Quando morava na França, fiz uma viagem de carro de Paris a Londres. O túnel sob o Canal da Mancha tinha acabado de ser inaugurado e foi minha primeira, e até semana passada única, experiência em condução de automóvel à esquerda (pela via esquerda). Lembro-me que na época foi muito complicado. Tinha um carro francês, onde o motorista ficava no lado esquerdo (isto é, no assento do lado esquerdo. Da mesma forma que são os carros aqui no Brasil). Sempre pensei que era isto que havia me causado dificuldades.
Na minha ida a Irlanda semana passada decidi alugar um carro. Tinha que ir de Dublin a Galway. O carro veio com direção no assento do lado direito, e marcha do lado esquerdo, do jeitinho que tem que ser para dirigir à esquerda. Não foi o suficiente para que dirigisse à vontade.
Os primeiros dias foram bem difíceis. O automatismo de olhar para o espelho retrovisor ao lado direito mistura-se com a percepção errada do espaço disponível. Por se estar no lado direito, o carro fica sempre mais para o lado esquerdo. Só passava raspando pelos carros estacionados na rua, principalmente quando tinha que passar a marcha (com a mão esquerda, é claro). Fazer uma curva é sempre um perigo. Quando há carros, basta seguir o fluxo. O problema é quando não há quem seguir. Vi-me na contramão várias vezes.
Passados dois dias, as coisas começaram a ficar mais tranquilas. É incrível a capacidade do ser humano de se adaptar. Não digo que consegui dirigir relaxado. Há que se policiar o tempo todo, mas os automatismos começam a vir. O último deles foi passar a dirigir novamente com o retrovisor. Já tinha esquecido para que ele servia. Entre mortos e feridos, tudo saiu bem.
Uma experiência e tanto. Não sou lá muito aventureiro. Poderia ter passado sem essa, afinal, não era essa a única forma de me deslocar, mas um pouco de adrenalina nunca é de todo ruim!
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