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quarta-feira, 22 de junho de 2011

Tempos de Fácil Acesso à Informação. Ruim para a Mesa de Bar

Estava em Mountain View, terra da Google, em um papo superdescontraído, regado a um bom vinho californiano, quando contestei uma determinada afirmação do amigo Walfredo. Nem me lembro bem do que se tratava. O fato é que ele disse algo que duvidei de que era preciso. Algo muito comum em conversas entre amigos. Aquele tipo de coisa que pode gerar uma agradável (para os que adoram debater como eu) e interminável discussão com argumentos de convencimento de parte e doutra. Um ótimo motivo para mais vinho e mais interação. Nada como um, literalmente inebriante, papo entre amigos.

No entanto, as coisas não aconteceram bem assim. Mal a dúvida pairou, esse amigo já estava de olho no celular. Acessou a Google, que o direcionou a uma fonte confiável e, bingo, final de discussão. Embora eu estivesse certo no mérito, o que ficou mesmo deste fato foi nossa reflexão conjunta e jocosa de que vivíamos tempos difíceis para um papo de amigos e seus habituais blefes na mesa do bar.

Isso tem acontecido comigo com certa frequência (não que esteja sempre em mesa de bar!). Nas circunstancias em  que as frequento vejo que as disputas (refiro-me aqui àquelas amigáveis) com os amigos cada vez perduram menos. A Internet está sempre lá, cruel e infalível, com a pronta resposta. A forma intempestiva com que podemos acessar informação, em especial permitida pela Internet em dispositivos móveis, já molda a forma com que interagimos com amigos em rodas (e redes) sociais. Caminhamos para uma época em que a informação será cada vez mais disponível, tanto em ambientes de trabalho quanto na vida cotidiana. Parece-me que isso enfraquece o dito popular “mais vale a veemência do que a veracidade” (Ciro Gomes precisa saber disso :-))).

Outro fato interessante é que as pessoas estão tendo acesso a tanta informação que não conseguem mais lembrar-se de onde elas vêm. Eu mesmo já me deparo com frequência com pessoas informando-me de algo que eu mesmo escrevi em textos divulgados em diversas mídias.  E aqui outra coisa determinante de nossa época se mostra desafiador: como analisar e dar credibilidade às fontes de informação? Opa, essa é uma boa pergunta !  Google não tem facilmente como indicar a resposta. Longa vida a conversa de bar! 

7 comentários:

Anônimo disse...

Boa essa !
Enquanto lia, imaginava qual seria a solução para esta situação.
No final do texto você matou (não sei se leu no Google) a charada.
O bom agora vai ser questionar as informações que a internet nos apresenta.
Que tal ? A veemência não vai desaparecer, ela faz parte do sistema de comunicação (brincadeira ...)

Anônimo disse...

Nesse caso vamos convencer os amigos que "em mesa de bar" não devemos fazer consultas a net... isso pelo prazer de alongar a conversa e claro, de uns goles a mais também.

Flávio Soares (Quintanilha)

Sigrist disse...

Vasco, tenho que admitir que eu mesmo já saquei o celular em situações semelhantes --e nem sempre estava certo, hehe, mas é a vida.

Contudo, mesmo quando pretendo manter offline a amigável discussão, sempre tem um incauto que fala "ué, mas olha aí no celular!", de forma que logo, logo, em vez de oferecer wi-fi, os bares e afins terão que oferecer isolamento total de dados :)

Um problema que vejo sobre consultar apenas o Google e afins é que por aí está cheio de texto mal atribuído a Luis Fernando Verissimo e Clarice Lispector.

Abraço.

Alexandre disse...

Vasco, o seu comentário me fez lembrar uma questão, também relacionada a mesas de bar: o que leva as pessoas a utilizarem as redes sociais para postarem informaçoes diversas? Na minha opinião, é o mesmo que buscamos quando estamos em uma mesa de bar, ou seja, ouvirmos comentários sobre as informações que postamos. Trata-se de uma necessidade básica, me parece, do ser humano: comentar e ser comentado. Daí vem outra questão: quais outras necessidades básicas do ser humano poderiam servir de base para ferramentas baseadas no poder da internet? Abraços. Alexandre.

Vasco Furtado disse...

Sigrist,
Gostei do isolamento. Veremos placas Wi-FI prohibited em breve?! Haverá público?

Vasco Furtado disse...

Alexandre,
A necessidade das pessoas é de interagir. Sentimento gregário. Ninguém quer ficar só, nem que seja acompanhado virtualmente.
Quanto às outras necessidades, boa pergunta. Talvez elabore no futuro. De qualquer forma se se referir ao consumo de informação, já deve estar na web.

Branqueamento Dentário disse...

Essa é boa.