60% das ocorrências criminais não são notificadas à polícia. Talvez a experiência que estamos planejando executar na África do Sul possa se tornar um exemplo de como as autoridades poderão usar WikiCrimes de forma complementar ao que possuem hoje. Voltarei a falar mais sobre isso quando os trabalhos nessa direção avançarem.
terça-feira, 19 de maio de 2009
Mastercard e Crowdsourcing
Tenho escrito frequentemente sobre crowdsourcing (veja aqui para uma definição mais detalhada) que consiste da produção de serviço feita de foram colaborativa e voluntária. Uma lista de exemplos de iniciativas desse tipo pode se consultada aqui. Um dos exemplos mais marcantes e emblemáticos de crowdsourcing é a campanha da Mastercard “O que não tem preço para você”. A idéia, iniciada em 2008, visava induzir a comunicação direta com o cliente. As pessoas podiam enviar para a companhia um vídeo contendo sua estória em que diziam o que consideravam sem preço. A participação levava-os a obter prêmios diversos e o maior deles era a possibilidade de ter a estória como tema da propaganda. Mais de 60.000 estórias foram enviadas e cerca de 40 milhões de visitas ao site já ocorreram após o início da campanha. Esses resultados não são surpresa se considerarmos os números da última pesquisa da Deloitte sobre o uso das mídias eletrônicas. 44% das pessoas que assiste TV, o fazem concomitantemente com a Web. A interação com a televisão através da web é cada vez mas realidade. Veja um dos vídeos premiados abaixo.
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segunda-feira, 18 de maio de 2009
Porque a Informação na Internet Flui tão Rapidamente?
Em alguns textos desse blog (aqui e aqui, por exemplo), escrevi sobre as celebridades da web e sobre indicadores de porque elas aparecem. Mas nem todas as causas se relacionam com o aspecto cultural ou comportamental dos internautas. Uma das razões é porque a web é uma rede que possui algumas características que a tornam infraestrutura adequada para fluxo da informação. Deixem-me introduzir dois conceitos estatísticos importantes para a compreensão do todo. O primeiro é o de distribuição probabilística de uma variável aleatória (puxa vida!). Calma. Basta entender que a maioria dos fenômenos que ocorre na vida real segue o que chamamos de distribuição normal ou gaussiana. Por exemplo, se estivermos interessados em observar a altura dos cidadãos adultos de Fortaleza (a variável a ser observada). A maioria vai estar perto da média (admitamos 1,68m). Poucos estariam nos extremos (2,00m e 1,50m). Se traçarmos um gráfico onde no eixo X temos as alturas das pessoas e no Y a quantidade de pessoas com aquela altura, veremos que a curva tem um formato de sino (por isso chamada de em inglês, Bell Curve). O pico da curva é a média e as caudas, tanto esquerda como direita, representam os extremos com as poucas pessoas altas e as poucas baixas, respectivamente. Agora, nem tudo no mundo segue essa regra. Algumas coisas têm um comportamento bem “desajeitado” (ou seja, não seguem a curva normal). Por exemplo, vamos observar agora os aeroportos do mundo todo (colocando-os no eixo X) em relação à quantidade de vôos que eles recebem por dia (eixo Y). Será que o gráfico faz a mesma curva? Ou seja, poderíamos dizer que a maioria dos aeroportos recebe em média o mesmo número de vôos? Evidentemente que não. Temos poucos aeroportos no mundo que recebem milhares de vôo por dia e muitos aeroportos que recebem poucos vôos. Esses poucos aeroportos com muitos vôos são chamados de hubs. Se traçarmos a curva para retratar a distribuição dos aeroportos teremos a curva B da figura abaixo. Já escrevi sobre essa curva chamada de cauda longa aqui. Voltemos então à questão da web. Duas características próprias da web seguem a distribuição tipo cauda longa. Se escolhermos as páginas da web como nossa variável de observação e a quantidade de links que apontam para cada página (ou mesmo a quantidade de acessos que elas recebem), observamos que se forma uma rede onde poucas páginas recebem milhões de links (os hubs são Google, Facebook, Youtube, Blogger, etc,) e milhões de outras recebem pouco links. Isso também vale para as redes que se formam nos sites de relacionamento tipo Orkut, Facebook, MySpace, etc. Nelas temos poucas pessoas que têm milhares de amigos e são super conectadas enquanto temos milhões de pessoas que são pouco conectadas. Mas o que isso tem mesmo a ver com a velocidade do fluxo da informação? Essas redes, ditas livres de escala (scale free, em inglês) possuem uma propriedade que influencia diretamente a velocidade de transmissão da informação: a conexão entre dois pontos quaisquer da rede se faz em média com poucos passos. É por isso que se consegue ir de avião de qualquer canto do mundo para qualquer outro somente com duas ou no máximo três conexões. Os hubs acabam se conectando e fazem um papel de centralizadores e distribuidores entre pontos com poucas conexões. Assim uma informação que sai de um ponto da rede chega aos outros muito rapidamente, pois viaja através de hubs. A figura C mostra o formato de uma rede desse tipo. O mais interessante é que essas características estão presentes em redes diversas que vão desde redes moleculares, partículas subatômicas e mesmo distribuição de crimes numa cidade. O estudo dessas redes deu origem ao que alguns batizam de ciência das redes. Uma área com enfoque multi-disciplinar explorada por físicos, biólogos, químicos, sociólogos e cientistas de computação dentre outros.
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sexta-feira, 15 de maio de 2009
O Dia Em Que a Terra Parou
Uso de forma provocativa o título do clássico de ficção científica de 1951 e que teve um remake esse ano com Keanu Reeves (Matrix) somente para lembrar da falha da Google na semana passada. É isso mesmo! A Google parou. Não foi seu computador. Esse negócio de computador é feito para dar pane mesmo. Pensar que alguns achavam que toda a culpa no mundo era da Microsoft! Uma pane num conjunto de roteadores fez com que alguns países, Brasil incluído, ficassem sem acesso aos serviços como Gmail, buscador, maps, etc. O mais interessante é que essa falha foi rapidamente noticiada no Twitter. A pergunta que não quer calar é: e se a Google tivesse comprado o Twitter? Quem iria anunciar a falha?
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quinta-feira, 14 de maio de 2009
Encontros, namoros e algo mais virtuais
Um dos usos mais intensos da Internet hoje é a pornografia. Já mostrei um vídeo interessantíssimo que desnudava (para manter o nível) as estatísticas em 2007(acesse-o aqui). Os sites de encontro (mate em inglês) onde as pessoas se conhecem e até namoram pela rede são igualmente populares. Alguns internautas até extrapolam em seus relacionamentos amorosos via web e com uma web cam transmitem e recebem imagens provocativas e sensuais. Esse erotismo virtual tem se difundido e me pergunto qual será a próxima novidade nessa área. Aliás, percebo que não sou o único, o blog boing boing especializado em gadgets (brinquedos eletrônicos) já andou especulando que o uso do wiimote do jogo Wii pode ser o próximo alvo dos desenvolvedores de brinquedos sexuais. Alguns alunos já me tinham alertado que algo nessa direção já deve estar sendo produzido. Para os que não conhecem o jogo Wii, vale a pena dar uma olhada aqui onde descrevo o jogo com vídeos com exemplos. Trata-se de um jogo eletrônico onde o controle remoto (Wiimote) é usado para capturar os movimentos humanos e reproduzi-los na tela do computador (ou televisão). Pode-se, por exemplo, jogar tênis simulando o uso de uma raquete e a batida na bolinha com o Wiimote. O nível de precisão do software é impressionante e o usuário tem a nítida sensação de estar movimentando a bolinha com cada raquetada que fornece. O Wii se expandiu fortemente nos últimos anos e jogos para capturar o movimento dos mais diversos órgãos humanos já existem. Só falta agora os órgãos sexuais. Alguém se habilita? Não me surpreenderia se isso se transformar em um enorme sucesso comercial.
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quarta-feira, 13 de maio de 2009
Números da Ciência Brasileira
O trabalho de um cientista não se faz de forma desprovida de avaliação ou de medição de produtividade. Muito pelo contrário. É um métier bem competitivo com métricas mundialmente aceitas e seguidas. Para os não familiarizados sobre como funciona esse mundo. Deixe-me descrever um simples aspecto que é muito importante nesse contexto. As descobertas feitas pelos pesquisadores são validadas e ao mesmo tempo divulgadas ao mundo através de publicações científicas. Os periódicos científicos e os anais das conferencias científicas contemplam artigos escritos por pesquisadores. O controle editorial do que está sendo publicado é feito por outros pesquisadores e esse mecanismo chamado de avaliação por pares (em inglês, peer review) é fundamental na comunidade acadêmica. Publicar artigos científicos é assim crucial para a vida de um pesquisador que passa naturalmente a ser avaliado pela quantidade de artigos que conseguiu publicar. Há inclusive uma máxima dita tradicionalmente em inglês publish or perish (publique ou pereça) que é muito bem conhecida pelos acadêmicos. Mas não são só os pesquisadores que passaram a perseguir e monitorar seus índices de publicação científica. Trata-se de uma questão política e mesmo estratégica para uma nação. Nessa era do conhecimento em que vivemos, índices de produção de conhecimento estão se tornando tão (e talvez se tornarão mais) importantes do que índices econômicos ou de produção industrial. São indicadores da criatividade e do potencial de desenvolvimento de uma nação. O que ocorreu na semana passada é emblemático dessa realidade que descrevo. O Ministro da Educação fez muita festa ao anunciar que o Brasil subiu duas posições no ranking de número de artigos científicos publicados em 2008 e ocupa a 13ª posição. Em 2007, o país estava no 15º lugar, atrás da Holanda e da Rússia, países que foram ultrapassados este ano. Entusiasmado o ministro emendou:
"Nós estamos vivendo um momento no país em que foi possível, de um ano para outro, aumentar em 50% a produção científica brasileira, em periódicos indexados por agência internacional"Os dados mencionados pelo ministro constam da estatística realizada pela empresa Thomson Reuters, que contabiliza anualmente os números de trabalhos científicos publicados por 200 países. Mas o entusiasmo do ministro, além de emblemático, é igualmente exemplo de como os meandros desses mecanismos são tortuosos e complexos. Não é a toa que existe uma área da ciência que se destina a estudar os mecanismos de medição da ciência: a ciênciometria. Esse sucesso extraordinário já está sendo contestado, pois, dizem alguns, que ele decorre principalmente de uma mudança na forma de cálculo usada pelo Instituto Thomson. Como mais revistas brasileiras passaram a fazer parte dos arquivos do Instituto, a produção brasileira cresceu automaticamente. Ressalte-se que a avaliação quantitativa não é a única maneira de se mensurar a produtividade científica. Uma avaliação qualitativa se concentra não somente no quanto o pesquisador publicou, mas sobretudo no impacto do que foi feito. Esse impacto é normalmente medido pelo quanto o trabalho é usado ou citado por outros trabalhos. O fato é que as avaliações qualitativas da produção científica brasileira ainda são muito baixas o que acaba por ratificar as críticas dos mais céticos. De qualquer forma, sou extremamente otimista com toda essa discussão, não somente pelos números quaisquer que sejam, mas porque vivenciei (e vivencio) nesses últimos dez anos uma revolução na ciência brasileira. Uma revolução provocada certamente pelos incentivos governamentais de formação de doutores (continuados há mais de 20 anos), mas principalmente pela mudança na cultura da sociedade que lenta, mas gradativamente ergue a ciência ao patamar de importância que deve possuir em qualquer nação desenvolvida. Os números hão de mostrar isso, mais cedo ou mais tarde.
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terça-feira, 12 de maio de 2009
Abusos Publicitários
Já há algum tempo pude observar a mudança de paradigma nos comerciais de televisão. Ao invés de anunciarem as características positivas de seus produtos, preferem associar a imagem da marca a um valor moral ou uma celebridade. Normalmente são filmes que buscam emocionar o telespectador. Embora haja muita coisa bem produzida, muitas são as vezes em que a associação da imagem da Empresa com amor, nostalgia, felicidade, coragem, etc. chega a ser ridícula. Em especial, as propagandas de Bancos para os dias das mães me passaram uma idéia de falsidade sem tamanho. Parece mais com uma propaganda de uma instituição de caridade do que de instituição financeira (tão emblemática de uma sociedade capitalista). As propagandas de bebidas alcoólicas então abusam desse tipo de estratégia. Muitas vezes passam da conta. Por exemplo, a Brahma recentemente fez Ronaldo dizer que era Brahmeiro (vejam no vídeo abaixo). Caso explícito de incentivo ao uso de bebida alcoólica. Teve que imediatamente mudar para que o artilheiro falasse “sou guerreiro”: a versão que passa atualmente na TV. O mais interessante é que quem denunciou a má postura da Brahma foi a concorrete Schin. Será que ela estava preocupada com as criancinhas fãs do Ronaldo?!
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segunda-feira, 11 de maio de 2009
Susan Boyle e as Celebridades Efêmeras da Web
Suzan Boyle é mais um exemplo de celebridade na Internet. Trata-se de uma senhora de 47 anos que aparenta 60, com ar ingênuo e que, com sua voz brilhante, conseguiu ficar célebre depois que foi um a programa de auditório britânico. Já são cerca de 100 Milhões de visitas às cópias do vídeo de sua apresentação no Youtube (cerca de 250 mil comentários em um desses vídeos). Recentemente assisti um programa na Globo News só para discutir o fenômeno Suzan Boyle. Seu visual nada atraente (condição importantíssima para ser célebre) foi muito bem explorado pela produção do programa para criar o clima de surpresa e “venci apesar de tudo e de todos” que entusiasma e emociona as pessoas há anos. Veja o vídeo aqui para compreender bem a estória. Até a música foi bem escolhida. Nesses tempos de Obama que relembrou-nos o discurso de Martin Luther King sobre sonhos impossíveis, “I dreamed a dream“ de “Les Miserables” não podia ter sido mais bem escolhido. Suzans Boyle em programas de auditório não são fenômenos inéditos. No entanto, o vídeo do programa britânico caiu na rede. E aí, toda a diferença está feita. A velocidade transmissão da informação na web transformou Suzan Boyle numa celebridade e fez muita mais gente do que o normal se emocionar. Já tinha escrito sobre esse fenômeno de cauda longa (veja o texto aqui) quando falei do livro com esse nome. É o espaço que a web abriu aos outsiders. Agora, nada está garantido quanto a durabilidade desse momento. Eu diria mesmo que há uma correlação positiva entre o tempo desse apogeu e seu ocaso. Ou seja, as celebridades desaparecerão tão rapidamente como aparecerão. O conceito de celebridade no nosso mundo modificou-se. Antes, as celebridades, goste ou não, tinham um dom. Cantavam, encenavam, escreviam enfim tinham alguma habilidade. Construíam um carreira e, é claro, precisavam ter senso de oportunidade como tudo na vida: estavam no lugar certo, na hora certa. Além disso, os mecanismos de distribuição de imagem eram lentos, visto que poucos e centralizados. A exposição mediática era rara, cara e difícil de ser conseguida. Quem tinha um pouco de espaço, só conseguia disseminação se demonstrasse alguma competência. A internet mudou essa lógica. A disseminação é coletiva, distribuída, por vezes caótica. Agora, o que acho mais interessante é que não podemos dizer que esse processo não é totalmente desprovido de critérios avaliativos. Talvez não haja uma análise mercadológica, estética enfim uma análise com critério técnico. A web estipula seus critérios ad hoc. Os estilos são variados. O humor é o carro chefe (veja um exemplo aqui), mas há espaço para tudo, inclusive o dramalhão. Agora, nesses tempos em que a televisão cria celebridades a partir de Big Brothers e a imprensa escrita as propaga via Caras e coisas afins não dá para criticar os critérios da web, né?
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quinta-feira, 7 de maio de 2009
Exames de Detecção de Câncer de Próstata Salvam Vidas? – Parte II
No texto anterior desse blog, descrevi um estudo feito por pesquisadores europeus e americanos que põe em dúvida a validade de se realizar detecção precoce de câncer de próstata com as técnicas que a medicina hoje domina. Mencionei o quanto me surpreende a reação de colegas quando são expostos aos resultados. Vou explorar esse aspecto aqui. Primeiramente, percebo que não é fácil entender que o conhecimento humano tem limites e que podemos estar atualmente sendo vítima dessa limitação. Temos nos acostumado a viver numa sociedade vencedora constantemente de desafios científicos e tecnológicos e assim custamos a aceitar que muitos dos procedimentos que fazemos hoje são pautados somente pelo que conhecemos até então. Amanhã (e esse amanhã se apresenta cada vez em intervalos de tempo menores) poderemos reconhecer que estávamos errados e que devemos agir outramente. Na medicina isso é muito marcante. Aliás, a nossa sociedade insere brusca e abundantemente todo um novo conjunto de materiais que são ingeridos (i.e. transgênicos), utilizados (i.e. celulares), respirados (i.e. CO2 e gases diversos), etc. que podem nos estar matando e que os estudos da medicina não foram capazes de detectar os malefícios causados. Evidentemente que isso não nos deve por em pânicos. Não tem muito sentido também, um paciente viver a desconfiar do conhecimento do médico que ele consultou sob o argumento de que aquele conhecimento é limitado e que algo diferente pode aparecer. No entanto, é importante saber que aquele conhecimento (normalmente vindo das universidades) deve ser constantemente confrontado com as novas pesquisas que diariamente trazem diferentes prismas sob o que está posto. Em poucas áreas do desenvolvimento humano a interação entre o profissional que aplica o conhecimento existente e aqueles que avançam esse conhecimento se faz tão premente como na área de saúde. Seria interessante se pudéssemos considerar isso na escolha de nossos médicos.
Outro aspecto interessantíssimo da reação das pessoas quanto ao estudo supramencionado é de que elas relacionam logo qualquer observação crítica à realização dos testes de detecção com sendo uma resistência machista ao exame de toque retal. As campanhas de “conscientização” são tão intensas que falar contra é politicamente incorreto. Aqui vale a compreensão que decisões sobre o que deve ou não compor uma política pública de saúde são baseadas em uma alguns fatores que podem extrapolar o mero interesse de que as pessoas vivam melhor. Por exemplo, na França, qualquer pessoa que sofre um acidente ortopédico de maior monta (quebrar um tornozelo, por exemplo) e que precise colocar gesso deve tomar injeções diárias enquanto tiver com o gesso com substâncias que evitam embolias causadas por coágulos que podem se formar em função da imobilização. Isso é realmente necessário? Não sei. Agora o que sei é que no Brasil não fazemos o mesmo e não é porque ninguém tenha sofrido um problema desse por aqui. Trata-se de uma questão de custo vs benefício. Por enquanto o Brasil continua achando que vale a pena realizar os testes e as cirurgias de extração das próstatas para salvar vidas. Recentemente um urologista brasileiro teve a coragem de levantar a dúvida sobre a validade dessa política, mas foi execrado. Se essa política deve persistir, o futuro dirá, mas é importante que saibamos que se assim o for, não deve ser por fatores externos como lobbies de setores médicos ou interesses comerciais desse ou daquele setor. Deve ser por força do conhecimento humano naquele momento (mesmo que limitado).
Outro aspecto interessantíssimo da reação das pessoas quanto ao estudo supramencionado é de que elas relacionam logo qualquer observação crítica à realização dos testes de detecção com sendo uma resistência machista ao exame de toque retal. As campanhas de “conscientização” são tão intensas que falar contra é politicamente incorreto. Aqui vale a compreensão que decisões sobre o que deve ou não compor uma política pública de saúde são baseadas em uma alguns fatores que podem extrapolar o mero interesse de que as pessoas vivam melhor. Por exemplo, na França, qualquer pessoa que sofre um acidente ortopédico de maior monta (quebrar um tornozelo, por exemplo) e que precise colocar gesso deve tomar injeções diárias enquanto tiver com o gesso com substâncias que evitam embolias causadas por coágulos que podem se formar em função da imobilização. Isso é realmente necessário? Não sei. Agora o que sei é que no Brasil não fazemos o mesmo e não é porque ninguém tenha sofrido um problema desse por aqui. Trata-se de uma questão de custo vs benefício. Por enquanto o Brasil continua achando que vale a pena realizar os testes e as cirurgias de extração das próstatas para salvar vidas. Recentemente um urologista brasileiro teve a coragem de levantar a dúvida sobre a validade dessa política, mas foi execrado. Se essa política deve persistir, o futuro dirá, mas é importante que saibamos que se assim o for, não deve ser por fatores externos como lobbies de setores médicos ou interesses comerciais desse ou daquele setor. Deve ser por força do conhecimento humano naquele momento (mesmo que limitado).
quarta-feira, 6 de maio de 2009
Exames de Detecção de Câncer de Próstata Salvam Vidas?
Extremamente interessante a reação de algumas pessoas quando descrevo o estudo científico publicado no New England Journal of Medicine e divulgado no caderno de saúde do New York Times(NYT). Antes de refletir sobre as diferentes reações, deixem-me resumir o que compreendi do estudo. Ressalto que se trata de um assunto que não é minha especialidade e por isso mesmo não possuo conhecimento sobre o estado da arte na área. Novos estudos que se contrapõem a esse que vou descrever podem surgir, mas atualmente o estudo em questão parece ser bem atual. A fonte principal em que baseei minha interpretação foi a matéria do NYT com o título “Prostate Test Found to Save Few Lives” (Descoberto que teste de câncer de próstata salva poucas vidas). São dois os estudos que mostram que fazer testes anuais que buscam identificar a existência de tumores, como o teste de PSA, salva poucas vidas e levam a riscos e tratamentos desnecessários a uma grande quantidade de homens. Vou buscar resumir o que dizem os estudos.Para maiores informações consultem diretamente a matéria do NYT aqui. Os testes, ditos de detecção, como toque, PSA e, em último caso, biópsia, visam indicar se uma pessoa tem um tumor. O que dizem os especialistas é que na maioria de casos de câncer de próstata, os tumores tendem a crescer muito lentamente (ou não crescer) e não constituem uma ameaça a vida dos pacientes. Para o caso dos tumores que crescem rapidamente, mesmo que se faça diagnóstico cedo, a probabilidade de se salvar vidas é pequena. Os estudos — um na Europa e outro nos EUA — foram considerados pelo médico chefe da Sociedade Americana de Câncer como os mais importantes na história da saúde masculina. As conclusões do estudo europeu indicam que, dentro de um intervalo de dez anos, para cada vida salva com o tratamento cirúrgico em função dos testes, 48 homens tiveram tratamento desnecessário. Dito outramente, suponha que alguém faça um teste de PSA hoje e depois uma biópsia revela que essa pessoa tem câncer, o que a leva ao tratamento. Há uma chance em 50 que, em 2019, ele tenha tido a vida salva pelo tratamento. Por outro lado, há 49 chances em 50 que a pessoa tenha sido tratada desnecessariamente para um câncer que não ameaçaria sua vida. Na verdade, na medicina, essa postura, digamos conservadora, ocorre em muitos outros problemas. O problema é que os efeitos colaterais do tratamento do câncer de próstata, apesar dos avanços, ainda são muito traumáticos. Ele pode levar a impotência, incontinência e algumas vezes a dores na hora de defecar ou diarréia crônica quando radiação é feita. A matéria do NYT coleta depoimentos de vários médicos que dizem o quanto o estudo é importante porque ele permite informar os pacientes da validade de se fazer anualmente os testes de detecção com dados concretos, coisa até então inexistente.
Um dos estudos envolveu 182 mil homens em sete países europeus; o outro aproximadamente 77 mil homens em 10 centros médicos nos EUA. Em ambos, os participantes foram randomicamente selecionados para fazer ou não o teste preventivo. Os dois grupos foram seguidos por mais de uma década. Comparações entre o grupo que fazia os exames preventivos e o grupo dos que não faziam mostraram que as vidas salvas, por se fazer os testes de detecção, foram pouquíssimas. No estudo europeu, nos primeiros sete anos, não houve nenhuma melhoria no grupo dos que fizeram os testes. No americano houve uma redução de 13% na taxa de mortalidade no grupo dos que não fizeram os testes! Em 1990, quando os estudos começaram, se acreditava que os testes de detecção reduziriam o número de mortes em 50%. Houve muito debate e crítica ao estudo, pois se dizia antiético fazer com que algumas pessoas não se submetessem aos mesmos. Na Europa esse problema não existiu muito, pois a política pública de boa parte dos países da Comunidade Européia não prevê a realização dos testes de detecção. O fato é que a redução de 50% não veio a ocorrer, o que de certa forma ratifica os estudos. O estudo americano ainda vai continuar a acontecer e os participantes serão acompanhados. Talvez em um prazo mais elástico haja uma mudança nas conclusões que hoje estão sendo tiradas. Os avanços nos métodos cirúrgicos para que se reduza os efeitos colaterais também devem ser considerados. De qualquer forma, as conclusões dos resultados desses estudos certamente forçarão as autoridades mundiais de saúde a refletir o impacto das mesmas na política pública de muitos países. Em um próximo texto vou refletir um pouco sobre a reação das pessoas ao serem apresentadas a esse estudo.
Um dos estudos envolveu 182 mil homens em sete países europeus; o outro aproximadamente 77 mil homens em 10 centros médicos nos EUA. Em ambos, os participantes foram randomicamente selecionados para fazer ou não o teste preventivo. Os dois grupos foram seguidos por mais de uma década. Comparações entre o grupo que fazia os exames preventivos e o grupo dos que não faziam mostraram que as vidas salvas, por se fazer os testes de detecção, foram pouquíssimas. No estudo europeu, nos primeiros sete anos, não houve nenhuma melhoria no grupo dos que fizeram os testes. No americano houve uma redução de 13% na taxa de mortalidade no grupo dos que não fizeram os testes! Em 1990, quando os estudos começaram, se acreditava que os testes de detecção reduziriam o número de mortes em 50%. Houve muito debate e crítica ao estudo, pois se dizia antiético fazer com que algumas pessoas não se submetessem aos mesmos. Na Europa esse problema não existiu muito, pois a política pública de boa parte dos países da Comunidade Européia não prevê a realização dos testes de detecção. O fato é que a redução de 50% não veio a ocorrer, o que de certa forma ratifica os estudos. O estudo americano ainda vai continuar a acontecer e os participantes serão acompanhados. Talvez em um prazo mais elástico haja uma mudança nas conclusões que hoje estão sendo tiradas. Os avanços nos métodos cirúrgicos para que se reduza os efeitos colaterais também devem ser considerados. De qualquer forma, as conclusões dos resultados desses estudos certamente forçarão as autoridades mundiais de saúde a refletir o impacto das mesmas na política pública de muitos países. Em um próximo texto vou refletir um pouco sobre a reação das pessoas ao serem apresentadas a esse estudo.
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terça-feira, 5 de maio de 2009
Vans Privilegiadas e Trânsito Caótico
Entendam essa. Ontem li aqui no jornal O Povo que a prefeitura por intermédio da ETUSA decidiu que as vans não podem parar fora de pontos de parada demarcados. Ao ler, pensei que tinha me enganado ou então havia um engano do jornalista. Ora bolas! Desde quando um veículo, ainda mais de transporte coletivo, pode parar na rua onde bem entender. É contra o código de trânsito, não? Guardei a matéria para fazer um comentário no conselho de leitores do O Povo do qual sou integrante. Ao lê-la novamente, pasmem, descobri que isso ocorria mesmo. Havia um “acordo” que autorizava as vans a pararem em até cem metros das paradas oficiais. É isso mesmo. Sempre me indignava ao dirigir e ter que reduzir a marcha ou mesmo parar em uma via de alta velocidade, porque uma van decidia abruptamente coletar ou deixar seus passageiros. Reclamava da falta de fiscalização, mas nunca podia imaginar que era tudo oficializado. Só não entendo é como é que se pode legalmente fazer esse tipo de acordo. Queria ver o Ministério Público mais atuante da questão. E o melhor é o seguinte: a distância média das paradas oficiais em Fortaleza é de duzentos metros. Ou seja, na verdade as vans podiam parar em qualquer lugar mesmo. Além do mais, convenhamos, alguém acredita que a fiscalização da ETUSA pode monitorar se uma van está parando a cem metros de uma parada? Acho mesmo que ninguém acredita que ela fiscalize nem se estão parando nos locais corretos, quanto mais com essa “pequena” particularidade. Acredito piamente que o trânsito de Fortaleza pode modificar sensivelmente com uma gestão eficiente, que trate de prover sinalização correta, educação aos motoristas e pedestres e muita, mas muita fiscalização. Não é o que vemos hoje. A continuar assim, podem fazer viadutos, túneis e o que for. O caos só vai ficar mais caro.
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segunda-feira, 4 de maio de 2009
Google na Nature
Essa matéria que saiu no portal Globo.com e que tive conhecimento a partir do colega André Herzog é emblemática do que é o mundo hoje. A Google através de suas ferramentas de análise estatística passou a estudar a relação entre termos usados por seus usuários quando realizam buscas, em particular, termos ligados a gripe suína, e o desenvolvimento da doença. Com isso, conseguiram identificar uma forte correlação entre esse interesse dos usuários e a situação de uma doença em uma região. O estudo acabou por valer um artigo em uma das mais prestigiosas revistas científica do mundo: a Nature. Tradicionalmente essa revista destina-se a divulgação de pesquisas na área de saúde. Equipes de médicos do mundo todo se esmeram para conseguir um espaço nessa revista. O mesmo espaço que pesquisadores em computação de uma Empresa privada como a Google conseguiram. É aqui que vejo os maiores símbolos do mundo que vivemos. Primeiro, a multidisciplinaridade como estratégia para atacar problemas complexos. Segundo, a solução de explorar as consultas feitas pelos usuários evidencia o quanto o mundo virtual pode nos ensinar sobre o mundo real. Por fim, ressalte-se o poder quase ilimitado da Google ao explorar seu gigantesco banco de dados. Por enquanto, a terra é o limite. Enquanto o céu não chega, dêem uma olhada na ferramenta chamada GoogleFlu para acompanhar o desenvolvimento da Gripe Suína nos EUA.
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