Segui por meio de matérias jornalísticas a iniciativa da Prefeitura de Fortaleza que, através de funcionários da AMC, busca ensinar aos Fortalezenses a fazer fila nos terminais de ônibus.
Uma medida inovadora que gerou reações diversas. Alguns, dentre os quais me incluo, acham-na salutar. Outros são contra, pois consideram-na improdutiva e que esse nível de comportamento básico deve ser atingido com a punição dos que desrespeitam.
O conceito de cultura cidadã está fundamentado na capacidade do Estado em mudar uma cultura que muitas vezes está permeada de vícios e que se formou, quase sempre, por falta de educação. Ou seja, cabe sim ao Estado a tarefa de educar e aqui refiro-me ao sentido amplo que certamente envolve a postura das pessoas nos lugares públicos como nos terminais de ônibus.
Evidente que o Estado não precisa e nem deve abdicar do direito de punir, o que também lhe é dado pela sociedade.
Adiciono, no entanto, que um desafio tão grande quanto o de decidir “educar” o povo é escolher a forma certa de fazê-lo. E parece-me que aqui é se encontra a grande deficiência da Prefeitura de Fortaleza.
Primeiramente, deve-se compreender que as ações de disseminação da cultura cidadã devem ser intensivas, integradas e planejadas. É preciso criar um movimento, uma onda, quase uma moda. Isso não se consegue com ações isoladas.
Além disso, nos lugares onde a cultura cidadã foi implantada, o Estado tomou precauções para que as ações educativas persistissem e fossem devidamente apropriadas pelas pessoas. A forma básica do Estado fazer isso é dando o exemplo. Fazendo bem aquilo que deve fazer.
Por exemplo, pode-se fazer uma campanha educativa para não jogar lixo numa praça, se a própria praça não tem lixeiros? Pode-se querer que os motoristas dirijam corretamente se as ruas não têm suas vias devidamente pintadas? Pode-se querer que motoristas parem antes da faixa de segurança bem como querer que os pedestres as usem, se elas não estão marcadas ? Assim por diante.
A Prefeitura até pode continuar a fazer um trabalho educativo da sociedade, mas para que o mesmo seja efetivo, terá que fazer sua parte exemplarmente.
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