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quinta-feira, 20 de setembro de 2007

(Des)Controle Social e a Resistência de Renan Calheiros no Senado

Ao convivermos em um ambiente limpo com pessoas que zelam pela limpeza relutamos em jogar lixo no chão. Trata-sede um exemplo simples de controle social. As pessoas ficam inibidas a realizar ações que serão reprovadas pelos outros. Somos naturalmente controlados por uma necessidade de sermos reconhecidos e aceitos dentro de uma sociedade ou mesmo por termos medo da reprovação dos outros. Esse fenômeno social regula o comportamento das pessoas em grupos, sejam pequenas comunidades como um clube social, sejam em cidades ou mesmo um País. Esses grupos criam regras implícitas de comportamento que servem de balizadores a seus integrantes. Tenho já escrito sobre o quanto a nossa lógica de controle social está deturpada por uma corrosão de nossos valores morais e sociais. As pessoas não têm vergonha de dizer que se beneficiam de situações ilegais. É normal admitir que se sonega, que se corrompe(e que corrompe), que os fins justificam os meios, etc. Demonstra esperteza. Otário é quem não faz. O “reconhecimento” dos outros (ou pelo menos a não reprovação) permite a realização de ações que normalmente deveriam ser reprovadas, mas, que por serem feitas por todos, acabam não sendo. Ou seja, reina o descontrole social. Nossos políticos são um exemplo clássico disso. Tomemos o caso Renan Calheiros. Porque é tão difícil repreende-lo? Porque os políticos não se sentem pressionados pelo controle social do congresso (que deveria existir) e principalmente da sociedade em geral? Simples. Calheiros fez e faz algo que grande parte dos membros do congresso faz e que não se sente confortável em repreender. Seria aceitar que, ao repreendê-lo, se estaria repreendendo a si mesmo. Por outro lado, eles sabem que a sociedade, mesmo indignada não consegue articular-se consistentemente com ações punitivas e de controle social. Na verdade, há mesmo uma cultura passiva de aceitar que todos os políticos roubam (o livro a cabeça do brasileiro jogou uma luz sobre essa questão). Por isso, queria repetir o que já tenho dito. Mudar essa realidade consiste em mudar toda uma cultura nefasta de “jeitinho” e de passividade que se alojou em nossa sociedade. O poder público tem um papel fundamental na instituição de um processo educativo que permeie o cotidiano dos cidadãos. Não se trata somente de educação escolar, mas a educação dentro de uma cultura de respeito, compreensão do comunitário, de respeito aos direitos e deveres, etc. Isto tem que estar como prioridade em qualquer plano de governo. Deve ser transversal ao programa de governo. A implantação de uma política desta natureza potencializaria todas as outras medidas que se quisesse implantar.

3 comentários:

Anônimo disse...

Você deu um exemplo da política mas este exemplo existe em um jogo de sinuca entre amigos.

Você conhece algum brasileiro com um comportamento tão enquadrado como você sugere ? Eu não.

Se nehnhum de nós é assim, como vamos querer mudar os outros, se não mudamos nós ?

Vasco Furtado disse...

POis eh. Eh por isso que acho que a mudanca tem que vir primeiro de nos mesmos.

Anônimo disse...

Sem querer ser pessimista já sendo, não sei como vamos mudar se somos aquilo que não queremos que os outros sejam. Só descobrindo de novo